Table Of ContentCelso Castro
SOBRE O AUTOR: Fruto de pesquisas originais, este livro C Este livro reúne um conjunto
e
examina um tema central na história do ls de estudos sobre a história do Exército
Celso Castro, professor do Cen- Exército brasileiro durante o período repu- o C brasileiro durante o período republica-
tro de Pesquisa e Documentação de a
blicano: os vínculos entre a instituição e a s no. Resultado de pesquisas realizadas
História Contemporânea do Brasil t
ideia de Nação. Marcados pela perspectiva ro ao longo de duas décadas, numa pers-
(Cpdoc) da Fundação Getulio Vargas
interdisciplinar característica do autor, os pectiva interdisciplinar que combinou
(FGV), é doutor em Antropologia
Social pelo Museu Nacional/UFRJ e estudos aqui reunidos iluminam aspectos história e antropologia, o livro abrange
autor de vários livros sobre os milita- pouco conhecidos da história do Exército o período que vai da instauração da
E
res na história e na sociedade brasi- e, ao mesmo tempo, ajudam a compreen- x República no Brasil até o tempo pre-
leiras, como O espírito militar (Zahar, der a gênese de elementos ainda hoje pre- é sente, ao analisar a visão que o Exérci-
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1990); Os militares e a República sentes no imaginário da instituição. c to construiu nas últimas décadas sobre
(Zahar, 1995); A invenção do Exército i
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a defesa da Amazônia.
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brasileiro (Zahar, 2002); e Antropolo-
gia dos militares (FGV, 2009). e
Embora tenham sido escritos com ob-
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a jetivos variados e sejam independen-
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o também ser lidos como variações so-
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I Exército e nação:
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ISBN 978-85-225-0983-6
ESTUDOS SOBRE A HISTÓRIA DO
EXÉRCITO BRASILEIRO
Celso Castro
Exército e nação:
ESTUDOS SOBRE A HISTÓRIA DO
EXÉRCITO BRASILEIRO
Copyright © Celso Castro
Direitos desta edição reservados à
EDITORA FGV
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desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação do
copyright (Lei no 9.610/98).
1a edição – 2012
Revisão: Fatima Caroni e Fernanda Mello
Diagramação e capa: Ilustrarte Design e Produção Editorial
Ficha catalográfica elaborada pela
Biblioteca Mario Henrique Simonsen
Castro, Celso, 1963-
Exército e nação : estudos sobre a história do exército
brasileiro / Celso Castro. – Rio de Janeiro: Editora FGV,
2012.
240 p.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-225-1250-8
1. Brasil – História militar. 2. Brasil. Exército – História.
I. Fundação Getulio Vargas. II. Título. III. Série.
CDD – 355.0981
SUMÁRIO
Apresentação 7
1. Revoltas de soldados contra a República 13
2. A revolta da Escola Militar da Praia Vermelha (1904) 29
Com Juliana Gagliardi de Araujo
3. A luta pela implantação do serviço militar obrigatório
no Brasil 53
4. In corpore sano: os militares e a introdução da educação
física no Brasil 83
5. Inventando tradições no Exército brasileiro:
José Pessoa e a reforma da Escola Militar 113
6. A FEB, seus veteranos, suas memórias 133
7. Comemorando a “Revolução” de 1964: a memória
histórica dos militares brasileiros 143
8. A defesa militar da Amazônia: entre história
e memória 177
com Adriana Barreto de Souza
Bibliografia 229
APRESENTAÇÃO
E
ste livro reúne um conjunto de oito estudos sobre a história
do Exército brasileiro durante o período republicano. Embo-
ra tenham sido escritos com objetivos variados, todos podem, de
algum modo, ser lidos também como variações sobre um tema
comum: a preocupação constante dos militares em estabelecer
ou recriar vínculos com a nação brasileira — entidade da qual,
mais que guardião, o Exército também seria formador.
Esses vínculos, expressos no título do livro, aparecem sob
diversas formas. No capítulo 1 examino algumas revoltas de
soldados e outros militares de baixa patente que se opuseram
à instauração da República no Brasil. Embora derrotadas e es-
quecidas pela história, essas revoltas nos ajudam a relativizar o
mito de que a República se fez, no Brasil, sem resistências.
O capítulo 2 refere-se a mais uma revolta fracassada, ocor-
rida 15 anos mais tarde, porém agora protagonizada por estu-
dantes da Academia Militar e jovens oficiais, que procuravam
refundar, em nome da nação, uma República cujos ideais julga-
vam terem sido traídos.
O capítulo 3 trata da disputa sobre a introdução do servi-
ço militar obrigatório, visto pelos militares como uma “escola
de nacionalidade”. A mesma perspectiva informou os esforços,
EXÉRCITO E NAÇÃO
analisados no capítulo 4, de se introduzir no país a educação
física de forma sistematizada e obrigatória, como instrumento
para tornar o corpo da nação apto a defendê-la.
O capítulo 5 trata do impressionante trabalho, realizado no
início dos anos 1930, de reforma da Academia Militar e de todo
o simbolismo envolvido na formação dos oficiais do Exército,
condição vista como necessária a uma instituição que deveria
ser a “ossatura da nacionalidade”.
Os capítulos seguintes têm em comum o fato de tratarem
de processos de construção de memórias de longa duração que
se estendem até o tempo presente. O tema do capítulo 6 é a
memória dos veteranos da FEB, o do capítulo 7 é a memória
dos militares sobre a “Revolução” de 1964, que procurou sal-
var a nação do “perigo comunista”. O capítulo 8 fecha o livro
analisando a visão que o Exército construiu nas últimas déca-
das sobre a defesa da Amazônia, elemento fundamental para
a atualização de um vínculo simbólico com a nação, e que, de
certo modo, busca redimir a herança negativa que a memória
do regime militar legou para a instituição.
Embora a maioria desses capítulos tenha sido publicada em
revistas acadêmicas, anais de eventos ou coletâneas entre 1994
e 2011, todos foram completamente revistos para esta publi-
cação. Procurei incluir neste livro apenas textos que ainda não
tivessem sido publicados como parte de outros livros de minha
autoria — em particular, O espírito militar (1990), Os militares
e a República (1995) e A invenção do Exército brasileiro (2002).
Trata-se de um conjunto de textos que complementa ou desen-
volve novas questões e que trata de temas que, embora possam
estar relacionados com pesquisas anteriores, guardam sua pró-
pria integridade e originalidade.
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APRESENTAÇÃO
O livro é resultado de pesquisas que desenvolvi ao longo de
duas décadas. Durante a pesquisa que fiz para o Mestrado em
Antropologia Social — defendido em 1989 no Museu Nacional
da UFRJ —, deparei-me com as primeiras fontes sobre a histó-
ria do Exército, em particular da Academia Militar. Ao mesmo
tempo em que fazia o mestrado, trabalhava como pesquisador
no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contem-
porânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getulio Vargas.
Durante a redação da dissertação, pensava originariamente
em escrever apenas duas ou três páginas com um breve históri-
co da instituição para o capítulo introdutório. O texto acabou
se tornando um capítulo à parte, e dos maiores. A pesquisa re-
velou-me, menos que um conjunto extenso de fontes, uma cla-
ra conexão entre aquilo que observava em minha experiência
de campo — baseada na observação participante e na realiza-
ção de entrevistas — e processos históricos que me permitiam,
tanto num sentido quanto noutro, compreender melhor o que
estudava. Sem que me desse conta na época, ao mesmo tempo
em que me tornava antropólogo, também me tornava histo-
riador. Em vez de me preocupar em demarcar fronteiras entre
disciplinas, busquei desde então privilegiar uma perspectiva
interdisciplinar, que não apenas tornava mais denso o conheci-
mento sobre os fenômenos que pesquisava como também era,
acima de tudo, muito mais interessante e prazerosa.
Esse processo de formação intelectual e profissional não se
deu no isolamento. Tanto o Museu Nacional, onde fiz minha
pós-graduação entre 1987 e 1995, quanto o Cpdoc, onde tra-
balho, como estagiário desde 1983 e, a partir de 1986, como
pesquisador, eram instituições que não só permitiam como
valorizavam a experimentação intelectual, num ambiente de
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EXÉRCITO E NAÇÃO
grande respeito acadêmico. No Cpdoc foi fundamental ter tra-
balhado diretamente na organização de fontes históricas, como
o arquivo pessoal de José Pessoa, comandante da Academia
Militar entre 1930 e 1934, e, mais tarde, ter participado de um
importante projeto de história oral sobre o regime militar.
Foi decisiva, acima de tudo, a experiência de ter sido orien-
tado, tanto no mestrado quanto no doutorado, por Gilberto
Velho. Ao longo de nove anos tive o privilégio de ter um orien-
tador que sempre valorizou a interdisciplinaridade e estimulou
a incorporação de perspectivas de várias disciplinas como ins-
trumento para um melhor conhecimento da realidade. Como
se isso não fosse bastante, ainda acolheu entusiasmadamente
um estudante que se dedicava a um tema de pesquisa ainda vis-
to na época por muitos como problemático e mesmo poluidor,
em função da presença ainda recente e forte da herança do re-
gime militar.
No Museu Nacional tive a oportunidade de conviver com
outros professores e com colegas que fizeram com que esses
anos de formação se tornassem memoráveis. Não posso dei-
xar de mencionar, pelo menos, o professor Luís Fernando
Dias Duarte e os colegas e amigos queridos Hermano Vianna
e Luís Rodolfo da Paixão Vilhena. Pude ainda conviver no
Cpdoc e em minhas duas bancas, e nos anos que se seguiram,
mesmo que de forma intermitente, com o professor José Mu-
rilo de Carvalho, pesquisador fundamental para a renovação
dos estudos sobre os militares no Brasil e cuja obra sempre
admirei.
A experiência de participar, por minha vez, da formação de
pesquisadores mais jovens, em diferentes contextos, marcou
outro momento de aprendizado acadêmico e de satisfação pes-
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