Table Of ContentUNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
Um laboratório de antropologia: o encontro entre Mário de Andrade,
Dina Dreyfus e Claude Lévi-Strauss (1935-1938)
Luísa Valentini
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Antropologia
Social para a obtenção do título de
Mestre em Antropologia Social
Versão revisada após defesa
Orientador. Profa. Dra. Fernanda Arêas
Peixoto
São Paulo
2010
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Luísa Valentini
Um laboratório de antropologia: o encontro entre Mário de Andrade, Dina Dreyfus e
Claude Lévi-Strauss (1935-1938)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social do
Departamento de Antropologia da Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, para a obtenção do
título de Mestre em Antropologia Social.
Versão revisada após defesa
Data da aprovação: 23/02/2011
Banca Examinadora:
__________________________________
Profª. Drª. Maria Cristina Oliveira Bruno
__________________________________
Profª. Drª. Marta Rosa Amoroso
__________________________________
Profª. Drª. Fernanda Arêas Peixoto (orientadora)
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Resumo:
A presente pesquisa acompanha os diálogos e experiências comuns entre Mário
de Andrade, Dina Dreyfus Lévi-Strauss e Claude Lévi-Strauss na cidade de São Paulo
entre 1935 e 1938, quando Mário de Andrade era o diretor do Departamento de Cultura
da Prefeitura de São Paulo, e Lévi-Strauss e Dreyfus vieram ao Brasil junto à Missão
Francesa na Universidade de São Paulo, tendo como objetivo primeiro a realização de
pesquisa de campo entre povos ameríndios. Acompanhando a sua interlocução e seus
projetos comuns para um laboratório antropológico que se concretizará na Sociedade de
Etnografia e Folclore (1937-1941), pretendo captar de um ponto de vista preciso uma
imagem do laboratório antropológico tal como ele era concebido - na imaginação e na
prática - no período entre-guerras no Brasil e alhures.
Palavras-chave: etnografia – folclore – Mário de Andrade – Dina Dreyfus – Claude
Lévi-Strauss
Abstract:
This research follows the dialogues and shared experiences between Mário de
Andrade, Dina Dreyfus Lévi-Strauss and Claude Lévi-Strauss in São Paulo, 1935-1938,
when Andrade was director at the City of São Paulo’s Department of Culture and
Recreation, and Lévi-Strauss and Dreyfus come to Brazil along with the “French
Mission” at the University of São Paulo, aiming to do fieldwork among amerindian
peoples. By following their dialogues and the common projects they develop regarding
the establishment of an anthropological laboratory that would come to be the Society of
Ethnography and Folklore (Sociedade de Etnografia e Folclore, 1937-1941), I intend to
obtain, from a precise point of view, an image of the anthropological laboratory as
conceived – in imagination and practice – during the interwar period in Brazil and
elsewhere.
Keywords: ethnography – folklore – Mário de Andrade – Dina Dreyfus – Claude Lévi-
Strauss
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A todos aqueles que alimentaram e alimentam novos aprendizados,
trabalhando pelo amplo acesso aos sonhos e experiências de tempos passados
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Sabemos, entretanto, e isto é uma lição da própria
antropologia, que concepções imaginárias (mas todas o
são) produzem efeitos reais (e todos o são).
Eduardo Viveiros de Castro, O conceito de sociedade em
antropologia, 1992
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ÍNDICE
Siglas 14
Introdução 16
O encontro na bibliografia 20
Abordagem e construção da dissertação 23
O corpus de pesquisa 30
Capítulo 1 - Anatomia e fisiologia de um laboratório imaginado 33
O Instituto de Antropologia Física e Cultural de Lévi-Strauss 36
O Curso de Etnografia de Dina Dreyfus: coleções e fichários 44
Museu, Clube, Centro de Estudos, Sociedade? 61
Organizando o trabalho coletivo 65
Sistema em “pane” 74
Capítulo 2 - A alma do laboratório: fluxos de ideias, referências e 79
debates
Mário e Lévi-Strauss: a arte rumo à ciência 80
Lévi-Strauss de uma “sociologia cultural” a uma “antropologia 88
física e cultural”
Dina Dreyfus: antropologia, etnografia, folclore e psicologia 101
Afastamentos diferenciais: a psicanálise e o pensamento do outro 115
Eu e o outro, brasileiros e europeus 123
Capítulo 3 — O laboratório em ação: as pesquisas da Sociedade de 126
Etnografia e Folclore nos “arredores” da cidade de São Paulo
Mapeando costumes e etnias: a Sociedade de Etnografia e 129
Folclore e a Sub-Divisão de Documentação Social
Fazendo a colheita: remessa de informações e excursões a campo 141
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Usando as novas técnicas para fixar o infixável 150
A cidade e o tempo: progresso, perda e decadência 155
Rupturas, ramificações e desdobramentos: os tempos do 161
laboratório
Conclusão 165
FONTES E REFERÊNCIAS
Fontes de Pesquisa 169
Bibliografia 175
ANEXOS
1. Cronologia de referência 181
2. Referênciais teóricos e metodológicos 187
Pessoas
3. Lista dos 63 alunos registrados no livro de presença do Curso de 195
Etnografia, classificados por ordem de assiduidade às aulas.
4. Lista dos sócios da Sociedade de Etnografia e Folclore 199
5. Lista das comunicações e conferências feitas na Sociedade de Etnografia e 202
Folclore
6. Lista dos delegados da Sociedade de Etnografia e Folclore (docs. 26. 27, 205
28. 29)
Cursos e instruções
7. Plano sumário para um Curso de Etnologia Prática (SEF, doc. 2, traduzido 208
por mim do francês)
8. Esquema do Curso de Etnografia realizado 211
9. Esquema das “Instruções Folclóricas” publicadas nos Boletins da SEF 1 a 220
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Referências listadas
10. Bibliografia anexa à aula de cultura material do Curso de Etnografia 223
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11. Bibliografia das Instruções Práticas para Pesquisas de Antropologia 225
Física e Cultural, de Dina Dreyfus
12. Bibliografia das “Instruções Folclóricas”, publicada no número 5 do 226
Boletim da Sociedade de Etnografia e Folclore
Modelos de ficha
13. Fichas antropométricas utilizadas pela missão Lévi-Strauss 230
(provavelmente 1935-36)
14. Ficha do instrumento musical, ensinada na 9ª ou 10ª aula do Curso de 234
Etnografia, relativas a instrumentos musicais (SEF, doc. 11)
15. Ficha sobre dança, ensinada na 11ª aula do Curso de Etnografia, sobre “A 237
dansa e o drama” (SEF, doc. 12)
16. Ficha de cultura material ensinada na 15ª aula sobre “classificação dos 238
objetos” (SEF, doc. 16)
17. Ficha de tombamento de objetos etnográficos (SEF, doc. 336) 240
18. Ficha de tombamento de objetos do Serviço do Patrimônio Histórico e 234
Artístico Nacional (SPHAN) (SEF, doc. 335)
19. Ficha de Campanha da Missão de Pesquisas Folclóricas, preparada por 235
Oneyda Alvarenga (apud Carlini, 1994)
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Agradecimentos
A realização desta pesquisa foi viabilizada e estimulada pelo recebimento, entre
2004 e 2006, de uma bolsa PIBIC de iniciação científica e, durante vinte e quatro
meses, entre 2008 e 2010, por duas bolsas subsequentes, uma do CNPq e outra da
FAPESP, esta última vinculada ao Projeto Temático “São Paulo: os estrangeiros e a
construção da cidade”.
A professora Fernanda Peixoto, que orientou a construção desta dissertação,
abriu-se e disponibilizou-se totalmente às minhas questões e inquietações, sem deixar
de lado o rigor e a atenção no acompanhamento do trabalho. Seria difícil expressar o
quanto tenho aprendido observando seu exemplo profissional, sua delicadeza e sua
sabedoria.
A professora Marta Amoroso supervisionou o trabalho na fase da iniciação
científica, foi minha principal introdutora na antropologia e me ensinou a lida no
arquivo, e nunca deixou de acompanhar seus resultados muito de perto. Suas críticas na
banca de qualificação e na defesa de mestrado foram fundamentais para a dissertação, e
continuarão como guias para seus desenvolvimentos futuros.
A professora Beatriz Perrone-Moisés participou da minha banca de qualificação
e colaborou com a revisão dos caminhos que eu vinha tomando na investigação. A
professora Maria Cristina Oliveira Bruno participou da minha banca de mestrado, onde
colaborou com um olhar novo e rico, que procurei incorporar à nova versão da
dissertação e que manterei em mente nos desenvolvimentos futuros do trabalho.
Agradeço a todos os professores cujos cursos acompanhei no Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social da USP: Paula Montero, John Dawsey, Ana Cláudia
Marques. Agradeço também àqueles que apenas assisti em palestras e sessões em
núcleos de pesquisa – pelos ensinamentos e pelo exemplo. Incluo nessa lista também as
professoras Maria Cristina Oliveira Bruno e Fabíola Andréa Silva, do Museu de
Arqueologia e Etnologia.
Os professores do Instituto de Estudos Brasileiros, Telê Ancona Lopez, Flávia
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Description:de Andrade, Dina Dreyfus Lévi-Strauss e Claude Lévi-Strauss na cidade de São Paulo Malinowski, Crime and custom in savage society.