Table Of ContentUNIVERSIDADE EST ADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE ARTES
Mulher Solta, Mulher Louca
Maria Venuto,
das horas de seus dias ii tela de Cinema
Aline C. Sasahara de Oliveira
CAMPINAS
Novembro, 1996
OL4m
29609/BC
UNIVERSIDADE EST ADUAL DE CAMP IN AS
INSTITUTO DE ARTES
Mestrado em Multimeios
MULHER SOL T A, MULHER LOUCA
Maria Venuto,
a
das horas de seus dias tela de Cinema
ALINE C. SASAHARA DE OLIVEIRA
Disserta~ao apresentada ao Curso de Mestrado em
Multimeios do Institute de Artes da UNICAMP
como requisite parcial para a do grau de
obten~ao
Mestre em Multimeios, sob a orienta~ao da Profa.
Dra. Haydee Dourado de Faria Cardoso do
DMM-IA.
CAMPINAS
1996
BANCA EXAMINADORA
A minhas duas familias:
a que me fez e a que se fez em mim
iv
AGRADECIMENTOS
A principia me pareceu plenamente adequada a ideia de gestar simultaneamente
meu primeiro filho e a tese de mestrado. A barriga crescer, ler, refletir, escrever. A barriga
cresceu, o filho nasceu. A tese parou. Hoje o Gabriel ja tern dois anos de estrada e, afinal,
consigo parir minha disserta~ao. E se horm6nios, fraldas e mamadas nao foram capazes de
me fazer abandonar esse outro filho, merecem agradecimentos especiais pelo apoio e
infinita pacit'ncia, meu companheiro e leitor Marcelo Coutinho, minha mae Paula e meu
pai Jose Rubens.
Meu agradecimentos ao CNPq pela bolsa de estudos concedida, que me permitiu
perseguir Maria Venuto ao Iongo desses anos e construir, afinal, uma possfvel versao de
sua hist6ria.
A minha orientadora, professora Haydee Dourado de Faria Cardoso.
Gratidao a professora Maria Clementina Pereira Cunha pelos valiosos
comentarios feitos no exame de qualifica<;ao, alem da pilha de livros que generosamente
me emprestou.
Meus agradecimentos aos colegas de turma pelas horas de debate e desabafo,
particularmente ao Mario e a Chiquinha, aos funcionarios da p6s-gradua<;ao do lnstituto
de Artes pelo indispensavel auxilio para veneer a burocracia e aos colegas do curso sobre
biografia no IFCH pelo estfmulo que me trouxeram nossas discuss6es. Ao professor
Marcos Mendes da Comunica<;iio da UnB, amigo e padrinho, pela minuciosa leitura de
minha papelada.
Agrade<;o a aten<;ao dos funcionarios do SAME do Hospicio do Juquery, a
professora Evelyn Naked de Castro Sa, a diretora do Museu da lmigra<;ao Midory Figuty
e equipe, especialmente ao historiador Marco Antonio Xavier, que me introduziu nas
antigas embarca<;6es que cruzavam o Atlantica, trazendo cidadaos aflitos por levarem no
Brasil uma vida digna.
A Luciana e ao Alexandre pela for<;a.
Ao senhor Joao Marietta pela emo<;ao de reconhecer em seu rosto algo da
fisionomia de Maria Venuto, minha personagem e companheira de percurso, sua av6.
A aqueles cujos nomes me fogem a memoria e que hao de me perdoar pela falha.
Valeu!
Sao Paulo, 1996
v
RESUMO
A presente disserta~iio insere-se no contexto de desenvolvimento de novas
tecnologias de comunica~iio e informa~iio. Diante da suposta democratiza~iio do
conhecimento apregoada como inerente aos chips, cabos e antenas parab6licas,
atenta ao perigo de decisiva exclusiio de segmentos inteiros da sociedade, envolvido
nesse processo, Mulher Solta, Mulher Louca baseia-se na necessidade de
valoriza~iio da hist6ria e, dentro dela, da hist6ria de cada indivfduo, de forma a que
possa exercer plenamente sua cidadania.
Contra o mito da hist6ria como seara de poucos iniciados, essa tese foi
elaborada no sentido de otimizar a atividade interdisciplinar reunindo cineasta e
historiador de modo a obter um filme hist6rico que contemple as necessidades e
expectativas de ambas as areas, e amplie o alcance da hist6ria ao atingir espectadores
de cinema, video e televisao.
0 trabalho introduz a dificuldade de aceita~iio por parte de muitos
historiadores da linguagem cinematografica como meio confiavel de reconstitui~iio da
a
hist6ria, embora o desenvolvimento do cinema esteja historicamente associado
busca de conhecimento.
A metodologia usada para refletir sabre o fazer desse filme hist6rico envolve
a elabora~iio de um argumento cinematografico, baseado na pesquisa e reconstitui~ao
da hist6ria de vida de Maria Venuto, bem como a discussao desse processo no que
a
diz respeito op~iio pelo genera ficcional e pelo tema, as fontes consultadas e a
adapta~ao das informa~6es obtidas a narrativa cinematografica.
Mulher Solta, Mulher Louca, numa evidente afinidade com conceitos e
metodologia de trabalho dos micro-historiadores, resgata a trajet6ria, na virada do
seculo, dessa imigrante italiana, esposa e mae de seis filhos, amante e assassina de
Ambrosio 0'A lessio, seu patricio e empreiteiro-de-obras do arquiteto Ramos de
Azevedo.
vi
SUMMARY
This essay inseres itself in the development of new technologies in
comunication and information. Due to the supposed democratization of
knowledge proclaimed inherent to chips, cable and parabolic antenas, Mulher
Solta, Mulher Louca is based in the necessity of recognizing history and within it
the history of every human being so that he can exercise his citizenship
thoroughly.
Against the myth that only a few priviledged people have the capacity to
become knowledgeable of history, this tesis was elaborated in the sense of making
better use of the interdisciplinary activity putting together movie maker and
historian in order to obtain a historic film that contemplates the necessities and
expectancies of both areas and also to increase it's range when reaching the
mo,·ie, video and television viewers.
This work introduces the difficulties that a part of many historians have in
accepting the cinematographic language as a reliable instrument to re-establish
history although the development of the movies is historically associated to the
search of knowledge.
The metodology used in order to reflect about the making of this
historical film involves the elaboration of a cinematographic argument, based on
the research and reconstitution of !daria Venuto's life history as well as the
discussion about this process, in relation to the options made - the fictional genre
and theme - consulted sources and the adaptation of the information obtained to
the cinematographic narrative.
Mulher Solta, Mulher Louca in evident affinity with the concepts and
working methodology of micro-historians, brings forth the life story, in the turn
of the century, of this italian immigrant, wife and mother of six children, mistress
and assassin of Ambrosio D'Aiessio, her countryman and building contractor of
architect Ramos de Azevedo.
vii
SUMARIO
Agradecimentos .............................................................................................. iv
Resumo ........................................................................................................... v
Summary ........................................................................................................ vi
Lista de figuras .............................................................................................. viii
Lista de anexos ................................................................................................ ix
Prefacio ........................................................................................................... 01
Introdu~ao ...................................................................................................... 04
Capitulo 1: Atra~ao e conflito entre cinema e hist6ria ...................................... 14
1.1. Cinema: esse plebeu sedutor ..................................................................... .lS
1.2. 0 Cinema na berlinda .............................................................................. 24
1.3. Cinema e micro·hist6ria: urn universo de possibilidades ............................. 37
Capitulo 2: 0 percurso metodol6gico e as pedras do caminho ........................... .43
Diario de trabalho .......................................................................................... .44
2.1. Papeis, papcis, papeis ................................................................................ .46
2.2. A constru,ao da narrativa ......................................................................... 75
Capitulo 3: 0 argumento cinematografico .................................................... 105
3.1. Sinopse ................................................................................................... l08
3.2. Argumento ............................................................................................. l09
Considera,oes finais ....................................................................................... 157
Anexos ......................................................................................................... 159
Bibliografia .................................................................................................... 177
viii
LIST A DE FIGURAS
Figura 1. ................................................................................................................... 53
Carta em que o pai de Idalina Amorim de Goes - 25 anos, branca, solteira, natural de
Botucatu, internada no dia 24 de janeiro de 1906 e safda curada no dia 20 de agosto do
mesmo ano - exp6e ao Dr. Franco da Rocha o que julga serem os motivos de sua
molestia.
Figura 2. ................................................................................................................... 54
"Briznas". Poemas de autoria de Luiz Lopera Berrfo, colombiano, branco, solteiro, sem
profissao, procedente de Santos e internado no dia 17 de agosto de 1913, aos 40 anos.
Sem registro de alta ou obi to.
Figura 3 .................................................................................................................... 55
Carta do imerno Luiz Lopera Berrfo ao Dr. Franco da Rocha em que se queixa da sua
injusta reclusao ao Hospfcio e solicita que !he seja servida alimenta~ao "completa".
Description:conjugaes" e "temperamento erotica", entre outras. Trabalhar em torno de urn tema previamente abordado por urn historiador criava, ainda 59 Lena Medeiros de MENEZES. Os estrangeiros e o conu!rcio do prazer nas nms do Rio de Janeiro. (1890-1930). Rio de Janeiro, Arquivo Nacional. 1992.