Table Of ContentSaberes tradicionais e locais
reflexões etnobiológicas
Marcelo Guerra Santos
Mariana Quinteiro
(orgs.)
SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros
SANTOS, M.G., and QUINTERO, M., comps. Saberes tradicionais e locais: reflexões etnobiológicas
[online]. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2018, 191 p. ISBN: 978-85-7511-485-8.
https://doi.org/10.7476/9788575114858.
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Saberes tradicionais e locais
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Tania Maria Tavares Bessone da Cruz Ferreira
Anibal Francisco Alves Bragança (EDUFF)
Katia Regina Cervantes Dias (UFRJ)
Marcelo Guerra Santos
Mariana Quinteiro
(Organização)
Saberes tradicionais e locais
Reflexões etnobiológicas
Rio de Janeiro
2018
Copyright (cid:3)(cid:164) 2018, EdUERJ
Todos os direitos desta edição reservados à Editora da Universidade do
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(cid:51)(cid:85)(cid:82)(cid:77)(cid:72)(cid:87)(cid:82)(cid:3)(cid:42)(cid:85)(cid:105)(cid:191)(cid:70)(cid:82)(cid:3) Emilio Biscardi
Diagramação Editora Morandi
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/NPROTEC
S115 Saberes tradicionais e locais : reflexões etnobiológicas [recurso
eletrônico] / Marcelo Guerra Santos, Mariana Quinteiro,
organização. - Rio de Janeiro : EdUERJ, 2018.
1 recurso online (192 p.) : ePub.
(cid:70)(cid:14)ISBN 978-85-7511-48(cid:22)(cid:14)(cid:25)
(cid:18)(cid:15) Biologia. 2. Botânica. 3. Ecologia. I. Santos, Marcelo
Guerra. II. Quinteiro, Mariana.
CDU 57
Bibliotecária: Leila Andrade CRB7/4016
SUMÁRIO
Apresentação .............................................................................................................. 7
Prefácio ...................................................................................................................... 9
CAPÍTULO I. Saberes tradicionais e a história da paisagem ................................... 15
Rogério Ribeiro de Oliveira
CAPÍTULO II. Agroecologia e as práticas tradicionais: reconhecendo
os saberes ancestrais ............................................................................................... 29
Mariana Martins da Costa Quinteiro e Karla Beatriz Lopes Baldini
CAPÍTULO III. Saberes tradicionais e a segurança alimentar .................................. 51
Odara Horta Boscolo e Joyce Alves Rocha
CAPÍTULO IV. Plantas medicinais: saberes tradicionais e o sistema de saúde ........73
Marcelo Guerra Santos e Ana Cecília Bezerra Carvalho
CAPÍTULO V. Pesquisas etnobotânicas em unidades de conservação
no estado do Rio de Janeiro, Brasil ........................................................................101
Viviane Stern da Fonseca Kruel, Juan Gomes Bastos e Cyl Farney Catarino de Sá
CAPÍTULO VI. Os saberes tradicionais e locais e as indicações geográficas:
o caso das plantas medicinais do Brasil .................................................................127
Lucia Regina Rangel de Moraes Valente Fernandes, Sandra Aparecida Padilha
Magalhães Fraga e Vanise Baptista da Costa
CAPÍTULO VII. Saberes tradicionais e o desafio da multiculturalidade
nas instituições de ensino.......................................................................................149
Mariana Martins da Costa Quinteiro e Lana Cláudia Fonseca
CAPÍTULO VIII. Relatos históricos e sustentabilidade: um campo de
possibilidades fundamentado na etnobotânica .................................................... 169
Luci de Senna Valle, Maria Franco Trindade Medeiros e Luiz José Soares Pinto
Sobre os autores ........................................................................................................ 183
Sobre o ilustrador ..................................................................................................... 191
APRESENTAÇÃO
A conservação da natureza passou a fazer parte das prioridades das socie-
dades modernas. Confrontada com diferentes formas de degradação, em
escala planetária, a humanidade atual tem como um de seus principais en-
foques a proteção do mundo natural. Nesse contexto, a biodiversidade tem
ganhado especial destaque, com grande ênfase dada às espécies de flora,
fauna de determinada região.
Tornou-se assim comum a crença de que o paradigma do uso ilimi-
tado dos recursos naturais deve ser substituído pelo paradigma da “sus-
tentabilidade”, que sugere responsabilidades socioambientais nas mais
diversas dimensões do “estar no mundo” pelo ser humano. Em torno do
conceito de “sustentabilidade” estão reunidos diferentes grupos sociais,
que buscam uma visão alternativa de futuro para responder efetivamente
à crise ambiental.
Para alcance desse objetivo, foram criadas diferentes formas de políti-
cas públicas, Unidades de Conservação, currículos acadêmicos e escola-
res, protocolos de plantio e de segurança alimentar, entre outras ações.
Entretanto, a simples implantação dessas iniciativas não é suficiente
para proteção e recuperação dos ecossistemas ameaçados, sendo necessá-
ria a inclusão de propostas de manejo para que a própria sociedade seja
responsável pela sua conservação. A nova concepção da sustentabilidade
requer uma mudança fundamental na percepção de que o meio ambiente
não está limitado aos ecossistemas biofísicos, mas inclui uma rede de in-
terações entre a consciência humana, os sistemas sociais e o meio natural.
O conceito de “etnobiodiversidade” nos mostra que a diversidade bio-
lógica é influenciada não apenas pelas condições ecológicas, mas também
pelas tradições culturais e a experiência acumulada por comunidades hu-
manas durante o manejo de seu ambiente.
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8 SABERES TRADICIONAIS E LOCAIS: REFLEXÕES ETNOBIOLÓGICAS
Assim, muito se tem discutido sobre o impacto negativo da socieda-
de humana sobre a biodiversidade, em especial pelo forte desequilíbrio
gerado pelas sociedades industrializadas modernas. Entretanto, pouco se
tem estudado sobre como comunidades locais exploram, conservam e
enriquecem a biodiversidade, compondo a “sociodiversidade” de deter-
minada região.
Muitos ecossistemas brasileiros abrigam comunidades humanas de
grande diversidade sociocultural, que desenvolveram estilos de vida rela-
cionados aos ambientes naturais específicos, com suas visões de mundo
particulares, conhecimento extenso e minucioso dos processos naturais.
Estabelecem, também, relações com o mundo natural distintas das que
prevalecem nas sociedades urbano-industriais.
É evidente que, nessas discussões, generalizações não são apropriadas
em nenhum dos sentidos. Incorreria um erro a visão simplista do “Mito
do bom selvagem”, romantizando as formas de viver das comunidades
tradicionais como sempre sendo de impactos positivos em seus meios na-
turais. Igualmente, as sociedades modernas promovem incríveis avanços
no sentido da proteção da biodiversidade.
O que se propõe aqui é uma reflexão ao nosso modelo de conservação
e educação vigentes, base da “sustentabilidade” que buscamos alcançar,
considerando a importância dessas culturas rústicas, de seu resgate e va-
lorização. Algumas perguntas que nortearam os apontamentos que se
seguem versam sobre os “saberes tradicionais” da sua relevância em um
mundo globalizado.
Qual a importância de trazer à tona essas formas tradicionais de conce-
ber o universo se as culturas e os modos de observação da realidade que
nos cerca se encontram em constante mudança?
Quais ferramentas dispomos para tanto, ou seja, como podemos exer-
cer práticas em que esses saberes sejam, efetivamente, ressignificados?
Marcelo Guerra Santos
Mariana Martins da Costa Quinteiro