Table Of ContentDADOS DE ODINRIGHT
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"Quando o mundo estiver unido na busca do
conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e
poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a
um novo nível."
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Para Camille.
E para nossos filhos, Joseph e Nathaniel,
que procuram seu próprio novo mundo.
“Descobri algo que nunca soube: que
meu mundo não era o mundo real.”
ROBERT F. KENNEDY, 1968
Nota do autor
Existem muitos bons livros sobre a presidência de Kennedy
e seu final violento, e aprendi muito com todos eles. Mas
este livro não procura refazer o habitual percurso das
memórias, histórias e biografias de Kennedy, nem resgatar
velhas discussões sobre seu assassinato. Em vez disso,
analisa esse breve, porém dramático, trecho da história
norte-americana através dos olhos de Robert Kennedy e dos
homens em torno dos dois irmãos, a quem eles também
consideravam como tal. Bobby Kennedy foi o parceiro
dedicado do presidente e o maior policial da nação. Durante
muito tempo, o fato de ele aparentemente não ter
investigado a chocante morte de seu irmão, em 22 de
novembro de 1963, permaneceu um mistério. Procurei
entender esse duradouro enigma não apenas mergulhando
nos estudos sobre Kennedy, como também por meio de
documentos governamentais recentemente divulgados e,
mais importante, revivendo esses anos com os “irmãos de
armas” dos Kennedy, como os chamava Bobby — os
vínculos vivos para a Nova Fronteira —, antes que essa
geração política desaparecesse totalmente.
O que descobri foi que Robert Kennedy não se entregou à
teoria do atirador solitário, a versão oficial sobre a morte de
seu irmão. Pelo contrário, suspeitou imediatamente que o
presidente tivesse sido vítima de uma poderosa
conspiração. E passou o resto de sua vida procurando em
segredo a verdade sobre o assassinato de seu irmão. Este
livro não somente foca a busca secreta de Robert Kennedy,
como também a explicação de por que ele teve esse
sombrio entendimento da morte de JFK.
Poucos homens da geração de Robert Kennedy sabiam
tanto sobre o lado obscuro do poder norte-americano
quanto ele. Olhar para a tumultuosa presidência de
Kennedy, com seu desfecho estarrecedor, através de seus
olhos, torna-se um exercício elucidativo. Enquanto eu
finalizava este livro, descobri outra evidência sobre o
assassinato do presidente Kennedy que sugeria que as
suspeitas de Bobby sobre Dallas eram fundamentadas.
Essas revelações finais levaram a narrativa do livro a uma
conclusão surpreendente.
Robert Kennedy entendeu que a justiça era uma batalha
sem fim. As investigações sobre os assassinatos dos dois
irmãos nunca tiveram a atenção minuciosa e profunda que
merecem. Contudo, seguir os passos do próprio RFK
constitui um ótimo ponto de partida.
Eu tinha dezesseis anos e trabalhava como voluntário na
campanha de Robert Kennedy na noite em que ele foi
assassinado, em Los Angeles. Logo me dei conta de que
esse assassinato, em seguida ao de seu irmão e ao de
Martin Luther King Jr., havia irremediavelmente ferido os
Estados Unidos. E esse sentimento nunca me abandonou ao
longo de todos os anos seguintes. Para mim, perseguir
obstinadamente a história oculta dos anos Kennedy se
tornou uma tentativa de descobrir onde meu país havia
perdido seu rumo, e talvez de restaurar a esperança e a fé
que eu mesmo perdi como jovem americano que cresceu
nos anos 1960.
1
22 de novembro de 1963
Como todos os americanos que viveram esse dia, Robert F.
Kennedy nunca esqueceu como soube que seu irmão havia
sido morto a tiros. O procurador-geral, que acabara de
completar 38 anos, estava almoçando — sopa de mariscos e
sanduíches de atum — com o promotor público Robert
Morgenthau e seu assistente na beira da piscina de Hickory
Hill, sua mansão da época da Guerra Civil situada em
McLean, Virgínia, nos arredores da capital. Era um perfeito
dia de outono — aquela tarde de sexta-feira clara e
luminosa que anuncia um fim de semana promissor —, e o
gramado verdejante do ondulado terreno flamejava de
folhas douradas e vermelhas caídas de nogueiras, bordos e
carvalhos que, como sentinelas, vigiavam a propriedade.
Kennedy acabara de nadar na piscina e, enquanto
conversava e almoçava com seus convidados, seu calção de
banho ainda estava pingando.
Por volta das 13h45, o telefone que ficava na outra ponta
da piscina tocou. Ethel, a esposa de Robert Kennedy,
atendeu e levou o aparelho até ele. A ligação era de J. Edgar
Hoover. Bobby soube de imediato que algo extraordinário
havia acontecido. O diretor do FBI nunca lhe telefonava em
casa. Os dois homens se tratavam com tensa cautela e
sabiam que essa relação mudaria apenas quando um deles
deixasse seu cargo. Cada um representava para o outro o
que havia de errado na América. “Tenho notícias para você”,
disse Hoover. “Alguém atirou no presidente.” A voz de
Hoover era direta e prosaica. Kennedy nunca esqueceria as
palavras do chefe do FBI, tampouco seu tom frio.
Para os Estados Unidos, “a história se rompeu” no dia 22
de novembro de 1963, como anos depois observaria o
dramaturgo Tony Kushner. Mas o abismo que se abriu para
Bobby Kennedy naquele momento era ainda mais profundo.
Para piorar, havia sido Hoover quem lhe trouxera a notícia
do apocalipse. “Acho que ele teve certo prazer em me
informar”, lembraria mais tarde Robert.
Vinte minutos depois, Hoover telefonou de novo para dar o
golpe fatal: “O presidente está morto”, disse ele, desligando
abruptamente. Kennedy se lembraria de que sua voz estava
estranhamente límpida — não tão excitada quanto estaria
se ele tivesse descoberto um comunista no edifício da
Howard University.
As abruptas ligações telefônicas de Hoover confirmavam
que a “perfeita comunhão” entre os dois irmãos, como
Anthony Lewis, do New York Times, descrevera o vínculo
entre o presidente John Kennedy e Robert Kennedy — uma
relação fraternal sem precedente na história da presidência
—, era algo passado. Mas elas também mostravam
claramente que Bobby sofrera outro tipo de morte. Seu
poder de procurador-geral imediatamente começou a
evanescer, ao ponto de o diretor do FBI já não se sentir mais
obrigado a mostrar deferência, nem mesmo uma natural
piedade humana, para com seu superior no Departamento
de Justiça.
Durante o resto do dia e à noite, Bobby Kennedy lutaria
contra seu profundo pesar — chorando, ou tentando não
chorar, já que esse era o jeito Kennedy —, enquanto fazia
valer o que lhe restava de poder, antes que a nova
administração se instalasse firmemente em seu lugar, e
buscava entender o que de fato havia acontecido em Dallas.
Não saía do telefone de Hickory Hill; encontrou-se com uma
sucessão de pessoas enquanto esperava que o Air Force
One trouxesse o corpo de seu irmão, junto com a viúva e o
novo presidente; acompanhou os restos mortais de John até
o Bethesda Naval Hospital para a autópsia; e se recolheu na
Casa Branca, onde ficou acordado até o amanhecer do dia
seguinte. Aceso pela claridade do choque, pela eletricidade
da adrenalina, esboçou uma teoria para o crime.
A partir das ligações telefônicas e conversações daquele
dia — e durante a semana seguinte —, é possível traçar o
percurso que Robert Kennedy seguiu para tentar desvendar
o mistério. “Com seu cérebro incrível, digno de um
computador, ele juntou todas as peças naquela tarde de 22
de novembro”, constatou o jornalista Jack Newfield, seu
amigo.
A busca de RFK pela verdade sobre o crime do século foi,
durante muito tempo, uma história não contada. Mas está
profundamente carregada de significado histórico. A
odisseia investigativa de Bobby — que começou com
frenético ardor logo após o assassinato de seu irmão, e
então prosseguiu secreta e intermitentemente até sua
própria morte, menos de cinco anos depois — não teve êxito
em conseguir levar o caso a julgamento. Mas Robert
Kennedy era uma figura central desse drama — não
somente na qualidade de procurador-geral e segunda
autoridade mais poderosa da administração Kennedy, mas
também como emissário principal de JFK no lado sombrio do
poder americano. E sua caçada à verdade lançava uma luz
fria e brilhante sobre as forças que ele suspeitava estarem