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TEMPOS
E CAMINHOS
,
ESTUDOS DE HISTORIA
,
PORT0 - 1 973
36 F
TEMPOS E CAMINHOS
ÚLTIMAS OBRAS DO AUTOR
A revolta do Porto, em !808, contra o domínio de Napoleão. Comunicação apresentada
ao XXVI Congresso Luso-Espanhol promovido pela Associação Portuguesa para
o Progresso das Ciências. Porto, 1963.
D. Pedro V, e/-rei bem amado dos portuenses. Estudo apresentado na sessão inaugural
da sala de Conferências do Palácio da justiça do Porto. 1963.
Santa Cruz de Coimbra na cultura portuguesa da Idade Média. Volume I. Observações
sobre o •scriptorium• e os estudos claustrais. Dissertação de doutoramento. Porto, 1964.
Forrester, um homem do seu tempo. Porto, 1966.
Algumas observações sobre a vida económica e social da cidade do Porto nas vésperas de
Alcácer-Quibir. Com a reprodução do texto do •Livro J.• de Acórdãos•, do Arquivo
Municipal do Porto. 1967.
Observações sobre o estudo da Paleografia em Portugal. Porto, 1967. Volume comple
mentar, para fins didácticos: A/bum de Paleografia. Porto, 1968.
Papéis da Restauração. Com um estudo prévio sobre a literatura polémica e apologética
da Restauração. Textos seleccionados. Primeiro volume: Porto, 1967. Segundo
volume: Porto, 1969.
A fortificação da Baia num estudo de Domingos Moniz Barreto. Porto, 1968.
Anais, crónicas breves e memórias avulsas de Santa Cruz de Coimbra. Estudo prévio,
nova leitura de todos os textos e publicação na integra, pela primeira vez, de alguns
deles. Porto, 1968.
Bibliotecas e Arquivos. Trés apontamentos. Porto, 1969.
Introdução ao estudo da • Regeneração•. Porto, 1970.
As invasões francesas e as suas repercussões na cidade do Porto. 1970.
No V centenário da morte de Dom Manuel I. Porto, 1970.
Geografia e Economia da província do Minllo nos fins do s,·wlo X V III. Plano de
descrição e subsidias de Custódio José Gomes de Vilas-Boas. Porto, 1971.
Nota sobre a Reforma Pombalina da instrução pública. Porto, 1972.
O Porto nas navegações e na expansão. Porto, 1972.
Os volumes ou estudos menores do autor publicados de 1934 a 1962, num total
de 104 tltulos, foram recenseados no seu •curriculum vitaeo, impresso em 1968 por
exigência legal e para efeito de concursos universitários de provas públicas.
Estudos integrados no projecto de
investigação P L -2 do Instituto
de Alta Cultura, em execução na
Faculdade de Letras do Porto
':....
•,.
FACULDADE DE LETRAS DO PORTO
TEMPOS
E CAMINHOS
,
ESTUDOS DE HISTORIA
POR
ANTÓNIO CRUZ
PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DO PORTO
BOLSEIRO DO INSTITUTO DE ALTA CULTURA
PORT0-1973
Abril-1973
Tip, e Enc. Domingos d'Oiiveira, Sucrs., L.da-Porto
NOTA PRÉVIA
Os estudos reunidos neste volume, como esclarece de pronto o
exame do seu índice final, são diversificados, no particular dos temas
que abordam. No entanto, aproxima e como que agrupa alguns deles
o facto de se tratar de trabalhos de circunstância, na medida em que
os suscitou a memoração de sucessos ao favor da cronologia.
A razão invocada explicará suficientemente, segundo cremos, a
forma como são apresentadas e encadeadas reflexões, a partir de um
elemento de base, e, sempre que possível, trilhando novas pistas;
forma despretensiosa, destinada a uma compreensão imediata que não
consentia demorado raciocínio da parte de quem era ouvinte. Aqui e
além, e por isso mesmo, um tanto aligeirada, mas sem trair, uma só vez,
o rigor, pautado pelo conhecimento actual dos problemas. Adiantemos
ainda que não é outra a explicação no que diz respeito a um quase total
alheamento daquele aparato erudito que se exibe, de costume, por meio
de extensas notas de pé-de-página, nas quais se transcrevem largos
extractos de textos alheios, estes a substituírem-se à simples e justifi
cada citação do autor e título de uma obra, que poderá-e deverá
ser acompanhada, sendo caso de tanto, da apresentação, na íntegra ou
em parte, do testemunho original. E na sequência desta observação,
que não visa mais do que explicar o método seguido, acrescentemos
que uma ou outra vez vai publicado adiante, no termo de um estudo
e como seu apêndice, e ainda na íntegra, o documento de base que
serviu de motivação e foi objecto de exame: esse o caso da carta de
foral de Vila Real e da carta régia que elevou o lugar de Esposende a
vila, conferindo-lhe um termo administrativo.
-VII
NOTA PRÉVIA
A considerá-/os no seu total e prosseguindo a explicação acima,
tem de ser acrescentado que ficará a unir, efectivamente, todos os
estudos reunidos no presente volume, apenas isto: nem um só, embora
modesto, seria ou foi possível sem o fundamento proporcionado pelos
subsídios arrecadados no decurso de pesquisas iniciadas há mais de
quatro dezenas de anos e sempre prosseguidas em extensão e profundi
dade, nos arquivos e bibliotecas nacionais e ainda nos estrangeiros que
foi possível visitar. E daqui resulta que a indicada motivação de ordem
circunstancial, pelo que diz respeito a alguns dos temas e correlativo
estudo, mais não foi do que a origem de uma ac.eleração. Impeliu-nos,
depois de aceitarmos a solicitação que era feita, para o labor por ela
implicado, e, por força deste, obrigou-nos também a suspender, a
espaços, novas tarefas de pesquisa.
Tempos e caminhos... Como, quando, onde e por que vias, o
homem do Noroeste deambulou e veio a fixar-se? Que foi que perma
neceu, desfigurado ou não, e quanto evoluiu a partir das raizes, conti
nuando radicado? Ou a/ o testemunho, aparente ou encoberto, revelado
ou ignoto, que pode esclarecer-nos ou servir de bordão de caminheiro,
se é caso de seguir novas pistas que venham a facílitar-nos o acesso a
mais amplo e aprofundado conhecimento?
As interrogações podiam encadear-se mais e mais. Em ordem,
sobretudo, a fundamentar o princípio de que o acontecimento histórico
tem de ser estudado, como tantas vezes se alega, não apenas, e em
exclusivo, a partir do documento escrito que pode testemunhá-lo, mas
sim em função do lugar onde ocorreu e das particulares circunstâncias
da época em que se verificou.
O passado do homem tem de ser estudado em toda a sua
dimensão, na sua complexa e total riqueza; como ensina H. Marrou,
a História, em nossos dias, deve constituir-se, de vez, em ciência do
conhecimento desse passado. Contribuirá, desta maneira, e não só a
nível da escolaridade, para o progressivo desenvolvimento da capacidade
de entender, julgar e revelar espírito crítico, rasgando caminho para a
consciencialização fundamentada no testemunho de uma vida exemplar
ou de experiências colectivas. E porque mais ambicioso do que outróra,
VIII-
NOTA PRÉVIA
o conceito de História, depois de ultrapassada a barreira da narrativa
a que nem sempre andava aliada a serenidade e a imparcialidade dos
juízos, até implica a adição de novas ciências ao número daquelas que
tradicionalmente eram consideradas como suas auxiliares.
t evidente que a História se faz com documentos e ainda, de
acordo com a designação tradicional, com monumentos: mas também
se faz sobre o terreno, como escrevia, há anos, Higounet (em L'histoire
et ses méthodes, Paris, 1961). E no mesmo lugar adiantava Samaran,
aclarando o princípio metodológico, que importava saber o que era
documento, para além do conceito de testemunho escrito. Um e outro
destes autores a encaminharem-se, é!final, para uma glosa marginal ao
texto de Lucien Febvre, donde extraímos estes passos:
«A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando
os há. Mas pode fazer-se, deve fazer-se, sem documentos escritos,
quando não os há. À base de tudo aquilo que o engenho do histo
riador pode utilizar para fabricar o seu mel, à falta de flores normais.
Por conseguinte, com palavras. Com sinais. Com paisagens e telhas.
Com formas de campos e ervas ruins. Com eclipses de lua e correias
de atrelagem. Com dictámenes de pedra por geólogos e análises de
espadas de metal por químicos. Numa palavra, com tudo aquilo que é
do homem, depende do homem, serve o homem, expressa o homem,
denota a pmsença, a actividade, os gostos e as maneiras de ser do
homem» (em Combats pour l'histoire, Paris, 79 53).
Poder-se-ia expiicitar, também ao jeito de glosa - e importa
fazê-lo, em nosso juízo-que os gostos, as maneiras de ser, a presença
e a actividade do homem são manifestos, de contínuo, em toda a
expressão da vida espiritual; aí estão a denotá-lo e a comprová-lo
aqueles elementos que se fundem numa cultura, caracterizando-a. E estes
avultam, diante de quem pesquisa, quando se deseja saber das causas
e efeitos da presença do homem na terra portuguesa, da sua maneira
de ser e de estar, de tudo quanto o distingue e verdadeiramente o
personaliza. Numa palavra: do que foi fundamento bastante para a
constituição de um Estado, conferindo indiscutfvel unidade a uma Nação.
A Grei tentou os primeiros passos pelos caminhos do Portugal arcaico,
antes de vir a prossegui-/os nas jornadas de aproximação e de pene
tração dos continentes. Cumpre sempre recordá-/o quando é oportuno
fazê-lo.
-IX
Description:dos sucessos, o historiador árabe Ibn Sahibi, como já observava. Herculano. licença do magistrado, qual o cuidado que havia na replantação.