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Teon
Profissão de fé:
“Testifico que aceito o Teon como guia, creio em seus fundamentos e me
empenharei ao máximo para cumprir as práticas que formam seus alicerces.”
Fundamentos:
1º. O äksha é o estado desejável, e em sua ausência devemos buscá-lo.
2º. Todos os seres estão interconectados na rede Yd.
3º. O äksha pode ser mais facilmente atingido no seio do kïne.
4º. É possível e altamente desejável que todos sintam o äksha.
5º. O sofrimento advém do apego, mas nem todo apego engendra sofrimento.
6º. Todos os seres morrem, mas é possível viver eternamente, através de feitos e
obras, na memória das pessoas.
7º. Alguns problemas que impedem o äksha podem ser solucionados com a
mente atenta (atanat), outros com a mente dispersa (anatat).
8º. A religião começa na mente, mas se concretiza nas palavras e ações.
9º. Não há doutrina superior à verdade, nem mesmo esta.
Os alicerces teonistas:
1º. Celebrar o ëalin.
2°. Praticar o lumë.
3º. Pagar o zik.
4º. Trilhar o Caminho.
5º. Cumprir o näue.
Os passos do Caminho:
1. Ama a paz, a alegria e a beleza.
2. Sê cortês e benevolente.
3. Evita causar danos materiais ou físicos.
4. Evita a má língua e o julgamento apressado.
5. Dentro do possível, faz o que desejas.
6. Empenha-te em cumprir a palavra dada.
7. Mantenha a tua integridade e a do teu kïne.
8. Que haja justiça com imparcialidade, mas que haja tolerância.
9. Usa a razão, reflete antes de agir.
10. Procura conhecer-te, sê sincero contigo mesmo.
11. Por mais que tu saibas, evita ser pretensioso e procura saber mais.
12. Evita tomar companheiros dentre os cruéis, os injustos e os que te fazem
mal.
O Teon
1
1Akshalindäle! Que a paz e o äksha prevaleçam!
2Quem quer que se sinta realizado ou satisfeito, aquele que experimenta uma
alegria plácida na presença de amigos, quem vivencia prazeres intensos, está
mergulhado em äksha.
3Äksha provoca a sensação de bem-aventurança, de se estar no local e momento
corretos, o desejo de que a situação não mude. Tal estado de espírito é äksha.
4O äksha se manifesta de diferentes formas, do bem-estar silencioso ao gozo
selvagem, e é sempre intenso, mesmo quando é calmo, e é sempre suave,
mesmo quando é avassalador.
5Äksha é plenitude. Quem está em äksha se sente completo.
6O äksha é o estado desejável, e em sua ausência devemos buscá-lo. Este é o
primeiro fundamento.
7Aquele que se lamenta pelo seu estado atual deve primeiro olhar para seu
passado, e depois para aqueles que estão à sua volta.
8Estamos todos interconectados, tais como fios em uma rede, complexa e
inacabada, ainda em construção.
9O que fazemos agora afeta os que estão próximo a nós, e o futuro deles, e o
nosso futuro, e conforme as ações dos que estão próximo a nós, poderá haver
mudanças em nosso futuro, e no futuro deles.
10O que fazemos agora pode afetar aqueles que estão muito distante de nós, de
maneiras insuspeitadas. Uma ação presente pode reverberar por séculos.
11E uma ação de séculos anteriores pode alterar nossas vidas no futuro. O
interesse sexual de um indivíduo há um milênio pode ter permitido, há
algumas décadas, o nascimento da pessoa que mais amamos hoje.
12Este emaranhamento é chamado de Yd.
13Todos os seres estão interconectados na rede Yd. Este é o segundo
fundamento.
14Por conseguinte, devemos ponderar nossas ações e refletir antes de agir, para
tentarmos antever a repercussão de nossos atos sobre aqueles mais próximos, o
nosso kïne.
15Ainda assim, a consequência de nossas ações é frequentemente imprevisível,
devido à complexidade de Yd.
16O kïne de um indivíduo é formado por aqueles que lhe dão maior júbilo, os
mais próximos de seu coração.
17O kïne é a verdadeira família, a extensão da própria pessoa, e pode ser
formado por parentes, amigos ou cônjuges, embora nem todo compnheiro ou
familiar esteja nele.
18Entra-se em um kïne não por acordos contratuais ou fortuitas relações
sanguíneas, mas pela afeição sincera e mútua. Se alguém está em nosso kïne,
então também estamos no seu.
19No Yd, nossas ações repercutem mais intensa e prontamente nos fios de nossas
almas irmãs. Portanto, devemos zelar mais pelo nosso kïne do que por outros, e
pensar nele em primeiro lugar.
20O Äksha pode ser mais facilmente atingido no seio do kïne. Este é o terceiro
fundamento.
21Procuremos então nos mantermos próximos a ele.
22Prazer gera prazer, compartilhar alegria é multiplicá-la.
23É possível e altamente desejável que todos sintam o äksha. Este é o quarto
fundamento.
24O Äksha pode ser alcançado pelo indivíduo solitário, mas é sempre mais pleno
quando ocorre na presença de um ser amado. Quanto mais pessoas no mundo o
sentirem, mais facilmente poderá ser alcançado.
25O ódio e o rancor de um podem provocar a ruína de muitos.
26Mas a alegria, o amor e o prazer podem exterminar o ódio e o rancor, tal como
a luz que mitiga a penumbra, pois esta não pode se sustentar em sua presença.
27Não se conserva o estado de äksha de forma contínua, pois nada permanece
inalterado indefinidamente.
28Sofremos quando desejamos que nossos corpos fiquem sempre jovens, ou que
as pessoas que amamos estejam sempre conosco. Apegamo-nos e desejamos
que certas condições nunca mudem.
29O sofrimento advém do apego, mas nem todo apego engendra sofrimento.
Este é o quinto fundamento.
30Podemos nos apegar a algo ou a alguém por longo tempo, até deixarmos esta
vida, sem que isto nos traga qualquer infortúnio ou dor.
31Quanto menor o apego, menor a possibilidade de sofrimento. Mas em última
instância, cabe a nós discernirmos quando o apego será recompensador e correr
os riscos que provêm dele.
32O sofrimento é reduzido com a consciência da transitoriedade das coisas, em
especial com a consciência da morte.
33Todos os seres morrem, mas é possível viver eternamente, através de feitos e
obras, na memória das pessoas. Este é o sexto fundamento.
34O esquecimento é uma segunda morte. A lembrança perpétua é imortalidade.
35O sofrimento e a preocupação diante dos problemas são as barreiras que
impedem o äksha, e se elas nos parecem intransponíveis, devemos nos recordar
de que a busca do äksha sempre é possível, e não há dificuldade que não
possamos tentar contornar.
36Quando o desespero e a desesperança nos abatem, em geral é por estarmos
com a mente aprisionada no passado ou no futuro.
37Muitas vezes, poderíamos encontrar a solução se empregássemos o estado
mental conhecido como atanat.
38Atanat é a mente atenta. É a concentração plena no presente momento.
39Atanat é a consciência do que estamos fazendo, do local onde nos
encontramos, neste exato instante.
40Atanat é o estado mental eficaz contra a preocupação.
41Quando festejamos, ou desfrutamos de algo prazeroso, temos a sensação de
que as horas se esvaem como areia entre os dedos.
42A rapidez com que os momentos prazerosos passam é a indicação de que não
estamos sabendo aproveitá-los. Não estamos saboreando-os, extraindo o
máximo deles, por não estarmos com nossas mentes focadas no ato de
desfrutar. Isto só pode ser alcançado com atanat.
43Há um momento para nos concentrarmos e há um momento para a dispersão.
44Os momentos de tédio, de bloqueios na criatividade e quando percebemos o
lento vagar do tempo são provocados por usarmos a mente concentrada
quando não deveríamos.
45Anatat é a mente dispersa, que permite o livre fluxo de pensamentos, sem os
reprimir nem os organizar. É o momento das ideias que germinam sem esforço,
das reflexões que surgem sem serem convidadas.
46É comum, após anatat, surpreendermo-nos com o local ou as pessoas ao nosso
redor, por termos esquecido como chegamos aonde estamos. Está presente
também no desregramento dos sentidos, quando nos autorizamos o excesso por
vezes salutar.
47Alguns problemas que impedem o äksha podem ser solucionados com a
mente atenta (atanat), outros com a mente dispersa (anatat). Este é o sétimo
fundamento.
48Assim esclarecemos a doutrina do Teonismo. Devemos passar à sua prática.
49Pois todo religioso, para ser virtuoso, deve contar com bons pensamentos,
boas palavras e boas ações
50A religião começa na mente, mas se concretiza nas palavras e ações. Este é o
oitavo fundamento.
51E aquele que lê estes versos, que julgue e pondere por si mesmo.
52Não há doutrina superior à verdade, nem mesmo esta. Este é o nono
fundamento.
2
1Há cinco práticas que constituem os alicerces da religião, e o teonista que as
observar com maior zelo será aquele que melhor exerce sua religiosidade.
2Os alicerces são: celebrar o ëalin, praticar o lumë, pagar o zik, trilhar o
Caminho e cumprir o näue.
3O ëalin é um momento reservado para celebrarmos a vida e nos deleitarmos
com a presença de nossos companheiros.
4Para executá-lo, é necessário passar no mínimo duas horas com um ou mais
membros do kïne, e é imprescindível ter a intenção de fazer do encontro um
ëalin. Não se deve falar em problemas ou executar atos desagradáveis, e sim
manter todas as condições para que o äksha seja sentido por todos.
5É altamente recomendável fazer o simbel, que consiste neste ritual simples:
enche-se um cálice ou copo com uma bebida do agrado de todos. Se não houver
consenso, esta deverá ser suco de uva tinto não fermentado. Cada participante
pega o cálice, faz um brinde desejando algo positivo aos presentes, bebe um
gole e passa o recipiente para que a próxima pessoa possa fazer o mesmo.
Depois que todos tiverem bebido, deve-se fazer mais duas rodadas de maneira
análoga, reabastecendo o conteúdo do cálice quando necessário.
6O simbel é obrigatório se em um ëalin todos os presentes são teonistas.
7O ëalin deve ser celebrado toda semana, entre o nascer do sol de sexta-feira e o
surgimento da aurora no domingo.
8Pessoas doentes ou com a capacidade de locomoção restrita por alguma razão
estão dispensadas deste preceito.
9Aqueles que não possuem um membro do kïne na localidade devem celebrar o
ëalin procurando fazer uma amizade, no mesmo momento e pela mesma
quantidade de tempo que se celebraria o ëalin tradicional.
10O lumë é a prática da individualidade introspectiva. Para executá-lo, deve-se
se afastar de todas as pessoas conhecidas, sentar-se ou se deitar em um local
confortável e deixar a mente trabalhar de forma livre, sem fazer nada
deliberado.
11Por vezes, o estado mentado em lumë é atanat, noutras vezes é anatat, ou
ainda ocorre uma alternância entre os dois, não há um que seja mais adequado
do que outro.
12É recomendável que o lumë seja praticado em um lugar aberto, onde se possa
apreciar belezas naturais, nem que seja o ceú diurno ou noturno. O ideal é fazê-
lo onde não se vá rotineiramente, se for possível.
13O lumë deve ser feito uma vez na semana, por pelo menos meia hora, de
preferência aos domingos.
14Quem não puder fazê-lo em um local aberto, que o faça onde puder. Quem
estiver impossibilitado de praticá-lo no domingo, que o faça em outro dia, o
mais breve possível.
15Aquele que não tem condições de praticá-lo em nenhum momento, deve se
concentrar em criá-las.
16Além disso, o lumë pode ser feito sempre que se considerar desejável.
17Zik significa compartilhamento, e deve ser pago pelo menos uma vez por mês.
18Para pagá-lo, devemos gastar uma parte de nossos recursos para ajudar no
mínimo uma pessoa de fora do kïne. Pode-se doar dinheiro, mão-de-obra ou
conhecimento, em prol dos que estejam necessitados.
19Para que o preceito seja cumprido, é necessário envolvimento pessoal com o
indivíduo que receberá o zik. Deve-se conhecê-lo, saber do seu problema
diretamente e ver como o zik melhorou sua situação. Ajudas impessoais
também são louváveis, mas não contam como zik.
20Mesmo estando em dificuldade financeira, e mesmo que se receba zik de
outros, a pessoa deve pagar o zik, da forma que puder.
21Indivíduos em dificuldades extremas, que não podem contribuir de nenhuma
maneira, estão dispensados de pagá-lo.
22Fazendo isto, ajudamos a promover o äksha, e apenas quem o cumprir
regularmente saberá quão gratificante o zik pode se tornar.
23Dentre os alicerces, o Caminho é o mais grandioso e trilhá-lo é o ato mais
louvável.
24Devemos percorrê-lo paulatinamente, cada passo dado é considerado uma
conquista.
25Muitos dos dissabores da vida surgem como consequência do desvio em
algum ponto do Caminho.
26Observemos seus doze passos:
27Um. Ama a paz, a alegria e a beleza.
28A paz é o bem supremo. O cultivo da belo é uma fonte inesgotável de äksha.
29Dois. Sê cortês e benevolente.
30Procura evitar as palavras ríspidas, ensina com paciência, sê grato. Se não
sabes se quem está diante de ti é amigo ou inimigo, escolhe primeiro o trato
gentil. Sê demorado em irritar-se com desconhecidos, e cem vezes mais
demorado em irritar-se com familiares e amigos.
31Três. Evita causar danos materiais ou físicos.
32Tirar deliberadamente a vida de um ser humano é a maior das abominações.
Mesmo em legítima defesa, procura ao máximo preservar a vida, e que a morte
seja o último recurso.
33Não agridas o corpo nem a mente. Castigo corporal jamais será educação. Não
te envolvas em brigas, não lutes a menos que seja para preservar tua própria
integridade e a daqueles a quem amas.
34Coerção é violência, respeita a vontade alheia.
35Não tomes o que não te pertence, não sejas indolente com a propriedade dos
outros, preserva o patrimônio coletivo.
36Evita matar os animais desnecessariamente, jamais os maltrates e não confies
em quem é cruel com eles.
37Quatro. Evita a má língua e o julgamento apressado.
38Evita apontar defeitos, mas se for imprescindível, que seja feito de modo
benevolente. Procura em ti mesmo, por três vezes, o erro que denuncias em
outro, pois quem aponta um dedo para alguém, aponta três para si próprio.
