Table Of ContentMestrado em Estudos Literários, Culturais e
Interartes
LITERATURA PORTUGUESA, LITERATURAS
DE LÍNGUA PORTUGUESA
O Mito da Queda em A Queda
dum Anjo de Camilo Castelo
Branco
Marta Alexandra de Moura
Teixeira
M
2017
Marta Alexandra de Moura Teixeira
O Mito da Queda em A Queda dum Anjo
de Camilo Castelo Branco
Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes,
orientada pela Professora Doutora Maria Luísa Malato da Rosa Borralho
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Novembro de 2017
O Mito da Queda em A Queda dum Anjo
de Camilo Castelo Branco
Marta Alexandra de Moura Teixeira
Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Estudos Literários, Culturais e Interartes,
orientada pela Professora Doutora Maria Luísa Malato da Rosa Borralho
Membros do Júri
Professora Doutora Zulmira da Conceição Trigo Gomes Marques Coelho Santos
Faculdade de Letras - Universidade do Porto
Professora Doutora Maria Luísa Malato da Rosa Borralho
Faculdade de Letras – Universidade do Porto
Professora Doutora Maria de Lurdes Morgado Sampaio
Faculdade de Letras - Universidade do Porto
Classificação obtida: 19 valores
ÍNDICE
Agradecimentos………………………………………………………………………….7
Resumo…………………………………………………………………………………..9
Abstract………………………………………………………………………………....10
Introdução……………………………………………………………………………..11
Capítulo I - A Queda do Anjo………………………………………………………...29
1. Lúcifer, a queda de um anjo.……………………………………………………….29
2. Prometeu, a queda do herói……………………… ………………………………..42
3. Calisto, a queda de um anjo e de um herói…….………………………….………..46
Capítulo II - A Queda do Homem……………………………………………………60
1. Adão, a queda do homem……………..……………………………………………60
2. Calisto, a queda de um homem…………………………………….…………….....70
3. Um diálogo invulgar: A Queda dum Anjo e Amor de Perdição………………...….80
Capítulo III - Entre o Anjo e o Homem……………………………………………...85
1. Cristo, um Deus feito Homem……..……………………………………………….85
2. Calisto, um homem à imagem de Deus………………………..…………………...89
3. Um diálogo invulgar: A Queda dum Anjo e Amor de Salvação…..………………102
Conclusão…………………………………………………………………………….108
Bibliografia Impressa…...………………………………………...…………………118
Webgrafia……...……………………………………………………………………..124
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Agradecimentos
O limitado espaço não me permite agradecer, da forma que queria, a todas as
pessoas que contribuíram para o meu sucesso ao longo dos últimos cinco anos e que me
deram força para cumprir esta árdua tarefa. Desta forma, agradecerei em poucas
palavras, pois acredito que é possível dizer muito escrevendo pouco, àqueles que, de
facto, merecem o meu agradecimento.
O meu muitíssimo obrigada à minha orientadora, a Prof.ª Doutora Maria Luísa
Malato, por ter aceite entrar nesta aventura inesperada comigo, por me ter apoiado
quando perdi o rumo e pensei em desistir. Pela sua orientação e apoio incondicional que
elevaram os meus conhecimentos, não só sobre Camilo mas sobre muitos temas que
aguçaram a minha curiosidade em querer descobrir mais.
Aos professores da Faculdade de Letras da Universidade do Porto que se
cruzaram comigo, apresentando-me novos autores e os trilhos que a literatura nos abre,
porque é ela que nos move, nos inspira e nos ajuda a encontrar o caminho certo a seguir.
Obrigada por terem contribuído para o meu crescimento académico.
Aos meus amigos queridos, que estiveram sempre presentes para me ajudar, para
ouvir os meus delírios e as minhas queixas, para me emprestar livros, para me dar
conselhos, corrigir a minha sintaxe e muito mais. Refiro-vos por ordem alfabética, por
ser a mais justa, não dando preferência a ninguém: ao Diogo, à Eduarda, à Inês, à
Marlene, à Marta e ao Pedro. Obrigada! Sem a vossa amizade incondicional não teria
chegado até aqui.
À minha mãe, que nos últimos anos me ouviu falar sozinha em grego e em latim,
tendo compreendido com o coração tudo o que eu dizia e também por nos últimos
meses apenas me ouvir falar de Camilo e de quedas, tendo-se cansado da minha
excessiva racionalidade. À minha tia, que mesmo não sendo da área, compreendeu o
que me levou a escrever esta tese, levando-me até a uma conferência sobre Camilo
Castelo Branco no Tribunal da Relação do Porto. Obrigada a ambas pela vossa
paciência!
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Obrigada ao mestre João Fernandes, pelos livros de literatura que me emprestou
e me ajudaram ao longo desta tese. E por ter discutido Camilo comigo. Obrigada pela
oportunidade que me deu de, num futuro não muito distante, transcrever a minha tese
para Braille.
Agradeço também àqueles que nunca acreditaram em mim e pensaram que não
chegaria até aqui. Aos que sempre disseram que “os cursos de letras não tem futuro” ou
“não valem nada”. A prova de que as Letras são necessárias e valem muito está aqui, à
vossa frente: a vossa descrença só me tornou mais forte e com mais vontade de vencer.
Obrigada por me terem feito desconfiar de mim própria, por me terem feito acreditar
que não seria capaz. Lamento, não têm razão! Mas, verdadeiramente, porque haveria eu
de o lamentar?
E por último, mas não menos importante, o meu mais sincero obrigada a Camilo
Castelo Branco, que me deu a conhecer o mundo da literatura quando tinha apenas
quinze anos, tendo-me mostrado o amor aos livros e à literatura. Sem ti, sem te ter
conhecido, Camilo, não estaria aqui a escrever-te estas impossíveis palavras. A ti, meu
anjo caído, meu “imortal príncipe das letras portuguesas”, a ti, meu marginal grande
génio, dedico esta tese e espero que, onde quer que estejas, te orgulhes dela.
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Resumo
Este ensaio pretende compreender e analisar o romance A Queda dum Anjo de
Camilo Castelo Branco à luz do Mito da Queda. De que forma se pode explicar a obra
associando-a ao mito? E até que ponto as quedas influenciaram o nosso protagonista,
Calisto Elói, o nosso anjo caído que se tornará num “anjo humanizado” devido à sua
sucessão de quedas? Qual terá sido a intenção retórica de Camilo ao escrever este
romance, sabendo que ele próprio era conhecedor dos principais mitos da queda?
Cremos que, a divisão tripartida da obra, propositada ou não, nos dará a visão do autor,
que poderá ser diferente de leitor para leitor: Calisto, o anjo caído, é a transfiguração de
Lúcifer, de Adão e de Cristo. Faremos ainda uso de outras obras de Camilo para
demonstrar que o Mito da Queda sobrevem n’ A Queda dum Anjo, como mito radical.
Isto é, raiz de uma retórica que relemos em mais do que uma novela sua. Abordaremos
o modo como essas quedas de Calisto repetem e reelaboram o Mito bíblico da Queda. O
romance, irónico desde o começo, pretende, a nosso ver, com o mito, persuadir o leitor,
de como a literatura conduz à salvação.
Palavras-chave: Retórica – Camilo Castelo Branco – Mito da Queda – Literatura do
século XIX – Romance – Funções da Literatura
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Abstract
This essay intends to understand and analyze the novel A Queda dum Anjo by
Camilo Castelo Branco through the Myth of the Fall. In which way can we explain the
novel by associating it with the myth? And to what extent have the falls influenced our
protagonist, Calisto Elói, our fallen angel who will become a "humanized angel" due to
his succession of falls? What has been Camilo's rhetoric intention in writing this novel,
knowing that he himself was aware of the major myths of the fall? We believe, the
division in three parts of the novel, intentional or not, will give us the author's vision,
which may be different from reader to reader: Calisto, the fallen angel, is the
transfiguration of Lucifer, Adam and Christ. We will also use other novels by Camilo to
demonstrate that the Myth of the Fall exists in A Queda dum Anjo as a crucial myth,
which is the basis of a rhetoric that we reread in more than one of his novels. We will
see how these falls of Calisto repeat and rework the biblical Myth of the Fall. The
novel, ironic since the beginning, intends, in our vision, with the myth, to persuade the
reader, of how literature leads to salvation.
Keywords: Rhetoric – Camilo Castelo Branco – Myth of the Fall – 19th Century
Literature – Novel – Functions of Literature
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Description:Marta Alexandra de Moura Teixeira. O Mito da Queda em A Queda dum Anjo de Camilo The infernal serpent; he it was, whose guile. Stirred up with envy and revenge, deceived. The mother of By some false guile pervert; and shall pervert;. For man will hearken to his glozing lies,. And easily