Table Of Content| Jung Mo Sung
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SOCIEDADES
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Sung, Jung Mo
Sujeito e sociedades complexas : para repensar os horizontes
utópicos / Jung Mo Sung. — Petrópolis, RJ : Vozes, 2002.
ISBN 85.326.2757-9
1. Organizações complexas 2. Sujeito (Filosofia) 3. Utopias
I. Título. e o
02-3268 CDD-302.35
Índices para catálogo sistemático:
1. Sociedades complexas e sujeito : Sociologia 302.35
2. Sujeito e sociedades complexas : Sociologia 302.35
JUNG MO SUNG.
SUJEITO E SOCIEDADES
COMPLEXAS
PARA REPENSAR 05 HORIZONTES UTÓPICOS
. 4 EDITORA
- Y vozes
Petrópolis .
2002
O 2002, Editora Vozes Ltda.
Rua Frei Luís, 100
25689-900 Petrópolis, RJ
Internet: http://www.vozes.com.br
Brasil
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Editoração e org. literária: Fernanda Rezende Machado
ISBN 85.326.2757-9
Biblioteca Ecumênica
Código | 30.
Número | 3)
Númer o q tt rt—
Chamada | WASÁS.
Ediç ão | Volume | txam plar| fome
Este livro foi composto e impresso pela Editora Vozes Ltda.
Ao
Júlio de Santa Ana.
Não, Deus não é um substantivo.
É esta estranha conjunção, todavia,
que enuncia a absurda ligação
entre a morte que se anuncia e a vida
que brota, a despeito de tudo.
Rubem Alves
SUMÁRIO
Prelúdio, 9
1. Teologia e a vida dos pobres, 21
1. Os rostos das crianças e contas a pagar, 22
2. Lições teológicas na faculdade de Administração de
Empresas, 24
3. Filosofia e a crise, 27
4. “Diálogo” com autores que me-marcaram, 29
5. Por que faço teologia?, 40 | |
2. Sujeito e a defesa da vida das vítimas, 43
1. Teologia e indignação érica, 43
“2. Indignação ética e o sujeito, 48
3. Sujeito histórico e a condição humana, 51.
4. Sujeito e auto-organização, 58
5. Sujeito, ator social e libertação, 61
6. Tensão entre o micro e o macrossocial, 64
7. Palavras finais, 66 |
3. Sujeito como transcendentalidade — Ao interior da vida
real, 69
1. Sujeito não é uma substância, 74
2. Ser humano como sujeito e ator social, 78
3. Sujeito e transcendentalidade ao interior da vida real, 84
4, Sujeito e ilusão transcendental, 86
4. Nova forma de legitimação da economia, 93
1. “Mão invisível” do mercado e a auto-organização, 95
2. Dos instintos às instituições do mercado, 98
3. Hayek e a fé na evolução, 101
4. Desafios à ética e à teologia, 110
5. Ética e sistemas econômicos complexos, 121
1. Ética e economia/empresas, 124
2. Ética e sistema econômico auto-organizador, 134
3. Pecado estrutural, 139
4. Ética e paradigma da complexidade, 148
5. Palavras finais, 152 N
6. Sensibilidade solidária e a condição humana, 155
1. Compaixão e a indiferença, 156
2. O medo da nossa condição humana e o amor, 163
3. A sabedoria e o amor, 171
4. Desejo não transforma pedra em pão!, 174
5. Sabedorias espirituais e condição humana, 180
PRELÚDIO
Pode alguém viver sem sonhos ou esperanças? Pode um
povo ou um grupo social viver sem esperança ou sem um ho-
tizonte utópico? Talvez haja pessoas vivendo sem sonhos ou
esperanças, mas vidas assim se tornam insípidas, sem sentido e
sem graça. Sonhar e ter esperanças são necessidades vitais qua-
se tanto quanto comer e beber, pois somos seres biológicos e
simbólicos e precisamos encontrar um sentido e uma razão
para vivermos.
A grande maioria das pessoas compartilha dos sonhos,
das esperanças e das utopias oferecidas pelos setores domi-
nantes da sociedade. Sempre foi assim. Entretanto, a capaci-
dade das classes dominantes e do próprio sistema social de
manipular os sonhos e as esperanças do povo nunca foi tão
grande como hoje. Os especialistas em marketing e em pro-
paganda perceberam que, na nossa cultura de consumo, o
mais importante no ato de consumir não são as característi-
cas do produto ou a sua capacidade de satisfazer as necessida-
des ou desejos do consumidor, mas sim o significado pessoal,
interpessoal e social do ato de consumir determinadas mar-
cas e mercadorias. Isto é, a função social primária de merca-
dorias deixou de ser a de satisfazer os desejos dos consumido-
res e passou a ser a de comunicar sentidos'. Sonhos e esperan-
1. Sobre esse importante tema, vide por ex. Leiss, William' 8 Kline, Stephen &
* Jhally, Sur. Social Communicationi"n . Advertising. Persons, products É images of
well-being. 2º ed., revised and enlarged, London/New York: Routledge, 1997.
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| Jung Mo Sung
ças de uma grande parte da população mundial hoje têm a
ver com consumo de determinados símbolos-mercadorias.
Os sentidos e anseios mais profundos da existência humana
são expressos através de marcas e mercadorias.
Mas felizmente nem todos se resignam a consumir somen-
te esses sonhos oferecidos pelo mercado. Há ainda aqueles que
buscam outros sonhos, outras esperanças e outras utopias.
Sim, outras utopias, porque o capitalismo neoliberal não so-
mente produz sonhos e esperanças, mas possui e difunde uma
utopia própria: a utopia de um mundo dominado completa-
mente pela lógica do mercado. Em um horizonte fundado no
desejo de consumo não há um lugar significativo para os sofri-
mentos dos pobres e dos socialmente excluídos. Quando eles
“cruzam” esse horizonte, são vistos como intrusos a serem ig-
norados, expulsos ou até mesmo exterminados,
É porque existe no “fundo da nossa alma” um desejo e es-
perança de um mundo mais humano que ainda nos toca por
sofrimento alheio e que nos torna capazes de sentir indigna-
ção ética diante das injustiças do mundo que afetam não a
mim e a nós, mas sim aos outros. É essa compaixão, esse sen-
tir em nós a dor do outro/a, que nos leva a sairmos da resig-
nação e da passividade e desejarmos que o mundo novo com
que sonhamos se torne realidade. Quanto maior a compai-
xão, maior o desejo de mudança e maior a pressa e o senti-
mento de urgência. Entretanto, se não tomarmos cuidado
poderemos cair no equívoco de acreditarmos, porque deseja-
mos, que é possível construir um mundo à imagem e à seme-
lhança dos nossos desejos.
Quem crê nessa possibilidade de um mundo configurado
pelo próprio desejo costuma fazer uma simplificação da reali-
- dade natural e sociale criar uma noção de sujeito “messiânico”
(individual ou coletivo) capaz de moldar a história segundo o
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