Table Of ContentP L A N O E S T R A T É G I C O D E
RE
STA
F L O R E S T A L
P A R A A S R E G I Õ E S D O
A L T O T E L E S P I R E S
A L T O J U R U E N A
P E R F - M T
1
O tema restauração de florestas e recuperação Em um passado não muito remoto, produtores a restauração ocorra de fato e com uma qualidade
e proprietários rurais foram intensamente mínima, baseando-se em modelos de negócios
da vegetação nativa está cada vez mais em
incentivados a desmatarem as florestas de suas que financiem a restauração e o monitoramento
evidência na mídia. Nos últimos dois anos, propriedades para expandir a ocupação territorial das áreas restauradas e corroborando, assim, a
do Brasil. Porém, nas últimas três décadas, implantação da Lei de Proteção da Vegetação
nota-se um aumento acentuado de artigos
especialmente após a Rio-92, tem ocorrido uma Nativa (Código Florestal) do país.
e publicações sobre o assunto. Pesquisas inversão dessa lógica. Sabe-se, mais claramente A The Nature Conservancy (TNC) é parceira
hoje, que as florestas e a produção agropecuária do estado de Mato Grosso e, conjuntamente
recentes relacionam diretamente restauração
não são antagônicas, mas, sim, aliadas e devem estar com seus apoiadores e demais parceiros, tem se
e conservação de florestas com aumento
integradas e bem planejadas na paisagem para a antecipado na identificação de gargalos e na proposta
de produtividade agrícola, em função prosperidade de todos. de soluções para o avanço de uma cadeia produtiva
Mudanças repentinas em políticas públicas associada à restauração florestal. O objetivo da
do crescimento da população de insetos
geram desconfiança e insegurança, especialmente TNC é implantar uma estratégia de restauração
polinizadores, essenciais à produção de para os produtores rurais, que acabam, muitas que vai além da disseminação de tecnologias
vezes, sofrendo com sanções e leis que alteram mais eficientes, contribuindo efetivamente para a
alimentos. Obviamente, esse é apenas um dos
toda uma lógica estabelecida. Porém, hoje a ordem compreensão, a organização e o fortalecimento de
serviços ambientais oferecidos pelas florestas, é restaurar os passivos ambientais e conservar todos os elos da cadeia da restauração (tecnologia,
florestas dentro dos limites exigidos por lei. De mudas, sementes, insumos e mão de obra), a
entre vários outros dos quais a vida humana
fato, o mundo está seguramente caminhando para fim de atender à demanda crescente em função
depende, como a produção de água, fibra e uma economia verde, em busca de uma produção da promulgação da Lei Federal de Proteção da
sustentável, encontrando Vegetação Nativa e apoiar
madeira e a regularização do clima.
novas formas de produção o estado nos compromissos
que visem, ao mesmo tempo, assumidos na COP-21.
“Mato Grosso tem em mãos
ao aumento da produtividade Esta publicação, a
e à manutenção dos recursos o enorme desafio e a grande qual denominamos Plano
naturais essenciais à vida Estratégico da Restauração
oportunidade de se posicionar
humana. Florestal para as Regiões
como líder em restauração de
Um bom exemplo, do Alto Teles Pires e Alto
que demonstra claramente áreas degradadas em paisagens Juruena (PERF-MT), tem
os novos rumos globais, a pretensão de apresentar o
agropecuárias”.
é o recente compromisso mapa da cadeia produtiva da
denominado Acordo de restauração, diagnosticar os
Paris, documento da 21.a elos da cadeia e apresentar
Conferência do Clima das Nações Unidas – COP-21, propostas para que a restauração ocorra de forma
que, após intensas negociações, foi assinado por 175 organizada, dentro de uma perspectiva de negócios
países, em abril de 2016, estabelecendo as diretrizes e inovação nessas regiões.
para a consolidação do marco jurídico contra o Por fim, o estado de Mato Grosso tem em
aquecimento global, o qual prevê estratégias e ações mãos o enorme desafio e a grande oportunidade de
para limitar o aquecimento global em até 2oC até se posicionar como líder em restauração de áreas
o fim deste século. A restauração florestal tem um degradadas em paisagens agropecuárias. Apesar
papel fundamental nesse contexto. do extenso desafio de se restaurar milhões de
O Brasil apresentou papel protagonista hectares em terras mato-grossenses, acreditamos
ao se posicionar como mediador e, de forma que o PERF-MT seja um importante e significativo
justa, foi reconhecido como um dos líderes no passo nessa direção. Convidamos todos não apenas
processo. Porém, apenas três estados da federação a estudarem os dados e textos aqui apresentados,
se comprometeram com metas numéricas mas, principalmente, a arregaçarem as mangas e
de restauração de sua vegetação nativa. O colocarem as mudas e as florestas no chão.
estado de Mato Grosso assumiu publicamente,
na Conferência do Clima, a maior meta,
comprometendo-se a restaurar 2,9 milhões de Boa leitura e bom trabalho!
hectares até 2030. Por meio da estratégia Produzir,
Conservar e Incluir (PCI), o estado busca, dentre Rubens Benini
outros importantes objetivos, caminhos para que Gerente Nacional de Restauração TNC
o
i
r
á
m
A TNC é a maior organização de
u
conservação ambiental do mundo.
27 Desafios da
Estamos em mais de 35 países,
S cadeia da
restauração adotando diferentes estratégias
florestal com um objetivo comum:
Iniciativas privadas de restauração realizadas. p29
proteger a natureza e preservar a vida.
29 Iniciativas
Autores / Organizadores
Apresentação 2 governamentais
Gina Timotheo
que tratam de
restauração Paulo José Alves de Santana
Introdução 6 florestal Rubens Benini
Revisores
Caracterização 9 36 Custos da
Adriano Polotto
da região restauração
Alex Schmidt
Indicadores socioambientais e Claudia Picone
36 Custo com preparo
socioeconômicos e classificação
das APPDS por propriedade rural O passivo 10 do solo e serviços de Marina Campos
da região. p30 ambiental na plantio
região Colaboradores
38 Custo com serviços Brandt Meio Ambiente
de manutenção
A cadeia 12
Revisão Ortográfica
produtiva da 39 Custo com frete
Assertiva Mindfulness Editora
restauração
e
florestal nas e Treinamentos Ltda ME
regiões do alto 42 Execução da
t
teles pires e alto restauração Projeto Gráfico
juruena n
Fabrício Cardoso
Coletores de 14 43 PERF – Lucas e
Editoração
sementes do Rio Verde
Análise da infraestrutura existente versus a
Monte Cristo Studio
demanda potencial por restauração. p41 i
Produção de 16 44 Cronograma de
d
mudas implantação da Fotos
restauração em Adriano Gambarini
e
Serviços de 20 Lucas do Rio Verde
Erik Lopes
restauração,
Clara Angeleas
manutenção e p
Gina Timotheo
monitoramento 48 Conclusão
José Amarílo Jr
x
Produtor rural 23 52 Anexo 1 Leandro Baumgarten
Paulo Santana
E
Influenciadores 24 63 Anexo 2 Rui Rezende
locais e regionais
73 Anexo 3
Tiragem
Fragilidades 25
500 exemplares
da cadeia da 75 Anexo 4
restauração
florestal
Governança para gestão do PERF. p46
Plano Estratégico de
Restauração Florestal para
as Regiões do Alto Teles
Pires e Alto Juruena, em
Mato Grosso (PERF-MT).
Identificar áreas prioritárias
para restauração ecológica
e conservação dos serviços
ecossistêmicos e da
biodiversidade
Identificar e dar
INTRODUÇÃO Identificar as alternativas à
principais ameaças e PERF superação de desafios
oportunidades que serão enfrentados
estratégicas dentro de pelo setor de
A Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Lei uma linha temporal restauração florestal
12.651/2012), ou “Novo Código Florestal”, determina no futuro
que todos os proprietários e posseiros rurais devem
inserir seus imóveis no Cadastro Ambiental Rural
(CAR) e, caso existam passivos ambientais, devem
aderir ao Programa de Regularização Ambiental
(PRA), o qual utiliza metodologias adequadas para a
restauração da vegetação nativa.
O objetivo do Plano Estratégico de Restauração
Florestal (PERF) é conhecer, detalhar e incentivar
Fortalecer a visão e a ação
a organização da cadeia produtiva de restauração na
conjunta do setor em curto,
região, identificando os mecanismos de funcionalidade
médio e longo prazo
da cadeia e os fatores capazes de alavancar as atividades
de restauração. O PERF também identifica os principais
gargalos, propondo medidas e recomendações para
políticas públicas e práticas necessárias para o alcance
das metas de recuperação da cobertura florestal.
Figura 1: objetivos do Plano Estratégico de Restauração Florestal para as Regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena.
6 Plano Estratégico de Restauração Florestal para as Regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena 7
Para a concretização do PERF-MT, Para possibilitar o mapeamento da cadeia da
foram necessárias as seguintes etapas: restauração florestal (Etapa II, ao lado), foram
realizados os seguintes passos:
I
Identificar o passivo ambiental (hectares a serem restaurados)
Primários
II Mapear e conhecer os elos da cadeia produtiva da restauração
Levantamento
de dados
Identificar a infraestrutura existente na região (sementes, viveiros,
III Secundários
mão de obra, etc.)
Identificar e mapear atores e iniciativas relacionadas à restauração
IV
florestal na região
Delimitação Influenciadores
da cadeia regionais
Elaborar análise do passivo x infraestrutura existente para verificar
VI se a infraestrutura atual tem capacidade de atender à demanda por
restauração (passivo em hectares)
Serviços de restauração Produtor rural com APPD
Coleta de sementes Produção de mudas
Identificar os gargalos e fragilidades regionais que possam impedir e monitoramento Área de Preservação Permanente
Degradada (APPD)
o avanço da restauração e propor soluções para que as atividades
VII
ocorram com qualidade e dentro dos prazos estabelecidos pela
legislação vigente
Diagnóstico da cadeia
de restauração florestal
VIII Propor áreas prioritárias para a restauração e cronograma de ação
Entendimento da dinâmica
Análise de criticidades Análise de alavancagem
da cadeia
Figura 2: etapas da elaboração do Plano Estratégico de Restauração Florestal para as Regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena.
Figura 3: estrutura da cadeia de restauração florestal para as regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena.
CARACTERIZAÇÃO
DA REGIÃO
A área de estudo do PERF abrange a região
do Alto Teles Pires, incluindo os municípios de
Lucas, Sorriso, Nova Mutum, Tapurah, Nova
Ubiratã e Feliz Natal, e a região do Alto Juruena,
incluindo os municípios de Sapezal, Campos de
Júlio e Brasnorte.
8 Plano Estratégico de Restauração Florestal para as Regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena 9
Número de propriedades
Área de APPDs (ha)
com APPDs
7%
42%
58%
93%
% <4MF % <4MF
% >4MF % >4MF
Apesar de esse estudo se concentrar somente • Reserva Legal
nas análises das APPD, vale ressaltar que existem
• Áreas embargadas por desmatamento
outras áreas que devem ser consideradas nas ações
ilegal (Sema-MT e/ou Ibama)
de planejamento global de redução de passivos
ambientais, que são:
Figura 4: mapa dos nove municípios das regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena. Figura 5: distribuição de APPD nas propriedades rurais dos municípios das regiões estudadas.
O PASSIVO AMBIENTAL
NA REGIÃO Município A(PhPaD) Pdoel( íAugnoP)nPoDs Prruorpariise d(uadne)s PArrouPprParDiies d(cuaodnme)s rPurroapi(srui <end=)a4dMesF Prruorpa(irsuie n>d)4aMdeFs rPurroapi(srhi <ead=)a4dMesF Prruorpa(irshie a>d)4aMdeFs
Lucas do Rio Verde* 446 1.779 885 404 251 153 125 321
Brasnorte 3.606 4.505 725 393 157 236 114,53 3491,65
Na área de estudo, foram registradas 8.082 propriedades
Campos de Júlio 1.827 536 329 157 8 149 46,18 1781,09
rurais das quais 3.871 possuem Área de Preservação Permanente
Degradada (APPD), totalizando 15.443 hectares de APPD – Sapezal 2.567 914 438 229 7 222 9,05 2557,94
ver mapas das propriedades rurais dos municípios no Anexo Feliz Natal 587,5 971 589 284 150 134 273,67 313,82
1 e mapas dos passivos ambientais das propriedades rurais no Nova Mutum 1978,9 4200 1128 484 199 285 84,49 1894,44
Anexo 2. Nova Ubiratã 1596,7 3234 1938 784 418 366 164,23 1432,29
Nota-se que 93% das APPD estão concentradas em 2.262 Sorriso 2028,5 4177 1348 749 234 515 151,47 1877,05
propriedades rurais maiores que quatro módulos fiscais e apenas Tapurah 795,1 2117 702 387 185 202 61,89 733,19
7% das APPD estão em 1.609 propriedades rurais menores que Total 15.433 22.433 8.082 3.871 1.609 2.262 1.031 14.402
quatro módulos fiscais.
Tabela 1: situação das APP das propriedades rurais dos nove municípios
estudados das regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena.
10 Plano Estratégico de Restauração Florestal para as Regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena 11
O deficit de Reserva Legal nos municípios da área
de estudo gira na ordem de 906 mil hectares.
Serviços de
Produção de Produção de Produtor Rural
Restauração e Produto final
Sementes Mudas com APPDs
Manutenção
APPD por Número de Propriedades
Módulo Fiscal (ha) por Módulo Fiscal
Regeneração natural
Viveiros públicos e viveiros privados
o
Tapurah 61,89 733,19 Tapurah 182502 eraçã Plantio total de mudas
Op Coletores • Empresas de consultoria
151,47 234 e independentes • Engenheiros florestais Menor que 4MF
Sorriso Sorriso d Acima de 4MF
1.877 515 s • Viveiros Semeadura direta
o
viç • Produtor Rural
9,05 7 er
Sapezal 2.557,94 Sapezal 222 os S Enriquecimento
ç
vi
164,23 418 Ser Universidades, ONGs Fundação Rio Verde e SEBRAE
Nova Ubiratã 1.432,29 Nova Ubiratã 366 orte
up Execução Técnica
84,49 199 S
Nova Mutum 1.894,44 Nova Mutum 285 de
os Serviços Georreferenciamento e de Monitoramento
Lucas do Rio Verde 125321 MÓDULO FISCAL Lucas do Rio Verde 153 251 Serviç Serviços de Certificação Cadeia APP Restaurada
Menor
273,67 150
Feliz Natal Maior Feliz Natal
313,82 134 RENASEM e INDEA
e
CampoBsr adsen Joúrltioe 46,18 114,53 1.781 3.491,65 CampoBsr adsen Joúrltioe 8 141957236 gionais Fiscalização Controle CIDESA IBAMA, SEMA/MT e Prefeituras
e
R
s
ai
c
93% maiores que 4 MF 58% maiores que 4 MF s Lo do Grandes empresas do agronegócio
7% menores que 4 MF 42% menores que 4 MF dore erca
a M
ci
n
e
Figura 6: APPD e número de propriedades com relação à quantidade de módulos fiscais. u
nfl
I es Bancos públicos e privados Bancos
or
d
a
d
A CADEIA PRODUTIVA nci
a
n
Fi
DA RESTAURAÇÃO LEGENDA
FLORESTAL NAS O monitoramento Influenciador potencial
realizado na
Influenciador real na região
REGIÕES DO ALTO região não observa
Figura 7: ilustração esquemática da cadeia de restauração das regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena.
parâmetros
TELES PIRES E ALTO
ecológicos e não
considera aspectos
JURUENA
de qualidade,
perenidade
A cadeia da restauração florestal na região é
e eficiência Uma característica marcante identificada
constituída por diferentes elos e atores responsáveis
na cadeia de restauração regional é a figura
pelo funcionamento das distintas atividades que levam à ambiental. Funciona
dos viveiristas. Eles aparecem como agentes
restauração de áreas degradadas. Os elos são basicamente: apenas como um
executores de diferentes etapas do processo,
produtores de sementes de espécies nativas, produtores de
acompanhamento,
realizando desde a coleta de sementes e a
mudas florestais, prestadores de serviços de restauração
para identificar orientação técnica até o plantio e a manutenção
florestal, manutenção e monitoramento, proprietários e
delas – ver mapa com a localização dos atores
a necessidade de
posseiros rurais com APPD e os influenciadores externos,
regionais da cadeia produtiva das regiões do Alto
representando as forças motrizes da cadeia. manutenção.
Teles Pires e Alto Juruena no Anexo 3.
12 Plano Estratégico de Restauração Florestal para as Regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena 13
A CADEIA PRODUTIVA DA RESTAURAÇÃO
FLORESTAL NAS REGIÕES DO ALTO TELES
PIRES E ALTO JURUENA
Origem das sementes
22%
39%
7%
57%
14%
Coletadas pelo próprio viveiro
Compradas de empresas
Coletadas pelo próprio viveiro/
compradas de coletores independentes
Figura 8: origem das sementes.
COLETORES DE SEMENTES
Lugar de coleta das sementes
A coleta de sementes nativas é uma a serem restauradas, pela baixa variabilidade a semeadura direta, que requer uma grande
7%
atividade sazonal entendida, normalmente, genética. quantidade de sementes e constitui uma ótima 14%
como um complemento de renda. Geralmente, Nos nove municípios estudados não alternativa para os produtores rurais locais
os coletores trabalham sob demanda dos foram encontrados coletores de sementes atenderem às demandas e darem escala à
7%
produtores de mudas (viveiristas) para atender independentes, ou seja, profissionais restauração.
a sua produção. autônomos que fazem a prática exclusiva de O setor de sementes florestais pode,
Em Mato Grosso existem bons exemplos coleta e produção de sementes. A atividade também, ocupar um importante papel no
de grupos organizados para coleta de sementes, é feita por viveiros que fazem a coleta de desenvolvimento social local. A estruturação 72%
como a Rede de Sementes do sementes em áreas naturais do setor contribuiria para a geração
Xingu e o Projeto Sementes dentro e fora do município de oportunidades de negócio e renda,
do Portal, que conseguiram ou, quando necessário, principalmente para comunidades rurais
Há ainda viveiros que
agregar renda e vêm compram de outros (agricultura familiar) e indígenas.
comercializam sementes,
abastecendo o mercado, municípios, como Alta
Em floresta natural protegida
cada vez mais exigente. principalmente o excedente Floresta, e até de outros
No entanto, na região de de sua produção, ou aquelas estados, principalmente São Em floresta natural particular
estudo, as atividades de Paulo. Há ainda viveiros que Em plantação/Floresta
adquiridas em outros
coleta, beneficiamento comercializam sementes, Particular/Floresta
e armazenamento de mercados. principalmente o excedente Protegida
sementes muitas vezes são de sua produção, ou aquelas NA
realizadas de forma pouco adquiridas em outros
Figura 9: lugar de coleta de sementes.
organizada e sem muita mercados.
técnica. A fragilidade do setor de sementes é
Os viveiros fornecedores de mudas um limitador para a cadeia de restauração na
nativas para restauração adquirem sementes região de estudo, comprometendo a introdução
provenientes de matas circunvizinhas, com e o desenvolvimento de novas tecnologias de
poucas matrizes das espécies e, em muitos restauração e o cumprimento dos passivos
casos, sem o devido registro e cumprimento das de APPD e RL. Muitas das áreas em questão
exigências do Registro Nacional de Sementes e possuem relevo e condições apropriadas para
Mudas (Renasem), comprometendo as áreas técnicas de restauração menos onerosas, como
14 Plano Estratégico de Restauração Florestal para as Regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena 15
A produção é realizada nos viveiros
florestais, onde o processo é iniciado com o
recebimento das sementes e sua transformação
em mudas até adquirir porte suficiente para
serem implantadas em campo e formar futuras
florestas.
Existem 14 viveiros que fornecem mudas
para a região. Entretanto, nem todos estão ativos
ou inseridos nos municípios de estudo, os quais
apresentam apenas oito viveiros – ver tabela 2.
PRODUÇÃO DE
MU DAS
16 Plano Estratégico de Restauração Florestal para as Regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena 17
variou entre R$ 0,60 a R$ 1,50, com uma média de
Município Viveiro Atuação Situação Renasem* Num. Registro R$ 1,06 na região. As mudas são produzidas em
sacos de polietileno e tubetes de 56 cm3.
Lucas do Rio Verde Fundação Rio Verde Local Ativo MT-00011/2006 Para os valores de comercialização, a variação
nos preços é de R$ 1,25 a R$ 5,00 por muda, com
Brasnorte Viveiro Juruena Local Não encontrado em pesquisa -
média de R$ 2,50/muda.
Brasnorte São Marcos II Local Ativo MT-02601/2014 Metade dos viveiros da região presta serviços
completos de restauração, desde projetos a
Campos de Júlio Santa Maria Local Não encontrado em pesquisa -
“monitoramento”, e cobra de acordo com o
Sapezal Bertolini Local Ativo MT-00731/2008 interesse do produtor rural, que tem a opção de
contratar apenas a execução, sem a manutenção
Sorriso Eco da Mata Local Não encontrado em pesquisa -
ao longo do estabelecimento do plantio.
Sorriso RV Reflorestamento Local Não encontrado em pesquisa -
Sorriso Renascer Local Não encontrado em pesquisa -
Tapurah Santa Luzia Local Não encontrado em pesquisa - Produção de mudas dos viveiros CusCtou mstéod mioé ddaios dmausd mausdas NúmNeúrmo emréod mioé ddeio e dsep éecsipeéscies
da região Médio Norte – MT prodpurozidduazsi dnaoss nvoivse virivoesiros
Nova Mutum Viveiro Municipal Local Não encontrado em pesquisa -
2,492,49 35 35
4.650m
Sinop Roma Externo Não encontrado em pesquisa -
Tangará da Serra Ziani Externo Ativo MT-02723/2014
Cuiabá Nativas Sementes e Mudas Externo Ativo MT-02127/2013
Diamantino Jatobá Externo Ativo MT-00857/2009
1,06 1,06
1.450m
Tabela 2: viveiros levantados no diagnóstico que participam da cadeia de restauração na região.
Custo dCeu Pstroo ddueç Pãroodução Custo dCeusto de EspécieEsspécies
Alguns viveiros diversificaram seus por demanda e adquirirem mudas de outros Produção Atual Capacidade Máxima comerccioamlizearçcãiaolização
de Produção
serviços e passaram a oferecer consultoria para viveiros, fora do estado. Quanto à variedade
Figura 12: produção de mudas dos viveiros Figura 14: custo médio de produção Figura 13: número médio de espécies
implantação, manutenção e monitoramento de espécies utilizadas, são produzidas de da região Médio Norte – MT. e comercialização de mudas. produzidas nos viveiros.
da restauração em propriedades rurais, além 10 a 80 espécies, com média de 35 espécies
de trabalharem na produção de espécies para seis viveiros que declararam a produção.
exóticas, como eucalipto e outras, destinadas Para muitas espécies, não foram declarados
ao paisagismo. os nomes científicos ou grupos ecológicos. Produção e
Viveiro Município Grupo Ociosidade
Como observado na tabela 2, apenas A região possui razoável capacidade de Capacidade Produtiva
6 dos 14 viveiros (43%) possuem cadastro oferta de mudas; entretanto, possui também (em # mudas) Municipal Nova Mutum Grupo A 60%
no Renasem, conforme uma grande capacidade 8.350,000 Eco da Mata Sorriso Grupo A 20%
pesquisa no Ministério ociosa de produção, RV Reflorestamento Sorriso Grupo A 70%
da Agricultura, Pecuária que ainda aguarda uma Renascer Sorriso Grupo A 70%
e Abastecimento (Mapa). Vale ressaltar que, melhora no setor. Santa Luzia Tapurah Grupo A 80%
São Marcos II Brasnorte Grupo B 100%
Apesar de os 12 viveiros mesmo com uma Vale ressaltar Ociosidade
63% Viveiro Juruena Brasnorte Grupo B 0%
terem informado a que, mesmo com uma
capacidade de produção Santa Maria Campos de Julio Grupo B 100%
obtenção do registro, o capacidade de produção 3.130,000
Bertolini Sapezal Grupo B 80%
estudo considerou apenas potencial relativamente potencial relativamente
Fundação Rio Verde Lucas do Rio Verde Grupo C 73%
os viveiros que constam alta, há necessidade de alta, há necessidade de
Ziani Tangará da Serra Externo 0%
na pesquisa do Mapa. investimentos no setor,
investimentos no setor. Roma Sinop Externo 50%
Essa diferença pode ser uma vez que os relatos
Produção Capacidade Jatobá Diamantino Externo 92%
atribuída à desatualização indicam carência de Grupo A Grupo B Grupo C Externo Nativa Sementes e Mudas Cuiabá Externo 60%
de dados no sistema do capacitação técnica, baixa
Mapa, dentre outros disponibilidade de mão de
fatores. obra para a produção em escala e necessidade Figura 10: taxa de ociosidade dos viveiros.
Foi considerada a produção média de melhorias em infraestrutura dos viveiros,
apenas para oito viveiros dos municípios principalmente dos equipamentos e sistemas
estudados, o que representa 1.450.000 de irrigação, capazes de atender, no momento, Dessa forma, conclui-se que a a maioria tem condições de suportar e atender
mudas, havendo variação no número em apenas a produção atual. infraestrutura atual dos viveiros não constitui ao aumento da demanda.
decorrência de alguns viveiros trabalharem O custo médio para a produção de muda um gargalo para a alavancagem da cadeia, pois
18 Plano Estratégico de Restauração Florestal para as Regiões do Alto Teles Pires e Alto Juruena 19
Description:todos os elos da cadeia da restauração (tecnologia, mudas Monte Cristo Studio. Fotos subconjunto de 390 mil ha da meta de 12,5 milhões de