Table Of ContentSérie monográfica Qualidade
Controle Estatístico do Processo
Cartas de Controle para Variáveis, Cartas de Controle para
Atributos, Função de Perda Quadrática, Análise de
Sistemas de Medição
José Luis Duarte Ribeiro & Carla Schwengber ten Caten
Publicado por
FEENG/UFRGS – Fundação Empresa Escola de Engenharia da UFRGS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Escola de Engenharia
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção
Porto Alegre, RS
2012
Catalogação-na-publicação(CIP). UFRGS. Escola de Engenharia. Biblioteca
José Luís Duarte Ribeiro e Carla Shwengber ten Caten.
Porto Alegre: FEENG/UFRGS, 2012. 172p. (Série Monográfica Qualidade)
ISBN 85-88085-10-0
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escola de Engenharia. Programa
de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. III. Título. IV. Série CDU-
519.2
2012 by José Luis Duarte Ribeiro & Carla Schwengber ten Caten
Direitos em língua portuguesa para o Brasil adquiridos por
FEENG – Fundação Empresa Escola de Engenharia da UFRGS
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Escola de Engenharia
Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção
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Projeto Gráfico
Lia Buarque de Macedo Guimarães
Editoração Eletrônica
Andréia Fabiane Nahra Leal
Fabíolla Granata
Gustavo Schroeder
Ilustração da Capa
Antônio Bandeira, Composição, 1952
aquarela e nanquim s/ papel 22,5 X 30 cm
Coleção Particular
Nenhuma parte deste material deve ser reproduzida de nenhuma forma sem a
autorização por escrito dos autores
Controle Estatístico do Processo
Introdução ao Controle Estatístico do Processo ................................................................ 5
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................... 5
DEFINIÇÃO DO CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO ................................................... 5
Objetivos do controle estatístico do processo .............................................................................. 6
Origens históricas das cartas de controle ..................................................................................... 6
Sistema de controle do processo ................................................................................................. 7
Variabilidade: causas comuns e causas especiais ....................................................................... 9
DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADE ...................................................................................... 11
Tipos de distribuição de Probabilidade ....................................................................................... 11
Análise das cartas de controle ................................................................................................... 12
Inspeção versus controle estatístico do processo ...................................................................... 17
Planejamento da implantação .................................................................................................... 18
Cartas de Controle para Variáveis ................................................................................. 30
Introdução às cartas de variáveis ............................................................................................... 30
Cartas de controle para a média ................................................................................................ 38
Carta de controle para o desvio-padrão ..................................................................................... 67
Carta de controle para a mediana (~x ) e amplitude (R) .............................................................. 70
Carta de controle para valores individuais .................................................................................. 73
Cartas de controle para médias móveis ..................................................................................... 77
Escolha do tipo de carta de controle .......................................................................................... 79
Exercícios .................................................................................................................................. 80
Carta de Controle para Atributos ................................................................................... 85
Importância das cartas de controle de atributos ......................................................................... 85
Carta p para fração de não-conformes ..................................................................................... 86
Carta np para número de não- -conformes ................................................................ 90
Carta c para número de não- -conformidades ........................................................ 92
Carta u para número de não-conformidades por unidade ........................................................ 94
Escolha do tipo de carta de controle .......................................................................................... 98
Exercícios .................................................................................................................................. 98
A Função de Perda Quadrática .................................................................................... 102
Abordagem Tradicional x Abordagem de Taguchi .................................................................. 102
A Função de Perda e o Controle do Processo ......................................................................... 102
Determinação do coeficiente de perda ..................................................................................... 104
Vantagens da função de perda ................................................................................................ 104
Cálculo da perda para um lote de produtos .............................................................................. 104
Análise dos problemas de qualidade ........................................................................................ 105
Tipos de características de qualidade ...................................................................................... 106
A função de perda para Maior-é-melhor .................................................................................. 106
A função de perda para menor-é- -melhor .............................................................. 107
Aplicações da função de perda ................................................................................................ 109
Uso da função de perda na definição de tolerâncias ................................................................ 110
Exercícios ................................................................................................................................ 111
Exercício Final ......................................................................................................................... 113
Análise de Sistemas de Medição ................................................................................. 115
Introdução ................................................................................................................................ 115
Categorias de dados e discriminação ....................................................................................... 115
Estabilidade ............................................................................................................................. 116
Precisão x exatidão .................................................................................................................. 119
TendÊncia ................................................................................................................................ 119
Exercício 68 ............................................................................................................................. 120
Linearidade .............................................................................................................................. 121
Exercício 69 ............................................................................................................................. 123
Exercício 70 ............................................................................................................................. 123
Reprodutibilidade ..................................................................................................................... 125
R&R - sistema de medição ....................................................................................................... 126
Variação peça-a-peça .............................................................................................................. 126
Estudos de R&R....................................................................................................................... 128
O método da amplitude (estudo rápido de R&R) ...................................................................... 128
Método da média e amplitude (estudo formal de R&R) ............................................................ 129
O método da análise de variância ............................................................................................ 133
Estudos incluindo a variação própria da peça .......................................................................... 137
Uso da ANOVA no estudo da variação própria da peça ........................................................... 141
Sistemas de medição de atributos ........................................................................................... 145
Exercícios ................................................................................................................................ 147
Seis Sigma ..................................................................................................................... 149
Introdução ................................................................................................................................ 149
A Motorola e o Seis Sigma ....................................................................................................... 150
EMPRESAS QUE ADOTARAM O SEIS SIGMA ...................................................................... 151
A MEDIDA SEIS SIGMA .......................................................................................................... 151
os agentes do seis sigma ......................................................................................................... 154
Etapa Analisar .......................................................................................................................... 159
Etapa Melhorar ........................................................................................................................ 159
Etapa Controlar ........................................................................................................................ 160
O MÉTODO DMAIC E O PDCA ............................................................................................... 161
Características do Seis Sigma ................................................................................................. 161
Programa de treinamento ......................................................................................................... 162
Bibliografia ..................................................................................................................... 164
1
Introdução ao Controle Estatístico
do Processo
José Luis Duarte Ribeiro
Carla ten Caten
CONSIDERAÇÕES De acordo com a definição de Taguchi, um produto ou serviço de
INICIAIS qualidade é aquele que atende perfeitamente às especificações, atingindo o
valor alvo com a menor variabilidade possível em torno dele.
Cada produto possui um número de elementos que, em conjunto,
descrevem sua adequação ao uso. Esses elementos são freqüentemente
chamados características da qualidade ou indicadores de desempenho.
Segundo Montgomery (1985), essas características podem ser de diversos
tipos: físicas, tais como comprimento, peso, voltagem e viscosidade;
sensoriais, como gosto, aparência e cor; ou de orientação temporal, como
confiabilidade, manutenção, utilidade e durabilidade.
O controle estatístico do processo (CEP) é uma técnica estatística aplicada
à produção que permite a redução sistemática da variabilidade nas
características da qualidade de interesse, contribuindo para a melhoria da
qualidade intrínseca, da produtividade, da confiabilidade e do custo do que
está sendo produzido.
DEFINIÇÃO DO O controle estatístico do processo é um sistema de inspeção por
CONTROLE amostragem, operando ao longo do processo, com o objetivo de verificar a
ESTATÍSTICO DO presença de causas especiais, ou seja, causas que não são naturais ao
processo e que podem prejudicar a qualidade do produto manufaturado.
PROCESSO
Uma vez identificadas as causas especiais, podemos atuar sobre elas,
melhorando continuamente os processos de produção e, por conseguinte, a
qualidade do produto final.
O CEP fornece uma radiografia do processo, identificando sua
variabilidade e possibilitando o controle dessa variabilidade ao longo do
tempo através da coleta de dados continuada, análise e bloqueio de
possíveis causas especiais que estejam tornando o sistema instável.
Num ambiente competitivo, o controle estatístico abre caminho para
melhorias contínuas, uma vez que garante um processo estável, previsível,
com uma identidade e capacidade definidas, cuja evolução pode ser
facilmente acompanhada.
6 1. Introdução ao Controle Estatístico do Processo
José Luis Duarte Ribeiro & Carla ten Caten/PPGEP-UFRGS
OBJETIVOS DO O principal objetivo do CEP é possibilitar um controle eficaz da
CONTROLE qualidade, feito pelo próprio operador em tempo real. Isso aumenta o
ESTATÍSTICO DO comprometimento do operador com a qualidade do que está sendo
produzido e libera a gerência para as tarefas de melhoria.
PROCESSO
O CEP possibilita o monitoramento das características de interesse,
assegurando que elas irão se manter dentro de limites preestabelecidos e
indicando quando devem ser tomadas ações de correção e melhoria. É
importante ressaltar a importância de se detectar os defeitos o mais cedo
possível, para evitar a adição de matéria-prima e mão-de-obra a um
produto defeituoso.
O CEP objetiva aumentar a capacidade dos processos, reduzindo refugo e
retrabalho, e, por conseqüência, o custo da má qualidade. Assim, ele
proporciona às empresas a base para melhorar a qualidade de produtos e
serviços e, simultaneamente, reduzir substancialmente o custo da má
qualidade.
ORIGENS HISTÓRICAS O controle da qualidade iniciou na década de 20, nos Estados Unidos,
DAS CARTAS DE como resultado de avanços na tecnologia de medição e da aplicação
CONTROLE industrial das cartas de controle, desenvolvidas pelo Dr. Walter A.
Shewhart, da empresa de telefonia Bell Telephone Laboratories.
O Dr. Walter Shewhart desenvolveu uma técnica simples mas poderosa
para fazer a distinção entre causas comuns e causas especiais: as cartas de
controle do processo.
Ele propôs o uso das cartas de controle para a análise dos dados
provenientes de amostragem, substituindo a mera detecção e correção de
produtos defeituosos pelo estudo e prevenção dos problemas relacionados
à qualidade, visando impedir que produtos defeituosos fossem produzidos.
Em seguida, o controle da qualidade foi também adotado na Inglaterra.
Em 1935, os trabalhos do estatístico E. S. Pearson foram utilizados como
base para os padrões normativos britânicos.
A Segunda guerra mundial foi decisiva para a aplicação do controle de
qualidade e da estatística moderna em um maior número de indústrias
americanas. Após a guerra, foi a vez do Japão adotar o controle estatístico
da qualidade, seguindo os padrões americanos.
A partir de 1954, com os seminários do engenheiro americano J. M.
Duran, os japoneses começaram a perceber que o controle da qualidade
dependia muito de fatores humanos e culturais. A partir dessa percepção,
foi desenvolvido um método japonês para o controle da qualidade, que
deu origem ao controle da qualidade total no estilo japonês, envolvendo a
participação de todos os setores e funcionários da empresa e que muito
contribuiu para que o Japão passasse a fabricar produtos da mais alta
qualidade.
Recentemente, vários países perceberam as vantagens do controle da
qualidade e um grande número de empresas em todo o mundo vêm
utilizando os métodos do controle da qualidade, com as adaptações
necessárias às suas situações específicas.
Controle Estatístico do Processo 7
1. Introdução ao Controle Estatístico do Processo
SISTEMA DE CONTROLE O controle da qualidade depende de quatro elementos fundamentais, que
DO PROCESSO constituem um sistema de controle do processo e que serão apresentados a
seguir.
O processo em si O processo em si é uma combinação de equipamentos, insumos, métodos,
procedimentos e pessoas, tendo como objetivo a fabricação de um bem ou
o fornecimento de um serviço (efeito).
Figura 1 –
Detalhamento das
fontes de
variabilidade no
Diagrama de
Causa e Efeito
O desempenho do processo depende da maneira como ele foi projetado e
construído e da maneira como ele é operado. O restante do sistema, que
será descrito na continuação, é útil na medida em que contribui para
melhorar o desempenho do processo.
8 1. Introdução ao Controle Estatístico do Processo
José Luis Duarte Ribeiro & Carla ten Caten/PPGEP-UFRGS
Figura 2 -
Diagrama de
Causa e Efeito
Informações sobre o As informações sobre o desempenho de um processo são obtidas a partir
processo do estudo cruzado dos itens a seguir: a) qualidade das características do
produto final, b) qualidade das características intermediárias e c) ajuste
dos parâmetros do processo.
As informações sobre o processo são úteis na medida em que alavancam
ações de melhoria. Se não se pretende agir sobre o processo, coletar
informações é inútil e dispendioso.
Ações sobre o processo A coleta de dados e as ações ao longo do processo são orientadas para o
futuro, pois permitem detectar o defeito assim que ele é gerado,
possibilitando a atuação sobre o processo no momento e local adequado.
Essas ações podem envolver: controle sobre as matérias primas; ajuste nos
parâmetros do processo; manutenção periódica; treinamento de
operadores, etc. Corrigindo-se o processo, evita-se que novas peças
defeituosas sejam produzidas.
Ações sobre o produto As inspeções sobre o produto final são orientadas para o passado, pois elas
final permitem apenas separar o produto conforme do produto não-conforme
(refugo) que pode eventualmente ser retrabalhado. As inspeções têm
algumas vantagens pois impedem que produtos defeituosos cheguem ao
cliente, mas não são uma forma eficiente de ação. Agir sobre o processo é
mais eficaz, pois impede que novas peças defeituosas sejam produzidas.
Controle Estatístico do Processo 9
1. Introdução ao Controle Estatístico do Processo
VARIABILIDADE: A variabilidade está sempre presente em qualquer processo produtivo,
CAUSAS COMUNS E independente de quão bem ele seja projetado e operado. Se compararmos
CAUSAS ESPECIAIS duas unidades quaisquer, produzidas pelo mesmo processo, elas jamais
serão exatamente idênticas.
Contudo, a diferença entre peças pode ser grande, provocando o apare-
cimento de produtos defeituosos, ou pode ser praticamente imperceptível.
Além disso, as fontes de variabilidade podem agir de forma diferente
sobre o processo. Conforme a fonte de variabilidade, o resultado pode ser:
a) pequenas diferenças peça-a-peça (habilidade do operador, diferenças na
matéria-prima etc.), b) alteração gradual no processo (desgaste de
ferramentas, temperatura do dia etc.) e c) alteração brusca no processo
(mudança de procedimento, queda de corrente, troca de set up etc.).
Para o gerenciamento do processo e redução da variabilidade, é
importante investigar as causas da variabilidade no processo. O primeiro
passo é distinguir entre causas comuns e causas especiais.
Deming (1986) explica que a confusão entre causas comuns e especiais
leva à maior variabilidade e a custos mais elevados. A atuação em causas
comuns como se fossem causas especiais pode levar a um aumento
indesejado da variação, além de representar um custo desnecessário.
Por outro lado, se causas especiais passarem despercebidas, elas podem
ser incorporadas ao resultado do processo, tornando aceitável o que
deveria ser rejeitado, além de se perder uma oportunidade de melhoria do
produto.
Causas comuns As causas comuns são as diversas fontes (causas) de variação que atuam
de forma aleatória no processo, gerando uma variabilidade inerente do
processo. Essa variabilidade representa o padrão natural do processo, pois
é resultante do efeito cumulativo de pequenas fontes de variabilidade
(causas) que acontecem diariamente, mesmo quando o processo está
trabalhando sob condições normais de operação.
Um processo que apresenta apenas as causas comuns atuando é dito um
processo estável ou sob controle, pois apresenta sempre a mesma
variabilidade ao longo do tempo.
Devido à variabilidade inerente do processo, as medidas individuais de
uma característica de qualidade são todas diferentes entre si, mas quando
agrupadas elas tendem a formar um certo padrão. Quando o processo é
estável, esse padrão pode ser descrito por uma distribuição de
probabilidade, como podemos ver na Figura 3.
Figura 3 - Distribuição de
probabilidade de um processo.
10 1. Introdução ao Controle Estatístico do Processo
José Luis Duarte Ribeiro & Carla ten Caten/PPGEP-UFRGS
Uma distribuição de probabilidade se caracteriza por três parâmetros,
como podemos visualizar na Figura 4.
- Parâmetro de localização: que representa a
tendência central dos dados. Ao lado
podem ser vistas duas distribuições com
parâmetros de localização diferentes
- Parâmetro de dispersão: que representa a
variabilidade dos dados em torno da
tendência central. Ao lado podem ser vistas
duas distribuições com parâmetros de
dispersão diferentes
- Parâmetro de forma: que representa a
forma da distribuição: simétrica, assimétrica,
uniforme, exponencial, etc.. Ao lado
podem ser vistas duas distribuições com
Figura 4 - Parâmetros de uma
parâmetros de forma diferentes
distribuição de probabilidade.
As causas comuns, em geral, só podem ser resolvidas por uma ação global
sobre o sistema, e muitas vezes a atuação sobre elas não se justifica
economicamente. Os operadores estão em boa posição para identificá-las,
mas a sua correção exige decisão gerencial. A correção pode não se
justificar economicamente.
Causas especiais As causas especiais são causas que não são pequenas e não seguem um
padrão aleatório (erros de set up, problemas nos equipamentos ou nas
ferramentas, um lote de matéria prima com características muito diferentes
etc.) e por isso também são chamadas de causas assinaláveis. São
consideradas falhas de operação. Elas fazem com que o processo saia fora
de seu padrão natural de operação, ou seja, provocam alterações na forma,
tendência central ou variabilidade das características de qualidade. Elas
reduzem significativamente o desempenho do processo e devem ser
identificadas e neutralizadas, pois sua correção se justifica
economicamente.
As causas especiais geralmente são corrigidas por ação local e, por isso,
são de responsabilidade dos operadores, apesar de algumas vezes a
gerência estar em melhor posição para resolver o problema.
Na Tabela 1, apresenta-se um resumo das causas comuns e especiais.
Description:investimentos em tempo, recursos e mudança na filosofia da empresa. Assim, a implantação do O uso da função de perda implica uma filosofia de melhoria contínua da qualidade. CÁLCULO DA Um programa Seis Sigma é formado por vários projetos Seis Sigmas. As técnicas e ferramentas