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ENSINO TÉCNICO de qualidade e que forme profissionais prestigiados
e bem pagos. Essa é uma das prioridades listadas pelos autores Simon
Schwartzman (à esq.) e Edmar Bacha, no livro Brasil: a nova Agenda Social
eSS cadas. É perceptível a evolução no últi com mais detalhe, os indicadores ex
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AP mo quarto de século, firmada pela esta põem as fragilidades nessa área vital pa
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oL bilidade na política e na economia. o ra o futuro. entre os alunos dos colégios
ro/F país superou mazelas típicas de povos públicos, 29% concluem o ciclo básico
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h atrasados e começa a enfrentar proble com capacidade tida internacionalmente
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o PI mas de nações ricas, tais como o cres como mínima em português e apenas
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e cente custo na saúde pública e a trajetó 11% deles em matemática.
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BrA ria explosiva da previdência. Chegou o PrioriDaDes: um ponto inicial é aumentar
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C momento de elevar o desenvolvimento o período em que os estudantes ficam na
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CA social a um novo patamar. Sem neces escola. de acordo com números apresen
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rSI, sariamente gastar mais dinheiro públi tados por naercio Menezes, os alunos da
Co co, pelo contrário. em um estado que rede pública têm, em média, apenas três
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o A consome, com seus tributos, perto de horas de aula por dia, descontandose in
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BIA 40% de tudo o que os brasileiros produ tervalos e interrupções. não chega à me
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oS F zem, não há como sobrecarregar a eco tade do ideal. Ao contrário do que reza o
oT nomia com novos impostos. A agenda senso comum, os professores da rede pú
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social proposta por Bacha e Schwartz blica não ganham menos, na média, que
NOVAS METAS GIULIANO GUANDALINI Brasil: a Nova Agenda Social (LTC; man tem como meta primeira, portanto, seus colegas do setor privado. A diferen
e 380 páginas; 65 reais), que, desta vez, ampliar a produtividade dos investi ça na qualidade do ensino está, em boa
m 1986, o economista Bacha organiza com o sociólogo Simon mentos. “o básico foi atingido. há es medida, na gestão. nesse sentido, preci
edmar Bacha, em parce Schwartzman. o livro resultou de uma colas para as crianças e um sistema pú sam ser incentivados os programas que
ria com o professor da série de debates promovidos pela Casa blico de saúde. Agora tem início o mais premiem professores e diretores que al
PARA UM universidade Colúmbia das Garças, centro de estudos econômi difícil, que é eleger prioridades”, afirma cancem objetivos estipulados. Finalmen
herbert Klein, editou o cos do qual Bacha é um dos diretores, e Bacha. de acordo com Schwartzman, a te, o país precisa rever o viés acadêmico,
livro A Transição Incom- pelo Instituto de estudos do Trabalho e questão não é mais de universalização como argumenta Schwartzman. Investir
pleta: o Brasil desde 1945, em que di Sociedade (Iets), presidido por Schwartz dos programas sociais, “mas de pensar no ensino técnico e orientado para as ne
versos autores analisavam a evolução man. A meta agora não é simplesmente nos custos e na qualidade”. cessidades do mercado de trabalho é o
NOVO BRASIL
social do país que acabara de se rede expandir a oferta de hospitais, escolas A seguir, uma síntese dos desafios e caminho, em vez de desperdiçar tempo e
mocratizar. o Brasil deixara de ser es ou programas assistenciais, mas dar prioridades analisados pelos autores em dinheiro tentando ensinar conteúdos que
sencialmente rural e emergira como mais eficiência aos vultosos gastos já cinco áreas: educação, saúde, previdên a maior parte dos estudantes universitá
uma sociedade industrializada e urbana. feitos nessas áreas. cia, combate à pobreza e violência. rios nem está apta a absorver.
Transição incompleta, diziam os auto um brasileiro que nasça hoje deverá
Sai em livro uma estupenda análise res, porque deixou de fora milhões de viver mais de 70 anos, uma expectativa EDUCAÇÃO SAÚDE
dos desafios do Brasil para preservar famílias favelizadas, vítimas de molés próxima da de países desenvolvidos. o Desafios: A cada 100 crianças de até 11 Desafios: diz o senso comum que falta
tias endêmicas e sem a educação míni porcentual de famílias pobres caiu para anos, 99 estão matriculadas em um colé dinheiro, daí a péssima qualidade do
e ampliar o desenvolvimento social ma para exercer uma função produtiva 16%, menos da metade do que era ao gio. os números comprovam que o país sistema público de saúde. É a justifica
numa sociedade contemporânea. Passa final da ditadura militar. A desigualdade venceu a batalha inicial, que era pôr os tiva típica dos que tentam ressuscitar a
conquistado nos últimos vinte anos
dos 25 anos, chega agora às livrarias de renda nunca foi tão baixa em três dé pequenos no colégio. Mas, observados CMPF, o famigerado imposto do che
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Economia Economia
que. o argumento não se sustenta pacientes. outra medida que parece e aeroportos de Primeiro Mundo. não é
diante de uma comparação internacio acertada é fazer parcerias com o setor por outro motivo que o déficit na Previ
nal. o Brasil investe em saúde tanto privado, como vem ocorrendo em São dência tem sido apontado como uma das
quanto (ou até mais do que) outros Paulo. A gestão de hospitais estaduais e maiores travas à aceleração da taxa de
países semelhantes. “não há evidência municipais foi concedida a administra crescimento do PIB. o mais grave é que,
de que o Brasil gaste pouco”, afirma dores externos. A experiência revelou se nada for feito, os desequilíbrios ten
André Medici, especialista no assunto. um aumento da eficiência hospitalar, dem a se aprofundar. hoje, apenas 10%
o país, na verdade, gasta mal. Inaugu com queda no tempo de internação e da população brasileira tem mais de 60
ramse hospitais para atender a inte maior número de atendidos. anos. daqui a vinte anos, o porcentual se
resses políticos, mas despreparados rá de 20%. em 2050, os idosos serão qua
para sanar as demandas mais elemen PREVIDÊNCIA se um terço da população.
tares. na prática, a maior parte dos Desafios: o sistema atual, criado pela PrioriDaDes: A lista de reformas proposta
hospitais brasileiros vive com leitos Constituição de 1988, nasceu num Brasil pelos especialistas Fabio Giambiagi e
vazios, enquanto as instituições real de população jovem, de baixa informali Paulo Tafner inclui o aumento do tempo
mente capacitadas, sobretudo as liga dade e com poucos assistidos. desde en de contribuição, o estabelecimento de
das a universidades, oferecem uma tão, dobrou o contingente de aposentados idade mínima para os trabalhadores do
rotina de superlotação e filas. na população. País relativamente jovem, setor privado e a diminuição na genero
PrioriDaDes: André Medici propõe, en o Brasil gasta com a Previdência hoje tan sidade na concessão de pensões. o Bra
tre duas dezenas de medidas, criar pro to quanto nações ricas e velhas (aproxi sil é um dos poucos países em que não
tocolos bem definidos para os tratamen madamente 11% do PIB). em países com há nenhum tipo de fator condicionante
tos e priorizar os atendimentos daqueles uma demografia semelhante à brasileira, para o cálculo de pensões. os valores são
que mais necessitam e não tenham co as despesas são da ordem de 4% do PIB. pagos integralmente e não são propor
bertura de seguro privado. dar mais efi o déficit previdenciário, contando os sis cionais ao número de filhos. Finalmente,
ciência aos gastos e eleger prioridades temas dos trabalhadores do setor privado será necessário rever o privilégio nas
são as questõeschave. o SuS deveria (InSS) e dos regimes especiais do setor aposentadorias dos funcionários públi
também acompanhar mais de perto o público, ultrapassa 100 bilhões de reais cos. os servidores aposentados e seus
histórico médico de seus pacientes, com ao ano. É uma montanha de dinheiro sufi pensionistas representam apenas 10% do
a expansão do Programa Saúde da Fa ciente para acabar com todos os gargalos total de aposentados, mesmo assim con
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mília e a informatização dos dados dos na infraestrutura e dotar o país de estradas somem um terço das despesas. u
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PÚBLICO, MAS EXEMPLAR eS MA
Hospitais administrados em parceria com rA
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o setor privado atendem melhor os pacientes o M IMPUNIDADE tuir uma espécie de poupança a cujo são primeira de todas as secretarias de
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que aqueles nas mãos do governo An Os Estados Unidos prendem, saque os estudantes tivessem direito Segurança Pública. Com exceção de
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er proporcionalmente, oito vezes apenas quando deixassem o ensino São Paulo, onde a população carcerá
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mais homicidas que o Brasil médio, da maneira que já ocorre em ria mais que dobrou na última década,
Minas Gerais. o Brasil prende pouco. Isso significa
COMBATE À POBREZA impunidade, o que alimenta o crime.
Desafios: o Bolsa Família foi um dos VIOLÊNCIA há menos de dez presos para cada ho
passos mais efetivos dados pelo país na Desafios: diz o economista Sergio Gui micídio. nos estados unidos existem
diminuição da miséria e na redução da marães Ferreira: “A ausência de segu 82,8, no Chile 87 e na França 137.
desigualdade social. É o tipo de medida rança deixa os indivíduos ao arbítrio outro ponto é a ocupação policial das
eficiente, que chega aos que realmente dos donos de territórios, destrói negó áreas conflagradas. Por fim, é neces
necessitam. São 13 milhões de famílias cios e o prazer do lazer”. Além de inci sário investir em inteligência. Tipica
atendidas, a um custo de apenas 0,5% tar o aumento da violência, portanto, a mente, uma grande parte dos crimes
do PIB. Menos clara, contudo, é sua efi dominação de morros e favelas por gan se concentra numa faixa estreita do
cácia na melhora da educação e da qua gues solapa o desenvolvimento econô território urbano. Ao concentrar os es
lidade de vida futura dos beneficiários. mico e social dos moradores dessas re forços nessas áreas, a polícia ganha
PrioriDaDes: Para que se criem as cha giões. o aumento da criminalidade foi em eficiência.
madas “portas de saída” e sejam rom um dos tópicos da agenda social mais Conclui Sergio Ferreira: “Muito
pidas as amarras da dependência, será ignorados — e, em grande medida, ain pode ser feito antes que optemos por
necessário ampliar as contrapartidas da é. na ilusão de certos sociólogos, rever o Código Penal e mesmo antes
exigidas dos beneficiários. É preciso imaginouse que a distribuição de renda que mais gastos sejam reservados para
dar estímulos aos filhos dessas famí sanaria a questão. demorouse para in a segurança pública”. uma lição que,
lias para que não se contentem com o vestir em coerção. como demonstra Brasil: a Nova Agen-
ensino básico. uma das sugestões do PrioriDaDes: Prender bandidos e man da Social, ainda precisa ser encarada a
especialista André Portela seria consti têlos encarcerados deveria ser a mis sério pelos governantes. ß
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