Table Of ContentSUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................6 
1. 1. BREVE HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DA CPI.........................................................6 
1.2. APRESENTAÇÃO......................................................................................................10 
2. O PROBLEMA DO MARCO LEGAL DOS JOGOS NO BRASIL..........................13 
2.1. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE JOGOS DE AZAR E LOTERIAS.........13 
2.1.1. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS..................................................................14 
2.1.2. LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE JOGO DE AZAR E LOTERIAS..............15 
2.1.2.1. LEGISLAÇÃO PENAL..........................................................................................15 
2.1.2.2. LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE LOTERIAS...................................................18 
2.1.2.3. LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE O JOGO DE AZAR......................................23 
2.1.2.3.1. LEGISLAÇÃO FEDERAL SOBRE O JOGO DE BINGO.................................24 
2.1.2.3.1.1. A MEDIDA PROVISÓRIA Nº 168, DE 2004..................................................28 
2.1.3. LEGISLAÇÃO ESTADUAL SOBRE O JOGO DE AZAR E AS LOTERIAS.31 
2.1.3.1. LEGISLAÇÃO ESTADUAL SOBRE LOTERIAS................................................31 
2.1.3.2. LEGISLAÇÃO ESTADUAL SOBRE O JOGO DE BINGO.................................33 
2.2. O PODER JUDICIÁRIO E A EXPLORAÇÃO DE JOGOS DE BINGO.............34 
2.2.1. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL......................................................................34 
2.2.2. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.................................................................35 
2.2.3. JUSTIÇA ESTADUAL............................................................................................42 
2.2.4. JUSTIÇA FEDERAL...............................................................................................46 
2.2.4.1. TESE DA NÃO-REPRISTINAÇÃO DA NORMA PENAL..................................46 
2.2.4.2. TESE DO DIREITO ADQUIRIDO........................................................................47 
2.2.4.3. TESE DA COMPETÊNCIA ESTADUAL PARA LEGISLAR SOBRE 
DESPORTO.........................................................................................................................47 
3. A LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL........................................................................48 
3.1. ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL SOBRE JOGOS DE AZAR48 
3.1.1. ASPECTOS INSTITUCIONAIS............................................................................51 
3.1.2. CONDIÇÕES E LIMITES À CONCESSÃO........................................................58 
3.1.3. OBRIGAÇÕES FINANCEIRAS............................................................................68 
3.1.3.1. OBRIGAÇÕES FISCAIS........................................................................................69 
3.1.3.2. OBRIGAÇÕES EXTRAFISCAIS..........................................................................70 
3.1.4. CONCLUSÃO...........................................................................................................74 
4. O MERCADO DE JOGOS NA AMÉRICA LATINA................................................76
5. O MERCADO DE JOGOS NO BRASIL.....................................................................81 
5.1. LOTERIAS FEDERAIS E ESTADUAIS..................................................................86 
5.1.1. LOTERIAS EXPLORADAS PELA UNIÃO.........................................................86 
5.1.2. LOTERIAS ESTADUAIS......................................................................................100 
5.1.3. BINGOS E CAÇA-NÍQUEIS................................................................................103 
5.2. PERFIL DAS CASAS DE BINGO NO BRASIL....................................................107 
5.3. PESQUISA DE OPINIÃO SOBRE BINGOS.........................................................118 
6. O JOGO E O CRIME ORGANIZADO.....................................................................122 
6.1. A MÁFIA E O JOGO NO BRASIL.........................................................................141 
6.2.  O JOGO E A LAVAGEM DE DINHEIRO...........................................................149 
6.3. O JOGO E O FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS POLÍTICAS.................163 
7. ANÁLISE DE CASOS ENVOLVENDO LOTERIAS ESTADUAIS......................204 
7.1. CASO LOTERJ: O ESQUEMA DE PROPINAS ENVOLVENDO O MERCADO 
DE JOGOS NO RIO DE JANEIRO...............................................................................204 
7.1.1. DEPOIMENTOS COLHIDOS PELA “CPI DA LOTERJ” E ANÁLISE........206 
7.1.2. DEPOIMENTOS COLHIDOS PELA CPI DO SENADO FEDERAL E 
ANÁLISE..........................................................................................................................236 
7.1.3. ELEMENTOS COLHIDOS PELA POLÍCIA CIVIL DO RIO DE JANEIRO
............................................................................................................................................290 
7.2. OUTROS CASOS ESTADUAIS..............................................................................404 
7.2.1. MINAS GERAIS....................................................................................................404 
7.2.2. RIO GRANDE DO SUL........................................................................................424 
7.2.3. ESPÍRITO SANTO................................................................................................442 
7.2.4. MATO GROSSO....................................................................................................451 
7.3. CONCLUSÕES..........................................................................................................455 
8. MÁFIA DO LIXO........................................................................................................459 
8.1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................459 
8.2. OS ENVOLVIDOS....................................................................................................461 
8.3.  ESQUEMA DE FRAUDE EM LICITAÇÕES E SUPERFATURAMENTO EM 
OUTROS MUNICÍPIOS.................................................................................................465 
8.3.1. INQUÉRITO POLICIAL Nº 050/2004.................................................................465 
8.3.2. DEPOIMENTOS CORRELATOS NA CPI DOS BINGOS...............................470 
8.3.2. DEPOIMENTOS NA DELEGACIA SECCIONAL DE POLÍCIA DE 
RIBEIRÃO PRETO/SP...................................................................................................472 
8.3.2.1 FERNANDO FISCHER.........................................................................................472 
8.3.2.2 LUIZ CLÁUDIO FERREIRA LEÃO....................................................................488 
8.3.3. PROVAS DOCUMENTAIS..................................................................................490 
  2
8.3.3.1 PLANILHAS – BALANÇO DESPESAS DIVERSAS.........................................491 
8.3.3.2 PLANILHAS – RELATÓRIO DE DESPESAS....................................................492 
8.4. SUPERFATURAMENTO EM RIBEIRÃO PRETO.............................................494 
8.4.1. O CONTRATO DE VARRIÇÃO.........................................................................494 
8.4.2. O ESQUEMA FRAUDULENTO..........................................................................509 
8.5. DEPOIMENTOS NA CPI DOS BINGOS...............................................................512 
8.5.1. DO SR. ROGÉRIO BURATTI.............................................................................512 
8.5.2. DO ENTÃO MINISTRO ANTÔNIO PALOCCI FILHO..................................517 
8.5.3. DA SRª. MARILENE DO NASCIMENTO FALSARELLA..............................523 
8.5.4. DOS SENHORES MAURO PEREIRA JÚNIOR E PAULO ANTÔNIO 
HENRIQUES NEGRI......................................................................................................532 
8.5.5. DO DELEGADO BENEDITO ANTONIO VALENCISE..................................560 
8.5.6. DA SRª. ISABEL BORDINI..................................................................................567 
8.5.7. DO SR. FRANCISCO DAS CHAGAS COSTA..................................................589 
8.5.8. DO SR. FRANCENILDO DOS SANTOS COSTA.............................................592 
8.6. DEPOIMENTOS NA DELEGACIA SECCIONAL DE POLÍCIA DE RIBEIRÃO 
PRETO/SP.........................................................................................................................609 
8.6.1. ROGÉRIO TADEU BURATTI.............................................................................609 
8.6.2. LUCIANA MUSCELLI ALECRIM.....................................................................614 
8.6.3. MAURO PEREIRA JÚNIOR...............................................................................619 
8.6.4. MARILENE DO NASCIMENTO FALSARELLA.............................................626 
8.6.5. PAULO ANTÔNIO HENRIQUES NEGRI.........................................................631 
8.6.6. ACAREAÇÃO MARILENE DO NASCIMENTO FALSARELLA, PAULO 
ANTÔNIO HENRIQUES NEGRI E LUCIANA MUSCELLI ALECRIM................637 
8.6.7. SÉRGIO ANTÔNIO DE FREITAS......................................................................647 
8.6.8. GILBERTO SIDNEI MAGGIONI.......................................................................650 
8.6.9. NELSON COLELA FILHO..................................................................................655 
8.6.10. ANTÔNIO PALOCCI FILHO............................................................................660 
8.6.11. SEVERINO SABINO FERREIRA.....................................................................664 
8.6.12. FORTUNATO SPINELLI NETO.......................................................................669 
8.6.13. CACILDO ALVES DE SOUZA..........................................................................673 
8.6.14. APARECIDO MIRANDA DA SILVA...............................................................676 
8.6.15. ADEMIR GUIDONI............................................................................................679 
8.6.16. ANTÔNIO OSVALDO GREGÓRIO.................................................................680 
8.6.17. DARVIN JOSÉ ALVES.......................................................................................681 
8.6.18. WILNEY MÁRCIO BARQUETE......................................................................684 
8.6.19. MARCELO FRANZINE.....................................................................................696 
8.6.20. FERNANDO FISCHER.......................................................................................714 
8.6.21. EUCLYDES RENATO GARBUIO....................................................................719 
8.6.22. CÉLIO AMARAL................................................................................................721 
8.6.23. GERALDO TREVISANUTO..............................................................................723 
8.6.24. PAULO DOS SANTOS ROSA............................................................................725 
8.6.25. LUIZ CLÁUDIO FERREIRA LEÃO................................................................727 
8.7. PROVAS DOCUMENTAIS.....................................................................................737 
8.7.1. PLANILHAS QUE INDICAM CONTRIBUIÇÕES A PREFEITURAS..........737 
8.7.2. ORDENS DE SERVIÇO E BOLETINS DE MEDIÇÃO...................................740 
8.7.2.1. ANÁLISE DOS DADOS......................................................................................743 
  3
8.7.2.1.1. LIMPEZA, LAVAGEM E DESINFECÇÃO DE FERIAS................................743 
8.7.2.1.2. LAVAGEM E DESINFECÇÃO DE PRAÇAS E LOGRADOUROS PÚBLICOS
............................................................................................................................................744 
8.7.2.1.3. VARRIÇÃO DE AVENIDAS SEM CALÇADAS............................................745 
8.7.2.1.4. VARRIÇÃO DE VIAS E LOGRADOUROS PÚBLICOS................................747 
8.7.2.1.5. VARRIÇÃO DO BOSQUE MUNICIPAL........................................................749 
8.7.2.1.6. VARRIÇÃO EXTRA – CALÇADÃO CENTRAL...........................................752 
8.7.2.1.7. VARRIÇÃO EXTRA(SETOR 1A)....................................................................753 
8.7.2.1.8. VARRIÇÃO DE AVENIDAS COM CALÇADAS...........................................754 
8.7.2.1.9. VARRIÇÃO VOLANTE COM CALÇADAS...................................................755 
8.7.2.1.10. PREÇOS UNITÁRIOS X FATURAMENTO.................................................757 
8.7.3. AUTO DE CONSTATAÇÃO................................................................................760 
8.7.4. NOTAS FISCAIS FRIAS.......................................................................................762 
8.7.5. SIGILO BANCÁRIO DA EMPRESA LEÃO&LEÃO.......................................767 
8.7.6. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS...............................................................775 
8.7.6.1. REFERÊNCIA À PARTE DO COLELA - CONVERSA Nº 03671......................776 
8.7.6.2. REFERÊNCIA A UM COMPLEMENTO - CONVERSA Nº 03934....................777 
8.7.6.3. REFERÊNCIA A REMESSA DE ENVELOPE - CONVERSA Nº 04143............779 
8.7.6.4. REFERÊNCIA A QUINHENTÃO E O DOBRO ATÉ O FIM DO MÊS - 
CONVERSA Nº 04183......................................................................................................781 
8.7.6.5. REFERÊNCIA A ACERTOS PENDENTES - CONVERSA Nº 04169..............783 
8.7.6.6. REFERÊNCIA A WISKY PARA O COLELA - CONVERSA Nº 03838..............784 
8.7.6.7. REFERÊNCIA A UM PRESENTE PARA ISABEL BORDINI - CONVERSA Nº 
04407..................................................................................................................................786 
9. CASO TONINHO DE CAMPINAS............................................................................789 
9.1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................789 
9.2. ANTECEDENTES....................................................................................................790 
9.3. O CRIME E A INVESTIGAÇÃO...........................................................................800 
9.4. TESTEMUNHA-CHAVE.........................................................................................810 
9.5. CONCLUSÃO............................................................................................................845 
10. CASO CELSO DANIEL............................................................................................848 
10.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................848 
10.2. HISTÓRICO............................................................................................................854 
10.3. O CRIME DE MANDO..........................................................................................859 
10.3.1. A PARTICIPAÇÃO DE SERGIO GOMES DA SILVA..................................859 
10.3.1.1. A DENÚNCIA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO...............................................859 
10.3.1.2. O DEPOIMENTO DE SERGIO GOMES DA SILVA À CPI............................870 
10.3.2. A COMPROVAÇÃO DO CRIME DE MANDO..............................................877 
10.3.3. CRUZAMENTO PARCIAL DE LIGAÇÕES E ROTEIROS.........................883 
10.4. O ESQUEMA DE CORRUPÇÃO EM SANTO ANDRÉ....................................894 
  4
10.4.2. A CONEXÃO DO ESQUEMA DE SANTO ANDRÉ COM O 
“COMENDADOR” ARCANJO......................................................................................909 
10.5. A EXTENSÃO DO ESQUEMA DE CORRUPÇÃO PARA A ARRECADAÇÃO 
DE RECURSOS PARA O PARTIDO DOS TRABALHADORES.............................915 
10.5.1. A CONEXÃO SANTO ANDRÉ..........................................................................915 
10.5.2. O ACOBERTAMENTO DAS INVESTIGAÇÕES...........................................922 
10.5.3.DENÚNCIAS SOBRE OUTRAS ADMINISTRAÇÕES...................................926 
11. OUTROS FATOS DA INVESTIGAÇÃO................................................................931 
11.1. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (SERPRO, COFIEX, BANCO PROSPER)......932 
11.2. DÓLARES DE CUBA.............................................................................................955 
11.3. CORRUPÇÃO NAS PREFEITURAS DO INTERIOR (CEPEM, PAULO 
OKAMOTTO, ROBERTO TEIXEIRA)........................................................................960 
12. COMPLEMENTO AO CASO GTECH...................................................................963 
12.1. O RELATÓRIO PARCIAL...................................................................................963 
12.2. ADENDO AO RELATÓRIO PARCIAL..............................................................981 
13. POSICIONAMENTO DA CPI ACERCA DO JOGO DE BINGO E DAS 
LOTERIAS ESTADUAIS................................................................................................990 
13.1. DO JOGO DE BINGO............................................................................................990 
13.2. DAS LOTERIAS ESTADUAIS..............................................................................998 
13.3. OUTRAS PROPOSTAS LEGISLATIVAS........................................................1002 
14.   QUALIFICAÇÃO DE CONDUTAS..................................................................1005 
14.1. CASO LOTERJ:....................................................................................................1005 
14.2. CASO MÁFIA DO LIXO:....................................................................................1008 
14.3. CASO CELSO DANIEL:......................................................................................1011 
14.4. ADENDO AO CASO GTECH:............................................................................1012 
14.5. FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS POLÍTICAS:....................................1013 
15. ENCAMINHAMENTOS.........................................................................................1014 
16. PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS........................................................................1017 
17. PROPOSTA DE ESTUDO......................................................................................1025 
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RELATÓRIO  FINAL – “CPI DOS BINGOS” 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
1. 1. BREVE HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DA CPI 
Em fevereiro de 2004, a divulgação pela imprensa de uma fita 
gravada  nos  idos  de  2002  por  um  empresário  do  setor  de  jogos,  Carlos 
Augusto Ramos, conhecido como “Carlinhos Cachoeira”, expôs o assesssor 
parlamentar da Casa Civil, Waldomiro Diniz, na época presidente da Loteria 
do Rio de Janeiro (Loterj) – que aparecia pedindo propina para campanhas de 
candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT) e para si próprio –, e deu início 
a uma crise no governo federal, que afetou diretamente um dos ministros mais 
influentes da administração Lula, José Dirceu, da Casa Civil. Requerimento de 
criação de comissão parlamentar de inquérito foi prontamente protocolado em 
março  no  Senado  Federal,  por  iniciativa  do  Senador  Magno  Malta, 
acompanhado por outros Senadores, redigido nos seguintes termos: 
 
                                               REQUERIMENTO Nº 245, DE 2004 
 
Requeremos em conformidade com o art. nº 145, do Regimento Interno, 
conjugado com o art. 58, § 3º, da Constituição Federal, a criação de uma 
comissão parlamentar de inquérito, composta de 15 membros e igual número 
de suplentes, com o objetivo de investigar e apurar a utilização das casas de 
  6
bingo para a prática de crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e 
valores, bem como a relação dessas casas e das empresas concessionárias de 
apostas  com  o  crime  organizado,  com  a  duração  de  cento  e  vinte  dias, 
estimando-se em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) os recursos necessários 
ao desempenho de suas atividades. 
                       JUSTIFICAÇÃO 
Crime organizado e jogos de azar são irmãos siameses. No mundo inteiro, 
existem fortes evidências de que cassinos e similares funcionam como um 
biombo para ocultar os verdadeiros negócios – muitas vezes ilícitos – de 
quem os controla. 
Por força do Decreto-Lei nº 9.215, de 30 de abril de 1946, não é permitida a 
prática e exploração de jogos de azar no território nacional. Desde então, 
algumas  exceções  à  regra  têm  sido  abertas,  como  os  concursos  de 
prognósticos  explorados  pela  Caixa  Econômica  Federal  e,  mais 
recentemente, os bingos. 
Desde o início de suas atividades, em 1993, as casas de bingos têm prestado 
um desserviço à Nação. Além de incentivar o terrível vício do jogo, sob o 
falso  manto  de  contribuir  para  o  financiamento  de  clubes  desportistas, 
algumas dessas entidades vêm sendo utilizadas para dar ares de legalidades a 
recursos oriundos de atividades criminosas. 
 
Importante observar que os bingos têm por sócios, por vezes ocultos, pessoas 
notoriamente relacionadas ao crime e a contravenção, as quais não raro, 
representam os interesses de organizações mafiosas com raízes no exterior. 
Nossa firme convicção de que os bingos devem ser extintos está expressa no 
documento que cria a Frente Parlamentar contra a legalização da exploração 
dos jogos de azar no Brasil. 
  7
Ressaltamos,  contudo,  que  na  Frente  Parlamentar  possui  caráter 
eminentemente  preventivo.  Para  investigar  e  apurar  os  abusos  que  vêm 
sendo  observados,  julgamos  que  somente  uma  comissão  parlamentar  de 
inquérito, com poderes de investigação próprios de autoridades judiciais, terá 
força para desbaratar as quadrilhas que se valem da exploração das casas de 
bingo para lavar dinheiro proveniente das atividades criminosas. 
Em face de todo o exposto, conclamamos os ilustres Senadores e Senadoras 
a assinarem o presente requerimento, com a finalidade de ver instalada uma 
comissão parlamentar de inquérito para investigar e apurar a utilização das 
casas de bingo para a prática de crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, 
direitos  e  valores,  bem  como  a  relação  dessas  casas  e  das  empresas 
concessionárias de apostas com o crime organizado. 
Sala das Sessões, 5 de março de 2004. 
 
O requerimento apresentado à Mesa do Senado, em março de 
2004,  cumpria  todos  os  requisitos  constitucionais  para  a  instalação  da 
Comissão: contou com mais de um terço de assinaturas dos integrantes do 
Senado,  apontou  fato  objetivo  e  prazo  determinado  para  a  realização  das 
investigações.  
Todavia, a Comissão não foi instituída por falta de indicação dos 
membros por parte dos líderes dos partidos que compõem a base governista, 
em manobra para impedir a investigação, não tendo o então Presidente do 
Senado, o Senador José Sarney, suprido essa indicação. Dos 15 integrantes 
que  deveriam  compor  a  Comissão,  apenas  seis  foram  indicados:  os 
representantes do PDT , PFL e PSDB. As lideranças dos partidos aliados ao 
governo se recusaram a apresentar os nomes de suas bancadas. 
  8
Diante desse quadro, os Senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e 
Pedro Simon (PMDB-RS) impetraram, pessoalmente, no dia 17 de março de 
2004, Mandado de Segurança (MS nº 24831) no Supremo Tribunal Federal 
(STF), para instalar a CPI dos Bingos. 
    Na ação, pediam que o Supremo determinasse que o Presidente 
do  Senado,  José  Sarney,  em  respeito  ao  direito  da  minoria,  indicasse  os 
membros  da  CPI,  já  que  os  líderes  partidários da  base  governista não  o 
fizeram, assegurando, assim, a instalação da CPI. 
    Vários outros Mandados de Segurança foram impetrados junto ao 
STF com a mesma finalidade (MS nºs 24845, 24846, 24847, 24848 e 24849), 
ou  seja,  contra  a  Mesa  Diretora  do  Senado  Federal,  que  teria  deixado  de 
indicar os integrantes da CPI dos Bingos, para suprir a não-indicação dos 
mesmos por parte dos líderes dos partidos políticos. 
Em decisão prolatada em 22 de junho de 2005, mais de um ano 
depois, o STF, por 9 votos a 1, determinou que os senadores fossem indicados 
pelo Presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, para compor a CPI. O 
STF reconheceu que a controvérsia defrontava-se com tema constitucional, 
uma  vez  que  a  nossa  Lei  Maior  garante  às  minorias  o  direito  de  fazer 
oposição, e o princípio da separação dos poderes não pode ser invocado por 
uma pessoa, um grupo ou uma instituição para impor as suas determinações. 
    A decisão, conforme consta na tramitação do processo divulgada 
na página eletrônica do STF, se deu nos seguintes termos: 
(...) por votação majoritária, o Tribunal concedeu o mandado de segurança, 
nos termos do voto do Relator, para assegurar, à parte impetrante, o direito à 
efetiva composição da Comissão Parlamentar de Inquérito, de que trata o 
  9
Requerimento  nº  245/2004,  devendo,  o  Senhor  Presidente  do  Senado, 
mediante  aplicação  analógica  do  art.  28,  §  1º  do  Regimento  Interno  da 
Câmara  dos  Deputados,  c/c  o  art.  85,  caput,  do  Regimento  Interno  do 
Senado Federal, proceder, ele próprio, à designação dos nomes faltantes dos 
senadores que irão compor esse órgão de investigação legislativa, observado, 
ainda, o disposto no § 1º do art. 58 da Constituição da República, vencido o 
Senhor Ministro Eros Grau. Votou o presidente, Ministro Nelson Jobim. 
Ausente,  justificadamente,  a  Senhora  Ministra  Ellen  Gracie.  Plenário, 
22.06.2005. 
    No dia seguinte, em 23 de junho de 2005, o Presidente do Senado 
designou os membros da Comissão indicados pelas lideranças. 
    A CPI foi finalmente instalada no dia 29 de junho 2005, quando 
foram eleitos o Presidente da Comissão, Senador Efraim Morais (PFL-PB) e o 
Vice-Presidente,  Senador  Mozarildo  Cavalcanti  (PTB-RR).  Na  reunião 
seguinte, realizada no dia 30 de junho de 2005, foi indicado o relator da CPI, 
Senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) 
 
1.2. APRESENTAÇÃO 
A  presente  CPI,  popularmente  conhecida  como  “CPI  dos 
Bingos”,  foi  criada  pelo   Requerimento  n.º  245,  de  2004,  de  autoria  do 
Senador Magno Malta, para investigar e apurar a utilização  das casas de 
bingo para a prática de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e 
valores, bem como a relação dessas casas e das empresas  concessionárias de 
apostas com o crime organizado.  
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