Table Of Content1ª edição
São Paulo | Rio de Janeiro
2015
copyright© 2014 by Betty Mindlin
1ª edição Editora Rosa dos Tempos – 1997
1ª edição Paz e Terra – 2014
Direitos de edição da obra em língua portuguesa no Brasil adquiridos pela EDITORA PAZ E TERRA.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de
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etc., sem a permissão do detentor do copyright.
Criação de layout e diagramação do encarte: Diana Mindlin
Imagens do encarte: Acervo de Emil Heinrich Snethlage e Franz Caspar Editora Paz e Terra Ltda.
Rua do Paraíso, 139, 10º andar, conjunto 101 − Paraíso
São Paulo, SP − 04103000
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Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Mindlin, Betty, 1942-
M616m
Moqueca de maridos [recurso eletrônico]: mitos eróticos indígenas / Betty Mindlin. - 1. ed. -
São Paulo: Paz e Terra, 2015.
recurso digital
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions Modo de acesso: world wide web
sumário, introdução, nota, referências, glossário ISBN 978-85-7753-327-5 (recurso
eletrônico) 1. Índios da América do Brasil - Lendas. 2. Livros eletrônicos. I. Título.
15-21620
CDD: 980.41
CDU: 94(=87)(81)
Produzido no Brasil
2015
A Abobai Paturi Djeoromitxí, Aroteri Teresa Makurap, Biweiniká Atiré
Makurap, Buraini Andere Makurap, Erowé Alonso Djeoromitxí, Etxowe Etelvina
Tupari, Galib Pororoca Gurib Wajuru, Iaxuí Mutum Makurap, Iniká Isabel
Makurap, Kubahi Raimundo Djeoromitxí, Moam Luis Tupari e Überiká Sapé
Makurap, com imensa saudade: doze grandes narradores falecidos entre 1997 e
2013. Suas vozes gravadas ainda podem ser ouvidas; metamorfoseadas em letras,
constam desta nova edição.
A Emil Heinrich Snethlage e a Franz Caspar (in memoriam), que conviveram
com os pais e avós dos narradores deste livro, e nos legaram um belíssimo acervo
de fotos, música, arte e pesquisas sobre povos então desconhecidos.
Agradecimentos
Às famílias de Emil Snethlage e de Franz Caspar, que com grande generosidade
abriram seu acervo de fotos e documentos em grande parte inéditos e os puseram
à disposição para publicar neste livro, no qual foi possível reproduzir 37. É
imperioso publicar toda a obra destes dois grandes pesquisadores, tanto na
língua original, o alemão, como em português.
A Gleice Meire, que vem se dedicando a estudar esses dois grandes etnólogos,
e a divulgar seu patrimônio; a ela devo o contato com ambas as famílias, e a
descoberta dos arquivos que foram preservados. Gleice, com seu marido Tanúzio
de Oliveira, acompanhou Franz Caspar Filho à Terra Indígena Rio Branco, para
que este pudesse conhecer os povos que seu pai fotografou em 1948 e 1955; e no
trajeto inverso, promoveu uma viagem de representantes das terras indígenas do
Rio Branco e do Guaporé à Europa em 2009, para conhecer museus da Suíça e da
Alemanha, que guardam gravações musicais, fotos e objetos de cultura material
de seus antepassados.
Não sigo o caminho dos antigos
Busco o que eles buscaram.
Bashô
As fotos do livro
As fotos do livro pertencem aos acervos de Emil Heinrich Snethlage e Franz
Caspar. Foram preparadas em alta resolução por Gleice Meire, curadora de
ambos no Brasil, que vem há anos se dedicando a apoiar a sua preservação e
publicação.
Ornitólogo e etnólogo, Emil Heinrich Snethlage (1897-1939) fez pesquisa no
Nordeste do Brasil entre 1923 e 1926. Entre 1933 e 1935 voltou ao país, desta vez
ao Guaporé, como pesquisador do Museu Etnográfico de Berlim. O resultado foi
uma extensa documentação, quase toda ainda inédita, sobre a vida material e
cultural de 13 povos, entre os quais os seis deste livro — Arikapú, Aruá,
Djeoromitxí, Makurap, Tupari e Wajuru. Escreveu um diário de campo ainda
por publicar, com mais de mil páginas manuscritas. Descreveu em profundidade
línguas, cultura, parentesco, economia e sociedade, colecionou para o museu
objetos de arte e produção material, fez fotografias, um filme e registros de
música. O acervo material está hoje no Museu Etnográfico de Berlim, e os
diários, fotos e filme continuam com a família. Toda essa obra teria desaparecido
no trágico período do nazismo — pois morreu moço, em 1939 — não fosse a
heroica dedicação de sua viúva ao trabalho de preservar o acervo e transcrever os
textos.
Franz Caspar, antropólogo (1916-1977), viveu em 1948 por nove meses com
os Tupari de Rondônia, quando estes estavam nos primeiros anos de contato
com a sociedade não indígena. Voltou em 1955, denunciou ao SPI e a
autoridades brasileiras o drama da epidemia de sarampo e gripes que dizimaram
os índios da região e protestou contra o regime de barracão que escravizava os
povos indígenas em suas próprias terras, superposto o papel do agente do SPI ao
de capataz dos seringais invasores.
A resposta ao seu clamor foi ser impedido de continuar a pesquisa. Seu livro
Die Tupari, publicado em alemão em 1975 e inédito em português, é um modelo
de trabalho antropológico, exibindo profundidade em um leque amplo de temas
da vida indígena, com dados ainda úteis sobre população, nomes, com fotos e
descrição nas quais os sobreviventes de hoje se reconhecem e comentam. Seu
acervo está disperso: parte no Museu das Culturas da Basileia (Museum der
Kulturen Basel), parte no Museu Etnológico de Hamburgo (Museum für
Völkerkunde Hamburg), outra ainda em Hannover e o restante com a família.
Os Tupari tomaram conhecimento do livro em 1984.
Sumário
Narradores e tradutores
Introdução
Nota sobre a grafia dos nomes dos narradores e dos povos
Parte 1
MAKURAP (MACURAP)
As mulheres do arco-íris, Botxatoniã
O amante Txopokod e a menina do pinguelo gigante
Akaké, um noivo de três pinguelos
Atrás de festa e de marido
Caminho sem volta
Um marido dono de chicha de xixi
O roubo do pilão e a irmã dos ventos
A sobrinha virada em taboca
Um marido com mais do que é preciso
Muitas redes do amor
Os passarinhos de criação
A cantiga koman ou moqueca de maridos
A dona da música, dos sapinhos e do jenipapo
Moqueca de maridos
A dança macabra
A vingança
Os homens sem mulheres
O outro começo do mundo e a cantiga Koman das mulheres
As mulheres sem homens, as amazonas, as kaledjaa-ipeb, mulheres-pretas
Description:Desejo, amor, satisfações e proibições são aspectos do erotismo que permeiam nossa cultura e que podem ser encontrados também nas histórias dos povos Makurap, Tupari, Wajuru, Djeoromitxi, Arikapú e Aruá compiladas em Moquecas de maridos. No entanto, de uma forma bem diferente daquilo que co