Table Of ContentGênero e CiênCias
mulheres em novos campos
Universidade Federal da Bahia
Reitor
João Carlos salles Pires da silva
Vice-Reitor
Paulo Cesar Miguez de Oliveira
Assessor do Reitor
Paulo Costa lima
NÚCLE
DEESTUDOS
INTERDISCIPLINARES
SOBREAMULHER
FFCH/UFBA
neiM editOra da Universidade Federal
da Bahia
Diretora
rosângela Costa araújo Diretora
Flávia Goullart Mota Garcia rosa
Vice-Diretora
laila andressa Cavalcante rosa Conselho Editorial
Alberto Brum Novaes
Comissão Editorial
Angelo Szaniecki Perret Serpa
Alda Britto da Motta
Caiuby Alves da Costa
Cecília M. B. Sardenberg
Charbel Niño El Hani
Ivia Alves
Cleise Furtado Mendes
Silvia Lúcia Ferreira
Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti
Coordenação Editorial Executiva Evelina de Carvalho Sá Hoisel
Eulália Azevedo José Teixeira Cavalcante Filho
Ivia Alves Maria Vidal de Negreiros Camargo
Maria de Lourdes Schefler
Ângela Maria Freire de Lima e Souza
Financiamento
Cecilia Maria Bacellar sardenberg
luzinete simões Minella
(Org.)
Gênero e Ciências
mulheres em novos campos
COLEÇÃOBahianas, 18
salvador | edUFBa/neiM | 2016
2016, Autores
Direitos para esta edição cedidos à Edufba.
Feito o Depósito Legal.
Grafia atualizada conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990,
em vigor no Brasil desde 2009.
Projeto gráfico capa e miolo
Alana Gonçalves de Carvalho Martins
Editoração
Tiago Silva dos Santos
Igor Fonsêca de Araújo Almeida
Revisão
Larissa Lacerda Nakamura
Normalização
Sandra Batista de Jesus
Sistema de bibliotecas - UFBA
Gênero e ciências : mulheres em novos campos / Cecilia Maria Bacellar
Sardenberg, Luzinete Simões Minella ( Org.). - Salvador : EDUFBA/NEIM, 2016.
292 p. : (Coleção Bahianas ; 18)
ISBN 978-85-232-1487-6
1. Mulheres na ciência. 2. Feminismo e ciência . 3. Relações de gênero.
I. Sardenberg, Cecilia Maria Bacellar II. Minella, Luzinete Simões. III. Título.
IV. Série
CDD - 500.82
Editora filiada à
neiM editora da UFBa
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SUMÁRIO
7 apresentação
Cecilia Maria Bacellar sardenberg e luzinete simões Minella
t
19 a ciência e seus discursos
a exclusão das mulheres na Medicina
sabrina Guerra Guimarães e lina Maria Brandão de aras
41 feminismo, sexualidade e educação sexual
a tese de Ítala da Silva Oliveira
iole Macedo vanin
85 a trajetória profissional da “menina de saia
estampada”
caminhos iniciais de uma professora de Matemática
em um mundo androcêntrico
Márcia Barbosa de Menezes
113 subjetividades na ciência
narrativas de mulheres no exercício da produção do
conhecimento em Biologia
Ângela Maria Freire de lima e souza
147 renomeando-se
nome e autoria em experiências femininas
Fernanda azeredo Moraes
167 graduação em medicina no nordeste e no
sul do brasil
um enfoque interseccional sobre o perfil dos(as)
estudantes
luzinete simões Minella
193 revisitando o campo
autocrítica de uma antropóloga feminista
Cecília Maria Bacellar sardenberg
245 produzindo gênero na farmacologia
reflexões sobre uma área de excelência
Caterina rea
261 sociologia, feminismos e dalit studies
o novo campo da Sociologia na Índia
vinicius Kauê Ferreira
287 quem é quem
APRESENTAçãO
Cecilia Maria Bacellar sardenberg
luzinete simões Minella
A coletânea, Gênero e Ciências — mulheres em novos cam-
pos, que aqui apresentamos, resulta de um esforço conjun-
to de estudantes, professoras e pesquisadoras do Programa de
Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Univer-
sidade Federal de Santa Catarina (PPGICH/UFSC), e do Programa de
Pós-Graduação em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gê-
nero e Feminismo, da Universidade Federal da Bahia (PPGNEIM/
UFBA), realizado por intermédio do Programa de Cooperação Aca-
dêmica (PROCAD) 2007 da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educa-
ção. Coordenado pelas professoras doutoras Miriam Pillar Grossi,
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e Cecilia Maria
Bacellar Sardenberg, da Universidade Federal da Bahia (UFBA),
o projeto que nos reuniu foi iniciado em fins de 2008, estenden-
do-se até o segundo semestre de 2013, período este em que um
intenso intercâmbio teve lugar entre os referidos programas.
Gênero e Ciências: mulheres em novos campos 7
“Gênero e Ciências” foi uma das três temáticas em foco nes-
se intercâmbio (as demais foram Gênero e Violência e Gênero
e Feminismos), gerando participações de lá e cá em bancas de
avaliação, vários minicursos, seminários, jornadas e, com isso,
reflexões conjuntas, multidisciplinares, voltadas para a crítica fe-
minista às ciências. Essas atividades e seus desdobramentos vêm
ganhando importância para além do âmbito do projeto e dos pro-
gramas mais diretamente envolvidos, vez que, apesar da institu-
cionalização dos estudos feministas no Brasil já atravessar mais
de três décadas, os estudos sobre gênero e ciências no país ainda
são bastante incipientes. (LOPES, 2006; MINELLA, 2013; SAR-
DENBERG; COSTA, 2002)
Sabe-se que desde a retomada do feminismo em meados dos
anos 1960, as Ciências têm sido alvo da crítica feminista, reve-
lando-se, por seu intermédio, o viés androcêntrico subjacente às
diferentes áreas do conhecimento. Essa crítica feminista tem se
voltado tanto para a constituição e estrutura das Ciências, quanto
para o conhecimento produzido e as epistemologias tradicionais
que lhes dão sustentação, apontando para as diferentes instâncias
e maneiras em que gênero tem se constituído como fator operante
na construção do saber.
Em um primeiro momento, ainda no âmbito dos “estudos so-
bre mulheres”, o olhar feminista mirou a questão das “mulheres
na Ciência” revelando, por um lado, a reduzida presença femi-
nina no campo científico e, por outro, a invisibilidade ou pouco
reconhecimento daquelas que lograram romper as barreiras pa-
triarcais. (KELLER, 2006; KELLER; LONGINO, 1996) Percorren-
do a história das mulheres nas Ciências, esses estudos mostraram
como “[...] a cultura da ciência, incialmente aberta às mulhe-
res, gradualmente foi se fechando para elas [...]” principalmente
a partir do forjar-se da Ciência Moderna, que construiu as mu-
lheres como incapazes de “assumir as obrigações dos cidadãos no
8 Gênero e Ciências: mulheres em novos campos
Estado, participar das profissões ou produzir obras de profundi-
dade e sofisticação intelectual”. (SCHIENBINGER, 2001, p. 40-41)
Em um segundo momento, já incorporando uma perspec-
tiva das relações de gênero e valendo-se do que foi revelado
a partir dos estudos sobre mulheres cientistas, as atenções se vol-
taram para a investigação das práticas das Ciências e da academia,
mostrando como gênero tem sido um fator preponderante nas
“culturas da Ciência”. (SCHIENBINGER, 2001) Dentre outros as-
pectos, tais estudos têm revelado como as práticas cotidianas das
Ciências se baseiam, em geral, na noção de que cientistas são pes-
soas “livres” de quaisquer outras responsabilidades, o que penali-
za as mulheres em função das tarefas domésticas tradicionalmente
a elas atribuídas. Isso prejudica suas carreiras, particularmente
as acadêmicas, sobretudo quando os sistemas de avaliação para
progressão raramente levam em conta afastamentos relativos
à licença maternidade. Nas palavras de Londa Schienbinger (2001,
p. 42-43): “A cultura profissional foi estruturada para assumir que
um profissional tem uma esposa que fica em casa (hoje em dia, às
vezes um marido) e acesso ao seu trabalho não remunerado”.
Mais recentemente, a crítica feminista à Ciência vem dirigindo
seu olhar para o cerne da produção de conhecimento, revelan-
do não apenas como as ideologias de gênero contribuíram para
a prática da “má Ciência” — por exemplo, na sua negligência quan-
to às diferenças fisiológicas entre os sexos nas pesquisas biomédi-
cas e as consequências nefastas para as mulheres — , mas também,
a presença do gênero como categoria de pensamento. Tem reve-
lado, assim, que o sujeito da Ciência tem sido predominantemen-
te masculino (e também branco e ocidental); que a neutralidade
científica como base para a objetividade não passa de um mito
(HARDING, 2007), pois todo conhecimento é situado (HARAWAY,
1995) e; que novas epistemologias — feministas — se fazem ne-
cessárias à produção de um conhecimento engajado com base em
Gênero e Ciências: mulheres em novos campos 9