Table Of ContentHomossexualidade:
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Homossexualidade :
da opressão à libertação
Hiro Okita
São Paulo, 2015
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©
2015, Editora José Luís e Rosa Sundermann
A editora autoriza a reprodução de partes deste livro para fins acadê-
micos e/ou de divulgação eletrônica, desde que mencionada a fonte.
Coordenação editorial:
Henrique Canary
Jorge Breogan
João Simões
Martha Piloto
Capa e diagramação: Martha Piloto
Edição e revisão: Luciana Cândido
Dados internacionais de catalogação (CIP)
elaborados na fonte por Iraci Borges – CRB-8 - 2263
Hiro, Okita.
Homosexualidade: da opressão à libertação. 2ª ed. São Paulo:
Sundermann, 2015.
112 p.
ISBN:978-85-99156-76-6
1.Homossexualidade – opressão. 2.Movimento homossexual -
luta. 3. Homossexualismo - disciminação. 4.Homofobia. I. Título
CDD: 300
Editora José Luís e Rosa Sundermann
Avenida 9 de Julho, 925
Bela Vista, São Paulo, CEP: 01313-000, Brasil
55 -11 4304 5801
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www.editorasundermann.com.br
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SUMÁRIO
Prefácio, 7
Introdução, 13
Origem da opressão aos homossexuais, 17
Alemanha, 45
URSS e Cuba, 53
Estados Unidos, 63
Brasil, 69
Problemas e perspectivas, 83
Um programa para a libertação, 91
Palavras com a imprensa alternativa brasileira, 95
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PREFÁCIO
É motivo de enorme orgulho para todos e todas nós
que ajudamos a construir a Secretaria LGBT do Partido
Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) apresen-
tarmos esta nova edição de Homossexualidade: da opres-
são à libertação. Orgulho não só porque temos esse texto
como uma das raízes de nossa própria história, mas tam-
bém, e principalmente, por acreditarmos que, apesar das
mais de três décadas que nos separam de sua primeira
edição, o livro continua sendo uma importante referên-
cia para o debate, a organização e a luta de lésbicas, gays,
bissexuais, transexuais, travestis e todos e todas que não
se encaixam na chama heteronormatividade.
Fruto dos debates internos e da elaboração coletiva
da Fração Homossexual da Convergência Socialista
– na época, tendência interna do Partido dos Traba-
lhadores e, nos anos 1990, um dos grupos que deu ori-
gem ao PSTU –, o livro foi publicado em 1981 e é um
importante testemunho do processo de reorganização
dos movimentos sociais e de luta contra as opressões
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no momento em que se acirrou a luta pela derrubada
da ditadura.
É impossível dissociar o livro do vigoroso processo de
reorganização do movimento LGBT e, particularmente,
da criação e de perspectivas iniciais de uma das prin-
cipais entidades surgidas na época e que, ainda hoje, é
uma referência para nós do PSTU, o “SOMOS: Grupo de
Afirmação Homossexual”, que também abrigou, em seu
início, um grupo lésbico-feminista que, posteriormente,
se converteu numa organização autônoma.
No decorrer do texto, os leitores poderão conhe-
cer melhor essa história que, para nós, fazem com que
a leitura do livro seja fundamental no atual momento
em que vivemos. Neste livro, se encontram sintetizados
os debates e experiências dos militantes da Fração Ho-
mossexual da CS, que estiveram entre os fundadores do
SOMOS e que, no interior da entidade, defenderam uma
política sistemática de aliança com os demais oprimidos,
a juventude e, particularmente, com os trabalhadores e
trabalhadoras. Basta lembrar, por exemplo, que a primei-
ra aparição pública do grupo se deu no 20 de Novembro1
de 1979, organizado pelo MNU, que também teve entre
seus fundadores militantes da Convergência Socialista.
Nas entrelinhas do texto que estamos lhes apresen-
tando, pulsam diversas histórias e lutas que determina-
ram os temas que nele são abordados. Afinal, as mesmas
mãos que escreveram esse livro foram as que carregaram,
no 1º de Maio de 1980, diante de cerca de 100 mil tra-
balhadores reunidos no ABC Paulista, duas faixas assi-
nadas pela Comissão de Homossexuais Pró-1º de Maio:
1 Dia de Zumbi dos Palmares, líder quilombola, assassinado em
20 de novembro de 1695. Desde 2003, a data é considerada Dia da
Consciência Negra (N. do E.).
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“Contra a intervenção nos sindicatos do ABC” e “Contra
a discriminação do trabalhador(a) homossexual”.
Um ato de enorme coragem, recebido com aplausos
entusiasmados dos operários, e que não só fortaleceu
uma inédita aliança entre os movimentos sindicais, as
organizações políticas de esquerda e os ativistas LGBTs,
como também silenciou, naquele momento, uma pers-
pectiva oposta exemplificada pela atividade organizada
por alguns membros do SOMOS que se opuseram à par-
ticipação no ABC: um piquenique no Zoológico de São
Paulo.
Exatamente em função da perspectiva classista e
socialista defendida pelos membros da Fração Homos-
sexual da CS, o estudo que resultou neste livro, como é
dito na introdução, foi, em primeiro lugar, “uma tentati-
va de ampliar o debate dentro e fora do movimento ho-
mossexual, sobre a origem e a dinâmica da opressão aos
homossexuais”, analisadas sob a ótica do materialismo
histórico, das relações entre exploração e opressão e, con-
sequentemente, inseridas na história da luta de classes.
Na virada dos anos 1980, essa análise serviu como base
para a intervenção nas lutas e nos debates sobre o seu
programa, formas de organização, alianças etc. Tudo isso
baseado na certeza de que a libertação definitiva só seria
possível “sobre a base da transformação radical da atual
sociedade, no caminho de uma sociedade sem classes”.
Este livro tem grandes lacunas. A grande maioria das
elaborações e teorias que circulam hoje pelo movimento
sequer existiam. A começar pelo nível mais básico – o do
vocabulário e termos que hoje usamos – chegando até
questões ultraimportantes que, graças à própria evolução
dos movimentos e da luta, ganharam peso nos últimos
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anos, como a transexualidade, os temas relativos à identi-
dade de gênero e tantos, então nem sequer entravam em
pauta no movimento.
Contudo, isto de forma alguma invalida a atualidade
e a importância de Homossexualidade: da opressão à li-
bertação. Pelo contrário. Primeiro, se é verdade que é ne-
cessário atualizar suas elaborações, é um fato ainda mais
importante que podemos usá-lo como uma base sólida
para fazer isso, como a Secretaria LGBT do PSTU vem
tentando.
Para nós, isso, por si só, já justificaria a relevância da
reedição. Acreditamos que, com ela, estamos oferecendo
uma contribuição, tanto do ponto de vista teórico quanto
político, para as novas gerações de ativistas LGBTs. Espe-
ramos que eles possam se apropriar dessas elaborações,
confrontá-las com a realidade atual, complementá-las
e reescrevê-las em base às novas polêmicas, conceitos e
contribuições teóricas.
Para nós que continuamos atuando no movimento
com uma perspectiva socialista, essa necessária atualiza-
ção teórica tem sido feita em base às mesmas perspectiva
e estratégia políticas que são desenvolvidas no texto: “só
a transformação total da sociedade em seu conjunto, des-
de suas raízes, pode destruir a organização econômica e
social que permite que uma pequena parcela da popu-
lação” explore homens, mulheres e jovens e se utilize da
opressão para criar condições ainda piores para negros,
negras, LGBTs e mulheres.
Hoje, essa perspectiva, lamentavelmente, está longe de
ser a postura majoritária nos movimentos de luta contra a
opressão. Contudo, um dos grandes méritos de Homosse-
xualidade: da opressão à libertação é exatamente resgatar
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