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PERSPECTIVA
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Ubersfeldtemformação emLetras.
Asuavisãodeteatroveioempartedestaperspectivadebase
dramatúrgicaeempartedas montagensquerealizoucomseusalunos.
Oque elafazcmParaLeroTeatroéumadiscussãosobreotexto
noteatroàluzdeJakobson,Greimas,istoé,da semiologia,
bem como da fenomenologiaeoutrosparâmetros.
Trata-se,pois,de umIiv'roque:
•Deseja umespectadorqueconheça otexto teatral;
•Propõefundamentalmenteummétodode"leiturade mesa"
deencenadoreseatores(que tambémpode serviraosalunosdeletras
edisciplinasque utilizamadramaturgiaouelementosdesua técnicas),
oque importaemalgunsaspectosnumaconcepçãoteatral ligada estudos
aométododeStanisláviski,masque incluitambém
estudos
outrasabordagenscontemporâneas;
•Destacaaimportânciadotexto teatralparaaartedramática, estudos
emum momentoemqueotextoveioaserobjetodecontestações
eentrou,sobcertopontodevisto,numacrisecujosreflexosainda
sefazem sentirnacenaatual;
•Dáodevido valor,atéagorapoucosalientado, àrecepção
easeupapelformal noteatro.
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~ ~ PERSPECTIVA
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Sumário
Título original em francês Lire le théâtre I
Édition originale: Lire le théâtreI © Éditions Belin-Paris, 1996
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP,Brasil)
Ubersfeld, Anne
Para ler o teatro fAnne Ubersfeld ; [tradução José
Simões (coord.)]. - São Paulo: Perspectiva, 2005.
Titulo original: Lire le théâtre I.
Bibliografia.
ISBN 85-273-0732-4
INTRODUÇÃO XI
I. Análise do discurso 2. Teatro - Filosofia
3. Teatro - Semiótica I. Título.
1.TEXTO-REPRESENTAÇÃO 1
05-6326 CDD-792.014 1. RelaçãoTexto-Representação 1
AOposiçãoTexto-Representação 2
índices para catálogo sistemático:
Distinguirentre Texto eRepresentação 5
I. Teatro : Linguagem e comunicação : Belas
2. O Signo noTeatro 8
artes 792.014
2. Teatro: Semiótica: Belas artes 792.014 Da ComunicaçãoTeatral 8
ADefiniçãoSaussurianadeSigno 10
OsSignosnão-Verbais 10
RepresentaçãoeCódigos 12
Observações sobre oSigno Teatral 12
Denotação,Conotação 13
ATríadedo Signo noTeatro 14
O Problemado Referente 16
3. Teatro eComunicação 18
Dois ConjuntosdeSignos 18
AsSeis Funções 19
OReceptor-Público 20
Direitosreservados emlínguaportuguesaà
EDITORAPERSPECTIVASA ADenegação-Ilusão 21
Av.BrigadeiroLuísAntônio,3025 OTranse eoConhecimento 27
01401-000- SãoPaulo- SP- Brasil
Telefax:(0--11)3885-8388 2.OMODELOACTANCIALNOTEATRO 29
www.editoraperspectiva.com.br
I. AsGrandesEstruturas 29
2005
Macrocstruturas 30
VlIl PARALEROTEATRO SUMÁRIO IX
oSuperficial/oProfundo 31 Texto, Espaço eSociedade 102
EstruturaeHistória 31 EspaçoePsiquismo 103
OCaso daNarrativaTeatral 32 OEspaço Cênicocomo Ícone doTexto 104
2. ElementosAnimados:doActante àPersonagem 33 EspaçoePoética.Conseqüências 108
3. OModelo Actancial 34 4. OPonto dePartida Cênico 109
OsActantes 34 História eCódigos 109
OParAdjuvante-Oponente 37 OEspaço Concreto da Cena 109
OParDestinador-Destinatário 38 5. O Espaço eoPúblico 110
Sujeito-Objeto 42 Espaço ePercepção 110
DestinadoreSujeito:AutonomiadoSujeito? 44 PúblicoeTeatralização 112
AFlechado Desejo 45 ADenegação 112
OsTriângulosActanciais 46 6. OsParadigmasEspaciais 113
ModelosMúltiplos 50 OConteúdodosEspaçosDramáticos 114
AlgumasConclusões 60 OCênico eoExtracênico 115
4. Atores,Papéis 61 Transformações 116
Atores 61
7. ArquiteturaTeatraleoEspaço 116
Papéis 65
8. O ObjetoTeatral · 117
Procedimentos 68
Do Usodo Objeto 118
ComoLer oObjeto? 118
3.APERSONAGEM 69
Uma ClassificaçãoTextual do Objeto 119
I. CríticadaNoçãodePersonagem 69
ARelação Texto-Representação eoFuncionamento
A Personagem eoSentido 69
Teatral................................................................................ 120
Sobre aPersonagem Textual 70
SobreaPersonagemcomoLugar 71
5.OTEATRO EOTEMPO 125
APersonagemSobrevive , 72
I. Duração eTempoTeatral 125
2. APersonagem eseusTrêsFiosCondutores 74
A Unidade deTempo 126
FigurasdaPersonagem 75
ADescontinuidadeTemporal 129
OIndivíduo-Personagem 80
Dialética doTempo 130
APersonagem comoSujeitodeumDiscurso 82
OEspaço-Tempo ou aRetóricaTemporal 131
3. ProcedimentosparaAnálisedePersonagens 84
2. OsSignificantesTemporais 132
Estabelecer umModeloActancial 85
OsSignificantesdas Didascálias 134
Personagem eParadigmas 85
Ritmos 134
Análisedo DiscursodaPersonagem 87
ODiscursodasPersonagens 134
4. Teatralização daPersonagem 88
OEncerramento 135
ATemporalidadecomo Relação entreosSignificantes 136
4.OTEATRO EOESPAÇO 91
3. AReferência 137
I. OLugarCênico 92
Enquadramento 137
TextoeLugarCênico 92
OAqui Agora 138
Um EspaçoporConstruir 93
HistoricizaroPresente 139
UmLugarConcreto 93
4. TempoeSeqüências 139
2. Por umaSemiologiadoEspaçoTeatral 95
TrêsMomentos 140
EspaçoeCiênciasHumanas 95
OSignoEspacialnoTeatro 97 AsGrandes Seqüências 141
3. OEspaçoTeatraleseus ModosdeAbordagem 101 ASeqüênciaMédia 144
EspaçoeTexto 101 AsMicrosseqüências 145
Introdução
x PARALEROTEATRO
6.O DISCURSOTEATRAL 157
1. AsCondiçõesdo DiscursoTeatral 157
ComoDefinir 157
A EnunciaçãoTeatral : 158
ADuplaEnunciação 159
Discursoe ProcessodeComunicação 161
2. ODiscursodoScriptor 162
EnunciaçãoTeatral eImperativo 162
Estamos noTeatro 164
O Discursodo ScriptorcomoTotalidade 166
FaladoScriptor, Fala daPersonagem 167
OEmissor-ScriptoreoReceptor-Público 168
3. ODiscursoda Personagem 170
ODiscursoda PersonagemcomoMensagem:
asSeis Funções 170
APersonagemesuaLinguagem 173
Heterogeneidadedo Discursoda Personagem 177
4. Diálogo,Dialogismo,Dialética 178
Diálogoe Situaçãode Diálogo 178
Diálogoe Ideologia 180
ProporQuestões aoDiálogo 181
AsContradições 182 Todo mundosabe, oupensaquesabe,que nãosepodeleroteatro.
Os Enunciados no Diálogo 184 Os professores não o ignoram e dificilmente estão livres da angústia
De Alguns Procedimentosde Análisedo Diálogo 186 de explicarou tentarexplicar,um documento textual cuja chaveestá
AlgumasObservaçõesàGuisade Conclusão 187 fora dele.Os atares e os diretores pensam que sabem isso melhordo
que ninguém,e vêem com certo descaso toda exegese universitária,
PrelúdioàRepresentação 189 por considerá-la inútil e maçante. Os leitores comuns também o sa
bem, pois cada vezque seaventuram alero teatro, avaliam adificul
Bibliografia 193 dadedelerumtextoquedecididamentenãoparecefeitoparaoconsumo
livresco.Nem todosestãofamiliarizadoscomastécnicasdeperformance
Índicede Conceitos , 197 teatral ou coma imaginaçãoespecífica, necessária para inventaruma
representação fictícia. E,contudo,éoque cada um faz,umaoperação
Índicedas ObrasTeatraisCitadas 199 individualque nãosejustificanemdo ponto de vistateórico nem prá
tico, por razões que logo veremos.
Épreciso,então,renunciaraleroteatro ou,então, lê-locomoum
outro objetoliterário?Leroteatro deRacinecomoumextensopoema:
Berenice, comoumaelegia, Fedra, comoselênaEneida deVirgílioo
episódiopassionalde Dido; ler Mussetcomo um autorderomancese
Perdican comoFabrício?ATorredeNeslecomo OsTrêsMosqueteiros,
cPolieuctocomoos Pensamentosde Pascal?
Admitamos que não se possa "ler" o teatro; apesar de tudo, po
rém,é preciso lê-lo,principalmentequando de alguma forma se está
envolvidocomapráticado teatro;amadorese profissionais,especta
dores assíduos,todos vão ou voltam ao texto como a uma fonte ou a
uma referência.Tambémlêem oteatro osamadoreseosprofissionais
INTRODUÇÃO XIII
XII PARALEROTEATRO
estáainda balbuciando,masporqueacomplexidadeda práticateatral
daliteratura,sobretudonaFrança- professores,colegiais,universitá
asituanaencruzilhadadasgrandesquerelas modernasquepermeiama
rios - porque grande parte das obras clássicas francesas, da Idade
antropologia,apsicanálise,alingüística,asemântica,ahistória.
MédiaaoséculoXX,sãoteatrais. Não hádúvidade que seriapreferí
Nãohádúvidadeque, dopontode vistametodológico, alingüís
velestudá-Iasemcena,representá-Iasouvê-Iasserrepresentadas.Mas
tica é privilegiada no estudo da prática teatral, não apenas por causa
a representação é instantânea, perecível;só o texto permanece. Este
do texto, principalmenteodiálogo- uma vez que asubstânciada ex
pequenolivro não temoutraambiçãosenão fornecerparaa leiturado
pressão/ éverbal, evidentemente-,mas também por causa da repre
teatro algumaschavesmuitosimples,indicarumcerto númerodepro
sentação,haja vistaarelação existente,eque devemoselucidar,entre
cedimentos de leitura. Não se trata de descobrir os "segredos" que
ossignostextuaiseossignosdarepresentação.
estariam escondidosemumtextodeteatro,equepoderiamserrevela
Gostaríamos queestepequeno trabalho,que tenta esclarecermo
dos:nossa tarefa, menos ambiciosae maisárdua,é tentarestabelecer
destamente um campo difícil, prestasse serviço a toda uma série de
osmodos de leituraque permitem nãoapenasesclarecer uma prática
leitores:
textual muito específica, mas também mostrar, se possível, os laços
que unem essaprática textualauma outra prática,adarepresentação.
• ao pessoalde teatro primeiramente,encenadores que nele irão
Nãodeixaremosderecorrer aestaouàquelaanáliseda represen
verem grande parte asistematizaçãodesuaspráticasespontâ
tação e da relação texto-representação, pois que o ideal será estudar
neasoucalculadas;"dramaturgos"nosentidoalemãodotermo,
posteriormenteosmodosdeleituradarepresentação'.Aespecificidade
cuja tarefa, propriamente semiológica, é justamente fazer do
dotextodeteatroéaprimeiraquestãoqueseformula, aquestãoessen
texto teatral uma leituraque se projetaem uma representação
cial;encontraroselementosparaarespostaé,talvez, escapar ao mes
eventual;
motempo doterrorismotextualedoterrorismocênico,libertando-nos
• aosatoresdesejososdeopor,aqualquertiraniarealouprovável
do conflitoentre quem privilegia o texto literárioequem,envolvido
doencenador,a liberdadequetraz osaber,ouentão preocupa
apenas com a prática dramatúrgica, despreza a instância escrituraI.
dosem servirumacriaçãocom"contribuiçãodecisivadeuma
Nesse embatedo professorcomo homem de teatro,do teóricocom o
leiturarenovada;
prático, o semiólogo não é o árbitro, mas, por assim dizer, o orga
• aos colegiais, aos universitários, aos professores irritados ou
nizador. Umeoutrocontendedorseservemdesistemasdesignos;este
perturbados pela inadequação de métodos de análise tradicio
ou estes sistemas de signos é preciso ao mesmo tempo estudá-los e
nais aotexto teatral, mas aomesmo temposensíveisàsdificul
constituí-los,instituindo,então, umaverdadeiradialéticaentre ateoria
dades dapoéticaoudaanálisedanarrativa,diante deumobjeto
eaprática.
literário, cujas estruturassão maisdensasdoque asdeumtexto
Nãoéquedesconheçamosaforçadailusãocientíficaepositivista: poético,eaindamenoslinearesqueasde uma narrativa;
a semiologia não tem a pretensão de fornecer a "verdade" do texto, • enfim,a todos os apaixonados por teatro,que buscam,entre o
mesmoqueessa verdadefosse"plural",mas estabelecerosistemaou quelêemeoquegostamdevernopalco,umamediação,neces
ossistemasdesignostextuaisque podem permitiraodiretor, aos ato
sáriaedifícil.
res,construir um sistema significante em que o espectador concreto
encontra seu lugar. a semiólogo não deve ignorar que o sentido a próprio formato desta obra inviabiliza uma formulação com
preexisteàsualeitura,queninguém é"proprietário"dele, nemmesmo pleta e uma discussão aprofundada dos múltiplos problemas que se
o escritor e, muito menos, o semiólogo, que não é hermeneuta nem colocam ao leitorde teatro; nossotrabalho secontenta em designar o
vedor. lugar de problemas, que ele não pode resolver nem mesmo formular
a
interesse da tarefa dosemiólogoé fazer explodir, por meio de com rigor (como,porexemplo,odarelaçãocomunicação-expressão,
práticassemióticasetextuais,odiscursodominante,odiscursoincul signo-stimultls,ouodanão-arbitrariedade dosignoteatral).
cado,aqueleque interpõe,entre otextoearepresentação, uma barreira São conhecidas as restrições, às vezes legítimas, que se podem
invisívelde preconceitos,de"personagens"ede"paixões". fazeratoda semiologia. Em primeiro lugar,ela obliterariaahistória;
Compreende-se,então,as enormesdificuldades teóricas que en
frentaremosemnossatarefa,nãoapenasporqueasemiologiadoteatro
2. Cf.asdistinçõesdeLouisHjelmslevemLelangageentreformaematériada
expressão,formae matériadoconteúdo.Cf.Christian Metz,Langage1'1cinema(Em
I. Cf.LireII' theãtre1/.L'Écoleduspectuteut; cap.VI,3. português,l.illlluallelll eCinema).
1.Texto-Representação
XIV PARALEROTEATRO
mas não éporqueasemiologiaéum refúgiocômodo, paraquemquer
suprimirahistória,que ela não podemostrarnos signosprodutoshis
toricamentedeterminados:"Ossignossãoemsimesmosconhecimen
tos sociais generalizados no mais alto grau. As armas e as insígnias,
por exemplo, se relacionam emblematicamentecom a estruturainte
graI da sociedade'?.Em segundo lugar, ela "formalizaria" o texto e
nãomaispermitiriasentirsuas belezas;talargumento,irracionalista,é
desmentidopelapsicologiadapercepçãoestética, poisumaleituramais
refinadada multiplicidadede tramasé umelemento lúdico, portanto,
deprazer estético, alémdepermitiraoespectadorumaatitudecriativade
decodificaçãodos signos,deconstruçãodo sentido.Enfim,ela não se
interessa pela psicologia; sem dúvida, ela dá um basta ao discurso
"psicologizante"sobreapersonagem, pondofim àautocraciade uma
eternapsicologiada Pessoahumana, mas permitetalvezconcederum
lugarao funcionamento psíquicodo teatro para oespectador, isto é, à
função psicossocialda representaçãoteatral.
Toda reflexãosobre otexto teatraldeparaobrigatoriamentecom a
problemáticada representação; um estudodo textoapenaspode iden
tificar-se com os prolegômenos, no ponto de partida, necessário mas
não suficiente,dessapráticatotalizanteque éado teatroconcreto.
1. RELAÇÃOTEXTO-REPRESENTAÇÃO
Oteatroéuma arte paradoxal.Pode-seirmaislongeeconsiderá
lo a própria arte do paradoxo, a um só tempo produção literária e
representação concreta; arte a um só tempo eterna (indefinidamente
reprodutívelerenovável)einstantânea(nuncareprodutívelcomoidên
tica a si mesma): arte da representação que é de um dia e nunca a
mesmanodia seguinte;quandomuito,arte feita paraumaúnicarepre
sentação,resultadoúnico, comoqueriaAntoninArtaudem OTeatroe
seu Duplo. Artedo hoje, representaçãode amanhã, que se pretendea
mesma de ontem, interpretada por homens que mudaram diante de
novosespectadores;aencenaçãodedez anos atrás, por mais qualida
des que tenha apresentado, está hoje tão morta quanto o cavalo de
Rolando. Mas o texto, esse é, pelo menos teoricamente, intangível,
fixadopara sempre.
Paradoxo: arte do refinamento textual, da mais altae complexa
poesia, de Ésquilo a Jean Genet ou Koltes, passando por Racine ou
VictorHugo- arte dapráticaoude umapráticade grandesrasgos,de
grandes signos, de redundâncias: é arte para ser vista, compreendida
por todos.Aqui também se abre um abismoentreo texto- que pode
ser objetode umaleitura poéticainfinita-, e o que pertence àrepre
sentação,deleituraimediata.
Paradoxo: arte de um só,o"grandecriador"- Moliêre,Sófocles,
3. Speze-Voigt, "Alternative sémiotique", em Sémiotique. Recherches
Shakespeare- masqueexige,tantooumais queocinema,oconcurso
internutionales, Cahiern.81,p.20.
2 PARALEROTEATRO TEXTO-REPRESENTAÇÃO 3
ativo, criativo, de muitas outras pessoas, isso sem considerara inter A práticaclássica
venção direta ou indireta dos espectadores. Arte intelectual e difícil,
que só se realiza plenamente no instanteem que o espectador plural, A primeira atitude possível é a atitude clássica "intelectual" ou
de multidão que era, converte-se em público, cuja unidade é pressu pseudo-intelectualque privilegiaotexto evênarepresentaçãoapenas
posta,com todas asmistificaçõesqueisso implica;VictorHugovia no aexpressãoe atraduçãodo texto literário. A tarefado diretorconsis
teatro o instrumento capaz de conciliar as contradições sociais: "A tiria, pois, em "traduzirparaumaoutralíngua" um texto, com aobri
transformaçãodamultidãoem povo [pelo teatro],profundomistério!" gaçãode ser-lhe "fiel" ao máximo. Talatitude supõea idéiade equi
(Littératureetphilosophiemêlées).Mas Brecht, aocontrário,vêoteatro valênciasemânticaentre otextoescritoesuarepresentação;sómudaria
enquantoinstrumento para umaconscientizaçãocapazdedividirpro a"matériadaexpressão", nosentidohjelmslevianodo termo,enquan
fundamenteopúblico, aprofundandoassimsuascontradiçõesinternas. to conteúdoeforma daexpressãopermanecem idênticosaopassar do
Mais que qualqueroutraarte- daísuasituaçãoperigosaeprivile sistemade signos-textoaosistemadesignos-representação.
giada -, o teatro, pela articulação texto-representação, e mais ainda Ora, essa equivalência corre o sério risco de ser uma ilusão:
pela importânciadoinvestimentomaterialefinanceiro,expõe-secomo o conjunto dos signos visuais, auditivos, musicais criados pelo ence
práticasocial,cujarelaçãocomaproduçãonuncaéabolida,nemquan nador, decorador, músicos, atares, constitui um sentido (ou uma
do, por momentos, apareceesmaecido,equandoum trabalho mistifi pluralidadede sentidos)que vai além doconjuntotextual. Reciproca
cadorotransforma,porconveniênciadaclassedominante,emsimples
mente,nainfinidadedeestruturasvirtuaisereaisdamensagem(poéti
instrumentodediversão.Arteperigosa:diretaouindireta,econômica
ca) do texto literário,muitasdesaparecemou não podemsercaptadas,
ou policial,acensura- àsvezessob aforma particularmenteperversa
apagadas queestãopelo sistemaprópriodarepresentação.Muitomais:
da autocensura- omantémsempresob controle.
mesmose,numa hipóteseimpossível,arepresentação "dissesse" todo
Arte fascinante pela participação que exige, participação cujo
otexto,oespectadornãoouviriaotexto naíntegra,pois uma boaparte
sentidoe função não são claroseque teremosque analisar; participa
dasinformaçõeséapagada.Aartedoencenadoredo ator consiste,em
ção físicaepsíquicadoator,participaçãofísica epsíquicadoespecta
grandeparte,naescolhadaquiloquenãoéprecisofazerouvir. Nãose
dor (cujo caráter ativo veremos). O teatro apresenta-se como arte
pode,pois,falar deequivalênciasemântica:seTéoconjuntodos sig
privilegiada,de importânciacapital,pois mostra,melhorque todas as
nos textuais,e Poconjuntodossignos representados,estesdoiscon
outras, de que modo o psiquismo individual investe-se numarelação
juntostêm uma intersecçãovariável para cadarepresentação:
coletiva. Oespectadornuncaestásó: seu olhar, ao mesmo tempo que
abrangeoespetáculo,abrangetambémosoutros espectadores,decujos
olharesporsuavez torna-sealvo. Psicodramaereveladordas relações
sociais, o teatro manejaao mesmo tempoessesdois fios paradoxais.
A Oposição Texto-Representação
A primeiracontradição que encerra aarte do teatro é aoposição
texto-representação.
Com efeito, asemiologiado teatro deveconsideraroconjuntodo
Dependendo do modo de escritura e de representação, a coinci
discursoteatral "comolugarintegralmentesignificante(=formaesubs
tânciadoconteúdo,forma esubstânciadaexpressão)"1 - éadefinição dência dos dois conjuntos será mais ou menos estreita, constituindo
de ChristianMetz paraodiscursocinematogrãfico-,definiçãoque se um meio interessante para estabelecer a distinção entre os diferentes
pode, sem forçar, aplicarao discurso teatral. Mas recusar adistinção tiposde relaçõestexto-representação.
texto-representaçãoproduztodo tipodeconfusão,uma vezque osins Aatitudequeconsisteem privilegiarotextoliteráriocomo opri
trumentosconceituaisrequeridos para aanálisede um ede outronão mordial identifica-se com ailusão de uma coincidência(na realidade
são os mesmos. jamais realizada)entre o conjuntodos signos do texto e o dos signos
representados. E se essa coincidência, mesmo impossível,ocorresse,
ainda assim deixaria sem resposta a pergunta se a representação só
I. DistinçõesdeL.Hjelmslev.
2. Ltlll~a~eetcinému,p. 13(emportuguês,Linguagem eCinema, p. 19). funcionaenquantosistemadesignos.
4 PARALEROTEATRO TEXTO-REPRESENTAÇÃO 5
oprincipalperigodessaatituderesidecertamentenatentaçãode doteatrodetexto",Éumaformadeilusãoinversaesimétricadaprece
congelarotexto, desacralizá-loapontodebloqueartodo osistemada denteeque nos obrigaaexaminarmais atentamenteanoção de texto
representação e a imaginação dos "intérpretes'?(encenadores e ato no teatroem suas relaçõescom arepresentação.
res); residemais aindanatentação(inconsciente)de vedarasfissuras
do texto, delê-locomoumblococompactoque sópodeser reproduzi
do com o concurso de outros instrumentos, proibindo todaprodução DistinguirentreTextoeRepresentação
de um objeto artístico. O maior perigo consiste em privilegiar não o
texto, mas umaleituraparticulardo texto, histórico,codificado,eque A razão principal das confusõesque se estabelecem nas análises
o fetichismo textual permitisse eternizar; em vista das relações (in de semiologiateatral origina-se da recusa em distinguir o que é pró
conscientes, mas poderosas) que se estabelecem entre um texto de prio do texto e o que é próprio da representação. A obra de André
teatro e suas condições históricas de representação, esse privilégio Helbo,que contémtantascontribuiçõesimportantes,tem otítulousur
concedidoaotextolevaria,por vias estranhas, aprivilegiaros hábitos pado de SemiologiadaRepresentaçãoquando na verdadeoessencial
codificadosderepresentação,oupor outra,aimpedirqualqueravanço do trabalhoabordaotexto teatral.
da arte cênica. Assim, atores e encenadores tradicionais imaginavam
seguramente estar defendendo a integridade e a pureza do texto de Signosverbaisesignos não-verbais
Moliêreoude Racine,quandonaverdadeestavamapenasdefendendo
uma leitura codificada desses autores, e mais ainda, um modo bem Não épossível examinarcom osmesmos instrumentos ossignos
textuaiseossignosnão-verbaisda representação: asintaxe(textual)e
determinado de representação. Vê-se não somente como o privilégio
aproxêmica'são abordagensdiferentesdofato teatral,abordagensque
concedidoao textocorreorisco de esterilizaroteatro, mas, também,
ébom nãoconfundirde início, mesmoeprincipalmenteseforpreciso
por que é tão necessáriodistinguirclaramente no fato-teatro, o que é
característico do texto daquilo que é próprio da representação. Se ulteriormentemostrarsuas relações.
Confusão que se instala no âmago da noção de teatralidade tal
nãosefizer estadistinção,será impossívelanalisarsuas relaçõeseseu
comoadefineBarthesnocélebretexto de Ensaios Críticos:"O que é
trabalho comum. É a falta de distinção de texto-representação, que
ateatralidade?Éoteatro menosotexto, é umadensidade de signose
permiteparadoxalmenteaos defensores do primadodo texto reverter
de sensações que se constrói em cena apartirdo argumentoescrito".
sobreeste último oefeitoda representação.
Definição que não deixa de ser confusa. Onde se situa a teatralidade
assim definida? Éprecisoentão expulsá-lado texto parareservá-laà
Contraotexto
representação? O texto seriaentão simples práticaescrituraI passível
de uma leitura "literária", enquanto a teatralidade seriao atributo da
Aoutraatitude,muito maiscomumnapráticamodernaouda"van
representação.
guarda"do teatro,éarecusa, por vezes radical,do texto: oteatroresi
Recorramos aum certonúmerode dados:
de inteiramente na cerimônia que se realiza diante ou no meio dos
a.Otextode teatroestápresentenointeriorda representaçãosob
espectadores. Otextoéapenas um dos elementosda representação, e
a forma de voz, de phoné; tem uma dupla existência: primeiro pre
talvezomenor. Teríamosentãoalgo como:
cede arepresentação,em seguidaaacompanha.
b. Em compensação, é verdade que sempre se pode ler um texto
de teatro como não-teatro, que não há nada num texto de teatro que
impeçade lê-lo como um romance, de ver, nos diálogos, diálogos de
romance, nas didascálias,descrições;semprese pode romancearuma
4. Cf.anotávelanálise deJ. Derrida, "La Parolesoufflée",em L'Écritureetla
aparteT poderia ser tão reduzidaquanto possível eaté mesmodesa
différence, em que ele mostra como atentativa de Artaud é, a propósito do texto de
parecer.Éatese de Artaud,certamentenão comoele aenunciou,mas teatro, urnapassagem nolimite. Note-sequeamaterialidadedotextoestátambém na
como ela foi freqüentemente mal entendida, enquanto recusa radical linguagem(phoné).(Emportuguês:"APalavraSoprada",emAEscrituraeaDiferença,
pp. 107-147).
5. Estudo dasrelações entre oshomensbaseadas nadistânciafísica.Cf.Edward
3. Que preferimosdenominar"pessoaldeteatro" ou"artistas". T.Hall,Lelangage silencieux, eLlIdimension cachée.
6 PARALERoTEATRO TEX'lD-REPRESENTAÇÃO 7
peça como se pode inversamente teatralizar um romance: "pode-se Adistinçãolingüísticafundamentalentreodiálogoeasdidascálias
fazer teatrodetudo"diz Vitez,construindoCatarinacomLesCloches tem a ver com a enunciação, isto é,com a pergunta quemfala? No
de bâlede Aragon. Istoporquese poderealizarcomotextoromanes diálogo,éeste serdepapelque chamamos depersonagem(distintado
co um trabalhodetransformaçãotextualanálogo ede sentido inverso autor);nasdidascálias,é opróprio autorque:
àquelequese executaaoconstruirafábuladapeçacomo uma espécie a. nomeia as personagens (indicando a cada momento quemfala) e
de narrativa romanesca",fazendoabstraçãodateatralidade. atribuiacada uma umlugarparafalare umapartedodiscurso;
Partimosdo pressupostode que há,no interiordo textodeteatro, b.indica os gestoseasaçõesdaspersonagens,independentementede
matrizestextuaisde"representatividade";queum textodeteatropode qualquer discurso.
seranalisado de acordo com procedimentos(relativamente) específi Essa distinção é fundamental porque permite ver como o autor
cos que iluminam os núcleos de teatralidade no texto. Essa especi não se diz no teatro,mas escreve para que um outro fale em seu lu
ficidade nãoétantodo texto,masda leituraquedelese podefazer.Ao gar- e nãosomenteum outro,masumacoleçãodeoutrosnumasérie
se lerRacinecomo um romance, a inteligibilidade do textoraciniano de réplicas. O texto de teatro não podejamais ser entendido como
se perde. confidência,oumesmocomoexpressãoda"personalidade",dos"sen
Acrescentemos estepontodeque trataremosposteriormente:há,na timentos" edos"problemas"doautor, pois todosos aspectos subjeti
escritura teatral, e mais precisamente em seus pressupostos, uma vos são expressamente remetidos a outros locutores. Primeiro traço
especificidadequetemosdeapreender;especificidadeessa queaadapta distintivo naescriturateatral:elanuncaésubjetiva, namedidaemque,
çãodeumtextopoéticoouromanescoparaacenaéobrigadaaconsiderar. porsuaprópriavontade,oautorrecusa-seafalaremseupróprionome;
a parte textual cujo sujeito é o autor é constituída apenas pelas
Os componentes do textoteatral didascálias.O diálogoé sempre avoz de um outro- e nãosomente a
vozde umoutro, masdemuitosoutros.Sefosse possíveldecifrar,por
Oqueéumtextode teatro? Eleécompostode duaspartesdistin meio de determinado procedimento hermenêutico, a voz do sujeito
tas,mas indissociáveis:odiálogoeasdidascálias(ou indicaçõescêni que escreve,ocorreriaumasuperposiçãodetodasasvozes,poisopro
cas oudireçãodecena).Arelaçãotextualdiálogo-didascáliasévariável blema"literário" daescrituradeteatroestánasuperposição dapalavra
de acordo com as épocas da históriado teatro.Às vezes inexistentes do eupela palavrado outro,coroláriode uma recusadesedizer:
ouquase(masplenasdesignificaçãoquandoexistem)",asdidascálias
podem ocupar um espaço enorme no teatro contemporâneo. Em Trabalhp,textual da representação
Adamov eGenet,emqueotextodidascálicoédeumaimportância,de
uma beleza,de uma significação extremas: em Ato sem Palavras de Talcomo se apresenta, impresso ou manuscrito,entre as páginas
Bcckeu,otextoé composto unicamentede umaimensadidascália. de um livro oudeumcaderno,otextode teatropossuiumcertonúme
Mesmo quando parecem inexistentes, o lugar textual das didas rooe características:
cálias nunca é nulo,poiselas abrangemonomedaspersonagens,não a. sua matéria de expressão é lingüística (a da representação é
apenas na lista inicial,mas no interior do diálogo, e as indicações de múltipla, verbal ou não-verbal);
b.elese dizdiacronicamente,de acordo com uma leituralinear,
lugar;respondem às perguntas quem?e onde? O que as didascálias
cmo osiçãoaocarátersincrânico aossignosaarcr,!resentaçao;otexto
designam, pertence ao contexto da comunicação; determinam, pois,
umapragmática, istoé, ascondiçõesconcretasde usoda fala:consta literário supõe uma leitura segundo a ordem do tempo (ainda que a
releituraouorecuoinvertaessaordem), enquantoapercepçãodoque
ta-secomo o textodasdidascálias preparaoempregode suas indica
é representaao supõe oa parte ao espectador a organização espacio
ções na representação(onde não figuram comofalas).
temporalde signos múltiplosesimultâneos.
6. No programa da representação de O Casamento do Pequeno-Burguês, de
Brecht,dirigida por Vincente Jourdheuil (1973-1974),o nome de cada personagem 8, Seaisso contrapuserem aescrituraobjetivado Nouveauroman,porexemplo,
vinhaacompanhado de uma biografia "romanceada". diremos queaescritura romanesca não podeapagara marcasubjetivado sujeito que
7. Jamaisforamnulas,bem entendido, masosautores nãojulgavamútilpreser e.w:reve, recobrindo-ii com uma outra marca subjetiva. Ver no capítulo "O Discurso
var suasmarcas.EmShakespeare,nãohánaprimeiraedição;aparecemnasseguintes, Teatral", umaabordagemumpoucomenos sumáriadesseproblemada"objetividade"
mascxtraidasdo texto, noteatro.
8 PARALEROTEATRO TEXTO-REPRESENTAÇÃO 9
Daía necessidade, para a representação, de uma prática, de um (relativo) e de dupla articulação (em morfemas e em fonemas)", Em
trabalhosobreamatériatextual,que éaomesmotempotrabalhosobre conseqüência,toda identificaçãodoprocessoteatralcom umprocesso
outrosmateriaissignificantes.Masotrabalhosobreotextopressupõe, decomunicação(emissor-código-mensagem-receptor)expõe-seaata
poruma espéciede reciprocidade, também atransformaçãoem texto, ques de que G. Mounin tornou-seointérpreteapaixonado10.
pelopessoalde teatro,dos signosnão-lingüísticos.Daíapresença,ao Entretanto, éprecisonotar:
ladodo texto do autor(em princípio impressoou digitado), que cha
mamosT,de um outrotexto, deencenação, que chamamosT',ambos 1.que o texto teatral, se não é uma linguagem autônoma, é passível
evidentementedistintosde P,arepresentação: de análisecomoqualquer outroobjetode códigolingüísticode acor
do com:
T+T'-.7P a.asregrasda lingüística,
b. o processo de comunicação, já que tem incontestavelmente um
Éevidenteque,comotodo textoliterário,emais ainda,porrazões
emissoretc.;
óbvias, otextode teatroélacunar,eassimT' inscreve-senas lacunas
deT.Oexemplomaissimplesdemonstraráaimportânciade tais lacu
2.que arepresentaçãoteatraléumconjunto(ou umsistema)designos
nas textuaisesuanecessidadeparaarepresentação: não somentenada
de naturezadiversaque depende, se não totalmente, pelo menos par
sabemosda idadeou do aspectofísico ou das opiniõespolíticasou do
cialmente, de um processo de comunicação, uma vez que comporta
passadodepersonagenstãonitidamentecaracterizadasquantoAlceste
umasériecomplexadeemissores (numaligaçãoestreitaentresi), uma
ouPhilinte,mas, se tomarmosaprimeiraréplica,ocomecinhodacena
sériedemensagens(em ligaçãoestreitaecomplexaentresi,de acordo
com Alceste-Philinte que abre a peça O Misantropo, perceberemos
com códigos extremamente precisos), um receptormúltiplo, mas si
que nadasabemosda situação contextuai: as duas personagensjá es
tuado num mesmo lugar. Que o receptor não possa, em regra geral,
tãolá,nolugarcênico,ouestãochegando?Comochegam?Estãocor
responder de acordo com o mesmo código, como nota Georges
rendo?Quemvaiatrásecomo?Tantasperguntasquesuscitaessetexto
Mounin, não significa absolutamente que não haja comunicação. A
teatralnecessariamentelacunar,eque, senãoofosse, não poderianem
uma mensagem emitida em morse ou numa linguagem cifrada pode
mesmo ser representado; a representação deverá dar as respostas a
muito bem corresponder uma resposta por gesto, em linguagem co
essasperguntas.
mum, ou resposta nenhuma. A identidadedos códigosida evoltanão
Um trabalho textual é necessário para produzir as respostas: é o
é, pois, de modo nenhum uma condiçãoabsolutada comunicação.
trabalhodo cadernode encenação,escritoou não; oral ou escrito, um
texto T' interpõe-senecessariamente, servindode mediadorentreTe
Seéverdadeque acomunicaçãonãoconstituiatotalidadeda fun
P,mas pornaturezaassimilávelaTeradicalmentediferentede P,cuja
ção da representação,eque não sepodenegligenciarnem aexpressão
matériaecódigossãodeoutraordem;apartelingüísticadofato teatral
écompostapelos dois conjuntosde signosde T +T'. nem aquilo que Georges Mounin denomina stimulus", é entretanto
possíveltentaranalisarcomopodeorganizar-se arelaçãotexto-repre
sentação, partindoda hipótesedo fato teatralcomorelaçãoentredois
2. O SIGNONO TEATRO conjuntosde signos, verbaisou não-verbais.
Da Comunicação Teatral
9. Somente ocorpo doator possatalvezserconsiderado umsistema de signos
Na medidaem que sedefineuma linguagemcomoum sistemade
"articulado"empartesecujarelaçãosignificante/significadoérelativamentearbitrária.
signos destinados à comunicação, fica claro que o teatro não é uma la. Cf.G.Mounin, lntroductionàlasémiologie.
linguagem,que não existe, abem dizer, alinguagem teatral. Do mes II. Aexistência de stimuli nãoé própria do teatro nem doespetáculo. Muitos
mo modoque ChristianMetznegaque hajaum "signocinematográfi signoscaptados noprocessodecomunicação funcionamaumsótempocomosignose
comostimuli; osigno(oumais precisamente osinal)perigoéentendido como signo,
co", não se pode falar, rigorosamente, de "signo teatral": não há
maspode também nosobrigar acorrer atodavelocidade. Porexemplo, naliteratura
elemento passível de ser isolado na representação teatral que seja o
erótica,osistemadascoreséaomesmotempoumconjuntodesignosinteligíveisede
equivalente dos signos lingüísticos com seu duplo caráter arbitrário stimuli.
