Table Of ContentThays Tonin
OS FANTASMAS DA MODERNIDADE E AS IMAGENS
DISTÓPICAS EM QUADRINHOS E OUTRAS ARTES
Dissertação submetida ao Programa de
Pós-Graduação em História da
Universidade Federal de Santa
Catarina, para a obtenção do grau de
Mestre em História, sob orientação da
Profª. Drª Maria Bernardete Ramos
Flores.
Florianópolis
2015
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Tonin, Thays
Os fantasmas da modernidade e as imagens distópicas em
quadrinhos e outras artes / Thays Tonin ; orientadora, Maria
Bernardete Ramos Flores - Florianópolis, SC, 2015.
162 p. ; 21cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa
de Pós-Graduação em História.
Inclui referências.
1. Imagens. 2. História. 3. Quadrinhos. 4. Historiografia.
5. Aby Warburg. I. Flores, Maria Bernadete Ramos. II.
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-
Graduação em História. III. Título.
AGRADECIMENTOS
A minha orientadora, Bernardete, por não desistir de me
convencer que o que vejo também me olha, inelutavelmente.
A minha mãe, pai e irmão, por acreditarem. E acreditarem de
novo.
Ainda a meu irmão, Giancarlo, por lembrar-me que em se
tratando de acasos, entretanto, entre tantos, entre todos, alguns são
menos que outros.
A Fabiano Garcia, por tudo que me fez por à prova. Das ideias às
entranhas.
A Aline Dias da Silveira, por não me deixar esquecer que a sorte
é fugaz.
Aos abelardos, mestres e teóricos das letras e suas poesias que
fizeram dessa dissertação uma experiência, em tantos e quantos sentidos
possíveis.
A Fernando e Cláudio, conterrâneos, por me trazerem à
Florianópolis, um pela presença e outro pelas palavras, ambos pelo
afeto. E a Mauana, que em uma conversa matutina foi o incentivo
necessário que leva-me agora para o outro lado do atlântico.
A Marília, por ser, sempre. E sempre.
E sendo assim, aos amigos-amores e aos amores-amigos, por
serem parte da construção de um outro olhar, de um outro viver, de um
outro amar. Das minhas ideias, transbordam todos e cada um de vocês.
Devo este trabalho e os caminhos que daqui se abrem a
todas estas presenças, e tantas outras mais.
O real precisa ser ficcionado para ser pensado.
RANCIÈRE, 2009.
[toda imagem] nos leva em direção a outras
profundidades, outras estratificações, ao encontro
de outras imagens.
SAMAIN, 2012.
MOORE, Alan, GIBBONS, Dave. Watchmen. Vol 1. São Paulo: Editora Abril
S/A, 1999.
RESUMO
Cinema, literaturas, obras plásticas... quadrinhos. Quais os caminhos
para falar da imanência histórica das artes, das imagens? Como falar da
própria operação do historiador ao escrever sobre elas, ao questionar
suas temporalidades, sobrevivências e formas? Este trabalho propõe
pensar algumas das produções artísticas que projetam futuros distópicos
como meio para falar de pathos, de valores e pensamentos de uma época
em que ressonam outros tempos. Em outras palavras, pensar
historicamente os sintomas do século XX presentes nas formas
artísticas; seus projetos e aflições, angústias e sentidos expressos sob
forma, traço, cor e movimento, iniciando um debate sobre a relação
entre representações arquitetônicas e cenários destes futuros distópicos e
os debates modernos sobre liberdade x autoritarismo, progresso,
soberania e racionalidade x sensibilidades, religiosidades, e arte x
ciência. Com as artes enquanto meio para pensar esse “recorte sensível”
(RANCIÈRE, 1995), essas formas expressivas pathológicas
(LACERDA, 2013), tento envolver a história e a arte para falar de
temporalidades das imagens e de fantasmas (WARBURG, 1929), e para
falar das artes como forma de pensamento, que pensam e fazem pensar o
contemporâneo (SAMAIN, 2002; AGAMBEN, 2015). Trazendo
discussões de autores como Giorgio Agamben, Lou-Andreas Salomé,
Walter Benjamin, Maurice Blanchot, Jacques Rancière, Didi-Huberman,
Emmanuel Alloa, e principalmente as questões levantadas e a “ciência
sem nome” de Aby Warburg, esse trabalho tenta iniciar um debate, e
não concluir. Entre suas proposições estão a cartografia de imagens
sintomáticas, de formas que expressam as relações entre as próprias
formas artísticas, entre elas e diferentes tempos, entre elas e sua
imanência histórica. Dentre as obras que aqui serão trabalhadas estão as
histórias em quadrinhos “Terminal City”, “V for Vendetta”,
“Watchmen”, “Slash: Guerreiro do apocalipse” e “Visões de 2020”.
Estão também filmes como “Metrópolis”, “Mad Max”, “1984” e outros.
Por fim, este trabalho anseia por propor uma história com imagens, uma
história por imagens visuais, onde pressupõe a impossibilidade de falar
sobre uma especificidade artística isolada de outras formas de arte. Os
capítulos encontram-se divididos da seguinte maneira: no primeiro,
apresenta o que se chama de “imagens distópicas” (em histórias em
quadrinhos, filmes e literaturas) somando-se ao debate sobre o conceito
de distopia e utopia; no segundo capítulo, apresenta as questões
referentes aos “fantasmas da modernidade”, os sintomas do século XX
sob a forma de imagens artísticas, para então, no terceiro capítulo
decompor a perspectiva teórica e sua herança intelectual, demonstrando
o modo pelo qual as imagens artísticas se transformam em fontes por
um viés warburguiano - de uma perspectiva antropológica para pensar
as imagens em uma “história psicológica ilustrada do espaço
intermediário entre ímpeto e a ação” (WARBURG, 2014).
Palavras-chave: Imagens. História. Quadrinhos. Historiografia. Aby
Warburg.
Description:introdução de seu Atlas Mnemosyne (1929) já afirmava com clareza a arte como um gesto: a criação consciente da participação de seus pretensos gestos de revolta nesse processo de exibição de signos de .. Aldous Huxley, descreve uma sociedade extremamente científica, onde as pessoas