Table Of ContentTempo presente &
usos do passado
Tempo presente &
usos do passado
FLÁVIA VARELLA
HELENA MIRANDA MOLLO
MATEUS HENRIQUE DE FARIA PEREIRA
SÉRGIO DA MATA
organizadores
Copyright © 2012 Flávia Florentino Varella, Helena Miranda Mollo, Mateus
Henrique de Faria Pereira e Sérgio da Mata
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EDITORA FGV
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1 edição — 2012
PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS | Natalie Lima
REVISÃO | Eduardo Carneiro Monteiro e Sandro Gomes dos Santos
CAPA E DIAGRAMAÇÃO | Santa Fé ag.
IMAGEM DA CAPA | Istock Photo
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca
Mario Henrique Simonsen/FGV
Tempo presente & usos do passado / Flávia Florentino Varella
(Org.)…[et al.]. — Rio de Janeiro : Editora FGV, 2012.
196 p.
Reúne os trabalhos apresentados durante o IV Seminário
Nacional de Históriada Historiografia, realizado na cidade de
Mariana, em 2010, pelo Núcleo de Estudos de História da
Historiografia e Modernidade (NEHM) da Universidade Federal de
Ouro Preto (Ufop).
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Capes,
entidade do governo brasileiro voltada para a formação de recursos
humanos.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-225-1269-0
1. Historiografia. I. Varella, Flávia Florentino. II. Fundação
Getulio Vargas.
CDD — 907.2
Sumário
Nota dos organizadores
Introdução: Transformações da experiência do tempo e pluralização do
presente
MATEUS HENRIQUE DE FARIA PEREIRA | SÉRGIO DA MATA
Tempo presente e usos do passado
TEMÍSTOCLES CEZAR
As sombras brancas: trauma, esquecimento e usos do passado
DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
História que temos vivido
CARLOS FICO
Demandas sociais e história do tempo presente
MARIETA DE MORAES FERREIRA
O passado que não passa: lugares históricos dos testemunhos
IRENE CARDOSO
Usos do passado e história do tempo presente: arquivos da repressão e
conhecimento histórico
PAULO KNAUSS
Passado e presente: autores de fortuna variada
RAQUEL GLEZER
Walter Benjamin: contratempo e história
OLGÁRIA CHAIN FÉRES MA TOS
Sobre os autores
Nota dos organizadores
Este livro reúne os trabalhos apresentados durante o IV Seminário Nacional
de História da Historiografia, realizado na cidade de Mariana, em 2010, pelo
Núcleo de Estudos de História da Historiografia e Modernidade (NEHM) da
Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).
Os autores foram convidados a elaborar suas reflexões a partir do
seguinte texto: “A condição do tempo presente, indagada desde o mundo
antigo, e as urgências da contemporaneidade, particularmente sensíveis a
partir da segunda metade do século XX, colocaram para os historiadores
questões cruciais que dizem respeito à prática de seu ofício. Temas
importantes do debate atual, tais como memória, patrimônio, esquecimento,
identidade, tradição, justiça, testemunho, presentismo etc. incentivam os
historiadores a discutir a partir de novos horizontes e de diferentes
perspectivas os limites e possibilidades do saber histórico. Marcada pelo
signo da aceleração, a cultura histórica moderna traz para o primeiro plano,
como uma agenda investigativa privilegiada para a história da historiografia,
a questão dos ‘usos do passado’, encarada como forma através da qual o
próprio tempo presente procura situar-se no tempo. Nessa direção, o
seminário pretende contribuir para a reflexão em curso, a qual procura
repensar o corte entre o passado e o presente, a fim de recolocar a questão da
função social da história, bem como dos seus usos e abusos. Dessa maneira,
instigam-se reflexões que procurem pensar sobre as (im)possibilidades de
articulações teóricas e historiográficas entre contemporâneo e extemporâneo;
atual e inatual; proximidade e distanciamento; instante e presente; memória e
esquecimento; e, por fim, passado e presente”. Acreditamos que o livro
demonstra a qualidade e a maturidade do atual estado da reflexão sobre o
tema proposto.
Agradecemos aos autores que confiaram seus textos para este
empreendimento, aos colegas do Núcleo, aos colegas da Sociedade Brasileira
de Teoria e História da Historiografia (SBTHH), aos demais colaboradores
para a realização do seminário, a todos os alunos que participaram da
organização, em especial Luna Halabi e Camila Braga, ao Núcleo de Estudos
Aplicados e Sociopolíticos Comparados (Neaspoc-Ufop), à Fapemig, à Capes
e ao CNPq pelo apoio necessário à realização do seminário.
Mariana, janeiro de 2012
Introdução
Transformações da experiência do tempo e pluralização do
presente
MATEUS HENRIQUE DE FARIA PEREIRA | SÉRGIO DA MATA
Creio que estamos diante de uma das formas, e talvez se deva dizer, um dos
hábitos mais nocivos do pensamento contemporâneo, eu diria inclusive do
pensamento moderno ou, em todo caso, do pensamento pós-hegeliano: a análise
do momento presente como se este fosse precisamente, na história, o momento da
ruptura, ou da realização, ou da aurora que retorna, e assim por diante. A
solenidade com que toda pessoa que mantém um discurso filosófico reflete sobre
seu próprio tempo me parece um estigma. Digo isso, sobretudo, porque eu mesmo
procedi assim e porque o encontramos constantemente em alguém como
Nietzsche […]. Creio que devemos ter a modéstia de dizer para nós mesmos, por
um lado, que o tempo em que vivemos não é este tempo único, fundamental ou
que irrompe na história, a partir do qual tudo se acaba ou tudo recomeça.
Foucault [1998:449]
A última década do século passado e a primeira do século XXI foram
marcadas por uma obsessão: as reflexões sobre a temporalidade. Fomos
seduzidos não só pela memória, mas também pela suposta “crise” da
temporalidade moderna. Foram tempos de pós-tudo e de muitos fins,
anunciados ou reais. A partir disso, este livro pretende refletir sobre uma
vasta gama de problemas que se articula com o tempo presente, ampliando os
quadros de uma tradição historiográfica para a qual o “presente” abarcaria a
história da ditadura militar (1964-1985). Esse passado que não passa é ainda
presente. Mas seria ele atual, contemporâneo?
Há algum tipo de descontinuidade em nossa consciência, percepção e
experiência contemporâneas do tempo? Como o conhecimento histórico pode
contribuir para a reflexão sobre a complexa relação entre
passado/presente/futuro no século XXI? Um dos desafios é pensar as
possibilidades e os limites da “transposição” de diagnósticos europeus para a