Table Of ContentGUIANA
t-\A K IJ~r \. SURINAME GUIANA
FRANCESA
AlMA AMAPÁ
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PARÁ
Pacificando o branco
Cosmologias do contato
no Norte-Amazônico
Marubo, Valedojavari,Foto:M.Guran (1988).
FUNDAÇÃOEDITORADA UNESP
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DiretorFinanceiroeAdministrativo
RichardVainberg
Pacificando o branco
Cosmologias do contato
Norte-Amazônico
110
Organizadores
Bruce Albert (IRD) e
Alcida Rita Ramos (UnB)
Institutderecherche
lMPRENSA\lt'U \1SP pourledéveloppemnent
©2000EditoraUNESP
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DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação(CIP)
(CâmaraBrasileiradoLivro,SP, Brasil)
Pacificandoobranco:cosmologiasdocontatononorte-amazônico/ organizadoresBruceAlbert
eAlcidaRitaRamos. - SâoPaulo: EditoraUNESP: ImprensaOficialdoEstado, 2002.
Váriosautores.
Bibliografia.
ISBN 85-7139-355-9
1.Antropologia- Amazônia 2.índios- Tratamentorecebido- Brasil-Amazônia I.Albert,
Bruce. 11. Ramos,AlcidaRita.
01-1853 CDD-980.411
índicesparacatálogosistemático:
1.Amazônia:Contatosentreíndiosebrancos: Civilização 980.411
2.Contatosentreíndiosebrancos: Amazônia:Civilização 980.411
Editora afiliada:
Aso~~laelóndeEdltortalesUntvcrsttartas AssocíaçâoBrastlctrade
deAméricaLatinayclCartbc EditorasUníversltártar...
Sumário
Apresentação
Manuela Carneiro da Cunha 7
Introdução
Cosmologias do contato no Norte-Amazônico 9
BruceAlbert
PARTE I:Trocas, palavrasedoenças
A domesticação dasmercadorias: EstratégiasWaiwai 25
Catherine V. Howard
2 "Feito por inimigos". Osbrancoseseusbensnasrepresentações
Wayanado contato.... .. 61
LúciaHussak van Velthem
3 Aspalavraseascoisasdo contato. Osneologismos
Kali'na (Guiana Francesa) 85
Odile Renault-Lescure
4 Contasdevidro, enfeites de branco e "potesde malária".
Epidemiologia e representaçõesde doenças infecciosas
entre osDesanado alto RioNegro 113
Dominique Buchil/et
PARTE 11: Alteridades eetnicidades
5 Embuscadaaliança impossível.
OsWaiãpi do norteeseusbrancos (Guiana Francesa) 145
PierreGrenande FrançoiseGrenand
6 Reflexosde si,ecosdeoutrem. Efeitosdo contato sobre
aauto-representação Matis 179
Philippe Erikson
7 "Nossasfalasduras". Discursopolítico
e auto-representação Waiãpi 205
Dominique Tilkin Gal/ois
8 Oouro canibaleaqueda do céu.Uma críticaxamânica
da economia política da natureza (Yanomami) 239
BruceAlbert
6 Pacificando o branco
PARTE 111: Ritoseresistências
9 Ação indigenista eutopia milenarista. Asmúltiplas faces
de um processodeterritorialização entre osTicuna.. 277
JoãoPacheco deOliveira
10 Oxamanismo como história. Censuras ememórias
da pacificação Waimiri-Atroari 311
Stephen G.Baines
11 "Musicalizando" o Outro. Ironia ritual eresistência
étnica Wakuénai (Venezuela) 347
JonathanD.Hill
12 Incase Nawas.Produção,transformação etranscendência
na história Kaxinawá 375
Cecilia McCallum
Parte IV:Cosmologiasehistórias
13 Históriaecosmologia deum contato. Aatração dosArara........... 405
Mámio Teixeira Pinto
14 lalanawinai. Obranco nahistória emito Baniwa 431
Robin M. Wright
15 Asperdasda história. Identidade eviolência num mito
Arapaçodo alto RioNegro 469
JanetM.Chernela eEricJ. Leed
16 Trabalhoescravoebrancoscanibais.Uma narrativa
histórica Macuxi 487
Paulo Santilli
17 Instruçõesparao presente.Osbrancosem práticas
retóricas Wapishana 507
NádiaFarage
Apresentação
Manuela Carneiro da Cunha
Ossinaisprecursores são objetos manufaturados e germes. Antes mesmo do contato
emcarneeossocom osbrancos,trava-seuma guerra biológica: não édeespantarque bran
cosedoenças fiquem indissoluvelmente ligados.
Éum remakepermanente. Alguns gruposviveram o roteiro háséculos,outrosestão só
nasprimeiras cenas. Mudam ostrajes, osatores e a linguagem. Como a tragédia clássica,
essaque nãoserepete como farsa, o primeirocontatoéum drama queseentendeem qual
quer época.
Daíemdiante,tudoéparticular:cadaumadassociedadesindígenaselaboraàsuamaneira
eemváriosregistros suaentrada na modernidade. Empensamento, palavras,açõeseomis
sões,cada uma participa da construção de suahistória, denossahistória.
Porvárias vezes,em lugares e momentos diferentes, grupos indígenas declararam ter
"pacificadoosbrancos", arrogando para sia posição de sujeitos enão devítimas. "Pacificar
osbrancos" significa váriascoisas:situá-los, aos brancos e aosseusobjetos, numa visãode
mundo, esvaziá-losde suaagressividade, de suamalignidade, de sualetalidade, domesticá
los,emsuma;mastambémentrar emnovasrelaçõescomelesereproduzir-secomo sociedade,
destaveznãocontra, esimatravésdeles,recrutá-losemsumaparasuaprópriacontinuidade.
Todosessesaspectos - acosmologia, ahistória eapolítica -, contrariamente ao que seusa
fazer,sãotratadosaquideforma integrada. Éessaumadasgrandescontribuiçõesdestelivro,
que fará dele uma referência obrigatória.
Dezesseis sociedades do Norte da Amazõnia estão aqui falando de nós, fazendo sua
própria antropologia. Denós.Denósedenossasemanações. Eo projetodeste livroéenten
der essaantropologia dos outros, é colocar-nos como objetos de outras subjetividades, é
compreender o modo pelo qual somos compreendidos.
Aantropologia daúltimadécada andou muitoentretida com seuumbigo, tentando en
tender seuentendimento dos "outros", relegados para tanto à posição de ectoplasmas de
nossospróprios preconceitos e imaginação. Estelivro magistral, esperado há vários anos, é
8 Pacificando o branco
um alívio. Mostra como é fecundo seanalisar o trabalho simbólico epolítico desociedades
indígenas,trabalho que resultaemsuas"cosmologias docontato" enaforma específicapela
qualseapropriam da história edo mundo contemporâneo.
