Table Of ContentBALDUlNlA. n.6, p.l-13, 15-Il-2006
o
GÊNERO PSEUDOGNAPHALIUM KIRP. (ASTERACEAE-GNAPHALIEAE)
NO SUL DO BRASIL'
LEONARDO PAZ DEBLE2 JOSÉ NEWTON CARDOSO MARCHIORl3
RESUMO
Com distribuição predominantemente neotropical, o gênero Pseudognaphalium Kirp. é separado de
Gnaphalium s. str., pela maioria dos autores, por incluir ervas anuais, bianuais ou perenes, com capítulos
oblongos até largamente campanulados, pelas brácteas involucrais monocromáticas, pelo estereoma dividido
(exceto P.oligandrum (De.) Hilliard &Burtt), pelas flores femininas emmaior número doqueashermafroditas,
dispostas em duas ou mais séries, epelos aquênios ovados até oblongos, de paredes normalmente papilosas,
com pêlos esparsos clavados, do tipo 'twin-hairs". Muito próximo de Achyrocline (Less.) DC.,
Pseudognaphalium separa-se pelo maior número de flores nos capítulos. Das quatro espécies reconhecidas
para aflora sul-brasileira, Pseudognaphalium austrobrasilicum Deble &Marchiori constitui novidade para
a ciência. São fornecidas diagnoses, ilustrações, distribuição geográfica, sinonímias e uma chave para a
distinção das espécies sul-brasileiras do gênero.
Palavras-chave: Pseudognaphalium, flora do sul do Brasil, Gnaphalieae, Asteraceae.
ABSTRACT
Basically neotropical, thegenus Pseudognaphalium Kirp. isdistinguished from Gnaphalium s.str.,byseveral
authors, because it includes annual, biannual or perennial herbs, with oblong or large campanulate heads,
monochromous involucral bracts and divided stereome (except toP.oligandrum (DC.) Hilliard &Burtt), as
well as for having female florets more numerous than disc-florets, disposed intwo or more series, beyond
ovate to oblong achenes, sparsely hairy with short, c1avate, myxogenic twin-hairs. Closely related to
Achyrocline (Less.) De., Pseudognaphalium differs for having more flowers ineach head. Four species of
Pseudognaphalium are presently known, one of which, Pseudognaphalium austrobrasilicum Deble &
Marchiori, ishere described. Descriptions, illustrations, the geographic distributions, the synonymity and a
key for ali taxa, are also furnished.
Key words: Pseudognaphalium, southern brazilian flora, Gnaphalieae, Asteraceae.
INTRODUÇÃO Uma das primeiras contribuições para o co-
O gênero Pseudognaphalium Kirp. abriga nhecimento das espécies sul-americanas de
cerca de 95 espécies de ervas anuais, bianuais Pseudognaphalium, deve-se aonaturalista fran-
ou perenes, com capítulos oblongos até larga- cês Jean Baptiste Lamarck (1786), que publi-
mente campanulados, brácteas involucrais com cou Gnaphalium cheiranthifolium (atual
estereoma dividido eaquênios ovados aoblon- Pseudognaphalium cheiranthifolium), combase
gos, de paredes normalmente papilosas, com em coleções feitas pelo médico e naturalista
pêlos do tipo "twin-hairs". Estreitamente rela- francês Philibert Commerson, participante da
cionado a Achyrocline (Less.) DC., Pseudo- expedição de Bougainville (1766-1769).
gnaphalium difere por apresentar flores femi- No segundo, dos três volumes do "Pro-
ninas em duas ou mais séries. dromus", correspondentes àfamília Compositae,
1 Artigo recebido em 04/0112006 eaceito para publicação em 31/0112006.
2 Biólogo, MSc., bolsista CAPES, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Centro de
Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria. CEP 97105-900, Santa Maria (RS). [email protected]
3 Engenheiro Florestal, Dr., bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Professor Titular do Departamento de
Ciências Florestais, Universidade Federal deSanta Maria. CEP 97105-900, Santa Maria (RS). [email protected]
De Candolle (1837) tratou das espécies de Gna- siderou treze espécies, duas das quais sendo
phalium em sentido amplo. Para aflora sul-bra- novas para a ciência (Gnaphaliumjujuyense e
sileira, ele descreveu Gnaphalium gaudichau- Gnaphalium yalaense). Todas essas espécies
dianum (hoje Pseudognaphalium gaudichau- foram posteriormente transferidas ao gênero
dianum), com base nas coleções de Charles Pseudognaphalium, por Anderberg (1991).
Gaudichaud-Beaupré, feitas no Rio Grande do Em 1981,Hilliard&Burttinseriramoutrasonze
Sul, propondo, no mesmo trabalho, avariedade espécies emPseudognaphalium, reconhecendo a
subrufescens, separada davariedade típica pela importância doestereoma dividido para distinção
cor das brácteas involucrais. genérica, dentro datriboGnaphalieae. No mesmo
Na "Flora Brasiliensis", Baker (1882) redu- trabalho, os autores propuseram adivisão do gê-
ziu Gnaphalium gaudichaudianum DC. e G nero em dois subgêneros: Pseudognaphalium e
gaudichaudianum varo subrufescens DC. ao Laphangium Hilliard &Burtt.
status devariedades de Gnaphalium cheiranthi- Na "Flora Montevidensis", Atilio Lombardo
folium Lamarck. (1983) tratou das espécies de Pseudogna-
O gênero Pseudognaphalium foi criado pelo phalium no gênero Gnaphalium, reconhecendo
botânico russo Moisey Elevich Kirpichnikov apenas dois táxones para o Uruguai: Gnapha-
(1950) para abrigar uma espécie mexicana, des- lium gaudichaudianum e G cheiranthifolium.
crita porDeCandolle (1937) como Gnaphalium Em seu estudo, o autor apresentou chave,
oxyphyllum. diagnoses e ilustrações dos mesmos.
O prolífico sinanterólogo Angel Lulio Ame Anderberg (1991), autor de importante
Cabrera elucidou a identidade das espécies sul- estudo sobre a taxonomia e filogenia da tribo
americanas dePseudognaphalium (incluídas em Gnaphalieae, propôs a transferência de 76 es-
Gnaphalium), em diversas publicações. Em pécies para Pseudognaphalium, considerando
1961, Cabrera descreveu Gnaphalium leuco- o gênero como próximo aAchyrocline (Less.)
peplum (atualPseudognaphalium leucopeplum), DC., Chiliocephalum Benth., Helichrysum Mill.
espécie daArgentina, Uruguai eRio Grande do e Homognaphalium Kirp., táxones por ele
Sul. O autor reconheceu o novo táxon como colocados, informalmente, no grupo "Hei i-
próximo a Gnaphalium pellitum Kunth (espé- chrysum".
cie reduzida, em 1991, à sinonímia de Achyro- Para Dillon & Sagástegui (1991), o gênero
cline alata, porDilIon &Sagástegui), aGnapha- Pseudognaphalium não deveria ser aceito, se-
lium philippi Cabrera (atual Gnaphalium não após estudo aprofundado sobre os limites
cabrerae S.E.Freire) eaGnaphalium cheiran- genéricos de Achyrocline, Gnaphalium e
thifolium Lamarck. Para a "Flora Patagonica", Stenocline. Desta maneira, os autores trataram
Cabrera (1971) apresentou uma chave, as espécies sul-americanas de Pseudogna-
diagnoses e ilustrações das oito espécies de phalium como subordinadas aGnaphalium. Para
Gnaphalium ocorrentes naregião, seisdas quais a "Flora do Peru" (1991), os mesmos autores
são atualmente incluídas em Pseudogna- apresentaram chave e diagnoses das sete espé-
phalium, eduas (Pseudognaphalium gaudichau- cies de Gnaphalium ocorrentes nopaís, seis das
dianum, Pseudognaphalium leucopeplum) par- quais figuram, atualmente, no gênero Pseudo-
ticipam, igualmente, da flora sul-brasileira. Em gnaphalium.
outra contribuição, Cabrera (1974) reconheceu Para a "Flora Fanerogámica da Argentina",
duas espécies para a província de Entre Rios Freire (1995) considerou Gnaphalium em sen-
(Argentina) - Gnaphalium cheiranthifolium e tido amplo. A autora apresentou chave, descri-
Gnaphalium gaudichaudianum. Para a "Flora ções e referências iconográficas das vinte es-
de la Provincia de Jujuy", Cabrera (1978) con- pécies ocorrentes no país, dezessete das quais
2
foram incluídas, anteriormente, emPseudogna- ou glandulares, não raro entremesclados. A
phalium, por Anderberg (1991). capitulescência, em corimbos ou panículas, é
Nesom (2001), acrescentou uma nova espé- geralmente terminal. Os capítulos, numerosos,
cie ao gênero: Pseudognaphalium austrote- podem ter cor marfim, estramínea, amarela,
xanum, do México e Estados Unidos. Mais dourada ouferrugínea. O invólucro, oblongo até
recentemenete, oautor (2004) apresentou novi- largamente campanulado, apresenta brácteas
dades para o complexo de Pseudognaphalium involucrais monocromáticas, dispostas em4-10-
canescens (DC.) A. Anderb., elevando a nível séries, com estereoma dividido e receptáculo
específico três subespécies da mesma. De igual plano. As flores, amarelas, branco-amareladas,
modo, Ballard & Feller (2004) propuseram branco-esverdeadas ourosadas, apresentam den-
status específico para Pseudognaphalium tes ou lóbulos eretos, normalmente providos de
obtusifolium varosaxicola (Fasset) Kartesz, pro- pêlos glandulares. As marginais, femininas eem
pondo o binômio Pseudognaphalium saxicola duas oumais séries, apresentam corola fiIiforme
(Fasset) Ballard & Feller. detubo engrossado ou não na base, eápice 3-4-
Na realização do presente trabalho, foram dentado. O estigma, exserto ou não ao tubo da
consultados os seguintes herbários: CESJ, corola, apresenta ramos truncados e papilosos
CNP04, HBR, RAS, HDCP ,ICN, LP,MBM, no ápice. As flores centrais, hermafroditas, de
MCPUC, MVFA, MVJB, MVM, PACA, PEL, corola tubulosa eápice 5-dentado ou 5-lobado,
SI, SMDB, UPCB, *6 (Siglas de acordo com o ocorrem em menor número do que as femini-
"Index Herbariorum"). nas, apresentando anteras caudadas e estigma
semelhante ao das flores femininas. Os
TRATAMENTO TAXONÔMICO
aquênios, ovados até oblongos, são levemente
Pseudognaphalium Kirp.
comprimidos e normalmente papilosos, tendo
M. E. Kirpichnikov, Acta Inst. Bo1.Acad. Sei. S.S.S.R,
pêlos esparsos, clavados, do tipo 'twin-hairs".
Ser. I, n. 9, p. 33, 1950.
O pápus, isomorfo ecom cerdas livres entre si,
TIPO - Pseudognaphalium [Gnaphalium] oxyphyllum algo aderidas na base pela presença de células
DC.
patentes, tem, geralmente, omesmo comprimen-
= Hypelychrysum Kirp., Trudy 801. Ins1. Akad. Nauk. to da corola. Número cromossômico: 2n=14
S.S.S.R, Ser. I,FI.Sis1.Vyssh. Ras1.9,p.33, )950. [TIPO (Turner, 1970; Groves 1977).
- Pseudognaphalium [Gnaphalium] heterotrichum Phil.]
Das 95 espécies do gênero, cerca de 45 são
exclusivas dasAméricas Central edoNorte; na
Compreende ervas anuais, bianuais ou pere-
América do Sul ocorrem cerca de 35 espécies,
nes, de caules simples ou ramosos, normalmen-
havendo poucas endêmicas na Ásia (4), África
te eretos ou ascendentes. As folhas, alternas,
(2) eEuropa (3).No Brasil, ogênero está fraca-
sésseis, lineares até ovadas, discolores ou
concolores e glabras ou pilosas, possuem mar- mente representado, ocorrendo apenas quatro ou
gens íntegras ou erosas, por vezes revolutas. cinco entidades taxonômicas, principalmente na
Quando presentes, os pêlos podem ser lanosos região sul.
CNPO, Herbário da Embrapa Pecuária Sul, 8agé (RS).
4
5 HOCF, Herbário do Departamento de Ciências Florestais, Santa Maria (RS).
6 *,Herbário particular do primeiro autor.
3
CHAVE PARA AS ESPÉCIES
la. Folhas lanosas em ambas as faces; pêlos glandulares, quando presentes, longos eentremesclados apêlos lanosos.
Brácteas involucrais 6-7-seriadas, agudas oulevemente obtusas noápice 2
2a. Folhas com longos pêlos glandulares entremesclados apêlos lanosos. Capítulos decoloração amarelo-citrina
ou dourada, de 4-5 mm de altura
.......................................................................... 2.Pseudognaphalium cheiranthifolium (Lam.) Hilliard &Burtt.
2b. Folhas desprovidas de pêlos glandulares. Capítulos de coloração estramínea ou amarelada, de 5-6,5 mm de
altura 4.Pseudognaphalium leucopeplum (Cabrera) A.Anderb.
Ib. Folhas glandulares na face adaxial, lanosas naabaxial. Brácteas involucrais 8-1O-seriadas, obtusas até rotundas no
ápice 3
3a. Folhas discolores, densamente incano-lanosas na face abaxial. Capítulos de coloração estrarnínea, com 3-4
mm de altura por 3-5 mm de diâmetro. Flores femininas, 160-270. Aquênios ovado-oblongos, de 0,4-0,5
mm 3.Pseudognaphalium gaudichaudianum (De.) A.Anderb.
3b. Folhas suavemente discolores, lanosas alanuginosas na faceabaxial. Capítulos de coloração marfun, de 4,5-6
mm dealtura por 5-7 mm de diâmetro. Flores femininas, 350-400. Aquênios oblongos, de 0,7 mm.
............................................................... I.Pseudognaphalium austrobrasilicum Deble &Marchiori, sp.novo
1.Pseudognaphalium austrobrasilicum Deble Erva anual, ereta, densamente glandulosa, de
& Marchiori, sp. novo caules eretos, simples ou ramosos no ápice e
50-110 cm de altura (Figura la). Folhas alter-
TIPO - BRASIL, Rio Grande do Sul, São Sepé, BR 392, nas (entre-nós de 2-15 mm), sésseis, linear-
p. Santa Maria, após oviaduto da BR 290, em campo, na
lanceoladas aoblanceoladas (3-13 cm de com-
beira da estrada, abundante, erva glandulosa, ereta, de 90
primento por 0,3-1,5 cm de largura), de mar-
cm, capítulos brancos, odor fétido intenso, L. P.Deble &
A. S.deOliveira 5.000, 02.x.2004. Holotypus SI.Isotypi gens íntegras ou erosas, levemente discolores,
*.
CTES, ICN, MBM, PACA, lanosas ou lanuginosas na face abaxial, densa-
mente coberta de pêlos glandulares na adaxial,
Herba annua, 50-11Ocmalta; caulibus ereclis, simplicibus
com ápice agudo ebase decurrente (decurrência
vel apice ramosis, dense glandulosis, usque ad
inflorescenliam foliosis. Folia alterna (internodiis 2-15 de até 3 cm) (Figura la). Capítulos numerosos
mm longis), sessilia, linear-lanceolata ad oblanceolata, e dispostos em glomérulos, reunidos em cimas
integra, leviter discolora, supra glanduloso-pubescenlia, corimbiformes (Figura 1a).Invólucro largamen-
subtus lanosa vellanuginosa, 3-13 cm longa, 0,3-1,5 cm
te campanulado, de cor marfim, medindo 4,5-6
lata, apice acuta, base decurrentia (decurrentia usque 3
mm de altura por 5-7 mm de diâmetro (Figura
cmlonga). Capitula multa, cymoso-paniculata glomerata
disposita. Involucrum campanulatum, album, 4,5-6 mm Ib). Brácteas involucrais 9-10-seriadas; as ex-
altum, 5-7 mm crassum. Bracteis involucralibus 9-10- ternas, obovadas e rotundas no ápice, de 2-2,5
serialis; externis obovatis, rotundalis, 2-2,5 mm longis, 2 mm de comprimento por 2mm de largura, com
mm lalis, stereomate 0,5 mm alto; mediis et interioribus
dorso coberto de pêlos lanosos, escassos pêlos
spathulalis, 4-5,5 mm longis, 1,7-2 mm latis, obtusis ad
glandulares e estereoma de 0,5 mm de altura;
rotundalis, stereomate 1-2,5 mmalto, omnibus dorso cum
pilis lanosis etglandulosis. Flores dimorphi: marginales as medianas e internas, espatuladas (4-5,5 mm
circa 350-400,jeminei, corollafiliforme, 3-3,2 mm longa, de comprimento por 1,7-2 mm de largura), ob-
apice 3-dentata, dentibus deitoides, brevissimis, cumpilis tusas até rotundas no ápice, com pêlos lanosos
glandulosis; stylo 3,5 mm longo, rami cum 0,5-0,7 mm,
eglandulares nodorso eestereoma de 1-2,5mm
apice truncati, papilosi;flores disci, 30-35, hermaphroditi,
dealtura (Figura 1e).Flores branco-esverdeadas,
corolla tubulosa, 2,5-2,8 mm longa, 5-dentata, denlibus
deltoides, circa 0,5 mm longis, cum pilis glandulosis; dimorfas. As marginais, cerca de 350-400, fe-
antherae 1,6-1,8mmlongae, caudatae; caudae elongatae, mininas e ftIiformes, apresentam corola de 3-
barbatae. apice oblongo trigonae, subacutae. Achaenia
3,2 mm de comprimento eápice 3-dentado (Fi-
papilosa, castanea, oblonga, 0,7 mmlonga. Pappus albus,
gura 1c); dentes deltóides, brevíssimos, com
setae 3,5 mm longae; cellulis apicalibus obtusis, basi
patentibus. pêlos glandulares (Figura lc); estigma de 3,5
4
\\\\\ tt
FIGURA 1- Pseudognaphalium austrobrasilicum Deble &Marchiori. Ápice do ramo florífero (a). Capítu-
lo(b). Flor marginal (c). Flor do disco (d). Bráctea involucral interna (e). Aquênio (f). Escala a= lcm; b,c,
d, e, f= Imm.
5
mmdecomprimento, com ramas de0,5-0,7 mm, p. Caçapava do Sul, em campo na beira da BR 392, erva
truncadas epapilosas no ápice. Flores do disco, ereta de80-90 cmdealtura, capítulos brancos, L.P.Deble
&A.S.deOliveira 5.465, I.XI.2003 (MBM, *).PARANÁ:
30-35, hermafroditas, com corola tubulosa de
Curítíba, capão do Centro Politécnico, planta 70 cm, ca-
2,5-2,8 mm de comprimento, 5-dentada no ápi-
pítulo alvacento, campo limpo, seco, O. S. Ribas & E.
ce (Figura ld); dentes deltóides (0,5 mm), com Barbosa 611, 9.x1.l993 (MBM, CES1).
pêlos glandulares (Figura ld); anteras de 1,6-
1,8 mm, com caudas fimbriadas, alongadas e 2. Pseudognapltalium clteirantltifolium
ápice oblongo, triangular, levemente agudo. (Lam.) HiIliard & Burtt
Aquênios papilosos, castanhos, oblongos, me- O.M.Hilliard &B.L.Burtt, Bot. 10um. ofthe Linn. Soc.,
82, p. 205, 1981.
dindo 0,7 mm de comprimento (Figura lf).
Basiônimo: Gnaphalium cheiranthifolium Lam.,
Pápus branco, de 3,5 mm, com células apicais
Encyclopédie Méthodique Botanique 2, p. 752, 1786.
obtusas e células basais patentes.
TIPO - URUGUAI, Montevideo, Commerson. Holotypus
Etimologia: Do latim australis (= austral, do P-LAM n.v., foto SI!
sul), uma referência à distribuição geográfica
= Gnaphalium citrinum Hook. & Am., Bot. Beechey
da espécie, no sul do Brasil.
Voyage, p.31,1830 [Chile, Hualqui, C.E.O.Kuntze s.n.,
20.II.1892, foto SI!];
Distribuição & Habitat: Endêmico no sul do =Gnaphaliumpaniculatum Colia,Mem. RealeAccad. Sci.
país, Pseudognaphalium austrobrasilicum flo- Torino 38, p. 17,tab. 26, 1835;
resce e frutifica na primavera, principalmente =Gnaphalium valdivianum Phil., Linnaea 29, p.6, 1857;
=Gnaphalium araucanum Phil., Anales Univ. Chile 43,
entre setembro enovembro.
p. 502, 1873;
=Gnaphalium acutifolium Phil., Anales Univ. Chile 90,
Comentários: A espécie foi confundida em p. 12, 1895;
herbário com Pseudognaphalium gaudichau- =Gnaphalium cheiranthifolium Lam. varocitrinum (Hook.
dianum, da qual se aproxima pelo hábito efor- &Arn.) Kuntze, Rev. Gen. PI. 3, p. 151, 1898;
madas brácteas involucrais. Pelo aspecto, asse- =Gnaphalium cheiranthifolium varopaniculatum (Colla)
Skottsb., Kongl. Svenska Vetensk. Acad. Handl. 51, n. 9,
melha-se, ainda, a Pseudognaphalium helleri
p. 5,1914.
(Britton)A.Anderb., espécie doHemisfério Nor-
te, diferindo, todavia, pelos capítulos largamente Erva perene, ereta, densamente gríseo-Iano-
campanulados, com flores mais numerosas. sa, de caules simples ou ramosos no ápice, e
30-80 cm de altura (Figura 2a). Folhas alternas
Material examinado: BRASIL: RIO GRANDE DO SUL: (entre-nós de 5-25 mm), sésse°is, linear-
Agudo, Cerro doAgudo, erva na beira da mata, capítulos
lanceoladas atéoblanceoladas (2-1 cmdecom-
brancos, M. Sobral et ai. 4.310, IX.1985 (ICN 66.957).
primento por 0,2-1,2 cm de largura), de mar-
Erechím, RS 135,2 kmantes do posto de pedágio, cerca
de 6 km da entrada da cidade, erva de 100 cm de altura, gens íntegras, concolores, lanoso-tomentosas em
capítulos marfim, L. P.Deble &A. S. de Oliveira 5.712, ambas as faces, com pêlos glandulares
4.X.2004 (MBM, *).Itaara, BR 158,p.Vila Nova, erva, entremesclados aotomento, deápice acuminado
odor fétido, L. P. Deble & A. S. de Oliveira 5.711,
ebase decurrente (decurrência de até 2cm) (Fi-
30.x.2004 (MBM, *).Passo Fundo, BR 285, cerca de 10
gura 2a). Capítulos numerosos e dispostos em
km da entrada da cidade, próximo ao trevo de acesso p.
Carazinho, erva ereta de 90 cm, odor fétido, capítulos glomérulos, compondo cimas corimbiformes
marfim, L. P.Deble &A. S.de Oliveira 5.463, 2.xI.2004 (Figura 2a).Invólucro largamente campanulado,
(MBM, *).Santa María, próximo ao morro do Elefante, amarelo-citrino ou dourado, de4-5 mm de altu-
erva ereta de 80cm, odor fétido, abundante, L.P.Deble &
ra ediâmetro (Figura 2b). Brácteas involucrais
A.S.deOliveira 5.678, 27.X.2004 (MBM, *);Campus da
6-7-seriadas; as externas, ovadas e agudas no
UFSM, L.Z.Ethur, 03.IX.1993 (SMDB 4.986); Camobi,
A.C.F.Matos etai.,26.X.1992 (SMDB 4.665). São Sepé, ápice, de2-3 mmdecomprimento por 1,5-2mm
6
de largura, com dorso coberto de pêlos lanosos, Cambará do Sul, narodovia para SãoFrancisco dePaula,
escassos pêlos glandulares e estereoma de 0,7 capoeira, intlorescência amarela, N. Silveira 9.738,
28.III.1987 (HAS 61.575). Esteio, para Porto Alegre, in
mm de altura (Figura 2e); as medianas e inter-
campestribus graminosis, B.Rambo, 02.XI.1931 (PACA
nas, oblongas ou oblongo-Ianceoladas (3,5-4
474). Gramado, para Canela, in incultis ad viam, A.
mm de comprimento por 1-1,5mm de largura), Bruxel, 27.III.1937 (PACA 2.328); idem, indumetosis ad
de ápice levemente agudo, com pêlos lanosos e viam, B.Rambo, 27.III.1937 (pACA29.829). Jaquirana,
glandulares nodorso eestereoma de 1,5-2,5mm estrada para Bom Jesus, erva ereta, capitulas amarelos, L.
P.Deble,A. S.deOliveira &1.N. C.Marchiori, 14.Y.2004
dealtura (Figura 1e).Flores amarelas, dimorfas.
(MBM, *).Lagoa Vermelha, a 10kmdacidade, narodo-
As marginais, cerca de 130-260, femininas e
viaparaTupiriambá, nocampo, flores amarelas, N. Silveira
filiformes, apresentam corola de 3-3,2 mm de 2.972 & R. Frosi (HAS). Nonoai, in campestribus
comprimento e ápice 4-dentado (Figura 2c); graminosis, B. Rambo, IlI.l945 (PACA 28.220). Nova
dentes deltóides, brevíssimos, com pêlos glan- Prata, Estação Experimental Rio Branco, J.Mattos 25.968
& N. Mattos, 16.III.1984 (HAS 56.022). Pelotas, in
dulares (Figura lc); estigma de3,5 mmde com-
incultis, J. Sacco 825, II.XIl.1957 (PACA 63.969). São
primento, com ramas de 0,5-0,7 mm, truncadas
Francisco de Paula, Potreiro Novo, herba ad viam, A.
e papilosas no ápice. Flores do disco (7-15), Sehnem, 23.Il.1978 (PACA 86.953); cerca de 18 km da
hermafroditas, de corola tubulosa (2,6-2,8 mm RS 020, M. R. Ritter 825, 31.III.1995 (lCN 113.940).
de comprimento), 5-dentada no ápice (Figura Tupanciretã, in campestribus siccis graminosis, B.
Rambo, 29.I.l942 (PACA 9.751). SANTA CATARINA:
Id); dentes deltóides (0,3-0,5 mm), com pêlos
Bom Jardim da Serra, SC 438, para a Serra do Rio do
glandulares (Figura Id); anteras de 1mm, com
Rastro, L.P.Deble, A. S.deOliveira &1.N. C.Marchiori,
caudas fimbriadas, alongadas e ápice oblongo, 06.III.2004 (MBM, *).Lages, incampestribus dumetosis,
triangular, levemente agudo. Aquênios A.Bruxel, 1935(PACA 6.822). São Joaquim, distrito de
papilosos, castanhos, ovado-oblongos, de 0,5- Pericó, campo de solo rochoso, L. P.Deble, A. S.de Oli-
veira &1.N. C.Marchiori, 06.III.2004 (MBM, *).
0,6mmdecomprimento (Figura I±).Pápus bran-
co, de 3,5 mm, com células apicais obtusas e
3. Pseudognaphalium gaudichaudianum
células basais patentes.
(De.)A.Anderb.
A.Anderberg, Opera Bot. 104,p. 147,1991.
Etimologia: Ao conceber a espécie, Lamarck Basiônimo: Gnaphalium gaudichaudianum DC.,
reconheceu asemelhança de suas folhas com as Prodromus 6, p.226, 1837.
de Cheiranthus (Brassicaceae), gênero descrito
TIPO -C.Gaudichaud-Beaupré, s.n., inBrazil. Holotypus
por Linnaeus em Species Plantarum.
G n.v., foto SI!
=Gnaphalium gaudichaudianum DC. varosubrufescens
Distribuição &Habitat: Amplamente distribuí- De., Prodromus 6, p. 226, 1837;
da na América do Sul, aespécie ocorre desde a =Gnaphalium mendoncinum Phil., Anales Univ. Chile 36,
p. 184, 1870 [Chile, Mendonza, R.A. Philippi, s.n., s.d.
Bolívia, Chile eArgentina até oUruguai, sul e
foto!];
sudeste do Brasil. Floresce nos meses de feve- = Gnaphalium cheiranthifolium Lam. var subrufescens
reiro ajunho. (De.) Baker, Mart. FI.Bras. 6, 3,p. 122, 1882;
= Gnaphalium cheiranthifolium Lam. var gaudi-
chaudianum (De.) Baker, Mart. FI.Bras. 6,3,p.122, 1882.
Comentários: Espécie próxima a Pseudogna-
phalium leucopeplum (Cabrera) A. Anderb.,
Erva anual ou bianual, ereta, densamente
pode, contudo, ser diferenciada pelas caracte-
glandulosa, de caules simples ou ramosos ape-
rísticas expostas na chave dicotômica. nas noápice, e40-100 cm de altu°ra (Figura 3a).
Folhas alternas (entre-nós de 3-1 m°m), sésseis,
Material examinado: BRASIL: MINAS GERAIS: Passa
lineares até linear-Ianceoladas (2-1 cmdecom-
Quatro, Serra daMantiqueira, J.Vidal, XI.1948(MBM).
primento por 0,1-0,7 cm de largura), de mar-
RIO GRANDE DO SUL: Bom Jesus, próximo ao arroio
Itaimbezinho, N. Silveira 8.193, 21.IV.1990 (HAS 61.581). gens íntegras ou algo revolutas, discolores,
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FIGURA 2 - Pseudognaphalium cheiranthifolium (Lam.) Hilliard & Burtt. Planta (a). Capítulo (b). Flor
marginal (c). Flor do disco (d). Brácteas involucrais (e).Aquênio (f).Escala a= lcm; b, c, d, e, f= lmm.
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incano-tomentosas naface abaxial edensamente quase todos osmesesdoano;floresce commaior
glandulosas na adaxial, com ápice acuminado e intensidade entre janeiro e maio.
base decurrente (decurrência deaté 1,5cm) (Fi-
gura 3a). Capítulos numerosos, em glomérulos Comentários: Pseudognaphalium gaudichau-
compondo cimas corimbiformes (Figura 3a). dianum separa-se das demais espécies brasilei-
Invólucro largamente campanulado, estramíneo, ras por suas folhas lineares, discolores, com
medindo 3-4 mm de altura por 3-5 mm de diâ- pêlos curtos e glandulares na face adaxial e
metro (Figura 3b). Brácteas involucrais 8-9-se- pubescência incana na abaxial.
riadas; asexternas, ovadas, obtusas atérotundas
no ápice, de 2-2,5 mm de comprimento por 1,5 Material examinado: BRASIL: RIO GRANDE DO SUL:
Aceguá, Serra deAceguá, na divisa com o Uruguai, erva
mm de largura, com dorso coberto de pêlos la-
de 40 em, capítulos esbranquiçados, L. P.Deble &A. S.
nosos, escassos pêlos glandulares e estereoma
de Oliveira, 22.IX.2003 (MBM, *). Alegrete, Cerro do
de 0,5 mm de altura (Figura 3e); as medianas e
Tigre, erva de 60 em, folhas discolores, capítulos
internas, oblongo-espatuladas (3-4 mmde com- estramíneos, flores branco-esverdeadas, L.P.Deble &A.
primento por 1 mm de largura), obtusas a S.deOliveira, 29.IX.2005 (CNPO, MBM, *).Arroío dos
Ratos, fazenda Faxinal, K. Hagelund 13.255, 5.1.1980
rotundas no ápice, com pêlos lanosos eglandu-
(lCN 68.481). Bagé, BR 153, Km 84, erva na beira da
lares no dorso, e estereoma de 1,5-2,5 mm de
estrada, capítulos brancos, M. Sobral & C. Grabauska,
altura (Figura 3e). Flores branco-amareladas ou
VI.1985 (lCN 65.313); Casa de Pedra, na beira da estra-
branco-esverdeadas, dimorfas. As marginais, da, M. R.Ritter 639, 13.V1.1991 (lCN 92.446); BR 153,
cerca de 160-270, femininas e filiformes, com cerca de 15kmdeAceguá, abundante nabeira daestrada,
corola de 2,5-2,8 mm de comprimento e ápice capítulos estramíneos, flores branco-esverdeadas, L. P.
Oeble&A. S.deOliveira, 9.IlI.2003 (MBM, *).Caçapava
3-dentado (Figura 3c); dentes deltóides,
do Sul, Cerro doRicardinho, M.Sobral 6.397, 1.1990(lCN
brevíssimos, com pêlos glandulares (Figura 3c);
90.722); idem, M. Sobral 3.902, Y.1985 (rCN 88.823);
estigma de 3 mm de comprimento, com ramas Guaritas, em barranco arenoso, erva de 80 em, ramosa no
de 0,5 mm, truncadas epapilosas no ápice. Flo- ápice, capítulos estramíneos, L. P.Oeble &A. S. de Oli-
res do disco, 7-15, hermafroditas, com corola veira, 9.1.2004 (MBM, *).Cambará do Sul, Faxinal, erva
na beira do arroio Faxinalzinho, M. Sobral 2.848, 1.1984
tubulosa (2,2-2,4 mm de comprimento), 5-den-
(lCN 65.232). Dom Pedrito, BR 293, cerca de lOkm do
tada no ápice (Figura 3d); dentes deltóides (0,4
trevo de acesso acidade, L.P.Oeble &A. S.de Oliveira,
mm), com pêlos glandulares (Figura 3d); anteras 13.IIl.2004 (MBM, *).Guaíba, BR 116,Km 32, beira da
de 1,5 mm, com caudas fimbriadas, alongadas estrada, N. I. Matzenbacher, 18.XIl.1983 (lCN 59.372).
e ápice oblongo, triangular, levemente agudo. Passo Fundo, A.R.Schultz, 13.1.1949(lCN 685). Pelotas,
Instituto Agronômico do Sul, I. Ary 18,23.1.1950 (rCN
Aquênios papilosos, castanho-escuros, ovado-
31.519); Laranjal, I. Edésio 11.018, 25.1.1950 (ICN
oblongos, de 0,4-0,5 mm de comprimento (Fi-
17.973); Taim, I.Edésio 11.053,30.1.1950 (lCN 31.966).
gura 3t). Pápus branco, de2,5 mm, com células
Santa Maria, chácara da prefeitura, G. Rau, 26.Il.1940
apicais obtusas e células basais patentes. (SMDB 390); Campus da UFSM, L.Z.Ethur, 20.Y.1993
(SMDB 5.074); idem, L. Z. Ethur, 01.l1.1994 (SMOB
Etimologia: Espécie dedicada a seu coletor, o 5.137).
botânico e farmacêutico francês Charles
Gaudichaud-Beaupré (1789-1854). 4.Pseudognaphalium leucopeplum (Cabrera)
A.Anderb.
Distribuição &Habitat: Adistribuição geográ- A.Anderberg, Opera Bot. 104, p. 147, 1991.
fica estende-se do sul da Bolívia, Chile e Ar- Basiônimo: Gnaphalium leucopeplum Cabrera, BoI. Soe.
Argent. Bot. 9, p.383, 1961.
gentina, até oUruguai e sul do Brasil, ocorren-
TIPO - ARGENTINA, ProvoBuenos Aires, Juancho, en
do de dunas costeiras até 1.700 m.s.m. (Freire,
dunas semifijas, A.L.Cabrera 2.686, 11.1.1933.Holotypus
1995). Material florido pode serencontrado em LP!
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FIGURA 3- Pseudognaphalium gaudichaudianum (De.) A.Anderb. Ápice doramo florífero (a). Capítulo
(b). Flor marginal (c). Flor do disco (d). Brácteas involucrais (e).Aquênio (f). Escala a= Icm; b, c,d, e, f=
Imm.
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