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PLAN ETA FAVELA
Mike Davis
POSFÁCIO
Erminia Maricato
ENSAIO FOTOGRÁFICO
André Cypn'ano
TRADUÇÃO
Beatn'z Medina
m___-ré7n1›r
EDITORIAL
Copyright © Mikc l)avis. ÊÚÚO
Copyright dcsm cdiçño © Boitcmpn EditoriJL 2006
Título originnlz Planvr qfslmnx (l-ondrcs. Vcrso. 2()0(›)
C()()RDI:'NAÇÃ() IEDITORIAL Iv.mnJinkimnrs
ASSISTÊNCIA Am Paula (Í.1xitcllani
TRADUÇÃO Bcntriz Mcdinu
EDIÇÃO ma TlíXTO Sandm Brazil (prcparação)
Lcticia Bmun (rcvix.*ão)
DIAGRAMAÇÃO Raqucl S;Ill.'1bcrn_' Brião
CAPA Antonio Kchl
FOTOS (M|01.() E (:APA) André Cypriano
RL 51033502
PRODUÇÃO cRÁFm Livia Campos
EX. 335 358
CIP-BRASII..CKYALOGAÇÃO-NA-F()NTE
SINDI(.A'T() NACIONAL DOS EDITORES DE LIVR()S.RJ.
D294p
Davis, Mike, 1946-
Plancta Favcla / Mikc Davis ;tradução dc Bcatriz Medinm
- São Paulo :Boitcmp0. 2006
272 p. :il.
Inclui bibliograña
ISBN 978-85-7559-087-4
I. Favelas.2.Pobres urbanos. 3.Vída urbana. 4.Sociologia
urbana. l.Título.
06-353o. (IDD 3o7.7ó
CDU 316.334.56
E vedada, nos termos da lei, a reprodução de qualquer
parte deste livro sem a expressa autorização da editora.
Este Iivro atende âs normas do acordo ortográñco em vigor desdejaneiro de 2009.
I' ediçãoz outubro de 2006; I*1 reímpressãozjulho de 2007; 2i reímpressãoz fevereiro de 2008
1a edíção revistaz fcvereiro de 2011; Il reimpressãozagosto de 2013
2J reimpressãozfevereiro de 2015
BOITEMPO EDITORIAL
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para a minha querida Roisin
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Favela, sennf'avela e superfavela...
a 1ss'o chegou a evolução das cidades.
Patrick chdes'
' Cmdo'cmlgwn'Mumford,'IhC:17'm'Hrstory':ItsOrgms,"ItsijomM'mdluñmpan
MMMHamumBncc &Wodd,1961),p.464.
Sumário
O climatério urbano ......................................................................... 13
A generahzação das favelas.................................................................31
A traíção do Estado...........................................................................59
As üusões da autoajuda...................................................................... 79
Haussmann nos trópicos.................................................................. 103
Ecología de favela ........'................................................................... 127
Epílog0: Descendo a ruaVietnã....................................................... 199
Agradecimentos.............................................................................. 207
Posfácío, por Ermínia Mraricato ....................................................... 209
Ensaio fotogrâñco, por André Cypriano........................................... 225
Bíbliograña ..................................................................................... 233
Índice remissivo ..............................................................................255
Créditos das imagens.......................................................................271
1
O cIimatério urbano
Vivcmos na cra da c1'dade.A cidade é tudo para nós-
cla nos consome,e por esta razão a gloriñcamos.
Onookome Okome'
Em algum momento, daqui a um ou dois anos, uma mulher vaí dar à luz na
favela de Ajegunle, em Lagos, na Nigéria; um rapaz fugirá da sua aldeia no oeste
deJava para as luzes brilhantes de jacarta ou um fazendeiro partirá com a família
empobrecída para um dos inumeráveis pzwblosjove›1es* de Lima. O fato exato
não importa e passará totalmente despercebido. Ainda assim, representará um
. . , . ; . , , . \V“\
wbdewa asdna mhlstorlashuomanra comparavel ao Neohtlco ou as revoluçoes
industriais.Mrin ' awVez a o ulayão urbaPna da Terrea será malis naumerosa C\›
Jvueda ruoral. Na verdade, dada a imprecísão dos recenseamentos no Terceiro
Mundo, essa transição sem igual pode já ter ocorrido.
A Terra urbanizou-se ainda mais depressa do que previra o Clube de
Roma em seu relatório de 1972, Limits of Crowth [Limites do crescimento],
sabidamente malthusíana Em 1950, havia 86 cidades no mundo com maís
de 1 mílhão de habitantes; hoje são 400, e em 2015 serão pelo menos 5502.
Com efeito, as cidades absorveram quase dois terços da explosão populacíonal
1 Onookome Okome,°°Writíng the Anxious Cityz Images of Lagos in Nigerían HomeVideo
F11m's",emOkwui Enwezoretal. (orgs.), UndcrSiegcFourAfriran Cities - Freetownjohannesburg
Kinshasa, Lagos (Ostñldern-Ruít, Hatje Cantz,2002), p. 316.
* Neste livro há inúmeras ocorrências de termos que, em maior ou menor grau, designam
realidades sociais semclhantes ou idênticas às da favela tal como a conhecemos no Brasil.
Optamos por respeitar a opção do autor e usar os termos em sua graña originaL poís julga_~
mos desnecessário tentar oferecer uma tradução pelo menos aproximada deles, posto que o
próprio desenvolvimento do texto encarregar-se-á de exphcitar as particularidades locais de
cada termo. (N. E.)
u UN Deparrment of Economic and Social _Añãirs, Population Divisiom World Urbanization
Prospem (revísão de 2001. NovaYork, 2002).
Planeta Favela
14
global desde 1950 e hoje 0 crescimento é de 1 milhão de bebês e migrantes
por semanaÍ A tbrça de trabalho urbana do mundo mais que dobrou desde
1980, e a população urbana atual de 3,2 bilhões de pessoas é maior do que a
população total do mundo quando john F. Kennedy tomou posseí Enquanto
1'Sso, o campo, no mundo tod0, chegou à sua população máxima e Começará a
encolher a partir de 2()2(). Em consequêncim as cidadcs scrão responsáveis por
quase todo o crescimento populacional do mundo, Cujo pico, de cerca de 10
bilhóes de habitantes, espera-se que aconteça em 2050Í
Megacidades e dcsakotas
Noventa e cinco por cento desse aumento fmal da humanidade ocorrerá nas
áreas urbanas dos países em desenvolvimento,cuja população dobrará para quase
4 bilhões de pessoas na próxima geração°. De fato, a população urbana conjunta
da China, da Índia e do Brasil já é quase igual à da Europa e da América do
Norte. Além disso, a escala e a velocídade da urbanização do Terceiro Mundo
amesquinham completamente a Europa vitoriana. Londres, em 1910, era sete
vezes maior do que em 1800, mas Daca (Bangladesh), Kinshasa (Congo) e Lagos
(Nigéria), hoje, são aproxímadamente quarenta vezes maiores do que eram em
1950.A China, que se urbaniza “numa vclocidade sem prccedentes na história
hurnana”, somou mais moradores urbanos na década de 1980 do que a Europa
inteira (íncluíndo a Rússia) em todo o século XIX.|7
É claro que o fenômeno mais comemorado é 0 Horcscimento de novas
megacidades com mais de 8 milhõcs de habítantes e, aínda mais espetaculares,
hipercidades com mais de 20 milhões de habitantes - população urbana mundial
3 Population Information Program,Ccnter forCommunication Programs, Thejohns Hopkins
Bloomburg School of Public Health, Mceting the Urban Challenge, Populatíon Reports, v. 30,
n. 4, Balt1'more,outono (set.-nov.) de 2002,p. 1.
4 Dennis Rondinelli ejohn Kasarda,°]'ob Creation Necds inThírdWorld Citics", emjohn D.
Kasarda eAlIan M. Parnell (orgs.), ThírdWorld Cities: Problems, Polícies andProspects (Newbury
Park, Sage, 1993), p. 101.
5 WolfgangLutz,WarrenSandersone SergeiScherbov,“Doubh'ngofWorldPopulation Unlíkely”,
.'\"ature, n. 387, 19jun. 1997, p. 803-4.No entanto,apopulação daAfricasubsaariana triplicará,
e a da Índia dobrará.
6 Embora ninguém duvide da velocidade da urbanização globaL a taxade crescimento de cida-
des espccíñcas pode frear de repente caso csbarrc no atrito do tamanho e da congestão. Um
caso famoso dessas “reversões de polarização" é a Cidade do Méxíco, prevista para chegar a
25 milhões de habitantes na década de 1990 (a população atua1,provavelmente, está entre 19
c 22 milhões).VerYuc-manYeung,“Geography in an Age ofMega-Cities",Intemational Social
Sciences_]ourna1, n. 151, 1997,p. 93.
7 Financíal Times, 27/7/2004; David Drakakis-Smith, Third World Cíties (2. ed., Londres,
Routledge, 2000).