Table Of Content■ Richard Pipes
listória
oncisa
R evolução R u ssa
Em março dc 1917, cm meio à
Primeira Guerra Mundial, o poder
do czar Nicolau II desmoronava e
com ele a Rússia imperial. Após uma
série de greves e manifestações em
Petrogrado que logo se espalharam
por toda a Rússia, os mencheviques
e os socialistas revolucionários
constituíram o Governo Provisório.
Mas, indecisos quanto aos rumos da
política interna, estes grupos foram
perdendo sua força política para os
bolcheviques, que defendiam o
confisco das grandes propriedades
rurais e o controle das indústrias em
prol dos trabalhadores. Em outubro,
sob a bandeira de “Todo o poder aos
sovietes”, os bolcheviques depuseram
o Governo Provisório e assumiram
o poder, dando início à formação da
República Socialista Soviética.
Em História concisa da Revolução
Russa, o renomado historiador
Richard Pipes afirma que a Revolução
de Outubro de 1917 foi na verdade
um golpe de Estado, a tomada de
poder por um grupo, com apoio
popular mas na realidade sem
envolvimento da população. Para
Pipes, o bolchevismo não era uma
visão do futuro, mas sim a retomada
de um passado autoritário.
Analisando o período
imediatamente anterior e o posterior
à Revolução, o livro retrata o
assassinato da família imperial, a
política soviética de sufocar etnias e
nacionalidades e o combate às religiões.
Produto de anos de pesquisa, História
Richard Pipes
História
concisa da
Revolução Russa
Tradução de
T. REIS
1
E D I T O R A R E C O R D
RIO DE JANEIRO • SÃO PAULO
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
Pipes, Richard, 1923-
P735h História concisa da Revolução Russa /Richard
Pipes; tradução de T. Reis. - Rio de Janeiro: Record,
1997.
Tradução de: A concise history of the Russian
Revolution
Inclui bibliografia
ISBN 85-01-04674-4
1. Rússia - História - Revolução, 1917-1921.
I. Título.
CDD - 947.0841
97-1589 CDU - 947“1917/192r
Título original norte-americano
A CONCISE HISTORY OF THE RUSSIAN REVOLUTION
Capa: Carolina Vaz
Copyright © 1995 by Richard Pipes
Esta tradução é publicada em acordo com a Alfred A. Knopf, Inc.
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ISBN 85-01-04674-4
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Sumário
Introdução 11
PARTE UM A agonia do Antigo Regime 17
I. A Rússia em 1900 19
O campesinato 20
As instituições oficiais 25
A intélligentsia 35
II. A experiência constitucional 45
A revolução de 1905 45
Stolypin 57
III. A Rússia na guerra 68
Expectativas 68
O primeiro ano da guerra 72
Os espectros da catástrofe 77
IV. A Revolução de Fevereiro 85
PARTE Dois Os botcheviques conquistam a Rússia 103
V Lenin e as origens do bolchevismo 105
8 / Richard Pipes
VI. O golpe de outubro 116
As tentativas fracassadas dos bolcheviques para
alcançar opoder 116
O golpe 130
VII. Construindo o Estado unipartidário 149
VIII. A revolução internacionalizada 165
Brest-Litovsk 165
Envolvimento internacional 175
DC O comunismo de guerra 191
A criação de uma economia centralizada 191
A guerra contra a aldeia 202
X. Terror vermelho 210
O assassinato da família imperial 210
O terror em massa 215
PARTE Três A Rússia sob o regime boíchevique 229
XI. A guerra civil 231
As primeiras batalhas: 1918 231
O clímax: 1919-1920 239
XII. O novo império 267
XIII. Comunismo de exportação 277
XTV. Vida espiritual 300
Cultura como propaganda 300
Guerra à religião 317
História Concisa da Revolução Russa / 9
XV Comunismo em crise 325
NEP — O falso Termidor 325
A crise do Novo Regime 340
XVI. Reflexões sobre a Revolução Russa 355
Glossário 377
Cronologia 379
Referências 383
Sugestões para Leituras Adicionais 385
índice 387
Introdução
A palavra “revolução” tem uma etimologia interessante. Respondendo
aos sociólogos soviéticos, os camponeses russos disseram que, para
eles, o termo significava samovotshchina, que aproximadamente eqüiva
le a “fazer o que se quer”. Na publicidade moderna, “revolucionário” é
o “radicalmente inovador” e, por ilação, “aperfeiçoado”. Já no discurso
cotidiano, a expressão quer dizer “drasticamente diferente”. Assim,
dificilmente poder-se-ia suspeitar de que o vocábulo foi pela primeira
vez aplicado em estudos de astronomia e astrologia.
“Revolução” deriva do latim revólvere — “revolver, girar” — origi
nalmente associado ao movimento dos planetas. O grande tratado de
Copémico, que deslocava a Terra do centro do universo, intitulou-se
Sobre a Revolução dos Corpos Celestes. Da astronomia, o verbo passou ao
vocabulário dos astrólogos, que reivindicavam a habilidade de predizer
o futuro a partir do estudo do céu. No século XVI, a serviço de prínci
pes e generais, eles se referiam à “revolução” para designar eventos
abruptos e imprevistos, determinados pela conjunção dos planetas —
ou seja, por forças situadas fora do alcance humano. Desta forma, de
um significado científico, concebendo regularidade e repetição, ao re
lacionar-se às questões sociais o termo passou a indicar o oposto, prin
cipalmente, o repentino e imprevisível.
A palavra “revolução” ingressou no jargão político em 1688-1689,
quando da queda de Jaime II, sucedido por Guilherme III e a rainha
Mary. O preço pago pela coroa foi a Declaração de Direitos, mediante
a qual o novo monarca comprometeu-se a não alterar leis ou impor
taxas sem prévia aprovação parlamentar. O processo, que afetou a cons
tituição política do país e acabaria por levar a soberania popular na
Inglaterra ao triunfo, tomou-se historicamente conhecido como a “Re
volução Gloriosa”.
Um século depois, a Revolução Americana teve implicações mais
amplas, afirmando a independência da nação e alterando o relaciona
mento entre os indivíduos e o Estado. Nela, a combinação dos princí