Table Of ContentCopyright © Helen Russell, 2015
Tradução para a língua portuguesa © 2016, LeYa Editora Ltda., Izabel Aleixo e Léa Viveiros de Castro
Título original: The year of living danishly Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9.610, de 19.2.1998.
É proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência da editora.
Revisão
ANA KRONEMBERGER
Capa
VICTOR BURTON
Diagramação
ABREU’S SYSTEM
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Russell, Helen
O segredo da Dinamarca / Helen Russell; tradução de Izabel Aleixo e Léa Viveiros de Castro. – São Paulo: LeYa, 2016.
368 p.
ISBN: 978-85-441-0472-9
Título original: The year of living danishly 1. Dinamarca – Descrição de viagens 2. Dinamarca – Usos e costumes 3. Russell,
Helen, 1980-Residências e lugares habituais I. Título II. Aleixo, Izabel III. Castro, Léa Viveiros de 16-0959 CDD 948.9
Índices para catálogo sistemático: 1. Dinamarca – Descrição de viagens 2. Dinamarca – Usos e costumes
Todos os direitos reservados à
LEYA EDITORA LTDA.
Av. Angélica, 2318 – 12º andar
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www.leya.com.br
Para o Pequeno Ruivo, Lego Man e a mulher que
usa calças e jaqueta de esqui e boina.
SUMÁRIO
Prólogo. Mudando de vida: o projeto Felicidade
1. Janeiro
Ficar hygge & achar um lar
2. Fevereiro
Esqueça o “de nove às cinco”
3. Março
O lazer & a língua
4. Abril
Os dinamarqueses & os animais
5. Maio
Festas tradicionais & ser chamado a atenção
6. Junho
Apenas uma mulher
7. Julho
Sair de férias & pular a cerca
8. Agosto
As crianças estão bem
9. Setembro
Açougueiros, padeiros & produtores culturais
10. Outubro
Na saúde & na doença
11. Novembro
Lá vem a neve, a lama e a escuridão destruidora de almas...
12. Dezembro
Confiando no coletor (ou coletora) de impostos
13. Natal
God Jul! (Feliz Natal!)
Epílogo. Made in Dinamarca
As dez melhores dicas para viver como os dinamarqueses
Agradecimentos
PRÓLOGO
Mudando de vida: o projeto Felicidade
Tudo começou de maneira muito simples. Depois de alguns dias de folga, meu
marido e eu estávamos sofrendo de uma melancolia pós-feriado e lutávamos
para voltar ao nosso ritmo de vida normal. Uma chuvinha fraca, que deixava
tudo ainda mais cinza, caiu sobre Londres, e a cidade parecia suja e cansada –
assim como eu. “A vida tem que ser mais do que isso…” era a ideia que passava
pela minha cabeça, como um deboche, quando eu pegava o metrô para o
escritório todos os dias e quando voltava para casa pelas ruas estreitas e
apinhadas de gente doze horas depois, nos dias em que ficava até mais tarde no
trabalho ou ia a algum evento profissional depois do expediente. Eu sou
jornalista e trabalhava na época numa revista de moda, comportamento, beleza e
bem-estar, e me sentia uma fraude. Passava os dias escrevendo sobre como as
leitoras podiam “ter tudo”: um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e
profissional, sucesso, paz de espírito, saúde, harmonia – tudo isso usando as
últimas tendências da moda e com um brilho radiante no rosto. Na realidade, eu
ainda estava pagando o empréstimo que havia feito para custear a faculdade,
contava com quantidades industriais de cafeína para atravessar o dia e me
automedicava com uma taça de Sauvignon Blanc todas as noites para conseguir
dormir.
As noites de domingo tinham ficado marcadas por um já velho conhecido
aperto no peito com a perspectiva da semana pela frente e estava ficando cada
vez mais e mais difícil não ficar acionando a função soneca do despertador
várias vezes todas as manhãs. Por mais de uma década, eu tinha dado um duro
danado para conseguir aquele emprego. Mas assim que consegui o cargo pelo
qual tanto lutei, percebi que não tinha ficado mais feliz – só mais ocupada. O
que eu desejava se tornou um alvo em movimento. Cada vez que eu alcançava
algo com que tinha sonhado, sempre havia alguma coisa mais de que eu sentia
falta ou estava precisando. A lista das coisas que eu pensava que queria, ou
precisava, ou devia estar fazendo, era inesgotável. E eu estava permanentemente
exausta. A vida parecia confusa e fragmentada. Eu estava sempre tentando fazer
muitas coisas ao mesmo tempo e sempre sentia como se estivesse ficando para
trás.
Eu tinha 33 anos – a mesma idade de Jesus quando supostamente começou a
andar sobre as águas, curar leprosos e ressuscitar os mortos. Pelo menos ele
inspirou alguns seguidores, amaldiçoou uma figueira e fez alguma coisa bem
estranha com a água num casamento. E eu? Eu tinha um emprego. E um
apartamento. E um marido e bons amigos. E um cachorro – um vira-lata de
linhagem indeterminada que nós esperávamos que trouxesse um equilíbrio
bucólico para nossas vidas urbanas frenéticas. Portanto, a vida era… boa. Bem,
fora as dores de cabeça, a insônia intermitente, as crises de amigdalite que iam e
vinham e que não melhoravam apesar de eu tomar antibiótico por meses a fio, e
todos os resfriados que me derrubavam semana sim, semana não. Mas isso era
normal, certo?
Antes eu tinha ficado muito entusiasmada com a adrenalina da vida na
cidade e com a equipe brilhante e animada com que eu trabalhava. Isso
significava que não havia nunca momentos de tédio. Eu tinha uma agenda cheia
e uma rede de amigos que me apoiavam e que eu amava muito, e morava numa
das cidades mais interessantes do mundo. Mas, depois de doze anos em Londres
sem tirar o pé do acelerador, de repente me senti sem forças, abatida.
Havia algo mais também. Durante dois anos, eu tinha sido futucada,
cutucada e furada com as agulhas das injeções de hormônio que tomava
diariamente, apenas para ficar com o coração partido todos os meses. Estávamos
tentando ter um bebê, mas as coisas não estavam dando muito certo. Agora sinto
um aperto na boca do estômago toda vez que fazemos uma vaquinha para
comprar um presente e um cartão para uma colega que está saindo de licença-
maternidade. Aquelas roupinhas de bebê lindas da GAP eram tudo que eu mais
quis nos últimos anos – e foi para poder comprá-las que eu ia duas ou três vezes
por semana ao hospital. As pessoas começaram a brincar que eu devia “me
apressar”, que eu já não era “mais tão jovem assim” e que eu não ia gostar de
“ficar para trás”. Eu sorria tanto que meu maxilar ficava doendo, enquanto
tentava controlar o impulso urgente de dar um soco na cara delas e gritar “Me
deixem em paz!”. Já tinha me resignado a ter que fazer uma FIV no futuro,
marcada de acordo com a nossa agenda de trabalho, e depois trabalhar ainda
mais entre uma consulta de pré-natal e outra. Eu tinha que continuar indo em
frente, parar de ficar pensando muito e dar duro para manter o estilo de vida que
eu pensava que queria. Que eu pensava que precisava. Minha cara-metade
também estava sentindo a pressão e na maioria das noites chegava em casa
muito estressado, reclamando dos maus motoristas e do tráfego da hora do rush
que teve que aguentar indo para o trabalho e voltando dele. Depois se jogava no
sofá e ficava assistindo a um bando de bobagens até a hora de ir para a cama.
Meu marido é um cara sério, de cabelos louros, que parece um pouco um
professor de física. Quando criança, ele participou de um concurso para ser o
Garoto Milky Bar. Como na casa dele não tinha tevê, ele não sabia lá muito bem
o que era um Milky Bar, mas seus pais viram um anúncio no jornal e acharam
que devia ser uma campanha para algo saudável. Um outro garoto esquelético e
quase albino acabou levando o título no fim, mas ele se lembra daquele dia
basicamente por ter sido a primeira vez que brincou com um Nintendo portátil
que outro candidato tinha trazido. Ele também pôde comer quanto chocolate
quisesse – algo que normalmente não lhe era permitido. Os pais evitavam que
ele comesse um monte de porcarias, preferindo proporcionar ao filho uma
infância embalada a música clássica, visitas a museus e caminhadas longas e
estimulantes. Posso imaginar o desapontamento deles quando, aos 8 anos, meu
marido anunciou que seu livro favorito era o catálogo da loja de departamentos
Argos, um tomo pesado que ele folheava, sentado, por horas a fio, fazendo um
círculo em volta de todos os aparelhos eletrônicos e caixas de Lego que queria.
Esse deve ter sido o primeiro sinal do que estava por vir.
Ele chegou na minha vida numa época em que eu estava quase perdendo as
esperanças. Em 2008, para ser mais exata. Meu ex-namorado tinha me traído
num casamento (é sério!) e o último encontro que eu tinha tido fora com um
homem que me convidou para jantar na casa dele, mas ficou assistindo ao
futebol na frente da tevê e se esqueceu de fazer a comida. Ele disse que ia pedir
uma pizza Dominos. E eu disse a ele que não precisava se incomodar. Então
quando conheci o cara que viria a ser meu marido e ele me convidou para jantar
na casa dele, eu não estava esperando muita coisa. Mas o jantar estava delicioso.
Ele era inteligente e engraçado e gentil, e me serviu a sobremesa em ramequins
canelados. Minha mãe, quando contei a ela sobre isso, ficou impressionada.
– Ele deve ser um rapaz muito bem-educado – me disse ela – para ter um
conjunto de ramequins e, ainda por cima, saber o que fazer com eles!
Eu me casei com esse homem três anos depois. Basicamente porque ele me
fazia rir, gostava de experimentar novos pratos e não reclamava quando eu
Description:Descubra o segredo da felicidade e leve a Dinamarca para a sua casa A Dinamarca está entre os países mais felizes do mundo, e isso não se deve somente às boas condições de vida que o Estado proporciona a seus cidadãos. Na verdade, os dinamarqueses seguem alguns hábitos bem simples que os aju