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.O COMERCIO
QUATRO SÉCU LOS
A
ATLANTICO
DE COMÉRClO ESCLAVAGISTA
DE ESCRAVOS
H ERBERT S. KLEIN
Figura da capa: Carta das Ilhas. co~teiras·de parte da Europa, África e Ainérica. · O COMÉRCIO
Sebastião Lopes, 1558. British Libr~ry,Londres ·
QUATRO SÉCULOS
© Herbert Klein 1999
Publicado em Inglaterra por Press Syndicate oft he University of Camdridge
ATLÂNTICO
Título: O Comércio Atlântico de Escravos DE COMÉRCIO ESCLAVAGISTA
Quatro séculos de comércio esclavagista
Colecção: Factos & Ideias
Título original: The Atlantic"Slave Trade
DE ESCRAVOS
Autor: Herbert S .. Klein ·
Tradução: FrandscoAgarez
Capa e plano gráfico: Erica da Serra
Paginação electrónica: Gabinete Técnico da Editorà Replicação, Lda. (EL)
Montagem: Gabinete Técnico da Editora Replicação, Lda. (ZB)
Impressão e acabàmento: Gráfica· Manuel Barbosa & Filhos
Edição ed istribuição: Editora Replicação, Lda.
Rua Pedro de Sintra, 26-A
1400-277 Lisboa
Tel.: 213 Oti 583
Fax: 213 021 584
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Depósito legal: 176 202/02
.ISBN: 972-570-283-2 Tradução de
Código de barras: 9789725702833
FRANCISCO AGAREZ
lªEdição, 1ª impressão, Março 2002
©Editora Repl~cação, Lda. para a tradução e publicação em po,;-tuguês.
Reservados todos os direitos da ·publicação em português para Portugal e
da tradução para todos os países. Proibida a reprodução ou transcrição de __
qualquer parte do texto ou das ilustrações por qualquer.meio, mecânico ou
electrónico, incluindo fotocópia, sem o consentimento do editor português.
- Conservação da Natureza -
Papel livre de cloro elementar
• ,1 A
Judith Claire' Heiser Schiffner
i- ,·
,
INDICE
Lista de mapas, figuras e quadros xii
fu~~ ~
1 A escravatura· no desenvolvimento do Ocidente 1
2 A procura de mão-de-obra nas Américas 17
3 A África no tempo do comércio atlântico de escravos 47
4 A organização europeia do comércio de escravos 73
5 A organização af~cana do comércio de escravos 102
.6 A Passagem do Meio 129
j
7 Impacto social e cultural do comércio de escravos na América 160
8 O fim do comércio de escravos 182
Quadros anexos 207
_. E nsaio bibliográfico 215
Índice remissivo 225
xii xiii
MAPAS, .FIGURAS E QUADROS
MAPAS
1. Prinápais zonas de comércio de escravos na África Oádental xiii
I. Cabo Vudt
2 Principais portos de embarque de escravos na Senegâmbia
'
e·Serra Leoa xiv o
3. Principais portos de embarque de escravos na Costa do Ouro
Stntgâmbia
e Golfos do Benim e do Biafra XV
4. Principais portos de embarque de escravos nas costas sudoeste
e sueste de África xvi
FIGURAS
6.1 Mortalidade de escravos na Passagem do Meio, 1550-1865 136
CostO
6.2 Perfil exterior do navio de escravos francês L'Aurore 143 Golfo da G11iné
6.3 Disposição dos escravos a dormir na coberta inferior e na plataforma 144 "
I.SãoTomé
6.4 Interior do navio em corte, vendo-se as zonas de armazenamento
e as cobertas 145
7.1 Distribuição etária dos escravos crioulos na Jamaica, em 1817 167 ATIÀNTICO SUL
7.2 Distribuição etária dos escravos africanos de nascimento
na Jamaica, em 1817 168
7.3 Distribuição etária da população escrava da Jamaica, em 1817 169
Angola
7.4 Distribuição etária da população escrava dos Estados Unidos, em 1850 169
QUADROS
6.1 Mortalidade média de escravos na Passagem do Meio Mapa 1. Principais zonas de comércio de escravos na África Ocidental.
por nacionalidade da armação, 1590-1867 137
6.2 Mortalidade média de escravos por região africana de partida,
1590-1867 138
6.2 Mortalidade sequencial de escravos sofrida por experientes capitães
de navios negreiros de Nantes que fizeram quatro ou mais viagens
no século XVIII 153
A.1 Estimativas de distribuiçã<;,. regional das exportações de escravos da
África para a América, 1519-1867 208
A.2 Estimativas de chegadas de escravos africanos por região, 1451-1870 210
A.3 Participação das principais nações comerciantes de escravos
no comércio atlântico de escravos 212
dv XV
I. Gorét
OCEANO ATLÂNTICO
Caho l.Ahou
Caho Palmas D
GOLFO DA GUINÉ
ltfapa ·2~ Principais portos de embarque de escravos ,ia· Senegâmbia e Serra Leoa. Mapa 3. Principdis portos de embarque de escravos na Costa do Ouro
e Golfos do Benim e_Biafra.
xvi
INTRODUÇÃO
Não obstante a sua importância central na história económica e social da
expansão do Ocidente, o seu papel fundamental na história da América e o seu
profundo impacto na sociedade·de África, o comércio atlântico de escravos foi
até ao último quarto de século uma das áreas menos estudadas da historiogra
'
I. Morambiqut •r• ~ / fia ocidental. Este arranque tardio não ficou a dever-se a. nenhuma escassez de
fontes, porque o material disponível para o seu estudo era abundante desde o
Qutlimant •
início. Só que foi -ignorado por estar intimamente ligado ao imperialismo euro
ATIÀNTICO SUL 1u. MaJagás ,ar o D peu e daí a falta de interesse, por o problema ser moralmente difícil e por não
existirem as ferramentas metodológicas necessárias à análise dos complexos
dados quantitativos.
OCEANO ÍNDICO Ainda hoje, a despeito de um quarto de século de sofisticados estudos mul-·
tinacionais, o fosso entre as ideias dominantes e o conhecimento académico con
tinua a ser tão profundo como q~ando,· no século XVIII, o comércio começou a
ser tema de discussão nos círculos eruditos europeus. Por uma série de razões
políticas e intelectuais que têm muito a ver com as características da política nor
Mapa 4. Principais portos de embarq11e de escravos nas costas st1doeste
te-americana coeva, a investigação académica é geralmente ignorada porque
e sueste de África. · 1
:'- uma sociedade dividida pelo conflito racial acha o comércio de escravos um
tema demasiado difícil para ser tratado racionalmente. Mas é• no calor da dis
cussão que a racionalidade é mais necessária.
Não só .tem havido uma falha no diálogo entre o mundo académico e o mun
do culto em .g eral, como existe uma surpreendente ignorância, inclusive no
mundo académico, quanto à natureza do comércio em causa.: Há poucos resu
mos coerentes da bibliografia recente sobre o comércio de escravos dirigida ao
público generalista ou especializado, e desta falha de·comunicação da investi
gação académica recente resultou que a discussão geral sobre o comércio se tor-
(
. L. -
O Comércio Atlântico de Escravos xix
xviii O Comércio Atlântico de Escravos
mantinham pormenorizados registos estatísticos sobre o comércio, para fins fis
nou de tal maneira politizada e emocional que quase todos os académicos e inte
cais. Um bom número de registos de empresas privadas foi parar aos arquivos
lectuais se recusam a confrontar o tema do comércio com algo que se assemelhe
nacionais da Europa e da América no século XIX. Finalmente, em finais do sécu
a uma análise racional. Foi por todas estas razões que eu decidi empreender este xvm,
lo princípios do século XIX, os jornais comerciais mantinham um registo
levantamento do estado actual do conhecimento sobre o comércio atlântico de
detalhado das chegadas e partidas de navios de transporte de escravos africa
escravos. Embora muito esteja ainda por saber sobre o comércio, existe já um
nos. De todas estas fontes publicadas e documentais, qualquer coisa como meta
su:J'reendente consenso entre·os estudiosos no que toca aos seus contornos glo
de ou mais das viagens de transporte de escravos alguma vez realizadas deixa
bais e aos seus modelos económicos. Existe mesmo algum acordo de base, se
ram um registo escrito.
não a nível geral pelo menos a nível académico, quanto aos números em causa.
Mas a verdade é que, da década de 1810 em diante, o interesse pela análise
Este consenso percorre transversalmente sectores académicos e fronteiras nacio
do comércio foi diminuto. Os abolicionistas britânicos tinham convencido o seu
nais, e eu procurei, na medida do possível, incluir as mais recentes conclusões
governo a pôr termo ao comércio, posto o que passaram a recorrer à força e à
retiradas de todas as disciplinas e bibliografia internacional relevantes.
coacção para o abolir noutros países. Por outro lado, a abolição do comércio
Em grande medida, a demora em produzir um levantamento como este é
atlântico de escravos, em meados do século XIX, coincidiu com a conquista e
devida à profundidade e complexidade dos materiais. Para se compreender o
colonização da África pelos Europeus,.e também com o crescente predomínio da
c_om_ércio é preciso ser-se versado em história da demografia e em análise quan
ideologia imperialista e racista no pensamento metropolitano. Neste contexto,
titativa, ter boas bases de economia e saber várias línguas. Isto para além dum
havia pouco interesse em discutir. o comércio de escravos, que a maioria dos
co~ecimento pormenorizado da história de África e da América no período em
autores considerava ter sido, quando muito, um mal necessário, se não mesmo
analise~ E estas ferramentas ainda não são suficientes, sendo também necessá
um benefício positivo para o mundo pelos seus alegados esforços "civilizado-
rios alguns conhecimentos de base sobre antropologia. Ao contrário de outros
res". , •..
investigadores que só por aproximação cumpram estes requisitos, eu espero ter
Só por altura da crise da I Guerra Mundial os intelectuais europeus começa
lançado bases suficientemente sólidas para que outros, mais preparados do que
ram a questionar os pressupostos de:base em que o imperialismo assentava.
~~ ~m alguma das referidas áreas, possam levar mais longe o trabalho por mim
Neste debate, o comércio atlântico de escravos passou:a ser um dos "crimes" do
m1C1ado.
imperialismo ocidental, e como tal tinha de ser denegrido. Foi desta perspecti
. ~tes d~ encet~r uma análise detalhada do comércio, vale a pena explorar a
va paternalista que os escritores começaram a reavaliar o contacto dos Europeus
histonografia relativa ao tema, que remonta ao século xvm. Os primeiros estu
com o resto do mundo. O resultado foi uma narrativa recheada de episódios de
dos do comércio atlântico de escravos datam dos anos 80 daquele século, quan
violência e exploração, baseada num mínimo de pesquisa e na ignorância das
do ele estava no auge da sua força, com cerca de 75 000 escravos a chegarem
fontes de arquivo. A literatura criou uma série de mitos a propósito dos custos
anualmente aos portos da América. Numa tentativa de obter a condenação da
do comércio, do modelo de transporte de escravos através do Atlântico, da mor
migração forçada de escravos africanos, os abolicionistas ingleses tentaram cal
talidade que eles sofriam, e dos ganhos e benefícios finais para os Europeus.
cular as dimensões essenciais do comércio, as taxas de mortalidade de escravos
"Navios a abarrotar", "astronómicas" taxas de mortalidade de 50% ou mais,
e tripulações, e o impacto económico relativo do comércio sobre as economias
,"escravos baratos" comprados a troco de colares :alegadamente sem valor e de
a~cana e americana. Embora o seu objectivo fosse alimentar. com propaganda
rum a ·pataco, e o chamado comércio triangular, foram:outros tantos crimes
eficaz a campanha em que estavam empenhados,. os abolicionistas _empreende
acrescentados ao rol.
ram mesmo uma investigação séria. Quando, nas décadas de 80 e 90 do século
Mas apesar do predomínio deste tipo de .literatura acrítica, que ainda hoje
XVIII, o Parlamento Inglês começou a impor as primeiras restrições formais à
subsiste em muitos dos manuais de história dos cursos de nível secundário e
actividade dos comerciantes, promoveu a recolha sistemática de elementos esta
universitário, os estudos críticos começaram a.vir a lume na segunda década do
tísticos sobre o comércio por parte de departamentos oficiais britânicos, serviço
século XX. Os primeiros estudos académicos modernos foram obra dum peque
que o governo iria manter até meados do século XIX.
no grupo de abnegados estudiosos franceses e norte-americanos. Gaston-Mar-
A par destas fontes. publicadas, quase todos os países esclavagistas europeus
XX O Comércio Atlântico de Escravos O Comércio Atlântico de Escravos
xxi
tin e Padre Rinchon em França e Elizabeth Donnan nos Estados Unidos, foram
ca internacional, em arquivos europeus, americanos e africanos, de todos e
os primeiros a abordar o estudo sistem~tico do.comércio, reunindo grande par
quaisquer dados existentes sobre travessias de navios de escravos, que deu ori
te do material de arquivo _existente em arquivos·de França e Inglaterra.:Estes
gem a um importante período novo de pesquisa e análise do comércio atlântico
,i nvestigadores publicaram uma série de estudos pioneiros nos anos 20 e 30 do
de escravos. A partir do momento em que passou a estar disponível este novo
século -XX~ Entre estes contavam-se:várias recolhas de documentos, além do
acervo de materiais, foi possível resolver directamente querelas anteriores e sus
impressionante levantamento inicial do comércio francês, feito por Gas~on-Mar
citar novas e mais sofisticadas questões sobre a história económica, social e mes
tin, trabalhos que ficaram, todos ;eles, como· alicerces dos modernos estudos do mo política desta importante migração humana transoceânica. Esta nova área
comércio.de escravos feitos no período pós-II Guerra Mundial. de investigação deu origem a um volume surpreendente de publicações inter
• · Mas foi a expansão do terreno novo da história de África, a par do desper nacionais, que fizeram deste campo um dos mais activos e produtivos da
tar, nas décadas de 50 e 60 do século XX, do interesse pela história afro-ameri moderna investigação histórica.
cana, que acabou por suscitar um importante esforço de investigação neste cam As questões abordadas nesta vaga recente de investigação podem agrupar
po. Sem menosprezar, a importância do trabalho que muitos investigadores -se em tomo duma série de temas interligados, e são essas questões e as discus
começavam a desenvolver sobre diversos aspectos do comércio vistos das pers sões por elas suscitadas que me proponho analisar neste livro. Trata-se de ques
pectivas· africana,. europeia e americana, o impulso fundamental dado aos _estu tões relativas à origem do comércio; à sua estrutura económica de base; ao seu
d.os sobre o comércio:de escravos adveio das obras de Philip Curtin. Em 1969, ~pacto demo~á_fico, s~cial e e~onómico; e, finalmente, às causas e consequên
publicou The Atlantic Slave Trade: A Census, uma tentativa de cálculo estima oas da sua aboliçao. Mwtos anugos e colegas me incentivaram e apoiaram para
tivo do volume do comércio partindo da literatura secundária disponível. _Con que eu e~ev~sse_ este livro. _Fr~ Smith, meu editor na Cambridge University
tributo original para a metodologia da história, belll como para o campo dos Press, foi o_pnmerro a entusiasmar-me a escrevê-lo, e sem o seu apoio ele nun
estudos sobre o comércio de escravos, a obra de Curtin veio trazer-nos uma esti ca te~ia ·e~tido. Estou também grato a Philip D. Curtin, que me deu as primei
mativa do volume total do comércio de escravos africanos para a Europa, as ras a1udas no tratamento de fontes tão comp~exas, e me entusiasmou a publicar
ilhas do Atlântico e-a ·América entre 1440 e 1860, aproximadamente. Para isso os resultados. Stanley Engerman mos~ou-se sempre disponível para me dar
teve de analisar cuidadosamente todas as estimativas. publicadas e fazer umà uma ajuda na élllálise das viagens, e muitas vezes publicámos em conjunto os
reconstituição. dos números por zona e por período, .com base em modelos r~s1:1ltados, e David Eltis' ajudou-me muito com o seu conhecimento enciclopé
demográficos e económicos rigorC>sos. Embora se tivesse concentrado na ques dico e mantev~me sempre informado dos µltimos desenvolvimentos relaciona
tão do número de Africanos embarcados, Curtin teve de passar em revista toda~ dos com o nosso projecto sobre as viagens de transporte de escravos. O meu
as questões que viriam a constituir temas fundamentais neste mais recenté velho amigo Charles Garland dispôs generosamente do seu tempo para me
período de investigação. A evolução demográfica das populações escravas na explicar o funcionamento dos seus navios. Jean Boudriot autorizou-me amavel
mente a utilizar os seus desenhos, bàseados nos cadernos de apontamentos de
América foi uma das preocupações fundamentais de Curtin, a par da mortali
dade registada na travessia do Atlântico, por se tratar, em.ambos os casos, de construção de Mathias Penevert; do navio de transporte de escravos L'Aurore,
construído em Nantes em 1784, que figuram como ilustrações neste livro. Estou
factores primários que p~rmitiam estimar as quantidades de Africanos trans
também grato a David Eltis e Stanley Engerman pelo cuidado que puseram na
portados quando nenhuns outros dados numéricos eram conhecidos. Abordou
leitura do manuscrito. Finalmente, dedico este livro a Judy, que veio marcar
ainda os problemas do m~scimento demográfico em África e dos interesses eco-
uma profunda diferença na minha vida.
nómicos europeus no comércio. .
Mas foi a sua estimativa de cerca de 9,5 milhões de chegadas e 11 milhões de
Africanos transportados que ·p rovocou a reacção mais'. pronta :p or parte da
comunidade académica. O debate que daí resultou desencadeou uma busca
generalizada de fontes inéditas, à procura de novos números e novas fontes que
.. -\ ..
..•_1· . .
'. '
1 '···
A· escravatura no, desenvolvimento do· Oddente
P<;>i que é·q~e os, Afriéà_n~~ foram eséra~dos_ ~-~po~dospara o ~ovo
ap ergtin~
Mundo? Esta é fund~ental _que ~se ~ol~~ ~ qu~ es~d~. -~-cómér:
cio atlântico de escravos. :Por que' razão eram ·os·Africarios ·os únicos· as er escra~
vizados ep or que razão pi"ecisavàm as colónias americanas deste tipo dê: mão
., .... 1 • r. · • ~d~l;na? A Aménc:a·:nãó ptxiiâ têr~se desenvolvido"sem ésciavos? Neste éapí
·esta ·capí~ó
tu1o;}?I'Ópo~o respostas· pâi-a priméira perguntá,. passando. no
seguinte ao estudo ·das· car~cterísticas do irieréàdo)áboral ·ameriéano do século
razão
XV ao XIX,· p~a'. responder à quéstã~-de sab~r por que fói a escravatura a
solução'adoptada para resolver a escàsseide mão-de-obra que· se fazia sentirná
América. · · -.-· · · .,·:· · ·· ·
· · · Embora ern·reduzida'escalaí aescravafura'ainda existia na Europa em 1492 .
• i , •. as'
À semelhança.-de· qtíase'tódas sóciedades complexas qtie a história '-luúversal
conhec~ra até então~ tainhêní os estados da Europa tinham tido escravos desde
sua
os -primórdios da existência ·e; em séculos anteriores,-a escravatura tinha
sido· ·uma, instituição laboral 'fundamental.; À· semelhança da .maioria dessas
sociedades~ 'isso tinha passado péla existência da chamada escravatura dom~
tica, em que a força de traba1ho da família era reforçada pelo recurso a este tipo
de trabalhador.· Mas na· Europa;· em diferentes tempos·· e lugares, os· escravos
tinham deseinpephado todo o tipo de tarefas, tendo mesmo formado classes e
grupos separados/ fora do .nível doméstico. Poucos povos-europeus ou outros
Í. escaparam por sua vez 'à escravatura e qua_se. todas as sociedádes trataram os
L
seus escravos como estranhos, indivíduo~ sem raízes nem história que,.~ últi
ma análise, eram mantidos contra sua :vontade,,sob_ a ameaça da.fqrça. Em todas
• ~ sociedad~ em que existiram,.o_s escravos eram também a força laboral mais
móvel que havia. ·