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XLI
EDMUND HUSSERL
INVESTIGAÇÕES LÓGICAS
SEXTA INVESTIGAÇÃO
(ELEMENTOS DE UMA ELUCIDAÇÃO
FENOMENOLÓGICA DO CONHECIMENTO)
Seleção e tradução de Zeljko Loparic
e Andréa Maria Altino de Campos Loparic
MAURICE MERLEAU-PONTY
TEXTOS ESCOLHIDOS
Seleção de Marilena de Souza Chauí Berlinck.
Tradução e notas de Marilena de Souza Chauí Berlinck,
Nelson Alfredo Aguilar (A dúvida de Cézanne),
Pedro de Souza Moraes (A linguagem indireta e as vozes do silêncio) e
Gerardo Dantas Barreto (O Olho e o Espírito).
Cu^fl^
EDITOR: VICTOR CIVITA
Títulos originais:
De E. Husserl: Logische Untersuchungen - Elemente einer phaenomenologischen
Aufklaerung der Erkenntnis.
M. Merleau-Ponty: Autour du Marxisme — La crise de 1’entendement —
Épilogue — Marxisme et philosophie — L’oeil et 1’esprit — Le doute de Cézanne —
Sur la phénoménologie du langage — Le langage indirect et les voix du silence —
Le métaphysique dans ITiomme — De Mauss à Claude Lévi-Strauss — Partout et nulle part — Le
philosophe et son ombre.
l.a edição — fevereiro 1975
© - Copyright desta edição, 1975, Abril S.A. Cultural e Industrial, São Paulo.
Textos publicados sob licença de Max Niemeyer Verlag, Tuebingen (Investigações Lógicas);
Nagel, Paris (Em torno do marxismo, Marxismo e filosofia, A dúvida de Cézanne,
O metafísico no homem); Éditions Gallimard, Paris (A crise do entendimento, Epílogo de
As aventuras da dialética, O olho e o espírito, Sobre a fenomenologia da linguagem,
A linguagem indireta e as vozes do silêncio, De Mauss a Claude Lévi-Strauss,
Em toda e em nenhuma parte, O filósofo e sua sombra).
Tradução publicada sob licença de Edições Grifo, Rio de Janeiro (O olho e o espírito).
Direitos exclusivos sobre as demais traduções deste volume, 1975, Abril S.A. Cultural e Indus
trial, São Paulo.
Sumário
EDMUND HUSSERL
INVESTIGAÇÕES LÓGICAS ................................................................................................................ 7
MAURICE MERLEAU PONTY
I - TEXTOS POLÍTICOS ........................................................................................................................ 191
II - TEXTOS ESTÉTICOS .........................................................................................................................271
III - TEXTOS SOBRE LINGUAGEM ....................................................................................................317
IV - TEXTOS SOBRE ESTRUTURA ....................................................................................................367
V - TEXTOS SOBRE HISTÓRIA DA FILOSOFIA .............................................................................397
EDMUND HUSSERL
INVESTIGAÇÕES L*ÓGICAS
SEXTA INVESTIGAÇÃO
(ELEMENTOS DE UMA ELUCIDAÇÃO
FENOMENOLÓGICA DO CONHECIMENTO)
Seleção e tradução de Zeljko Loparic
e Andréa Maria Altino de Campos Loparic
* Traduzido do original alemão Logische Untersuchungen — Zweiter Band — Elemente einer phaenomeno-
logischen Aufklaerung der Erkenntnis — II Teil — Tuebingen, Max Niemeyer Verlag, 1968.
Prefácio
A presente reedição da parte final das “Investigações Lógicas” não corres
ponde, infel zmente, ao programa anunciado no prólogo que acrescentei, em 1913,
ao primeiro volume da segunda edição1. Tive que me decidir a publicar o texto
antigo, com apenas alguns melhoramentos essenciais em certas seções, em lugar
do texto radicalmente refundido, do qual uma parte considerável já estava então
impressa. Mais uma vez se mostrou verdadeiro o velho ditado segundo o qual os
livros têm seu destino. Primeiramente, o cansaço natural que se segue a um
período de trabalho excessivo obrigou-me a interromper a impressão. Dificul
dades teóricas, que me surgiram durante a mesma, exigiam profundas reformula
ções do novo esboço de texto, e para elas eram necessárias novas energias. Duran
te os anos de guerra que se seguiram, fui incapaz de dedicar à fenomenologia da
lógica aquele interesse apaixonado, sem o qual um trabalho frutífero é para mim
impossível. Só pude suportar a guerra e a “paz” subseqüente entregando-me a
reflexões filosóficas as mais gerais e retomando os trabalhos voltados para a
elaboração metódica e material da idéia de uma filosofia fenomenológica, para o
esboço sistemático de suas linhas fundamentais, a ordenação das suas tarefas e
para o prosseguimento daquelas investigações concretas que, nesse contexto,
pareciam indispensáveis. Minha nova atividade docente em Friburgo também
contribuiu para que meu interesse se dirigisse para as generalidades fundamentais
e para o sistema. Só recentemente é que esses estudos sistemáticos me trouxeram
de volta à origem das minhas pesquisas fenomenológicas e relembraram os anti
gos trabalhos de fundamentação da lógica pura, que há tanto tempo aguardavam
conclusão e publicação. Mas. dividido corno estou entre uma intensa atividade
docente e uma intensa pesquisa, não sei quando estarei em condições de adaptar
esses trabalhos aos progressos realizados nesse entretempo e de dar-lhes uma
nova forma literária; nem tampouco se me servirei do texto da Sexta Investigação
ou se darei a meus esboços, cujo conteúdo ultrapassa de muito o dessa última, a
forma de um livro completamente novo.
1 Na sua primeira edição, as Investigações Lógicas foram publicadas em dois volumes: o primeiro, publi
cado em 1900. continha os Prolegomena para a Lógica Pura e o segundo, de 1901. as seis Investigações. A
segunda edição (parcialmente reelaborada) dispõe a obra em três volumes. O primeiro volume I1 2 corres
ponde a I1. mas o novo segundo volume (II2. 1) contém apenas a primeira parte do antigo, isto é. as cinco
primeiras Investigações. Esses dois volumes são os que surgem em 1913. A Sexta Investigação, que era a
segunda parte do segundo volume da primeira edição, surgirá somente em 1921. como terceiro volume (II2,
2) da segunda edição. É essa obra que traduzimos aqui, a partir da sua quarta edição — que reproduz sem
alterações a segunda. (N. dos T.)
10 HUSSERL
Tal como estão as coisas, tive que ceder à pressão dos amigos dessa obra2 e
tomar a decisão de tornar a sua parte final novamente acessível ao público, pelo
menos em sua antiga forma.
Mandei reimprimir quase literalmente a primeira seção, da qual nem mesmo
os detalhes podiam ser reelaborados sem pôr em perigo o estilo do conjunto. Em
compensação, fiz vários melhoramentos no texto da segunda seção, sobre “Sensi
bilidade e Entendimento”, para mim particularmente valiosa. Continuo conven
cido de que o capítulo sobre “intuição sensível e intuição categorial”, juntamente
com as consideraões preparatórias dos capítulos precedentes, abriram o caminho
para uma elucidação fenomenológica da evidência lógica (e assim, eo ipso, tam
bém dos seus paralelos na esfera axiológica e prática). Muitos equívocos a res
peito de minhas Ideen zu einer reinen Phãnomenologie teriam sido impossíveis, se
este capítulo tivesse sido levado em conta. Pois é evidente que tanto o caráter ime
diato da visão das essências genéricas, do qual se fala nas Ideen, como também o
de qualquer outra intuição categorial, é o oposto do caráter mediato do pensa
mento não intuitivo, tal como o simbólico-vazio. Em vez disso, tal caráter
imediato foi entendido como sendo aquele da intuição, no sentido comum da pala
vra, exatamente por não se ter tomado conhecimento da diferença, fundamental
para toda teoria da razão, entre intuição sensível e intuição categorial. Na minha
opinião, é característico do presente estado da ciência filosófica o fato de que te
nham permanecido sem uma visível influência literária as simples constatações de
significado tão profundo, expostas numa obra muito hostilizada, mas também
muito utilizada, durante quase duas décadas.
O mesmo acontece com o capítulo — cujo texto também foi aperfeiçoado —
sobre “as leis apriorísticas do pensamento no sentido próprio e impróprio”. Ele
nos dá pelo menos o esquema de uma primeira superação radical do psicologismo
dentro da teoria da razão: no quadro da presente investigação, que se interessa
apenas pela lógica formal, esse esquema irrompe dentro dos limites da razão lógi-
co-formal. A pouca profundidade com que ela foi lida se revela na objeção
frequentemente ouvida, embora para mim grotesca, segundo a qual, depois de ter
recusado energicamente o psicologismo no primeiro volume dessa obra, teria eu
2 No opúsculo “Meu caminho para a fenomènologia” (citamos a tradução de E. Stein, publicada no volume
XLV da coleção Os Pensadores, pp. 497-498), Heidegger se identifica como um dos amigos da Sexta Investi
gação: “Desde 1919 passei a dedicar-me pessoalmente às atividades docentes na proximidade de Husserl;
nestas, aprendia o ver fenomenológico, nele me exercitando e ao mesmo tempo experimentando uma nova
compreensão de Aristóteles; foi aí que o meu interesse se voltou novamente às Investigações Lógicas, sobre
tudo à Sexta Ihvestigação da primeira edição. A distinção que Husserl aí constrói entre intuição sensível e
categorial reveibu-se sem alcance para a determinação do ‘significado múltiplo do ente’.
Por isso insistimos — amigos e alunos — para que o mestre reeditasse a Sexta Investigação, naquela época
dificilmente encontráver'.
Logo em seguida, Heidegger relembra como fez uma das descobertas fundamentais da sua filosofia. Ao se
aprofundar no estudo das Investigações Lógicas, descobriu que “o que para a fenomenologia dos atos cons
cientes se realiza como o automostrar-se dos fenômenos é pensado mais originariamente por Aristóteles e por
todo o pensamento e existência dos gregos como Alétheia, como o desvelamento do que se pre-senta, seu
desocultamento e seu mostrar-se. Aquilo que as Investigações redescobriram como a atitude básica do pensa
mento revela-se como o traço fundamental do pensamento grego, quando não da filosofia como tal”. (N. dos
T.)