NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO E ADAPTAÇÃO PSICOSSOCIAL DE ADOLESCENTES ...

281 Pages·2016·3.61 MB·Portuguese

by  Raquel Assunção

FACEBOOK: NOVAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO E
ADAPTAÇÃO PSICOSSOCIAL DE ADOLESCENTES

Raquel Sofia Almeida Alves Assunção

Janeiro 2016

Dissertação apresentada no Programa Doutoral de
Psicologia, Faculdade de Psicologia e de Ciências
da Educação da Universidade do Porto, orientada
pela Professora Doutora Paula Mena Matos
(FPCEUP), realizado no âmbito do Programa de
Formação Avançada e Qualificação de Recursos
Humanos (Bolsa individual de doutoramento com a
Refª.SFRH/BD/79431/2011)
I
AVISOS LEGAIS

O conteúdo desta dissertação reflete as perspetivas, o trabalho e as
interpretações do autor no momento da sua entrega. Esta dissertação pode conter
incorreções, tanto conceptuais como metodológicas, que podem ter sido
identificadas em momento posterior ao da sua entrega. Por conseguinte, qualquer
utilização dos seus conteúdos deve ser exercida com cautela.
Ao entregar esta dissertação, o autor declara que a mesma é resultante do
seu próprio trabalho, contém contributos originais e são reconhecidas todas as
fontes utilizadas, encontrando-se tais fontes devidamente citadas no corpo do
texto e identificadas na seção de referências. O autor declara, ainda, que não
divulga na presente dissertação quaisquer conteúdos cuja reprodução esteja
vedada por direitos de autor ou de propriedade industrial.

II
AGRADECIMENTOS

À Professora Doutora Paula Mena Matos, pela companhia constante nesta
caminhada, pelo rigor sempre acompanhado por um sorriso doce e encorajador,
pelo carinho nos momentos difíceis deste percurso, por exigir sempre o melhor de
mim, por me entusiasmar mesmo nos momentos de desânimo, porque sem ela
este caminho não seria certamente o mesmo.
Ao Grupo de Investigação de Dinâmicas Relacionais, Processos de
Mudança e Bem-Estar (Centro de Psicologia da Universidade do Porto), pela
ajuda na concretização deste projeto, pelas sugestões sempre oportunas na
discussão dos diferentes estudos, pela ajuda quando surgiram dúvidas e
dificuldades. A todos os elementos do grupo com que me cruzei em cada
momento, um obrigada. Um obrigada especial aos meus comparsas diários da
sala 240, em especial à Tânia, ao Nuno, à Mónica e ao João, pelas gargalhadas
que me arrancaram sempre nos momentos difíceis, e nos outros todos, pela ajuda
com tantas e tantas questões práticas e teóricas desta tese, pela discussão de
ideias sempre frutuosa, por me fazerem sempre acreditar que este dia ia chegar,
e que estariam aqui para me apoiar. À Sónia Cardoso, que me acompanhou nos
primeiros passos desta longa jornada. À Catarina Pinheiro Mota, pela amizade e
encorajamento, por me fazer sempre acreditar que a leveza associada ao rigor
nos leva a bom porto, pela companhia tão divertida e importante nos congressos
que frequentámos juntas.
Ao Professor Doutor Patrício Costa, pela ajuda com as questões da
estatística que tanto nos fazem dar voltas à cabeça. À Professora Doutora Raquel
Barbosa e à Doutora Marisa Matias, pela ajuda com o estudo dos clusters.
À Escola Secundária Camilo Castelo Branco, à Escola Secundária de São
Pedro, e à Escola Secundária Morgado Mateus, todas na cidade de Vila Real, por
me permitirem a administração dos questionários que serviram de base a esta
investigação.
III

Aos que voluntariamente participaram neste estudo, quer no grupos
focalizados, quer no preenchimento de questionários, e que nos permitiram assim
aceder a estas realidades.
À Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do
Porto e à Fundação para a Ciência e Tecnologia, por terem criado as condições
necessárias à realização deste trabalho.
Aos meus amigos, por partilharem do entusiasmo dos meus sonhos, por se
regozijarem com as minhas conquistas, mesmo quando era difícil explicar o que
estava eu exactamente a fazer, por compreenderem alguns períodos de ausência
quando o trabalho apertava, pelos momentos de leveza que tornaram possível
sempre continuar.
Aos meus pais, pilares fundamentais da minha vida, por acreditarem
incondicionalmente em mim e nos meus sonhos, até quando discordam deles,
pelo orgulho que diariamente me fazem sentir que têm em mim, pelo olhar
embevecido e vaidoso que sempre tiveram para mim neste percurso, pelo apoio
que não tem fim, nem explicação, e talvez nem até palavras que o possam
agradecer.
Ao meu irmão pela presença certa e constante em todos os momentos da
minha vida, à minha cunhada pelo companheirismo. Às minhas sobrinhas, a Maria
Inês e a Joana, fonte inesgotável de energia e de sorrisos, tontas e queridas
como só elas sabem ser, por tudo que me proporcionam, e por me levarem a
descobrir partes de mim que não sabia que existiam.
Ao Bruno, um obrigado que as palavras não alcançam. Tu foste a escolha
mais acertada que fiz na vida, presença certa, firme, forte, carinhosa, meiga. Tu
és o meu porto seguro, a minha paz no meio das tempestades que a vida sempre
traz e que pode trazer sempre enquanto os teus braços me agarrarem junto a ti
ao final de cada dia.
V

RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade estudar a rede social Facebook
na adolescência, procurando entender o que caracterizará o uso problemático da
mesma e em que medida este uso se relaciona com variáveis desenvolvimentais
e de cariz relacional, tendo por base o quadro teórico da vinculação (Ainsworth,
1982; Bowlby, 1988). Trata-se de um estudo transversal, com um desenho
metodológico misto, composto numa primeira parte por um estudo qualitativo que
contou com 20 participantes, divididos em três grupos focalizados distintos, com
idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos (M = 16.8, DP = 0.53), e numa
segunda parte por quatro estudos quantitativos com 761 adolescentes (53.7%
rapazes), com idades entre os 14 e os 18 anos (M = 15.9, DP = 1.08), entre o 9º e
o 12º anos (M = 9.8, DP = 0.82). Os instrumentos utilizados foram todos
analisados do ponto de vista das suas qualidades psicométricas, revelando-se
medidas adequadas. Foram encontrados quatro grupos distintos de utilizadores
do Facebook na adolescência, no que ao uso problemático diz respeito, sendo
que níveis mais elevados de uso problemático do Facebook apresentaram
associações positivas com uma vinculação insegura, uma maior alienação ao
grupo de pares, um défice ao nível das competências interpessoais e baixos
níveis de estabilidade emocional. A relação entre a vinculação parental e o uso
problemático da rede social Facebook é mediada pela variável alienação aos
pares, e nesta mediação, verificámos que a ansiedade da separação
desempenhou um papel importante no uso problemático do Facebook apenas
para os rapazes. Finalmente, os resultados mostram também que em algumas
situações os jovens consideram ser mais fácil gerir conflitos via online do que em
contacto face-a-face. Este trabalho traz implicações para a prática psicológica,
salientando o contributo das dinâmicas relacionais nas questões da utilização
problemática da rede social Facebook.

Palavras-chave: Facebook; Vinculação; Uso problemático; Competência
Interpessoal.
VII

ABSTRACT
This work aims to study the social network Facebook in adolescence, trying
to understand what characterizes the problematic use of it and to what extent this
use is related to developmental and relational nature variables, based on the
theoretical framework of attachment (Ainsworth 1982; Bowlby, 1988). This is a
cross-sectional study with a mixed methodological design, composed in the first
part of a qualitative study had 20 participants, divided into three separate focus
groups, aged between 15 and 18 years (M = 16.8, SD = 0.53), and a second part
of four quantitative studies with 761 children (53.7% boys), aged between 14 and
18 years (M = 15.9, SD = 1.08), between 9 and 12 years (M = 9.8, SD = 0.82). The
instruments used were all analyzed from the point of view of its psychometric
qualities, revealing adequate fit. We found four distinct groups of Facebook users
in adolescence, as the problematic use concerns, and higher levels of problematic
Facebook use had positive associations with insecure attachment, higher
alienation to the peer group, a deficit of interpersonal skills and low levels of
emotional stability. The relationship between parental attachment and the
problematic Facebook use is mediated by the variable alienation to peers, and we
found that separation anxiety played a major role in the problematic Facebook use
just for boys. Finally, results show that in some situations, adolescents believe it’s
easier to manage conflicts online than in face-to-face situations. This work has
implications psychological practice; emphasizing the contribution of relational
dynamics, while structural life of adolescents on issues of problematic use of the
Facebook social network.

Keywords: Facebook; Attachment; Problematic use; Interpersonal competence.
IX