Table Of ContentFicha Técnica Copyright © 2015 Christophe Galfard
Tradução para Língua Portuguesa © 2016 Casa da Palavra, Carlos Szlak Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610,
de 19.2.1998.
É proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência da editora.
Este livro foi revisado segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Título original: The Universe in Your Hand: a journey through space, time and beyond Preparação: Breno Barreto e Maitê Z ickuhr
Revisão: Pedro Staite
Capa: D29 | Leandro Dittz e Sílvia Dantas
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Galfard, Christophe
O universo em suas mãos: uma jornada pelo universo como ele é entendido hoje pela ciência / Christophe Galfard; tradução de
Carlos Szlak. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
Título original: The Universe in Your Hand ISBN: 9788577346066
1. Astrofísica – Obras populares 2. Cosmologia 3. Espaço e tempo I. Título II. Szlak, Carlos
16-0178 CDD 523.01
Índices para catálogo sistemático:
1. Astrofísica – Obras populares
CASA DA PALAVRA PRODUÇÃO EDITORIAL
Av. Calógeras, 6, sala 701 — Rio de Janeiro 21.2222-3167 21.2224-7461
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Para Marius e Honoré
Prefácio Antes de começar, gostaria de
compartilhar duas coisas com você.
A primeira é uma promessa; a segunda, uma ambição.
A promessa é que o livro contém apenas uma equação.
Aqui está ela:
E = mc2
A ambição, minha ambição, é que, neste livro, não deixarei nenhum leitor
para trás.
Você está prestes a iniciar uma jornada pelo universo como ele é entendido
hoje pela ciência. É a minha crença mais profunda que todos nós podemos
entender essa matéria.
E a jornada começa a uma longa distância de casa, no outro lado do mundo.
P I
ARTE
O cosmos
Capítulo 1
Um estrondo silencioso
Imagine-se numa ilha vulcânica distante, numa noite de verão quente e sem
nuvens. O mar ao redor está tão tranquilo quanto um lago. Apenas marolas
alcançam a areia branca. Tudo está silencioso. Você está deitado na praia. Seus
olhos estão fechados. A areia quente, seca pelo Sol, aquece o ar saturado com
cheiros doces, exóticos. Há paz em todas as direções.
À distância, um som agudo e selvagem o estremece e o faz encarar a
escuridão.
Em seguida, nada.
Aquilo que emitiu um som agudo agora está em silêncio. Apesar de tudo, não
há nada a temer. A ilha pode ser perigosa para algumas criaturas, mas não para
você, um ser humano, o mais poderoso dos predadores. Em breve, seus amigos
se juntarão a você para um drinque. Você está de férias e, assim, se deita sobre
a areia, concentrando-se nos pensamentos dignos de sua espécie.
Uma miríade de luzes minúsculas pisca em todo o imenso céu noturno.
Estrelas. Mesmo a olho nu você as vê em toda parte. E se lembra das perguntas
que fez quando criança: o que são essas estrelas? Por que brilham? Quão
distantes estão? E agora se pergunta: algum dia realmente saberemos? Com um
suspiro, você relaxa sobre a areia quente e deixa de lado essas questões,
pensando: por que devemos nos preocupar?
Uma minúscula estrela cadente risca com delicadeza o céu e, no exato
momento em que você está prestes a fazer um pedido, a coisa mais
extraordinária acontece: como se em resposta à sua última pergunta, 5 bilhões
de anos subitamente passam, e o fato seguinte que você descobre é que não está
mais na praia, mas sim no espaço sideral, flutuando através do vazio. Você
pode ver, ouvir e sentir, mas seu corpo desapareceu. Você se transformou em
algo etéreo. Mente pura. E nem mesmo tem tempo de se perguntar o que
acabou de acontecer, ou de gritar e pedir ajuda, pois está na mais peculiar das
situações.
Na sua frente, a algumas centenas de milhares de quilômetros, uma bola está
voando contra um fundo de minúsculas estrelas distantes. Brilha intensamente
com uma luz laranja-escuro, move-se em sua direção, gira. Você não demora
muito para perceber que sua superfície está coberta com rochas derretidas e que
aquilo que você está vendo é um planeta. Um planeta liquefeito.
Chocado, uma pergunta vem à sua mente: que megafonte de calor é capaz de
liquefazer um mundo inteiro desse jeito?
Mas então uma estrela, imensa, surge à sua direita. O tamanho dela, em
comparação com o do planeta, é simplesmente espantoso. E a estrela também
gira. Além disso, move-se através do espaço. E parece estar crescendo.
O planeta, embora muito mais perto, agora parece uma bola de gude laranja,
encarando uma bola gigante, que continua a crescer num ritmo avassalador. Já
está o dobro do tamanho que tinha há um minuto. No momento, possui uma cor
vermelha e expele furiosamente megafilamentos de plasma quente, numa
temperatura de milhões de graus centígrados, que explodem através do espaço,
numa velocidade que parece ser muito próxima da velocidade da luz.
Tudo o que você vê é de uma beleza atordoante. De fato, você está assistindo
a um dos acontecimentos mais violentos proporcionados pelo universo. E
mesmo assim não há som. Tudo é silêncio, pois o som não se propaga no vácuo
espacial.
Certamente, a estrela não será capaz de manter esse ritmo de crescimento.
Mas mantém. Está agora além de qualquer tamanho que você possa ter
imaginado, e o planeta liquefeito, golpeado por energias além de sua força, é
lançado para o nada. A estrela nem mesmo percebe. Continua crescendo,
alcança cerca de cem vezes o tamanho inicial e, então, subitamente explode,
espalhando toda a matéria da qual é feita pelo espaço sideral.
Uma onda de choque atravessa sua forma fantasmagórica, e, então, só resta
poeira, espalhada em todas as direções. A estrela não existe mais. Tornou-se
uma nuvem espetacular e colorida, que agora se propaga no vazio interestelar a
uma velocidade digna dos deuses.
Lentamente, muito lentamente, você recobra seus sentidos, e, à medida que
se dá conta do que acabou de acontecer, uma lucidez estranha se apossa de sua
mente com uma verdade apavorante. A estrela que morreu não era uma estrela
qualquer. Era o Sol. O nosso Sol. E o planeta derretido que sumiu no interior
de seu brilho era a Terra.
Nosso planeta. Nosso lar. Perdido.
O que você testemunhou foi o fim de nosso mundo. Não um fim teórico nem
uma fantasia absurda de origem supostamente maia. Mas sim um fim real. Um
que a humanidade sabia que aconteceria desde muito tempo antes de você
nascer; 5 bilhões de anos antes do que acabou de ver.
Conforme tenta reunir esses pensamentos, sua mente é instantaneamente
enviada de volta ao presente, dentro de seu corpo, na praia mais uma vez.
Com o coração disparado, se senta e olha ao redor, como se despertando de
um sonho estranho. As árvores, a areia, o mar e o vento estão ali. Seus amigos
estão chegando. Você consegue vê-los à distância. O que aconteceu? Você
adormeceu? Sonhou com aquilo que viu? Uma sensação estranha se espalha
através de seu corpo, enquanto suas perguntas começam a mudar: pode ter sido
real? O Sol de fato explodirá um dia? Nesse caso, o que acontecerá com a
humanidade? Alguém é capaz de sobreviver a esse apocalipse? Tudo pertinente
à própria memória de nossa existência desaparecerá no olvido cósmico?
Contemplando mais uma vez o céu iluminado pelas estrelas, você tenta
desesperadamente compreender o que aconteceu. No fundo do coração, sabe
que não sonhou com tudo aquilo. Embora sua mente esteja de volta à praia,
reunida com seu corpo, sabe que realmente viajou além de seu tempo, para um
futuro distante, para ver algo que ninguém deveria ver.
Respirando fundo a fim de se acalmar, começa a escutar ruídos estranhos,
como se o vento, as ondas, os pássaros e as estrelas estivessem murmurando
uma canção que só você consegue escutar, e, subitamente, percebe o que todos
eles estão cantando. É tanto uma advertência como um convite. De todos os
possíveis futuros em jogo, eles murmuram, apenas um caminho permitirá que a
humanidade sobreviva à morte inevitável do Sol e à maior parte das demais
catástrofes.
O caminho do conhecimento, da ciência.
Uma jornada aberta somente aos seres humanos.
Uma jornada na qual você está prestes a embarcar.
Outro som agudo e selvagem atravessa a noite, mas você dificilmente o
escuta dessa vez. Como se a semente que acabou de ser plantada em sua mente
já estivesse começando a brotar, sente a ânsia de descobrir aquilo que é
conhecido a respeito desse seu universo.
Com humildade, erguendo seus olhos de novo, você agora contempla as
estrelas com os olhos de uma criança.
Description:Entenda as ideias científicas modernas de maneira leve e divertida Imagine se O guia do mochileiro das galáxias fosse um manual prático real dos mistérios do universo. Com este livro em mãos, é mais ou menos assim que você vai se sentir: como um privilegiado viajante espacial, cruzando galáx