Table Of ContentUniversidade de Brasília – UnB
Instituto de Letras
Departamento de Teoria Literária e Literaturas – TEL
Programa de Pós-Graduação em Literatura
Tese de Doutorado em Literatura e Práticas Sociais
TESE DE DOUTORADO
BELEZA E AMBIGUIDADE:
Os Discursos dos Prêmios Nobel da Literatura Japonesa e seus Autores
Donatella Natili
Orientador: Prof. Dr. Rogério da Silva Lima
Brasília-DF
Junho – 2012
Universidade de Brasília
Instituto de Letras
Departamento de Teoria Literária e Literaturas
Programa de Pós-Graduação em Literatura
Tese de Doutorado em Literatura e Práticas Sociais
BELEZA E AMBIGUIDADE:
Os Discursos dos Prêmios Nobel da Literatura Japonesa e seus Autores
Donatella Natili
Tese de Doutorado em Literatura e
Práticas Sociais, apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em
Literatura do Departamento de Teoria
Literária e Literaturas, do Instituto de
Letras, da Universidade de Brasília
como requisito parcial para obtenção do
título de Doutor em Literatura.
Orientador: Prof. Dr. Rogério da Silva Lima
Brasília-DF
Junho - 2012
TESE DE DOUTORADO
NATILI, Donatella. Beleza e ambiguidade: Os
discursos dos Prêmios Nobel da Literatura
Japonesa e seus autores. Tese de Doutorado
em Literatura e Práticas Sociais. Departamento
de Teoria Literária e Literaturas. Instituto de
Letras. Brasília: Universidade de Brasília,
2012. 219 fl.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. Rogério da Silva Lima (TEL/IL/UnB)
(Presidente)
______________________________________________
Prof. Dr. Wilton Barroso Filho (FIL/ICH/UnB)
(Membro Externo)
______________________________________________
Profa. Dra. Tae Suzuki (LET/IL/UnB)
(Membro Externo)
_____________________________________________
Prof. Dr. Ronan Alves Pereira (LET/IL/UnB)
(Membro Externo)
_____________________________________________
Prof. Dr. João Vianney Cavalcante Nuto (TEL/IL/UnB)
(Membro Interno)
______________________________________________
Prof. Dr. Ronaldo Costa Fernandes (Biblioteca Nacional)
(Membro Suplente)
A Marco e a nossos filhos maravilhosos,
com amor.
Não olho amorosamente para uma essência
oriental, o Oriente me é indiferente. Ele
apenas me fornece uma reserva de traços
cuja manipulação, o jogo inventado, me
permite “afagar” a ideia de um sistema
simbólico inédito, inteiramente desligado do
nosso.
Roland Barthes, O Império dos Signos.
AGRADECIMENTOS
Chegando ao final de rico percurso acadêmico e de muitas travessias
na vida pessoal, são numerosas as pessoas que desejo agradecer e sem as quais
este trabalho não teria sido realizado.
Primeiramente, agradeço a meu orientador Rogério Lima, pelo
constante incentivo, pelos nossos diálogos instigantes e por todo o tempo que me
dedicou, sempre com disponibilidade, bom humor e carinho.
Um agradecimento especial vai também ao professor da Universidade
de Napoli Giorgio Amitrano, meu co-orientador e amigo de sempre, a quem devo
muitas das indicações bibliográficas de literatura japonesa, e a inspiração, tanto na
pesquisa como na vida profissional.
Aos professores doutores João Vianney Cavalcante Nuto, Ronaldo
Costa Fernandes, Ronan Alves Pereira, Tae Suzuki, e Wilton Barroso Filho,
membros da banca examinadora, que gentilmente se dispuseram a ler esta tese,
honrando-nos com sua presença e certamente valorizando o trabalho com a
apresentação de comentários e sugestões.
A meus pais, Lina e Marcello, que já se foram e nunca me deixaram,
com seu exemplo de amor e dedicação à família.
A meus filhos Federico, Niccolas e Andrea, por todo o amor que me
dispensaram a cada dia desta caminhada, pelo sentido que dão à minha vida e,
sobretudo, pela compreensão nas longas horas de ausência.
A meu marido Marco, que admiro profundamente pela sua grandeza,
pelo amor, pela cumplicidade e por tudo que construímos juntos em duas décadas
de vida comum.
A meu irmão Daniele, pelo carinho constante.
A meus sogros, Maria e José Farani, minha maravilhosa casa
brasileira.
Aos meus colegas do Departamento de Teoria Literária, sempre
curiosos e dispostos, que me acolheram com muita alegria.
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Ao professor André Gomes, coordenador de pós-graduação, pela
paciência, compreensão e amizade.
À área de japonês do LET, em particular, o professor Ronan Pereira e
a professora Tae Suzuki, pelo estímulo constante e a colaboração preciosa.
A Sugamoto Yasuyuki e Fabio Rambelli, pelos conselhos e afeto.
Ao professor Matsushita Matsuhiro, da Universidade Meiji de Tóquío,
pela generosidade e disponibilidade em enviar todos os textos em japonês deste
trabalho, que seriam de difícil aquisição no Brasil.
Às professoras Maria Teresa Orsi e Kazuko Nakayama, minhas
mestras.
A Ana Márcia, da Biblioteca da Fundação Japão de São Paulo, pela
competência e pela ajuda.
Aos funcionários da Secretaria do Departamento, pela disponibilidade
e ajuda preciosa, com consideração e carinho.
A minha amiga Gislene Barral, indispensável, competente e carinhosa,
um milagre na minha vida.
A Laura, minha irmã de coração.
A todos os amigos que estiveram ao meu lado durante esta jornada,
enriquecendo minha vida com alegria e me dando apoio.
RESUMO
O Prêmio Nobel, conferido pela primeira vez ao Japão em 1968, com a escolha de
Kawabata Yasunari, representou para a literatura japonesa um marco entre um
passado de marginalidade cultural, de um Japão considerado “periférico” e
“exótico” em relação à Europa e Américas, e um presente de inserção e integração
em nível internacional. Considerando que o Nobel existia há 67 anos, tratava-se
de um prêmio tardio para uma literatura de extraordinária riqueza como a
japonesa, mas, ao mesmo tempo, era o reconhecimento de o Japão pertencer ao
mundo da cultura, e por esta razão, assumiu um significado simbólico muito além
do real prestígio do Prêmio. Quando, em 1994, o Prêmio Nobel é conferido
também a Ōe Kenzaburō, delineia-se uma situação na qual os dois únicos autores
premiados, também testemunhas dos dois únicos momentos em que a literatura (e
a cultura) japonesa destaca-se em uma premiação internacional, tornam-se pontos
de referência pelo fato de representar realidades e visões culturais diferentes, às
vezes antitéticas, irrenunciáveis para a formação da identidade da literatura
japonesa (uma formação provocada pelo contato com o “Outro”). Uma
comparação entre os dois autores foi inevitável, como o mesmo Ōe tem
demonstrado, quando escolheu fazer um discurso em que polemizava com
Kawabata... É um caso único da história do Nobel que contrapõe duas
Weltanshauung muito diferentes: a Beleza versus Ambiguidade, a Evasão na
tradição contra a Ruptura dos paradigmas culturais. Estes são os temas sobre os
quais este trabalho propõe-se a refletir.
Palavras-chave: Literatura Japonesa; Ōe Kenzaburō; Kawabata Yasunari; Prêmio
Nobel; Beleza: Ambiguidade: Modernidade; Orientalismo; Universalismo.
ABSTRACT
The Nobel Prize, first awarded in 1968 to Japan, with the choice of Kawabata
Yasunari, represented, for Japanese literature, a landmark between a background
of cultural marginality – a Japan considered a “peripheral” and “exotic” in relation
to Europe and the Americas – and a present of insertion and integration at an
international level. Whereas as the Nobel existed for sixty-seven years, it was a
prize for a later literature of extraordinary richness as the Japanese, but at the
same time, it was the recognition for Japan to belong to the world of culture, and
for this reason assumed a symbolic significance far beyond the real prestige of the
award. When, in 1994, the Nobel Prize was also awarded to Ōe Kenzaburō, it
outlined a situation in which the only two winning authors – also witnesses of the
only two times in the literature (and culture) Japanese stands out in an
international award – become reference points for the fact of representing
different cultural realities and visions, sometimes antithetical, indispensable to the
formation of the identity of the Japanese literature (a formation caused by contact
with the “Other”). A comparison between the two authors was inevitable, as the
same Ōe has shown, when he chose to make a speech in which he polemicized
with Kawabata... It is a unique case in the history of Nobel which contrasts two
very different Weltanshauung: Beauty versus Ambiguity, Evasion in the tradition
against Rupture of cultural paradigms. These are the themes on which this thesis
proposes to reflect.
KEYWORDS: Japanese Literature; Ōe Kenzaburō; Kawabata Yasunari; Nobel
Prize; Beauty: Ambiguity: Modernity; Orientalism; Universalism.
SUMÁRIO
Introdução ............................................................................................................. 12
Capítulo 1 O Romance Moderno no Japão ........................................................... 27
1.1 Definições ................................................................................................... 27
1.2 O início da Modernidade ............................................................................. 31
1.3 Modernidade e romance .............................................................................. 32
1.4 Os primeiros experimentos literários .......................................................... 35
1.5 O retorno ao Japão ...................................................................................... 36
1.6 O shishōsetsu ............................................................................................... 38
1.7 A Época Taishō ........................................................................................... 40
1.8 A literatura proletária .................................................................................. 42
1.9 A literatura feminina ................................................................................... 43
1.10 O nacionalismo na literatura ..................................................................... 46
1.11 A literatura do pós-guerra ......................................................................... 47
1.12 A literatura da globalização ...................................................................... 49
1.13 As últimas tendências ................................................................................ 53
Capítulo 2 Kawabata Yasunari: a beleza entre a tradição e a modernidade ......... 57
Capítulo 3 Ōe Kenzaburō e a ambiguidade de um país em crise .......................... 77
Capítulo 4 Os discursos ......................................................................................... 99
4.1 A Beleza do Japão e Eu, de Kawabata Yasunari ........................................ 99
4.2 A Ambiguidade do Japão e Eu, de Ōe Kenzaburō .................................... 113
Capítulo 5 Crítica aos discursos .......................................................................... 123
5.1 A Beleza e a Ambiguidade ........................................................................ 129
Conclusão ............................................................................................................ 153
Referências .......................................................................................................... 157
Obras literárias ................................................................................................ 157
Apêndice 1 – A Beleza do Japão e Eu, de Kawabata Yasunari (美しい日本の私
Utsukushii Nihon to Watakushi) ......................................................................... 167
Apêndice 2 – A Ambiguidade do Japão e Eu, de Ōe Kenzaburō (あいまいな日本
と私Aimaina Nihon to Watakushi) ................................................................. 185
Description:verdadeiros exercícios literários, esses textos representam o ponto de partida mais apropriado para se aproximar sistema, encontra-se grande parte das experiências que tem constituído o ponto de partida da sua produção Kenzaburo ŌE: Laughing Prophet and Soulful Healer. Disponível em