Table Of ContentUNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS CLÁSSICAS
IMAGINES AMORIS
As Figurações de Amor em Roma
do Final da República ao Período Augustano
Lya Valéria Grizzo Serignolli
Orientador: Prof. Dr. Paulo Martins
Versão Revisada
São Paulo
2013
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS CLÁSSICAS
IMAGINES AMORIS
As Figurações de Amor em Roma
do Final da República ao Período Augustano
Lya Valéria Grizzo Serignolli
Orientador: Prof. Dr. Paulo Martins
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-graduação em
Letras Clássicas do Departamento de
Letras Clássicas e Vernáculas da
Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de
São Paulo.
Financiada pela Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo –
FAPESP.
Versão Revisada.
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São Paulo
2013
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FFLCH - USP
São Paulo, 10 de julho de 2013.
Banca Examinadora
Titulares:
Prof. Dr. Alexandre Pinheiro Hasegawa (FFLCH – USP)
Prof. Dr. Luiz Armando Bagolin (IEB – USP)
Suplentes:
Prof. Dr. João Angelo Oliva Neto (FFLCH – USP)
Prof. Dr. João Batista Toledo Prado (UNESP)
Prof. Dr. Brunno Vieira (UNESP)
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Imagines Amoris
As Figurações de Amor em Roma
do Final da República ao Período Augustano
Palavras-chave: Amor, imago, loci, poesia latina, artes
Resumo
Esta pesquisa estuda as figurações do deus-personagem Amor em Roma entre o final da República e o
Período Augustano, em poemas de Catulo, Virgílio, Horácio, Tibulo, Propércio e Ovídio; e em objetos de
arte como pinturas, esculturas, moedas e mosaicos pertencentes ao mesmo período, que apresentem loci,
temas e motivos análogos aos da poesia.
Imagines Amoris
The Representations of Amor in Rome
from the Late Republic to the Augustan Age
Key words: Amor, imago, loci, latin poetry, arts
Abstract
This reasearch concerns the study of the representations of the character-god Amor in Rome from the
Late Republic to the Augustan Age, on the poetry of Catullus, Virgil, Horace, Tibullus, Propertius and
Ovid; as well as in art objects such as paintings, sculptures, coins and mosaics, from the period in focus,
which present loci, themes and motifs analogous those found in poetry.
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Agradecimentos
Agradeço imensamente a todos os profissionais e amigos que contribuíram de diversas
maneiras como esta pesquisa: ao meu orientador Paulo Martins pela amizade e apoio
incondicional neste projeto e ao longo da vida acadêmica, e pela sugestão do tema; aos
professores Leon Kossovitch, João Adolfo Hansen, Giuliana Ragusa, João Angelo Oliva
Neto, Alexandre Hasegawa, Marcos Martinho dos Santos e a todos os professores e
colegas do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH – USP pelo
constante incentivo e diálogo na universidade; aos professores e staff do Classics
Department do King’s College London, especialmente ao diretor Henrik Mouritsen pelo
convite e autorização para participar das atividades acadêmicas; e aos professores
Martin Dinter, Will Wooton e William Fitzgerald, supervisor do meu estágio BEPE de
pesquisa, pelo interesse, diálogo e inestimável ajuda neste projeto; à FAPESP pelo
financiamento da pesquisa de mestrado e pela concessão da Bolsa BEPE de mestrado,
que abriu as portas do King’s College London, do Institute of Classical Studies, e dos
museus e sítios arqueológicos da Europa, onde pude aprofundar e aperfeiçoar ainda
mais esta pesquisa; aos profissionais do The British Museum, especialmente Ian Leins,
do Departament of Coins and Medals, e Alexander Reid do Department of Greek and
Roman Antiquities pela autorização para a realização de visitas técnicas; aos colegas do
grupo de pesquisa IAC: Cynthia Dibbern, Henrique Fiebig, Rosângela Amato, Melina
Rodolpho, Cecília Lopes, Irene Boschiero, Mayara Pereira, Gustavo Borghi e Christine
Fonseca; e, finalmente, a pessoas que contribuíram com a pesquisa por outras vias que
não a acadêmica, em especial à minha amiga, professora de Inglês e madrinha, Evelina
Rios Meyer; e à querida amiga e professora de yoga, Priscila Kurmeier, “Namastê!”;
aos meus pais, Neuza e Pedro Serignolli, e a toda a minha família, especialmente ao
meu Amor, Mário Bianco, muito obrigada por tudo, sempre.
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Amori meo
Mário Bianco
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Índice
Introdução ........................,................................................................................................9
1. Loci, temas e motivos .................................................................................................11
2. A semântica de Desejo ...............................................................................................13
3. Puer Amor ...................................................................................................................18
Cupidos no séquito de Vênus..............................................................................19
A pintura do Amor menino .................................................................................40
Os signa amoris ................................................................................................. 43
As asas ................................................................................................................43
As armas .............................................................................................................44
O doce-amaro Amor ...........................................................................................47
O riso cruel de Cupido ........................................................................................49
4. Número de Cupidos e Cupidos em número ................................................................53
Iocus e Cupido: gemini Amores? ......................................................................59
5. Papel de Cupido na conspiração épica de Vênus .......................................................68
A ação de Amor na Eneida..................................................................................68
Êthos: Amor assimila a figura de Ascânio .........................................................70
Amor como ferida e fogo ....................................................................................71
Páthos: as afecções desencadeadas por Amor ....................................................72
As transformações no êthos da rainha ................................................................73
6. Delicia, Cupidos da vida real .....................................................................................80
Cupidos no retorno de Vênus .............................................................................85
Pueri turba minuta ..............................................................................................91
Cupido e o princípio da atração ..........................................................................97
Amor e Psiquê ..................................................................................................105
7. Militia Amoris............................................................................................................108
Marte, Vênus e Cupido: uma família de deuses do amor e da guerra em
Roma..................................................................................................................110
O paradoxo da paz e da guerra ..........................................................................117
Um soldado ferido em seu próprio acampamento ............................................120
A procissão triunfal ...........................................................................................121
8. Seruitium Amoris ......................................................................................................130
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Amor como custos ............................................................................................131
Sob o jugo de Amor ..........................................................................................134
Omnia uincit Amor ............................................................................................135
9. Nox, Amor et uinum ..................................................................................................144
Uma epifania dionisíaca ....................................................................................146
O simpósio elegíaco ..........................................................................................150
O simpósio iâmbico ..........................................................................................153
Ligações amorosas em epodos e elegias ...........................................................156
Os remedia amoris em epodos e elegias ..........................................................158
10. Amor como deus tutelar da poesia erótica...............................................................160
Cupido e seu opus nouum .................................................................................161
O certame entre Cupido e Apolo ..................................................................... 164
O lascivo Amor no embate entre a Tragédia e a Elegia ....................................169
Amor como praeceptor .....................................................................................172
Uma genealogia de poetas de Amor .................................................................182
Amor na memória e no esquecimento ..............................................................186
Considerações Finais ....................................................................................................200
Bibliografia ...................................................................................................................205
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INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é observar a presença do deus-personagem Amor em
Roma entre o final da República e o Período Augustano1, com ênfase na poesia de
Catulo2, Virgílio3, Horácio4, Tibulo5, Propércio6 e Ovídio7; abarcando passagens das
seguintes obras: Livro de Catulo; Eneida, Éclogas e Geórgicas de Virgílio; Odes e
Epodos de Horácio; Livros I e II de Tibulo; Livros I a III de Propércio; e Amores,
Epístolas Ex Ponto, Metamorfoses, Heroides, Ars Amatoria, Remedia Amoris, Fastos e
Tristia de Ovídio. De caráter interdisciplinar, o estudo propõe a observação das
imagines Amoris em meios miméticos diversos, procedendo-se a busca por loci, temas e
motivos análogos aos da poesia, em objetos de arte, como pinturas, esculturas, moedas e
mosaicos, pertencentes ao período especificado, com a finalidade de realizar uma
interpretação mais precisa das metáforas produzidas pelas imagens encontradas nos
poemas.
Como suporte para o estudo das figurações de Amor nos poemas, o estudo irá se
valer, também, de textos antigos que forneçam elementos para a discussão formal e de
fundo, tanto em passagens que referenciem a figura do deus no mundo romano, como as
que se encontram no De Natura Deorum de Cícero, História Natural de Plínio, o Velho;
De Rerum Natura de Lucrécio e Descrição da Grécia (Periegesis Hellados) de
Pausânias; bem como outras que ofereçam explicações sobre os mecanismos elocutivos
e argumentativos que veiculam a personagem/deus nos poemas, como evidência,
écfrase, descriptio, sermocinatio, alegoria, símile, metáfora e exemplum; mais
especificamente aquelas encontradas na Epístola aos Pisões de Horácio; Livros VI a XII
das Instituições Oratórias de Quintiliano; Orator, De Oratore e De Inuentione de
Cícero; De Anima, Poética e Retórica de Aristóteles; e Retórica a Herênio (anônimo).!
Para os romanos, Amor, também chamado de Puer ou Cupido, é o deus alado,
armado com arco e flechas, tochas, correntes e outras armas, com as quais brinca,
ferindo e aprisionando suas vítimas, que passam a manifestar os sintomas da paixão
erótica. Normalmente ele age sob o comando da mãe, Vênus, a cujo séquito pertence.
Sua figura, no mundo romano, é facilmente identificável e ao mesmo tempo complexa,
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1 séc. I a.C – I d.C..
2 84 a.C.-54 a.C..
3 70-19 a.C..
4 65-8 a.C.
5 54-19 a.C..
6 55-16 a.C..
7 43 a.C.-18 d.C..
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apresentando uma variedade de genealogias, nomes e atributos, cujas referências se
acumulam desde a Grécia Arcaica e somam-se a novos elementos nesse momento e
lugar que é o foco de nossa investigação.
As traduções que não apresentarem crédito devem ser entendidas como próprias.
São traduções instrumentais, que foram desempenhadas com atenção às especificidades
genéricas e terminológicas do texto original, com a finalidade de buscar uma
aproximação com a elocução do texto, evitando-se a projeção de conceitos modernos
sobre o objeto antigo.
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Description:This reasearch concerns the study of the representations of the character-god Amor in Rome from the. Late Republic to the Augustan Age, on the poetry of Catullus, Virgil, Horace, Tibullus, Propertius and. Ovid; as well as in art objects such as paintings, sculptures, coins and mosaics, from the per