Table Of ContentFábio Abreu dos Passos 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CONCEITO DE MUNDO EM HANNAH ARENDT:  
UM PASSO EM DIREÇÃO À SUPERAÇÃO DO HIATO ENTRE          
FILOSOFIA E POLÍTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal de Minas Gerais/ 
2013
2 
O CONCEITO DE MUNDO EM HANNAH ARENDT:  
UM PASSO EM DIREÇÃO À SUPERAÇÃO DO HIATO ENTRE          
FILOSOFIA E POLÍTICA 
 
 
 
 
 
Aluno: Fábio Abreu dos Passos 
 
                                                                              
 
                                               Orientador: Newton Bignotto de Souza 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Departamento de Filosofia da FAFICH/UFMG, como 
requisito parcial para obtenção do Título de Doutor em Filosofia. 
Área de Concentração: Filosofia 
Linha de Pesquisa: Filosofia Social e Política 
 
 
 
 
Universidade Federal de Minas Gerais 
2013
3 
 
 
 
 
Tese defendida e _________________, com a nota ___________________________ pela 
Banca constituída pelos professores: 
 
 
Prof. Dr. Newton Bignotto de Souza (Orientador) – UFMG 
 
 
Prof. Dr. Helton Adverse – UFMG 
 
 
Prof. Dr. Carlo Gabriel Kszan Pancera – UFMG  
 
 
Prof. Dr. José Luiz de Oliveira – UFSJ 
 
 
Prof. Dr. Adriano Correia – UFG 
 
 
Pós-graduação em Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas 
Universidade Federal de Minas Gerais 
 
Belo Horizonte, ____ de _________ de 2013.
4 
 
 
 
 
 
 
 
“Não serei o poeta de um mundo caduco. 
Também não cantarei o mundo futuro.  
Estou preso à vida e olho meus companheiros. 
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles, considero a enorme realidade.  
O presente é tão grande, não nos afastemos. 
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, 
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista 
da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas 
de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei rap-
tado por serafins.  
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os 
homens presentes, a vida presente”. 
 
Carlos Drummond de Andrade
5 
DEDICATÓRIA 
 
 
Este trabalho é dedicado a todos aqueles que fizeram e fazem parte de minha vida: meus 
amigos do passado e do presente. Mas, dentre todas as presenças dedico especialmente este 
trabalho: 
  - Aos meus pais José Murilo e Ezilma, aos meus irmãos Marcelo e Simone, a minha 
cunhada Karina, aos meus sobrinhos Marcelo e Marina. A eles todo o meu amor; 
  - A Hannah Arendt, em quem minha paixão pela Filosofia transborda nutrindo-me de 
Esperança e Fé em um mundo em que o Pensamento é ativado constantemente. 
- E, sobretudo, a minha esposa Elivanda... Minha dádiva... Minha inspiração... Minha 
companheira... Minha parceira de diálogos filosóficos, que tanto contribuíram na construção 
deste trabalho. A você, Minha Linda Vida, que causou uma revolução na minha vida, todo o 
meu Amor Eterno!!!
6 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus que me deu o dom da vida. 
 
A minha família, sustento de minha existência. 
 
A minha esposa Elivanda, constante inspiração para minha vida. 
 
Ao Prof. Dr. Newton Bignotto, meu orientador, que demonstrou companheirismo e entusias-
mo, além de apresentar extraordinária capacidade de atenção nas correções. Os encontros com 
o Prof. Newton revelaram a sua dedicação e disponibilidade na orientação deste trabalho, des-
de o momento da elaboração do projeto inicial. 
 
Aos Professores Dr. Adriano Correia e Carlo Gabriel Kszan Pancera pelo interesse no tema 
deste trabalho e por aceitar participar da banca de defesa da Tese. 
 
Ao professor da disciplina de Doutorado Helton Machado Adverse. 
 
Ao meu amigo e irmão Prof. Dr. José Luiz de Oliveira, por caminhar comigo nas trilhas das 
abordagens arendtianas sempre com alegria e muita vontade. 
 
Ao amigo e professor Doutor Heberth Paulo de Souza pelas imprescindíveis correções do 
texto da pesquisa. 
 
A todas as amigas, amigos e parentes que depositaram confiança em mim. 
 
A Universidade Federal de Minas Gerais, e a esta Faculdade (FAFICH) em particular, pela 
confiança em mim depositada e por todo apoio que me tem sido dado ao longo desta convi-
vência. Estendo esta minha gratidão aos colegas de curso e funcionários desta instituição, em 
especial, a Andrea Rezende Baumgratz pela amizade e pela prontidão em desburocratizar a 
caminhada acadêmica.
7 
RESUMO 
 
Nossa pesquisa tem como objetivo principal esclarecer, em seus elementos constitutivos, o 
conceito de mundo de Hannah Arendt, demonstrando como esses elementos levam à reflexão 
da possibilidade de haver uma superação do hiato entre filosofia e política. Além disso, 
procuraremos demonstrar que o conceito de mundo perpassa as obras de Arendt, constituindo 
um pano de fundo sem o qual as reflexões dessa autora não podem ser compreendidas em sua 
inteireza. Para refletir acerca do conceito de mundo arendtiano será necessário abordar as 
análises fenomenológicas de Husserl e Heidegger, mestres com os quais Arendt manteve 
contato ao longo de sua vida, demonstrando o quanto a formação filosófica dessa pensadora 
irá  acompanhá-la  no  transcorrer  de  suas  reflexões  políticas.  Assim,  objetiva-se,  com  o 
desenvolvimento desta pesquisa, demonstrar como Hannah Arendt reflete sobre os elementos 
constitutivos do conceito de mundo e como este se apresentam como um passo para uma nova 
relação entre filosofia e política. Para efetuar essa demonstração, vamos privilegiar o estudo 
do diálogo de Arendt com textos fundamentais da fenomenologia e identificar como esta 
pensadora traz os conceitos fenomenológicos para o terreno da filosofia política. O intuito 
deste estudo é abrir um campo analítico que, em nosso entendimento, é pouco explorado e 
que, por isso, faz com que a compreensão do pensamento de Arendt fique comprometida, uma 
vez que nossa autora alerta que a política tem como ponto central o cuidado com o mundo e 
não com os homens, pois visar os homens sem o mundo é uma contradição em termos, na 
medida em que somos seres no e do mundo. É esse o apelo implícito na obra arendtiana que 
procuraremos esclarecer em seus pontos principais.  
 
 
 
PALAVRAS-CHAVES: Filosofia, Política, Mundo.
8 
ABSTRACT 
 
Our research has as main objective to clarify, in its constituent elements, the concept of the 
world of   Hannah Arendt, demonstrating how these elements lead to reflection of possibility 
of an overrun of the gap between philosophy and politics. In addition, we will seek to demon-
strate that the concept of the world permeates the work of Arendt, forming a background 
without which the reflections of the author cannot be understood in their entirety. To reflect 
on the concept of world arendtiano will be necessary to deal with the phenomenological anal-
yses of Husserl and Heidegger, masters with whom Arendt maintained contact throughout her 
life, demonstrating how the philosophical formation of this thinker will follow her in the 
course of her political deliberations. So the goal   with the development of this research is to 
demonstrate how Hannah Arendt reflects on the constituent elements of the concept of the 
world and how these stand as a step toward a new relationship between philosophy and poli-
tics. To perform this demonstration, we will focus on Arendt dialog on the study of funda-
mental texts of Phenomenology and identify how this philosopher brings the phenomenologi-
cal concepts to the realm of political philosophy. The aim of this study is to open an analytical 
field, that in our understanding, is little explored and therefore makes the understanding of the 
thought of Arendt compromised, since our author warns that the policy has as its centerpiece 
the care with the world and not with men, because target men without the world is a contra-
diction in terms to the extent that we are living in and around the world. This is the implicit 
appeal in Arendtiana works that we will try to clarify in its main points.  
 
 
KEW-WORDS: Philosophy, Politics, World.
9 
SUMÁRIO 
 
Introdução ........................................................................................................................... 10 
Capítulo I 
Filosofia, Política e Mundo ................................................................................................. 22 
1.1. A condenação de Sócrates e a ruptura entre filosofia e política ................................... 29 
1.2. A singularidade humana da filosofia ........................................................................ 46 
1.3. A pluralidade humana da política ............................................................................ 58 
Capítulo II 
Mundo e Pluralidade Humana ........................................................................................... 66 
2.1. Pensamento e Realidade: um distanciamento do mundo ............................................. 68 
2.2. O conceito fenomenológico de mundo. ....................................................................... 77 
2.3. As influências do conceito fenomenológico de mundo no pensamento de Hannah A-
rendt.................................................................................................................................. 91 
Capítulo III 
O Desinteresse e a Reconciliação com o Mundo .............................................................. 104 
3.1. O totalitarismo e a destruição dos “mundos” ............................................................. 112 
3.1.2 A sociedade de massa.............................................................................................113 
3.1.3 Os princípios de controle interno das massas.........................................................125 
3.2. A contemporaneidade e o interesse pela filosofia política ......................................... 139 
3.3. O mundo de aparências............................................................................................. 140 
3.4. O mundo como lugar da estabilidade: a cultura e a obra de arte como marcas da estabi-
lidade do mundo.................................................................................................................151 
Capítulo IV 
Transpondo o Abismo: o Conceito de Mundo em Hannah Arendt................................. 160 
4.1. O mundo como lugar da política ............................................................................... 164 
4.2. Política e filosofia: a pluralidade humana antecipada no dois-em-um socrático ......... 171 
4.3. Pensamento e ação ................................................................................................... 181 
4.4. O conceito de mundo em Hannah Arendt e a superação do hiato entre filosofia e políti-
ca .................................................................................................................................... 192 
Considerações Finais ......................................................................................................... 198 
Referências ........................................................................................................................ 205
10 
INTRODUÇÃO 
 
Em março de 2008 concluímos o mestrado em Filosofia pela UFMG, com a defesa da 
dissertação intitulada A Implicação Política da Faculdade de Pensamento na Filosofia de 
Hannah Arendt, sob orientação do Professor Doutor Newton Bignotto1. Ao longo de nossas 
investigações em torno do tema escolhido, percebemos que estávamos diante de uma obra 
complexa, de “uma autêntica intérprete de seu tempo”2, cuja contribuição se projeta em várias 
direções no que diz respeito a temas voltados para a Filosofia Política. À luz das ideias de 
Hannah Arendt, procuramos, em nosso mestrado, encontrar uma maneira de refletir sobre a 
articulação da filosofia com a política, de maneira que esses campos mantivessem sua inde-
pendência, sem a subjugação de uma esfera pela outra. Nessa perspectiva, quando nos depa-
ramos com a possibilidade de refletir sobre o vínculo da faculdade de pensamento com o 
mundo plural, a partir do fenômeno da “resistência”, percebemos que mais um passo poderia 
ser dado na direção de se pensar a relação entre o invisível e o visível.  
Assim, estudar o conceito de mundo no âmbito da filosofia política de Arendt3 assinala 
uma possibilidade de reconciliar pensamento e ação uma vez que, em nosso entendimento, 
esta autora conseguiu ir além das concepções fenomenológicas tradicionais, sobretudo as de 
seu mestre Heidegger4 e, assim, desfazer a tensão originária entre essas duas atividades hu-
                                                        
1 Dissertação que trata da compreensão e da explicitação da implicação política da faculdade de pensamento na 
filosofia de Hannah Arendt. Demonstramos nesse estudo que em situações limites, nas quais o espaço público 
inexiste, a resistência, fenômeno produzido pelo pensar, constitui-se como uma espécie de “ação política”, pois 
ela impulsiona a motivação plural, a partir da sua exemplaridade: a não adesão a ações destituídas de significado. 
2 Para Lafer, “Hannah Arendt é uma autêntica intérprete de seu tempo e, neste sentido, preenche um dos 
atributos de um ‘clássico’ porque pensou e refletiu com muita força e originalidade a partir de uma experiência 
generalizada que caracteriza o ‘inter homines esse’ do século XX”. (DUARTE, LOPREATO & BREPOHL 
(Org.), 2004, p. 337) 
3 Segundo André Duarte, “O conceito de ‘mundo’ refere-se àquele conjunto de artefatos e de instituições criadas 
pelos  homens,  os  quais  permitem  que  eles  estejam  relacionados  entre  si  sem  que  deixem  de  estar 
simultaneamente separados”. (DUARTE, 2000, p. 101) 
4 “Mesmo sem insistir em tal conceito [‘mundo’] e sem dele extrair todas as suas consequências, Heidegger, em 
seus últimos ensaios, tomou emprestado dos gregos o plural ‘os mortais’, em detrimento do termo ‘homem’, que 
evita cuidadosamente. Também cuidou de definir a existência como ser-no-mundo, esforçando-se em dar uma
Description:conceito de mundo de Hannah Arendt, demonstrando como esses  procuraremos demonstrar que o conceito de mundo perpassa as obras de  sofia, certamente sem ter em vista a simples surpresa que nasce em nós  sobre um trecho da obra de Étienne Tassin, intitulada Le Tresor perdu:.