Table Of ContentMAI]'fIN IIEIDEC}GETt
TNTRoDUÇÃo À r'rlosoFrA
'l'nttlt tçlr.
Marco Antortio ( llrs;rrrovlr
Revisão dc tnrrlrrçrro
Er.rrides Avancc dt' Sotrz:r
Revisão técnica
Tito Lívio Cnrz Romão
Mortins Fontes
5õo Poulo 2008
IN DIClll
lslt oltru foi pthlicarla orisítulru,n!t cil tlLltilio úril o títuln
IINi I?'TINC,lN DIL P I IIL0SOPTIIF,
pt)r V,rla3 Vittorio KlLtsk:rnann, L-rankfurl, Alcnnnho, 1996.
Copvright (O Vittotio Kltistrrililütil OnhH Frunkfurt itt Mniil.
()4tyrighl rA 2008, L,i?rnrh Mnttíns lLtttrs lllilorn LIdn.,
São l'aillo,l\tru n fr*nk ili\ãt).
'l: edição 20í)8
Aytrese ntação à trudução brusile iru XI
Tradução
MÁRCO i1N7ON/O C.,1S/NoYÁ
tN'ilrtot)uÇÀo
Revisio dr traduçào r\ lttrtltt ,b rrrtrtt iutntluçtio à.1'ilosol'iu
F.uridc Aoana,dc Souzt
AcomÍ rpttta In ih'ha,m Ce nnttzo Retidltiút.o,Íial \ l. Scr Irorncrrr jii sigrrilir':r IiIrsolirr I
Luzil Apiftcild dos 5dillt)s
Revisões gráÍicas \ 2. Introcluzir signil'ir':r: pirr o likrsolrr ( n] (.lrrs()... 4
LuL:tmt V'if
Mitisa Rosa T.ixt'itul \ -3. Pró-cornprccns:lo da Iilosoli;r 6
Produção gráÍica
CL'nlLlLt Alocs \ ,1. Con-ro a lllosofia sc rclriciona con) ll ciôr)(.iir, r.orrr lr visrlo (l('nrur'l
Paginação/Fotolitos docconrahistória?
Sludio i Dtscilot)ltit,tcilto E,Llitoinl
PrtrN,{llrRA sEÇÃo
Dados tntemacionais de Catal(Bâção na Publicação (C1P)
(Câmm Brasileira do Livrc, SB Brasil) ITILOSOFIA I] CIÊNCIA
Htidcggcr, Martin, I Il89-197t1.
Intnüução à filosofia / Martin Heideggcr ; tradução Mar- Prineirct capítillo
cdoe ASnotuoznaio ; Crcavsisaiml()r vt:ór;c nreicvais ãToi tod eL tírvaiod uCçãruoz F Ruroidmesâ (A)v. ànScàco O que significa filctso.l.iu?
I'aulo : MaÍtins Fontes, 2008. § 5. A filosofia ó uma ciôncia) 15
Tlliíbtulilo()g r(a)rfiigai.nill: Ei[leitung irr dic l'hilosophie- \ 6. As concepçÕcs antigâ c modcrnâ dc filosoüa 20
ISBN 978-u5-336-2423-8 \ 7. O tcrmo "fikrsotia"........ 22
l. FilrsoÍia lntrrxltrção 2. Fi]osofia c ciôncia L Título.
0u 02970 cDl)-l0l Segurulo capítulo
I-ndices para catálogo sistemático: A pergutttu sobre a essêncin tlu ciência
1 Filosofia : Introdução 101 § 8. Pcrgunta provisória sobre â cssôncia da ciôncia a pârtir de sua crisc )o
'[bdos os direitos dcstil cdiç'ão restrüddos à a) A crisc. na rclação do indivíduo com â ciênciir. 29
Liararia Maúins Fontes Editora Ltila. b) A crise da ciôncia em vistâ de sua posição no todo do scr-aí
[]ua Consclheiro Ramalho, 3i0 01 325-000 Sao Pt ulo SP B rasil histórico-social.......
Tel. (17) 3241.3677 Fax (11) 3105-6993
a mail: inÍ[email protected] httpf/uuw.martinsfontcseditoralom.br c) A crisc n,i cstrlrtur:r inlcrn;t tl;t l)r(il'ria ( iôn( iJ.. 37
\e
Nova mcditação sobrc a cssôncia da ciôncia 42 d) Ser junto ito cnte por si subsistcntc c ser-um-com-o-outro PCr-
a) Ciôncia conro conhccirncnto metódico, sistt'mírtico, cxato c tcnccm co-originariamcnte à essência do scr-aí...... 121
rrniversalmcntc va'rlido 45 c) O scr descobridor do scr-aí. Ve'rdadc do cnte por si subsistcntc
b) Cliência c vcrdadc adaeclualio intellecttts ud rew.. 17 e o ente cluc cstá à mão como o tcr-sido-descolrerto............... 127
\ 10. Verdade como vcrdade proposicional. ,+8 Qu.ürlo cayítLtlo
a) O conccito tradicional dc vcrdadc 52 Vcrdarle Ser-uí Sar-com
b) Verdadc como cariíter dc uma proposição: ligação dc sujcito e § I 5. O ser dcscobridor clo ser-aí das crilrnças e do scr-aí dos primór-
1,rcJi,,r.l,, 5-l dios Ja hunr;rniJa.lc .. 129
c) Os primórdios do problcma da verdade na Antiguidadc ......... 59 \ 16. O ter-sido-dcscobcrto do en(c [)or si strbsistente c a maniÍcs-
I l. Sobrc o problcn'ra da rclação sujcito-objeto. Relação prt'dicativa tação do scr aí.............. I 33
t' r,'laçio vt'rilatir;r........ 64 \ I 7. A manilc'stação do scr-aí quu str-'aí....... I 40
Terceiro capílulo \ 18. Scr-aí e ser-com l'+5
Verclacle e ser \ 19. A nronadologia de Lcibniz- c a itttcrprc'lrtção clo ser-trm-conr-o'
[)a essên.cia originiíria ,:la ven]ude outro ............. I 50
co'mo destelamenkt
\ 20. A comunidadc sobrc a basc do tttn cottt-o-otrtro.............. 154
12. A essência originiiria da verdadc 7t
a) llctroccsso por dctrás da rclação sujeito-objeto: o sr:r junto a... 71 ()uinto t'uyítulo
b) O scr jrrnto a... como determinação existcncinl clo scr-aí........, 75 O âmbin cssenciul da uerdade
c) O anunciar-sc do cntc ern contextos conjunttrr;ris... 78 e a cssên.cia dtt ciência
d) Vcrdade como desvc'lamento. Nlodos divcrsos dc n-ranifcsta- \ 21. Rcsun-ro dc nossa intcrprctação da verdadc t59
çio do t'ttlt' 8t \ 22. A detcrn'rinação da essôncia da ciôncia a partir do conccito ori-
\ l-3. Modo ctc scr c nranifcstação. I)ivcrsos modos clc ser do cnte...... 87 ginírrio de verdadc 167
a) Sulrsrr;tir-Pr)r-si-c()njunt:)n)cntc scr'um-com-o-outro............ 90 a) Ciôncia, um tipo dc verdade? 169
b) Scr-um-con-r-(,-olltro: o comportar-se de muitos em relação acl b) Scr-aí pré-científico c scr-aí científico......... t7t
ma slllo c)3 c) Verdade cicntífica t76
, ) Nlcsmid,rJ, 97 \ 23. Ciôncia como postur.i fundamental possívcl da existência htr-
d) O mesmo como algo compartilhado 102 mana. píoç Srr'rp4rrróç útu con.Lemplatita ................ l7t:t
e) Participação significa compartilhamcnto?................ 106 \ 24. implicação recíproca originária existcntc cntre teoria c priiticrr
I') I )o clcixar \('r irs ( ()is;rs... l07 ^n o rgtorpeiv cnqu.lnto ato dc tornar maniíêsto o cntc.................. lu5
\ 14. Compartilhamos o dcsvclamcnto do cntc....... ltl \ 25. Construçilo da cssôncia da ciência 191
a) Scr-um-com-o-outro ó um compartilhamento da verdade....... 1t-l a) Ser-na-vcrdildc cm virtrrdc da vcrdade.......... l9l
b) O desvelamento do ente por si subsistente il5 b) A ação primordial. O deixar-scr o cntcr ............ 196
c) C) pcrtcncimento da vcrdadc ao scr-aí não implica qlrc a vcr- \ 26. A mutlança da coml,rcensilo de scr no projcto cicntífico. Â nova
dade seja algo "subjetivo I t9 dctcrminação do entc como nalureza 198
a) O carirtcr prévio da compreensão dc scr cnr rclação a toclo d) () conccito krntiano dc "idéi:r" 296
conccbcr........ 201 c) N'[rrndo c:orno iclí'ia da totaliclaclc dos lcníinrcnos: como (:orrc
b) Nltrdança da comprccnsão de scr: um cxc.mplo da física......... 207 ]ato do corrhecirncnto humano |inito................... J06
c) Â positividadc. da ciôncia. O projcto próvio, não ohjctivo, dc, t) ltlóia c idcal. l\ tlctcrrninaçrio lrlcna do crrnccito clc nrLtndcr
mârcâdor do carnpo da constituição dc scr. 209 corrro iclcal transccndcntal . . ............. . i08
g) ;\ signilicação cxistcttcirtl clo cttnceilo dt' nttttttltr )lo
Scxto capítulo
Sobrc u tliJerença en.tre ciência e fiktvfia Segurukt <:u1'títukt
\ 27. O projc.to cla constituição ontolírgica do e.ntc como possibilita- \listil, ,L' rrltnio a scr'nrt ntunrlo
ção intcn'ra da positividadc, isto ó, da essência cla ciência. (lonr- \3s Ser-rtí t:orrro scr-no-n'tttnclo. 124
prccnsão cle scr pró-ontolírgica c ontolrigica....... 212
\36 NIrrrrdo conro "jogo drr vicla" I 2r)
\ 28. Verdaclc ôntica c. ontolrigica. Vcrdade c tr;rnscr.ndôncia do scr,aí 2t7
a) O scr'no.rrrrrntlo cotno joeo origitlirio cla transt't'ttc]ôtrcitt........ l.:t I
\ 29. FilosoÍar como trárnsccndcr laz p:rrtc cll t'ssôrrcia ckr st.r-uí hrrnrano. 22r) lr) 'l'rrrnsc.'rrrli'nt:itt t.yrrt t ottrJrrccnsiio tl,' scr ctttuo jogo ...............
\ j{). Os dil'ertr-rtcs ân'rbitos de. clucstionirnrcn(o clu Iikrsolirr c tlir t'iônciir 212 c) A torrt'llrçlr() L'n1r('s('r ('l)('r)sirt'. St'tt t'strt'illttttt'ttt{) ttir itttL'r
\ -31. Um rcsllmo do cltrc lbi antcriormcntc visto. (iorrrprccrrsllr dc scr l)r('lr(-ilo "lrigit;r" tlrt , ,itrtprt','ttsio tlt' scr
como [àto originiírio do scr-aí: a possibiliclaclc drr dilt,rt'nç'ir orrtolri- \37 ( )lttcnçiio ,1.' ttttt,t ( on1l)r('('nsil() tr)iris ( ()t'r( t('lit r.lrr ltitttst t'ttclôtlr:iit 3'1,+
gica. A diftrença ontol(igica e a diÍi'rcnça cntrc Iilosoli;r c'c.iôncirr 236
tr) () cariitcr rlt' si tttt'sttto (t'lrr litlttilt'tlt si tttt'sttto) tttttto tlt'Ít'r
tninltç:io onlolrigit;r tlrl st't rtí. ( ) st't t'ttltt'1',ttt' i'ttttto ilt'lt'rttti'
SEGUNDA SEÇÃo naÇ'i-io ittlrínsc('ir iro s('r-t)o rttrttrtlo....... -].+ +
I,'ILoSoFIA E VISÃO DE N{UNI)o b) Estirr ('ntrcquc corlro o tt'r sickr.irrglrclr)... ........ i50
c) Facticicladc t' tcr siclo-jogitrlo. Nulitlaiic t' Íirrittrclt' tlo st r rtí.
Primeiro ctryítulo l)ispcrsrio c singttlarizaç:1o................... J54
Visiio de mundcl e comceikt de nuntl,t d) A irrrsôncia clc' irprtio tlo sc'r-no-nrutrclo......... l6i
\ 32. O clue é visão dc mundo? 215
\ ltJ ( ) crrri'itcr csl nrtrrrirl <[a I rlrttscctrclônciit................ 162
a) A t.xpressão "visão de mundo" 216
;r) [k'trrspcr'Íivir rkr cltriitcr cstrttttttlt] t'tttttltlisttttlo lrelrt scr'trtr
b) L-rterprctaçõcs da visão do mundo, Dilthcy Jaspcrs Schclcr 251 t-rtttndo ........... :i62
\ 33. O qtrc significa mundo?.......... 255 b) Visiio clc tnrttttlo ( omo nlarr)1cr-s(' tr() scr-no-ltlttnclrl, c,,ttt,';tlr,,i.tr-
a) O conceito dc rnundo na lllosofia antiga c no cristi.rnism() lri s(' no scr-no ntLtndtl........... l(rtr
mitivo 257 'lerttiro
t;upítulo
b) O conccitcl de mrrndo na mct:rfísicn cscolar........... 261 (l problaw.u tlu L'isãrt ,.le ntundtt
§31 O conccito kantiano dc mundo 265
\ l(). Ollcsta)cs firnclamctrliris rcÍcrt'trtcs :to probictttlt clc print Ípir.r itl'
a) O conccito kantiano dc mr-rndo nt Oríticu du razã,, 1urd......... 270 trínscco à visão clc tnttndo........... .. 3(r9
b) Excurso: a fundamcntaÇão kantiana da n-rctalisica 277 ir) Visr-io dc muttclo conro scr-rl()-mttndrt Irticamentc ilssirrtila«io ... J69
cp)) AA sf utnecslcasm cccnntâtrÇaãiso .............. 227U6t b) ( ) conccito clc visl:to cL' mrtncltt cm l)iltlrcy J71
t ) Ex, trrso, ,r .lialcl it,r k;rnl i.rna .)() .i \ 4t). ()onro a visào dr.: munclo sc rclitciotrlt conr,, Iilosolirr?........... ... 17()
a) A lirrrria vulgar do prriblerla, a lllosofia pode c dcve Íirrrnur
uma visão de nrundo cientíl'ica? 179 AprlESriNT ÇÃO A TIIAI)UÇ^O BITASILEIRA
b) Sobre a historicidacle d:rs visõcs de nrundo 38t
\ '1 l. Duas possibilidade s funclamcntais da visi'io de mundo 3fl2
;r) Vrs;ro,l..ntttn,l,, no n'rilo: t.ont.t,srin dt.;rbrigo tonto;rpoio.rntt.
a sulrremacia do proprio entc............... .182
b) Degencração da concessão de abrigo: visão clc mrrnckr trans,
ltorrnada crn estrutLrrâ de lir ncionamento................. 38u
\ 42. A outra possibílidadc Íirr-rdarnental: visào dc munckr conlo postura 39',z A rcccpção do pcnsamcnto dc um filósofo ó scmprc marcrada
a) Â visão cle mundcl como posturâ e ir conÍrontirção corn o ente por circLlnstâncias históricas qttc dcfincm os :rLL'nt()s r('gi()nais L'
daí rrucrgente 392 trÍrçam ao mcsmo tcmpo tl pcrÍ'il g('rlll (lits cotttl)rc(rnsa)cs dc sLla
b) Visão dc munclo corno posturâ e u rurrtlirnçir tlrr vcrdade conro obra. lim vc]rcladc, não í'cliÍ'ít'il l)('rc('l)('r ('ot))o a'l)o('rts t'lttgarc:s cs-
tal .................. le7
pecíficos tcndcm a al)r('s('t)tilr- tttrr:t grittttlt' ltotttogt'rlt'iclitclc intcr-
c) Formas dc clcgcneraçl'io da visllo dc nrrrnclo (.or)lo J)ostrrra...... -l9c) prct:rtivâ clu(' r('ll('tc ('tt) tl)ttiIo o tttotlo ( (]lllo tlllllt clctcrminacla
\ ,t-3. Da relaçiio ir)ternâ cntre a visão de mrrndo conro postrrra r: a fi, vcrtcÍrt(' clt' It'itrrlr liri iros lx)tr( ()s s(' ('stltlx'l('('('nclo c scldimcntan-
losofia............ rl0 l
do. llssr'('rrrrr lrrto ltcrr»t'ttôttlico I'ttnclitmcntal, cluc Podc ser cons-
a) Sobre a problcmhtic:r dc,ssa rclação ,+0-3
b) liilosolia í: a visão cle mundo como l)ostrrrir cllr rull scntido Iatado 1r l)irrtir rlos rlt'stl<lbrilntcntos do pcnsamcnto dc qualqr-lcr Í'i-
insigne........... .106 lírsolir: l)lirtao ur-r Aristíltc:lcs, Kiint orr I{egcl, Ilusserl ou Wittgern-
\ ++. Na visão de mundo como posturâ irrornpe u prolrlcnrr tlo scr..... .+(x) stcin. No cntanto, sc ó corrcto alirmar quc Lrle é vrilido Para toclo
a) () clcspertar rLr problema do ser a partir du visào clc nrrrndo no .r qual(lLrcr I'ilósofo, não í: mcnos corrcto notar (lllc clc Possui uma
nito corno conccssão dc abrigo -+11 vigôncia pârâdigmática no crlso do pensamcnto hcidcrggcriano.
b) F'orrnas histriricas cla Íirrrnação cla filosoÍia a partir cla visrro dc Quiitro mc pilreccm scr aqui as razõcs gcrâis Para tanto. E,n.r pri-
rnrrndo como conccssão dc :rltrigo e c{)r.no l)ostrrri1.................. ,+t3 meiro hrgar, corno âs prelcça)cs hcideggcrianas da dócada dc 1920
sí) cromcçarilm a scr publicâdas por voltâ do linal clos irnos dc 1970
Quürto cLtpítulo
A conexiio entre .filoxlia e uisão tle wundo com o aclvcnro cla Gesamtausgabe fObru comPlctal, lbi só a ;»artir
\ 15. O proble.m:r do ser e o prol>lenu do mundo 419 clcssa (:poca (luc os intórpretes clc Ileideggcr sc virtim cn'r condi-
a) A pergunta acerca do ser como perguntâ acerc;r clo lirnclanrcn, çõcs mais Íavorltvcis pâra uma âPrc(:nsão aclcqrrada cltl tcor PróPrio
to e o prol>lenra dcl mundo.... 420 iro projeto filosóflco r:m jogo cm Ser e tenlpo c Parit tlmâ rcconstrtl-
h) No prohlcn-ra do scr e no problcma do munckr a transccndên- çãcr r'lctiva clo Iclngo labor conccitual clrrc aí cncontra o scrtl Ponto
cia ganh:r a forrna dc rrma e laboraçiio conceitual de culminação. Em scgundo ltrgar, as divcrsas corrcntcs quc foram
\ ,16. lrilosol'ia conlo postrtra Íunclamental: deixar lcontecer a frans sllrgindo no sírculo )fr a partir clc um dlálogo dirr:to com a Íriloso-
ccnclôncia a partir dc scu I'undan cnto.............. q25
fia heidcggcriana trouxcrilm consigo modos caractcrísticos clc, sc,
Posfilicio da etliçào alemã ,+3 I apropriar dc elcmcntos dc sctl Pcnsiintcnto. Assin'r, ó possívcl lalar,
XII lntrodwt;íirt à filosofia Apresentação à trotlwção brasileira XIII
por crxemplo, dr: uma lcitura fenomenolílgica (Mt:rlcau-Pontli IIcld, ccntemente cm alcrmão c como o corpo dos tcxtos cditados em
sallis, Irigal), cxistcncialista (sartr.), dcsconstrucionisra (r)crricra, vida pclo próprio I Icidegger comprccndc quase qtre cxclusivamcn-
' Krcll), pragmiitista-wittgensrciniana (l)rcylls, ÍIarrgcland, 13ran- tc os textos ckr pcríodo postcritir ir década dc 19.10, as trâcluçõcs
d.n) c, histórico-crítica (l,riggt:lcr, (]cthnt.nn-Si.lert) da .bra clc brasileilas c portuguesas dc llciclegger sc rcstringiram durantcl
llcidcggcr. Em tcrceiro h-rgar, a cliÍícil imbric:rção cntrc ti cnvolvi- rnuito tcmpo it essas obras. A primeira tracltrção em PorttlgLlôs clcl
rllcnto político clc I Icidcggcr conl o nacional-socinlismo r: as clctcr- umii prclc:ção da dí:cada dc 1920 lbi f'eita por minr mcsmo cnl
minaçiics Í'r-rndamcntais dc sr:u pcnsam.nto scn)pre l'uncionaranr 200-1.'l'rata-se cla prclcçãri cle invcrno clc lc.)29-lt)30 intitulada O-s
rurn:l vez mais corno um rr-rribilizaclor dc novas intr:rprctaçircs. por conceitos fwnclam.entais da metu.físit:a: rnrnrdo Jinitude - soliduo.
Ílm, a muclança radiciil cli.cstikr prcsc.t('n. Pcrí.clo postericlr:) Alénr dcssa prelcção, não tcnros scnão o pr(:sentc tcxto da Introdu-
rrssim chamacla viragcnr [die Kehre) do Pt,nsrrrrrc:nto hcidr:ggcriano cão à t'ilosoJia c, se alarg,rtm,,s lul [x)trc() mris o pcríodri dc tcnrpo
no intcrior cla clócacltr dc l9l0 tarnbónr c'ontrihrrirr dc nrancira cxa- atcl o início da dí:cacla clc lc.)10, ir rccóm lançada tradução cla prc-
ccrbada par. a Proclr-rção cl. l'orrn,s clivc'srrs rlc rt'ct'Pçri, clc sua I'i, lcçiio dc vcriio clc 1931 MetuJísit'u tle r\ristritr:lcs Q .l-3'. Um tirl li.rt«r
losotj:r'. l)css.s (lratro l,t.rcs <lccisiv,s l,\irrir ir r('('(,1)çã«r da.brlr dc podcrrirr clar a in.rprcssão clc niur ;lrssar dc umil curiosidaclc históri-
l lcidcgger, clois intcrcssarn-nos irqui cl. nrirrrr.irrt Prrrtic.lirr [)orqu(: c2l, s(:m .1ttalcluc,r implicação n-rais ProÍirrrda I)i-rrir l\ c()ntprr:('ns(-)cs
clizcm rc:sPcito dirctamcntc ao nrod«r conro a irrtt.rPrr.tirçãri clo pcn- cspccíl'icas do pt:nsanrer-rttt hcidcggcriltt-ttt. No cntanto, cssc nio i'
silmcnto heidcggr:riano Íbi sc constiluincl, no Ilrrrsil t' Prlrcluc, cle- aqui dc'nroclo iilgun-r o cilso [)or trr-Ira pt'ctrliaricladc dcssc, PC]nsâ-
scmpc:nham un-r papcl clcterminantc cm algrrnrirs pr»siq-r)r,s dc prin- nrento. l)ifcrcntemcntc dc algtrns otrtros pcnsaclores, cr-rja obra de
cíPio rrssun-riclas na prcsr:ntc traclução cla Prclt'çiio tlo scmcstrc clc juvcntLrtlc clescnrl;c,nha r-rnr papel rcstrito na constittriçiro cla oltra
invcrn. dc 1928-192t), ministraclii Prlr Ilciclcggt'r rrrr U.ivt:rsiclaclc tardia, Ilcidcggcr prcssul>õe constantc]ntente crontcxtos teririccts
Albcrt [-udwig dc l]rcibLrrg. Ilsscs dois Í.trlrc's sri,.r1ui a histírria inicialnrcntc clc,sdobratl«is ncssa primcira liisc de sua Êiltlsofia c,nr
cla prrhlicaçiro dc sua obra c n muclança clc,r,stil. t'irrirclt'rísticu clris lirrn'ru laçrics ;rostcriorcs tlttc mu i tus v('z.cs purcccm l ncontprccnsí-
textos hciclcggcriarros a prrrlir tla clí:cada clc 1910. vr:is r) prin.rcira vista. Ilir, por cxcmplo, uma clara rcssonância cn-
A ilinâmicli dc PLrblicirçã, das obras clc llt'i<lcggc'r nrr Alc:marha trc as noçõrcs inicialmcntr: clcscnvolviclas clc projcto dc rnunclo lWel-
p«lsstri trnra corrcrlaçuo cljrcla com o nrovinrcnto rlc, trlrdução dcs- 1s1l17y u rf), dcsccrramento I E r.sc/r /o.ss enh eitl c compreensão dc scr
sas obras cr-r'r portuguôs. Exrrtamcntc conl() lr rnaior Plrrtc clirs prc, lSeinsverstüntlnisl c as noçõcs ;rostcriores dc abcrtura cle ser lScin-
soffenheit), clirreira ILic:httng] e acontccimcnto apro1>riativri IIlrci,q-
krçõc:s clos anos clc 1920 sír r:.mc,q:ar.m a s(,r grrrblic'arlas nruito rc-
ilisl; un-rtr rcssonânciit r;ttc Pr1'gi5i1 scr ct,nsiderzrcla clc ntltttt'irlt
I l'-alo aqui jrtorr<'i.rralnr.rtc cm rutrdarça dc.slikr, 1>.r<1rrc rr:i. mc lrarccc ha- atcntâ, sc cluisermos csciipar de, uma simples repctiçiio irrt'l'lctida
ver ncnltunra grandc: qtrebrit tcmátic,r r)o pcnsilnrcr)Ío hcirlcggt'riarro (lu(.Jx)s pcr- clc crprcssiicrs hcicleggerianas (ltrc só cclmprccnclcnttts sob a condi-
(n'srictriscsvte'l ;erlna)r ucrlnc rtcuxl toII te'idmc :glrço+rn,re In iclg curun :lrlcci t:llengivgt.crsr á2ri.o crilocn 7tr5 llaarrn(rss (tlJtc. ollrcgi tCleagdlcamr, cor çnãil«'ilc daim' n. inDgirttoí:n -crl cn mllnacniie inrao sm l)acirsg tcrrnxtpalríc oit rql, uter llcl liitls(' ('lstrsoop criliitrtcrltcon atco sig-
qtre u'ruc[:r na viragt'r'rr ó apt'nas o l]ol)to dt' partirlrr <la rltrcstão do scr: "Na virageni PCr-
parte sc clo scr, ao invós cle sc llirrtir da consciôncia que pcr)sâ o scr ou do scr,aí
Piira 0 t1u:rl cslh crrrjogcl o se.rr scr, (lucr se r:olrrprecrtdc enr vista clc sctr ser c cui I llir ainda rima trarlrrçiio portugucsâ r]o t'nsrrio ;rrisltttrto () tttnt:eito de temyto
tl, dc scrr scr." (H. C. (i,datncr, "Nrlirrti. Ikiclcggcr 75.falrrt:", ín: (]asnwrntl.lt: (1924) e as tratlrrçõcs clc algrrns tcxtos crrrt()s rlrr prirrcirir Iitsc tio pt:nsatnctrto (lc
\,Vârl« -3, P. l9l) llcidcgqer.
XIV lntroduçao à filoxfia Apre sen t a ção à t raduç ao b rasileinr XV
ríodo postcrior à viragem me parecc tenderta provocar alguns cfci- texto e evitar, assim, uma rePcrcussão indcscjada dessc tom sclbrc
tos inclcscjávcis. Ou bcm um mimctismo cluase cxotérico clc ex- passagcns ondc a contenÇão seriâ muito milis adequâda. Não hh a
prcssõcs em si cxtrcmamentc complexas, ou bcm uma apropriaçãcr mcu ver nada pior para a interprctnção da lilosolia dc tJeiclcgger
'por trssim dizer "livre" dc c'lcnsas construçõcs filosóflcas. Alguém do que a homogcneização da obra heidcggeriana como um todo ii
podcria ccrtamcrnte apontar pâra o [ato cm si corrcto dc Ser e tew- partir do tom dc certas Passagens csP(rcíÍicas. Essa é, aliás, a meu
po tcr sido publicado há mais dc vinte anos no Ilrasil. 'lbdavia, o ver, â tarcrfu mais diÍicil dc um tradtrtor: não apenas rcstitllir de ma-
que mc parece tcr acontccido muito Írec1ücntcmentc com a obra ncirtr fic:l o senticlo prcrsentcr no original, mas conquistar, além «lis-
ccntral do pcnsamcnto hc:iclcggcriano ó, por um lado, uma certa so, umi] tonalidade para o tcxto traduzido que scja similar à tona-
c«rntaminação pc:lo pensamcnto tardio dc Hcidegger c, por outro, lidade cla cxperiôncia de pcnsamcnto do Íilósofo. No caso dc Ilci-
uma conccntração na cxperiôncia cxistcncial contida cm alguns cleggcr, a scrcnidâdc mc Pilrccc scr o tom mais adcquadti. Mas o
parágralbs do livro. E é ncsse ponto tanrltóm (luc as preleçõr:s cla cluc significil al'inal sercniclaclc? [1n-r clue mcdida a screnidâde é in-
dí:cacla cle 1920 podcm desc:mpcnl'rrrr unr 1'rirpcl im1>ortantc. C)on- compatívcl com oÍi.s.§oll entLrsiiistictl diantc cle tcrmos (luc usamos
tra a predominância da lingr-ragcm atr:rn'rin«llrigic:u tkl scgtrndo tJci- como sc Íbssem dotados dc ttma ccrta aura mírgica para citar a
dcggcr, elas funcionam como uma cspór:ic dc' r'lcmcnto clc ccluilí- crítica adorniana padrão tlo tcxto clc IIt:iclcgger? Sc'rcnidacle IGe-
brio quc pcrmitc a reconstrução das tônur:s linlrirs argrrmcntativas lassenheitl ó um tcrmo <1tte possrti crn I lcidcggcr Llmtt rclaçãcl com
c a rcarticulação dc conccitos em sclr horizontc originiirio dc apa- o vcrbo dcixar [lassen l. O qtrc c'lc prtlcttra clcsigniir com essc tcr-
rição. Contra o acento na intcrpretação cxistcnciirl dc Ser e tempo, mo, poróm, não possLti ncnhumit re laçãtl conl tlm trcolhimento pas-
clas rcvelam o intercssc hcidcggcriano primorrlirrl pcla prírpriri sivo c i) distância clo <1trc s(: nlostra. Ao contrário, lt screnidadc
constituição dos cspaços «lc maniÍcstação clos t'r-rtcs, pclo surgi- apontrl aqui para a clifícil manutcnção dc si em meio ao acontcci-
mcnto clc visões <.lc munclo, pela gônesc clc ontokrgias. Ilcm, mas mcnto no qual os cntcs sc configtlram como tais e vôm tlo mLrsnlo
ern (luc medicla csse lãtrl rcpercute em clccisõcs rc:lativas à prcscn- tcmpo ilo nosso encontro como os entcs quc são. Scrcnidaclc é par-
tc tradução? ticipação c:l'etiva na cmcrgônc-ia do mundo e nri dcsdohramenttl in-
Não posso naturalmcnte considerar palavra por piilavra as posi- sistcntc dos elcmentos cnvtllvidos nessa P:rrticipação. Um tcxto se-
ções quc foram scndci tomadas drrrante tocla :r [)r()sc]ntc tradução. rcno, portanto, não Podc st'r ttm tcxto miircrado Por Llma lctichiza-
O que me intcrcssa aqui é apcnas tratarr da l)osturii geral assumi- ção dc certas pillitvras c pcla constrttçãrl de umii linguagem rcltra-
da c,m rel:rçãri tio tcxto clc Hcidcgger, cl<l rcalcc daclo às constru- títria a toclo desdobramc,nto conceitLral, ntas prccis:t serr muitri ntrtis
çõcs quc cnvcilviam o ternlo "ser" c cla «rpção clc tradr_rçiro dc Da- um tcxto capiiz dc clar voz il câclir um clos nloma:ntos clc: ttn-ra tal
sein por "scr-aí". Ncl clucr conccrnc i) posturir gcral, há muito tcm- participação. I)c ccrt<l modo, o cltlc cstá cm clucstão a(lLli í' illgo si-
1'ro venho procuranclo dcscnvolvcr um mriclo de tradução cla obra milar ao bom r, vclho "cspÍrito cientíÍico" cm srta btrsca pt'la boa c:
hcicleggcriirna cluc consigii csciipilr d<l risco cm nruitos casos cvi- vclha "objctiviclade". O cluc sc busca ó, claro, uma novit "olljctivida-
clcntc de inllacionar o fom por vczcs "hcrmd:ticri-cncantatório" do ck:", pclrcluanto cssa "objetividaclc" precisa scr cotttlttistada agora
I clm urna cxperiôncia cspecílica dc nrttnclo. Não obstante, âindâ
diu o Is'aulorg ianqrcuni tion tcclnc ctrioanbaalLhnocsn cteu iddaec luonsr,as "et ccnxdtrêcnn)câiam"c prn()trcq rlrcclc cvsasnctt 'lsa tsoo nbrãoo .i r.Pncpne, fala aclui um anscio por ttma objetividatltr il() lllcsmo tcmPo hctrme-
samcnto de I Icidcggcr no Brasil e no cx[c.rior. nôutica c lcnomentllógica. IJeidcgger clcsc'rcvcLl ccrtâ vcz cssii sc-
XVI lmtrodução à fikxrfiu l\Ttresentaçiio à tradução brosileiru XVII
rcnidadc dc mancira paradigmáticii: "A screnidade cm rclação às princípio qLlanto à manutcnção dc "ser" nas construÇões cm ale-
coisiis c a abcrtura para o scgrcdo sc compcrtenccm. Elas conli:- mão clue ;lcissuíssem a palavra selz. Clomti n«is cleciclimos a realçar
rcm-nos a possibilicladc cic nos manterntos de uma mancira total- â prcscnça dc .ser cm toclas us cxprcssões alcmãcs quc continhanl
'
mcntc clivcrsa no rnundo."' L,xatamcnte cssâ novit possibilicladc dc serir,i, não laria scrntidcl cleixar dc Ílrzcr isso exâtamentc cluiind«r cssa
manutcnção no mundo e er tonalidadc iil'etiva daí pr«rvenir:ntc prc- prcsenÇa ó n-riiis signiÍicativa. ltn.r scgr-rnclo lugar, cl anscio por
cisanr r:ncontrar nu tradução uma cxperiôncia similar, uma contcn- acompanhar cla mancira mais |iclcdigna possívcl cl intuito clc I lci-
ção anákrga, uma al'inação c--onclizentc. Essa tareÍa prirnordial da dcggur com a conccpção do homcm como Da.seirz. Ari sc valcr clcrs-
traclução lcvou-mc a uma opçrio <yuantil a todos os tcrnros íbrma- sc tcrmo purâ uma tal concepção, I lcidcggcr tcm primrlrdialmcn-
clos a partir clo vcrbo ser. tc cnr vista a crplicitação clo h<tn-rc'm como um cntc quc conqr_ris-
()
tcxto Introduçao à [ilosofiu ptissui uma s(:ric cle tcrmos com- ta lodas i,ls suus dctcrminaçitcs csscnciais a partir clirs rclaçõrcs r:
postos a partir do vcrbo scr [.seizl: Dasein Iscr-aÍ] , h[ileinunclersein soÍncntc a partir clas rclaçõlcs cluc respcc'tivitmctltc cxpcrimcnta
Iscr-um-com-o-orrtrol, Sein hei l st'r .jrrnto a],'Zueinantlersei n lser- cotn o csl)aço clt.rcalização clc sua c'xistônr.ia. Esst: r'spuç-ri niro ó
Lrnl-para-o-outrol, Zwhandensein Isc'r-à-nrrio] ('r)[rc orrtros. C]acla un-r por sutr voz um crspiiç() 11Uâlt;rrt'r, n)ils lln(('s o nrrrntlo (.on)o ciimpo
dcsscs tcrnos clcscrcvc un,r 1;,ssibilidrrtlt' t'sP.c'íÍ'icrr il. r scr-.í dc rwrnilcstução clos cntr,s crrr gr.r,rl. ll sont('n[('por irrt<,rnt('clio cl<r
hum,no sc comportar cm rclaçãa.rr Irt,rrr lr,s,rrtr,s scrcs-aí e. si dcsccrramcnto d<l n-rrrrrrlo rltrt'o lrornt'n) (,1'lcontrir lr si rnt:smo conro
mcsmo, ou bi:m c:m rclaçã<l aos cnt('s rlrrt' r,('rrr ir() s(.U L'nL.()ntr() n() I)a-sein. O aclvórhio rlc Iuglrr "/)a", cprc signil'ic'a lilcralrncnLc "aí"
intcrior clo nrunclo. Não é'por acaso, porónr, r;trt' llcick'ggcr lbrja cm trlcmão, apontil justantcntc para cssii irlt«'rtrrra: pâril o munclo
its construçõcs dcsscs tcrmos a partir clc urrur Iiglrção conr o l,crbo corno horizontc originiírio clc configuração cliis possibiliclaclcs dr:
scr. Ao contrári«1, cssa ligaçã«i procLlra cvidcnciirr tlc.srlt' o princí1>io scr clo honrcm. Assin-r, L)a-se.in possrri por corrclato naturirl urnii ou-
o lirto dcr tod«rs os comPortâmcntos possívcis cl. s.r,rrí hurn:rnri c.n-r trtr cx;rrcssão rrsarla pt:lo prr'rprio I lcidcggcr cm Ser e tenpo e cfi1
rclação áros erntcs intrirnrunclanos, aos outros scrt's-lrí c tr si mcsmo outras prc:lcçiics c1ur. gravititnr cm torno dc sutr ohra ccntriil: a cx-
cstârcnl originariamcrrtc lunclaclos cm Lrmll r.llrçlr«r d. scr-lrí corn o lrrcssão ln-c,ler-Welt-scirz Iscr-no-n.rundo]. (lomo ti prril;rio I Ic.idcg-
scr, cnt un.ra Í'initização do sr:r n«l intcrirlr rlt, unr pr«ljcto clc ntun- g<:r af irnra ('m uma p('qu(:nrr passâf{cm tlc' trm scminário daclo r:m
clo cspccíÍ'ico c na constitrrição daí clcrivacla clc' trrna ont«ilogia dc- suil ciiszr crn Ziihringcn no ano clc lc)73, uma passilg('nt r;rrc crxpli-
tcrmirracla. l)tira ntantc:rmos cxplícito css(, lirto, optamr)s por untâ cita «l c«intcúclo significativo do trrrmo "scrr-lrí" e possrri Lutta rcsso-
tracltrçho n'rais litc:ral clirs Palavras cm ak'nriro rltrc: c,nvolviam o tcr- nânci:r c:ssr:ncial coÍ'r) o conccito clc munrlo: "Scr-iií sor-(,nl-umil-
mo "scr". Uma cJc:ssas I;iilavras é o tcrmo rtk:mão Dasein, trtilizado amplittrclc-abcrta; scr-clarc:ira. O aí ó justarncntc ir palavr2l pirrir il
por l lcidcggcr párra ck'signar [irndanrc'ntalmcntc o m«rdo ck: scr amplituclc al>crta."' É cc:rto af irmar cltrc a palavra "aí" crn portugtrôs
prriprio ao homcnr. Clomo trm dos tcrmos ccntriris do pcnsanrento cnvolvc uma ccrta inclctcrrninaçã<t c quc: rncsnto a cxprcssão "sc:r-
hcidcggcriano, a tradrrçlio dc Dasein care(rc clc uma anií[isc: cspc:- aí" possr-ri rrn.ra artificialidadc r.n.r sua constrrrçf,io. L,ssa inclctcrmi-
cítlca. No prescntc vo[umi,, optilmos pcla tracluçãri canônica t]c naçãt» r-' cssu ilrtiÍ'icialidaclc, no cntânto, não apartrcr'n1 irp('nas nil
Dusein por "scr-aí". Algumas lirram as razõcs cluc nos lcvarirm a to- traduçao, ntirs são intcrncionaImcntc accntuadas pr.lo I'il«isolil. ]loa
m:ir essil opção. Itnt prin.rcinr ltrgar, a jii nrcncionacla posição clcr partc rlo l)cnsâmcnto hc.iclcggcrian«r pclclc scr dcscrita conro unla
'+ l\'Iartin Heideggcr, (-'jelussenhcit f scrcr-ridadcl, p. 24. 5l\lartin Lltidcggcr, Settirtart,, (iA 15, p.3tl0.
XVIII Inrrodu.ção à filosofia Ap resen t aç ão à t rudu,ç ão b rasile ira XIX
tentativa dc pensar o senticlo do tcrmo Daseim c o modo próprio clo prodrrzir. A scgunda opção diz rcspeito à tradução <lc Dasein por
lctintecimcnto dc mundo a contrapelo do significado scc]in-rentaclcr "prescnça". [issa tradtrção parccc-mc problemática em vhrios scn-
dcssc tcrmo tanto nii tradição filosóÍica cluanto na línguii alcmã co- tidos. I)c início, há uma clara dissonância entre o lermo "prcscn-
tidirina. Parn a traclição, Daseim cra um sinônimo imccliatcl dc exis- ça" e a palavra alcmã Daseim: náo há cm última instância nenhu-
tência, concclrida como prcscnça Íãtica; Para a língua alcmã coti- ma correlação «lircta cntrc a formação ctimol«igica de un'r tcrrmo c
diana, por outro lado, l)asein é uma palavra usada para dcsignar a do <rutro. Enquanto Dasein sc íbrmri a partir da junção cntrc o vcr-
sin-rplcs prescnçtr dc algr-rí:m. 'lltrdo isso indica clucr a indctcrmina- bo scr cr o trdvérbio dc lugar aí, "prcsença" cnvolvc um prcÍix«r tcm-
ção inicial clo tcrmo prccisa scr supcrada em mt'io à comprccnstio poral cluc indica antericlriclirlc' c o particÍpio prcscntc clo vcrbo scr.
d«ls scus contextos de aplictição. Ilm ttrrcciro lugar, d: prcciso rcs- É vcrdaclc c1ue, de trcorclo com o dicionhrio Grimm cla língua ale-
saltar o fato dc a trtrclução por "scr-aí" pcrmitir Llnlil l)assagem scnl mã, l)asein signií'icava origin:rri;rnrt'ntc cstilr prcscntc c cra mcsmo
clucbras dos text«rs at(: o final <la clócada clc 1920 Pura os text.tls clo rutilizaclo como um sinôninro tlo tcr-rrpo prcscntc. lbclavia, hri uma
períoclo pclstcrior à viragcn.r. Na mcdida cm qtlc I lcidcggcr Procru- granclc difcrença c'ntrc o nrovirrrcnto clc sr. liizcr prarscntc c a pala-
r'prcscnÇa".
ra pcrnsar crm scus tcxtos tardios o acontccinlcnto lrl(:smo clo aí, o vrâ No primciro ( ils(), [('nl()s trtn ilnsr:io por dctcrminar
modo como um mun«lo vem à prescnça Por nlc'i<l tlc' ttmit intcr-rc- os elementos cm jogo nir «lirrârrritrr tlo prt'scnllrr-sc, cn(luanto no
lação cspecÍfica dc apropriação mútua entrc s('r c sc:r-ití httmano; segundo caso jíi sc traballrrr ( onr rr I)r('s('nçir c'ons(itrrída. Irsse Íiito
na n-rcclicla crm (luc ele passa conscrqiicntomcnt(':l [{)lllltr rt ntlçtio cncontra rcspaldo cm rrnr cont('xto tcririco :rn:rlislrtlo pclo próprio
dc scr-aí dc uma forma mais ampla do cltrt' il[)('Írrts it partir cla rcs- Ilcridc:ggcr. No parágrafil 2l cla prclcçri«r do st'nrcstrt'clt'vcrão dr:
trição cio tcrmo ilo ser dtl homcm; e nrl nlctlitla ('lll (ltlc invcstiga o | () )7, Os probleme* fundawentais da fenome n.ol o;1iu, I I cirlcggcr sc:
erí com«l lugar clc constituição clc Unllr rClrrçao <lrurtlriParticlÍr cntrcl valc clo tc'lnt<t Praesenz Ipresença1 para dcsignilr o s('r rlir<1uilo curl
cí'rr c: tcrra, ntortais c clcuscs, ó liltrlirnrcrrtlrl lrct'lrtrtar o carlitcr lo- o (luc nos ocupiimos dc início e na maioria cliis vczr,s rro nrunclo, o
cativo «lo tcrnro alcmã<t l)oscirt.I)or lirrr, nàtl Podcntos clcixar clc scr clo cntc à mão, um sc:r quc nascc de um projcto cxtritico claclui-
mcncioniir os problc'nlrs rt'lltlivos lt itlgtttttits outrils opçircs dc trtr- lo cluc poclc ganhar il presenÇa. Ele nos diz expressanrr:nt(: r:m uma
cluçlto. I)Lras clcsstls oPçÔt's lll('l('L('lll rtttrrt t()nsidcraçãcl mais aten- l)nssagcm paradigmhtica clo lcxto: "O presentifir:ar, scjtr um prcscn-
ta. A primcir:l tliz rcslrt'iltt it nrt'rrt mirntttcnção do tcrm«l alcmão tificar prílprio no scntido do instantc ou um presentar inrpróprio,
Dasein na trirclttçlto. I-ssa opçart, ql-lc Procura sc justificar it partir pro.jeta aquilo que ele presentifica, aquilo cluc possivelmentc poclc:
dc rrmlr nrt:nçllo it ncccssiclirdc, de comprecnclcr os conccittls cn-l vir acr cncontro cm c para Llm prcscntc, em vista de alg«r assim
sintoniit com iis suas notds conccitttlis c t-om os scus crlntcltos dc: comopresença. A cl<stasc do prc:scntc ó cnquanto tal a con<1ição clc:
uso, tcndc a inviabilizar a tltrzrlidaclc mesma cla cscolha hcidcggc- possibilidadc dc: um'ir alénr de si mcsmo'dctcrn'riniido, cla trans-
rianir do tcrmol)ase.in Sc csse tcrmo não possuíssc ncnhuma cltta- cenclêncin, do projr:to com vistils à prcscnça"." lissil passagcm clc:i-
lidade cspccí[ica, clc podcria scr substituícl«r na prírpria língua ori- xa claro clrrc a dinâmica clo scr-aí se constrrii a partir da pro-icr,:ão dc
ginzrl por clualqttcr outro scm ltrcjtrízo algum p,rra it eomprct'nslito. campos clc: prescnça c não ó cla mcsma marcada por prcsc'nç:ti. [in-r
Clomo clc pclssrri uma tal qualicladc csl.rccílica, a tradtrção não poclc: scguida, não há como cleixar cle nrcncionar o liito jii cviclcnciaclo
sirnplcsmcrnte sc dcsoncrar dtt ncccssidaclc cle cncontrar um tcrmo
crlrrclato na língtra final c isso para não lalar na ttrndência cle fc- " Nlartin I leideggcq Os problcmus liudamantais du Janowanrlog,r, § 2 | , C^ 24,
tichiz.irção quc uma trtl manutcnçãcl clo vocírbulo alcmão acaba por p.'135.
)fi
Introduçãr.t à fiktnfiu Ap re sentaÇ ão à t radução b ras i I e iru XTI
acima dc o tcrmo Priisemz cxistir cm alcmão. Sc «l intrrito de llci- tcrmo para [)c]nsar o acontccimento m€:smo dcl surgimcnto dos pro-
deggcr Íossr, pcnsar o homem como prcscnça, é clilícil imaginar jctos históricos dc nrunclo. O tcrnpo ó nirturalnicntc' o horizontc clt:
por (luc clc nã«r tcria usado dirctamentc cssc tcrnlo. «t mesntrr cstabclccirnr:nto clc: cac'la umil clcssas ontcilogias possívc:is, dc cada
tcmpo, hír ainda o lãto de llciclc:gger Ier inccssantcmcntrr rrtilizn- n-runclo íiitico particular. No cnfanto, a tcmporalidudi' sc inscrcvcr
do o tcrnro latin< Priisenz para designar o caráter pró1trio ao l)cnsa- justamentc: nas intcr-rclaçõcs cntrc o ser-aí c a semântica sr,cli-
mcrnto mctal'ísico. N4ctaf-ísicri í: para I Ieideggcr "mctal'Ísica da prc- mcntacla dc srtr mrrndo, cntrc o scr-aí c o sr:rr aí cr cnlrc o sr:r-aí c:
sença", justamcntc porqllcr se rlricnta desclc scml,rc a partir clo o scr. Ncssr.t.'onÍcxto, l)rcscnÇâ í: trm termo rltrc niio dcsigna st:niio
cntc prcscntc c porqtlc tenta pcns/r-lo ent suri l)rcscrnç4. Alí'm dis- part:ialmcntc a partír,'ula Da- c obscurccc por conrplcto as intcr-rc-
s<1, clc mesmo alirma exprcssantentc cnr unr Pcr(ltlcno trc:cho dc laçõcrs cn.r jogo cntrc scr-aí, scr c muncl«r. ljxiitanrcntc por isso, não
unra;rrc:lcçãcl d«r prin'rciro Irimcstre de lc)4 l, in(ittrlada t\ ntelaJ'ísi' scglrir-r-ros a opção dc traclrrçiro clc I)ascin l)or "[)r('scncii", l-nas nos
cu do ideulism.o aleu.ão §chelling), quc a pitlavrit I'ranccsa "présen- rttivcrnos i) traclrrçã«r dt:. Da.sti.n por "scr-aí".
cc" não podcria serr rrtilizadcl como traclução clc /)a.v:in, Llnlii vcz [)or I'in-r, gostirria tk, ciizc.r al)cnas ulgrrnrirs l)ou('âs palavrrrs sobrc
cluc não tracluziria scnãii o sentido traclicional tlo lcrtrlo, ott sc.ia, a a importância da prcsentc olrra. (lonro jii llc'ntir,nt.i rrcim:r, irs l)r(,-
"signil'icaçrur habitual <ltrc ctluipara scr-aí = rcirliclirtlt' ,'1r.'1ivi1 = l'rrc- lcçtics clii dócrrda dc t920 l)ossu(,Ír lorlirs rrnr papcl ccnlrirl nrr
scr-rtidadc IAnu,esenheiÍ1"'. É nattrralmc'ntc possír't'l tltlt'sti<»ttar at(' comprccnsfro clo projcto Í'iltisriÍ'iro rlt. I It,itk'ggcr. lntroduç:ão à.l'iht-
mcsmo ii coml)rccrnsão hcidcggcriana tlc l)r('s('tl('il c al)ott{ltr l)itrl .sofa, prlrílr, não é apcnirs rrnlr cntrc orrtnrs lrrclcçõcs. O livro cn-
ur-r.ra significirção originírria aindii vcrlada. A tttctt vt'r, pttrí'ttr, sti sc ccrra cln si uma riqucza tcrrriiticit ([u(] rilrirmcntc sc r:ncontra tncs-
justiÍ'icaria usar Ltnt tal <ltrcstionanlcnto cottto pottÍt' parll ir trtilizzr- nro nits obriis dc llciclcggt'r. lixatarncnte 1>or isso, sua leitura tt.,n,
çiio ckr tcrmo "prcscnÇa em uma {rrtdttçiio tlt'/)rrseirr sc rl ganlro dc a promover natrrralnrcn((, unril abcrtura clc l-rorizontcs (: pcrs-
rcal crimpc,nsassc com srlbras os trilllstorttos irttt'cliattls (ll-l(t cssit pcctivas c,m rc[ação ao l)cnsernrento hr:idcggcriano. AIém clisso, o
Lrtilização traz consigo. Mas cssc ititttllt rtio c', contttclii, o [)onto título do livro possrri unrir ambigLiidadc cligna clc nota. () livro nãcr
principal. 1\4ais inrportitntc ó ilrrt('s o olrst'rtrt'citttcrtto cle toda clc- nos introduz na I'ilosofia por rncio cla i,ciculação clt um conjtrnto
terminação locativa clo scr-uí. (lotrsitlt'nrrrtlo ittcntamentc o tcrnlo clc inlrirntaçõlcs cluc vão piirrlatinirntcntc pi'rntitinclo il rcconstnt-
"prcscnça", sri mLritri dil'icilr.ncntt' nos rtpr<lxitnarrtos clas intcnçõcs çiio dos granclcs prtiblc:n.ras cla história rl«r pc:nsarncnto [ilosól'ic«r.
prin-ror<Jiiiis dc lJc:ideggcr com l cscolha tlt'Dusein: pcnslrr o h<t- Introclução signiÍ'íca aqui convitc à participaçao na vicla da Ílloso-
mcm a prrtir da projcçilo dc citmpos cxistr:nr'iiris Lltlc nulr(it sllr- lia. O convitc cstá abcrto. Ilstá cnt nossas rrrãris agora ir otr rrão ao
gcl11 por si mcsntos do nada, mas scml)rc cncontLlt'tt lts stllts oricn- scu cncontro.
tilções próvias no mundo lãtico qtrc ó o s<:tt ou n2ts artictrlaçilcs his-
tóricas das ontologias cpocais. I)asein (: unta pitlavra tlttt: tlcsigna I\4,rrrcr l Avrr tN ro C,lsnxr lr,,r
antes clc mais nada o scr jogado aibruptiimcntc c o sLr ver assim a[l-
sclrviclo l)or Lun mtrnclo cspccíl'ico, conr trmât ontologia scdimcnta-
cla c umtt scmântica constituícla. Mais tardc, elc sc rn<lstrâ como
-
N{ârtir) lleidcggcr, A ndnJísicu do idealisnn ult'tliio (S<:trrcllitrg), \11, CA'+9,
p. (r2.