Table Of ContentTfn,lo oriRinul: 1"4'TERPRETATION AND OVF.Rl,".7F.RPRF.TATfON.
Copyright © C umhridl!r Urrírer.r.ity Pres_ç, /992.
Cop)'r(~hr © J( )<)3. Lfrraria Marlins FomeJ Edirora Lula ..
São Puulo, para a presn-,tt' nli{"áo.
I' edição
julho de 1993
21 edição
março d,• 2005
Tradução
MF
Revi§ão da tradução e texto final
Manica Srahrl
Re"·isão gráfica
/1-'("fC' Batista t.Jm S«nlos
Produçlio gráfica
<
ieraldo Afre.'i
Dados lntffllaCionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Li~ SP, Brasil)
Eco. Humberlo, 1932-
lnterpretação e superinterpretação / llmberto 6:u ; tradu~io ME ;
~" isãu da tnwu~io e lextu final Moni<.:.a St.ahd. - 211 cd. - Sio Paulo :
Martins Fontes. 2(X)5. - (T6picofi)
Título original: em inglê!-: : interpretation and O\•erinterpretation.
ISB:'I 85-336-2117-5
1. Crfrica lilerári~ 2. Semi<>IÍC-1 e li1cratura 1. Título. li. Série.
05-1474 CDD-801.95
Índices para catálogo 1lstemático:
1. Critica lilercíria 801.95
2. Critica literária e semiótica 801.95
J. SemiMjca e critica literária 801.95
Todos os direitos desta edição para o Brasil resen-'ados à
Livraria Marti.ns Fonlel· Editora Lida.
Ruo Conselheiro Ramalho. 330 0/325-000 São Paulo SP Brasil
Te/. ( JI i 3241.3677 fax ( l 1) 3 JOJ ./042
e-mail: [email protected] hrrp:/lwMw.martinsfontes.com.hr
A Cambridge University Press agradece a coopera
ção do presidente e dos membros de Clare Hall, Cam
bridge, sob cujos auspícios se realizaram as Conferên
cias e o Seminário Tanner de 1990 ( dos quais deriva este
livro).
SUMÁRIO
Notas sohre os colaboradores.................................... IX
Introdução: interpretação terminável e internúnável
(Stephan Colli n.i) . . . .. . . .. . .. . . .. . . . . . . .. .. . . . .. . .. . . . . . . .. . .. . . . . . . .. . . l
1. Interpretação e história (Umberto Eco) ................. 27
2. Superinterpretando textos (U mberto Eco)............. 53
3. Entre autor e texto (U mberto Eco)......................... 79
4. A trajetória do pragmatista (Richard Rorty) .......... 105
5. Em defesa da superinterpretação (Jonathan Cullcr) .. 129
6. História palimpsesta (Christine Brooke-Rose) ...... 147
7. Réplica (Un1berto Eco).......................................... 163
Nota~·.................................................... .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 9
NOTAS SOBRE OS COLABORADORES
UMBERTO ECO é catedrático de Semiótica na Uni
versidade de Bolonha.
RICHARD RORTY é catedrático de Humanidades
na Universidade de Virgínia.
JONATHAN CULLER é catedrático de Inglês e Li
teratura Comparada e diretor da Sociedade das Humani
dades da Universidade Comell.
CHRISTINE BROOKE-ROSE foi catedrática de Li
teratura na Universidade de Paris VIII.
STEPHAN COLLINI é professor de Inglês e mem
bro de C]are Hall, Cambridge.
INTRODUÇÃO: INTERPRETAÇÃO
, ,
TERMINAV EL E INTERMIN.A VEL
Stephan Collini
I
"Minha única reserva é saber se esse tema irá tratar
suficientemente de ~valores humanos'." As pessoas fa
miliarizadas com o funcionamento de comissões acadê
micas reconhecerão o tom. Na ocasião, encontrava-se reu
nida em torno da mesa a Comissão das Conferências Tan
ner de Clare Hall, Cambridge. As Conferências Tanner fo
ram concebidas pelo filantropo americano e antigo cate
drático de Filosofia da Universidade de Utah, Obert C.
Tanner, e foram formalmente instituídas em Clare Hall
em primeiro de julho de 1978 (as Conferências Tanner
também são ministradas anualmente em Harvard, Michi
gan, Princeton, Stanford, Utah, Brasenose College, Oxford
e, ocasionalmente, em outros lugares). Seu propósito de
clarado é "favorecer e refletir sobre o saber acadêmico e
científico relativo a avaliações e valores humanos"'. Nes
sa ocasião, um convite para ser o conferencista Tanner de
1990 foi feito a Umberto Eco, que, ao ac.eitá-lo, propôs
- -
2 INTERPRETAÇAO E SUPERINTERPRETAÇAO
como tema "Interpretação e superinterpretação". Foi es
se tema que levou o membro da comissão citada acima,
ansioso por antecipar qualquer possível dificuldade, a ex
pressar sua reserva, reserva essa que a comissão não pôde
manter por muito tempo.
Não era, evidentemente, uma reserva compartilhada
pelas quase quinhentas pessoas comprimidas num dos
maiores auditórios de Cambridge para ouvir as conferên
cias. Algumas talvez tivessem vindo principalmente para
satisfazer a curiosidade de ver um dos autores mais céle
bres de nosso tempo; outras, talvez, impelidas apenas pelo
desejo de não perder um espetáculo cultural e social, em
bora o fato de esta audiência enorme ter voltado para ouvir
a segunda e a terceira conferências comprove a existên
cia de outras fontes de interesse, assim como as qualida
des magnéticas do conferencista. Menos reservas ainda
foram manifestadas pelos entusiastas que, na manhã
seguinte, faziam fila desde cedo para conseguir ouvir e
participar do seminário que se seguiu, instigados, no caso,
pela perspectiva de ver Eco debatendo com Richard Ror
ty, Jonathan Culler e Christine Brooke-Rose, numa ses
são de um dia inteiro presidida por Frank Kermode. A
discussão foi realmente animada, enriquecida pelas con
tribuições de um grupo ilustre de intelectuais e críticos, a
começar (alfabeticamente) por Isolber Armstrong, Gillian
Beer, Patrick Boyde e Marilyn Butler, e temperada pelas
reflexões particularmente pertinentes de outros roman
cistas-críticos presentes, como Malcolm Bradbury, John
Harvey e David Lodge.
Umberto Eco, o participante principal desses acon
tecimentos, distinguiu-se em tantos campos, que se torna
3
JNTRODUÇAO
difícil classificá-lo. Nascido em Piemonte, estudou filo
sofia na Universidade de Bolonha e escreveu uma tese so
bre a estética de Santo Tomás de Aquino. Trabalhou em
programas culturais para a rede de televisão estatal e de
pois exerceu cargos nas Universidades de Turim, Milão e
Florença~ ao mesmo tempo que continuava trabalhando
para a editora Bompiani. Desde 1975 ocupa a cátedra de
Semiótica na Universidade de Bolonha (a primeira do gê
nero instituída numa universidade). Publicou mais de
uma dezena de livros importantes, fazendo contribuições
de peso para os campos da estética, da semiótica e da cri
tica cultural. A maioria desses livros foi traduzida para o
inglês e outros idiomas, embora seja prova dos talentos
formidáveis de Eco enquanto lingüista o fato de várias de
suas obras recentes terem sido traduzidas para o italiano,
os originais sendo escritos em inglês. Ao mesmo tempo,
é um jornalista prolífico, escrevendo colunas regulares e
muitas vezes engraçadas para diversos diários e semaná
rios italianos importantes. Mas .. ao menos no mundo de
língua inglesa, é conhecido por um público muito mais
amplo como o autor de O nome da rosa, romance publi
cado em 1980 que se transformou num best-seller inter
nacional. Em 1988, publicou seu segundo romance, O pên
dulo de Foucault, traduzido para o inglês no ano seguinte,
recebendo grande atenção da crítica.
O presente volume inclui os textos revistos das Con
ferências Tanner de Eco em 1990, os artigos dos três par
ticipantes do seminário e a réplica de Eco. Como em cer
tos momentos as questões discutidas pelos participantes
podem parecer muito obscuras ou técnicas para o leitor
não-iniciado, talvez seja razoável apresentar antes as prin-
4
INTERPRETAÇÃO E SUPERJNTERPRETAÇ.40
cipais divergências entre elas e apontar algumas das im
plicações mais importantes de uma investigação que se
encontra no núcleo de muitas formas de entender a cultu
ra no fim do século XX.
II
A interpretação não é, evidentemente, uma atividade
inventada pelos teóricos da literatura do século XX. Na
verdade, as dificuldades e discussões sobre a caracteriza
ção dessa atividade têm uma longa história no pensa
mento ocidental, derivada sobretudo da tarefa importan
tíssima de instituir o significado da Palavra de Deus. A
fase moderna dessa história remonta essencialmente à
percepção mais aguda do problema do significado tex
tual introduzido pela hermenêutica bíblica associada a
Schleiermacher no começo do século XIX e à posiç.ão
central da interpretação para o entendimento de todas as
criações do espírito humano tomada como base de um
programa de pleno alcance da Geistes¾'issenschaft de Dil
they no fim do século.
O estágio particular em que a discussão entrou nas
duas ou três últimas décadas deve ser entendido no con
texto de dois processos de larga escala. O primeiro foi uma
expansão enorme da educação superior em todo o mundo
ocidental a partir de 1945, dando novo relevo a questões
relativas ao papel cultural genérico dessas instituições e,
mais especificamente, a questões sobre a identidade e o
status das "disciplinas'' institucionalmente definidas. No
mundo de língua inglesa, o "inglês" enquanto disciplina
5
INTRODUÇÃO
adquiriu, ao longo desse processo, uma posição particu
larmente central e sensível", como a disciplina menos iso
lada das preocupações existenciais dos leitores e escrito
res leigos de fora dos muros - o que significava, entre
outras coisas, que as discussões internas da profissão
continuavam sendo objeto de atenção pública intermiten
te. Um indício simples, mas notável, da importância do tema
é o fato de o inglês ter sido o departamento com mais alu
nos em dois terços das faculdades e universidades ameri
canas em 19701
•
Mas, em décadas recentes, tanto o "cânone" dos tex
tos considerados tradicionalmente o núcleo da disciplina
como os métodos tidos como os mais adequados para seu
estudo foram submetidos a um exame mais rigoroso, na
medida em que as hipóteses sociais e étnicas nas quais se
baseavam não mais desfrutavam de fácil aceitação no
mundo à sua volta. Além disso, a diversidade cultural da
sociedade americana e os princípios de mercado que go
vernam o sucesso individual na vida acadêmica dos Esta
dos Unidos ajudaram a fazer daqueles amontoados de
reflexões de segunda ordem, conhecidos como ''teoria",
a arena intelectual central onde se faziam as reputações e
se travavam as batalhas pelo poder e pelo status. Focali
zar esse cenário institucional pode não levar muito longe
a explicação do conteúdo real das posições assumidas
nesses debates, mas é indispensável para se entender a
desproporção aparente da paixão vinda à tona ou o grau
de atenção concedido pela sociedade em geral ao debate de
questões tão específicas.
Isso indica o segundo desenvolvimento de larga es
cala que pesou significativamente nos debates sobre