Table Of ContentENSINO DE ANTROPOLOGIA
NO BRASIL:
Formação, práticas disciplinares
e além-fronteiras
Organizadoras
Miriam Pillar Grossi
Antonella Tassinari
Carmen Rial
Florianópolis, SC - 2006
Copyright © 2006
ABA - Associação Brasileira de Antropologia
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento ou transmissão de
partes deste livro, através de quaisquer meios, sem prévia autorização por escrito.
Capa
Iluminuras da Idade Média
Woman teaching geometry; Teaching History; Hild Vision; Ensino
Revisão
Fernanda Cardozo
Rafael Azize
Projeto gráfico e impressão
Nova Letra Gráfica e Editora
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Municipal Dr. Fritz Müller
301.981
E56e Ensino de antropologia no Brasil: formação, práticas disciplinares e
além fronteiras / organizadoras Miriam Pillar Grossi, Antonella
Tassinari, Carmen Rial. -- Blumenau : Nova Letra, 2006
454p.
ISBN 85-7682-146-X
1. Antropologia – Brasil 2. Antropologia – Ensino -
Brasil I. Grossi, Miriam Pillar II. Tassinari, Antonella
III. Rial, Carmen.
Impresso no Brasil
SUMÁRIO
ENSINO DE ANTROPOLOGIA: UMA “VELHA” HISTÓRIA NA ABA
Miriam Pillar Grossi .............................................................................................7
O DEBATE DOS ANOS 90 - O ENSINO DA ANTROPOLOGIA
NO BRASIL - GESTÃO 1994/1996
HÁ DEZ ANOS
Mariza Peirano....................................................................................................15
FORMAÇÃO E ENSINO NA ANTROPOLOGIA SOCIAL: OS DILEMAS DA
UNIVERSALIZAÇÃO ROMÂNTICA
Luis Fernando Dias Duarte................................................................................17
TENDÊNCIAS DA PESQUISA ANTROPOLÓGICA NO BRASIL
Paula Montero .....................................................................................................37
FORMAÇÃO OU EDUCAÇÃO: OS DILEMAS DOS ANTROPÓLOGOS
PERANTE A GRADE CURRICULAR
Peter Fry................................................................................................................59
UM PONTO DE VISTA SOBRE O ENSINO DA ANTROPOLOGIA
Mariza Peirano....................................................................................................77
DAMAS & CAVALHEIROS DE FINA ESTAMPA, DRAGÕES &
DINOSSAUROS, HERÓIS & VILÕES
Mariza Corrêa................................................................................................... 105
UMA LEITURA DOS TEXTOS DA MESA REDONDA SOBRE O ENSINO DE
CIÊNCIAS SOCIAIS EM QUESTÃO: A ANTROPOLOGIA
Pierre Sanchis................................................................................................... 111
SOCIEDADES TRIBAIS, URBANAS E CAMPONESAS, UMA PROXIMIDADE
DESEJÁVEL: NOTAS PARA UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM
ANTROPOLOGIA SOCIAL
Ana Maria de Niemeyer .................................................................................. 127
3
TOTENS E XAMÃS NA PÓS-GRADUAÇÃO
Claudia Fonseca............................................................................................... 147
BREVE CONTRIBUIÇÃO PESSOAL À DISCUSSÃO SOBRE A FORMAÇÃO
DE ANTROPÓLOGOS
Klaas Woortmann ............................................................................................ 165
O ENSINO DE ANTROPOLOGIA NA GRADUAÇÃO DA UFPA
Raymundo Heraldo Maués............................................................................. 191
ENCONTRO DE ENSINO DE ANTROPOLOGIA:
DIAGNÓSTICO, MUDANÇAS E NOVAS INSERÇÕES NO
MERCADO DE TRABALHO - PONTA DAS CANAS -
DEZEMBRO DE 2002 - GESTÃO 2002/2004
O ENCONTRO SOBRE ENSINO DE ANTROPOLOGIA
Antonella Tassinari, Carmen Rial e Miriam Grossi..................................... 199
ENSINO DE ANTROPOLOGIA
Eunice Durham ................................................................................................ 207
O EXERCÍCIO DA ANTROPOLOGIA: ENFRENTANDO OS DESAFIOS DA
ATUALIDADE
Claudia Fonseca............................................................................................... 209
ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA: ALGUMAS
PRIMEIRAS NOTAS COMPARATIVAS
Lilia Moritz Schwarcz ..................................................................................... 231
PÓS-GRADUAÇÃO, GRADUAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO: NOVAS
DEMANDAS DE FORMAÇÃO EM ANTROPOLOGIA
Miriam Pillar Grossi ........................................................................................ 249
POR QUE GOSTAMOS TANTO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS?
Yvonne Maggie................................................................................................. 259
DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM
CIÊNCIAS SOCIAIS - ANTROPOLOGIA, CIÊNCIA POLÍTICA, SOCIOLOGIA
QUEBRANDO (AINDA QUE LENTAMENTE) A INÉRCIA: UMA PROPOSTA
DE CRIAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA
Wilson Trajano Filho....................................................................................... 281
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ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO: HISTÓRIA E TRAJETOS/FACULDADE
DE EDUCAÇÃO - UNICAMP
Neusa Maria Mendes de Gusmão.................................................................. 299
ENSINO DE ANTROPOLOGIA EM “OUTROS CURSOS”
Alberto Groisman............................................................................................. 333
ENSINO DE ANTROPOLOGIA E FORMAÇÃO DE ANTROPOLÓGOS:
CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO E MESTRADO PROFISSIONALIZANTE
Elisete Schwade................................................................................................ 351
A EXPERIÊNCIA DA UCG/IGPA E O MESTRADO PROFISSIONALIZANTE
EM GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
Manuel Ferreira Lima Filho ............................................................................ 357
COMISSÃO DE ENSINO DE ANTROPOLOGIA GESTÃO 2004/2006
APRESENTAÇÃO
Yvonne Maggie e Fabiano Gontijo................................................................. 363
CONSIDERAÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO
EM CIÊNCIAS SOCIAIS PELO MEC/INEP
Christina de Rezende Rubim.......................................................................... 367
REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE ANTROPOLOGIA EM CURSOS DE
PÓS-GRADUAÇÃO INTERDISCIPLINARES
Lúcia Helena Alves Muller............................................................................. 379
ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS OU ANTROPOLOGIA? UMA BREVE
REFLEXÃO COMPARADA ENTRE O BRASIL E OS ESTADOS UNIDOS
Benedito Rodrigues dos Santos...................................................................... 385
ANTROPOLOGIA E ENSINO DE GRADUAÇÃO: OBSERVAÇÕES A PARTIR
DA EXPERIÊNCIA DE CRIAÇÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
Celso Castro...................................................................................................... 401
ENSINO DE ANTROPOLOGIA NA GRADUAÇÃO: CIÊNCIAS SOCIAIS OU
ANTROPOLOGIA?
Miriam Goldenberg.......................................................................................... 405
JORNADA DE REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DA ANTROPOLOGIA SOCIAL
NO RIO GRANDE DO SUL
Lúcia Helena Alves Müller, Jurema Brites, Paula Camboim de Almeida e
Ceres Victora..................................................................................................... 415
5
AUTO-AJUDA DIDÁTICO-ADMINSTRATIVA PARA SE PENSAR O ENSINO
DE ANTROPOLOGIA
Carmen Sílvia Moraes Rial.............................................................................. 425
PRÊMIO CLAUDE LÉVI-STRAUSS PARA PESQUISAS DE GRADUAÇÃO:
UM BALANÇO
Antonella Maria Imperatriz Tassinari........................................................... 435
PRÊMIO ABA/FORD PARA INOVAÇÃO NO ENSINO DE ANTROPOLOGIA
EDIÇÃO 2006 ................................................................................................... 445
PRÊMIO CLAUDE LÉVI-STRAUSS - EDITAL 2006 .................................... 449
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ENSINO DE ANTROPOLOGIA: UMA “VELHA”
HISTÓRIA NA ABA
Miriam Pillar Grossi
Trazemos, neste livro, as principais reflexões e debates
sobre Ensino de Antropologia feitos no Brasil nas duas últimas
décadas. Esta temática tem sido tema regular de mesas-
redondas, de simpósios temáticos e de grupos de trabalho nos
cinqüenta anos da ABA, sendo que já estava presente nas
primeiras reuniões brasileiras de Antropologia realizadas a
partir de 1953.
Na criação da ABA, no decorrer dos anos 1950, a
preocupação com o Ensino de Antropologia dizia respeito aos
cursos de Geografia e de História, carreiras nas quais a
Antropologia era ensinada até a reforma universitária instaurada
no início da década de 1970 pelo governo militar1. A partir
desse momento, instaurou-se um modelo de Ensino de
Antropologia nos cursos de graduação em Ciências Sociais –
modelo já instituído de forma um pouco diferente na USP e na
Escola de Sociologia e Política em São Paulo, a partir da
influência do ensino trazido pela missão francesa quando da
criação da USP nos anos 1930. Com a criação dos cursos de
Ciências Sociais, a Antropologia passou a ser ofertada, ao lado
da Sociologia e da Ciência Política, como uma das três
disciplinas que compõem o tripé de formação desta carreira
profissional. Após a criação dos cursos de Ciências Sociais, o
tema da formação em Antropologia em outros cursos mudou
radicalmente de foco – primeiro porque Geografia e História
deixaram de ser os únicos cursos em que se lecionavam
1 COELHO DOS SANTOS, Silvio (org). Antropologia no Sul. Florianópolis: Editora da UFSC/
ABA, 2006.
7
disciplinas gerais de Antropologia; segundo porque a
Antropologia se tornou uma das disciplinas de Ciências
Humanas das mais demandadas por outros cursos em busca
da sensibilização de seus alunos a questões sociais e deste
Homem universal e moderno que é objeto de estudo das
Ciências Humanas2. Disciplinas de Introdução à Antropologia
passaram a ser oferecidas como disciplinas introdutórias para
carreiras nas áreas da Saúde (Medicina, Odontologia,
Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia), das Ciências Sociais
Aplicadas (Serviço Social, Direito, Administração,
Contabilidade, Economia, Comunicação, Design, Publicidade),
das Humanidades (História, Psicologia, Pedagogia), entre
muitas outras.
Com a emergência e o desenvolvimento da formação em
Pós-graduação em Antropologia – que se dá a partir dos anos
1970 em nível de mestrado e a partir dos anos 1980 em nível de
doutorado –, as preocupações sobre Ensino de Antropologia
se ampliam, a partir da década de 1990, para este nível de ensino
em suas inter-relações com a formação em Antropologia na
graduação.
É marcante a presença do tema Ensino de Antropologia em
várias reuniões acadêmicas da área. No sul do Brasil, a questão
foi recorrente em todas as reuniões da ABA-SUL ou “Abinha
Sul”, como eram denominados os encontros regionais iniciados
sob impulso da ABA em 1989 e renomeados, em 1995, como
Reunião de Antropologia do Mercosul (RAM). Maria Noemi
Brito, professora que marcou várias gerações de antropólogos
formados na UFRGS, foi responsável por liderar oficinas sobre
o tema em algumas reuniões, como na IV ABA-SUL, realizada
em novembro de 1993, na Praia do Campeche, em Florianópolis.
Esforços similares foram feitos pelos colegas das regiões Norte-
Nordeste em várias reuniões da ABANNE. Por causa deste
grande interesse por parte dos professores da área em refletir
sobre as dificuldades e desafios deste ensino, o tema foi uma
das prioridades de reflexão na gestão 1994/1996, sob a liderança
2 FOUCAULT, Michel. Les mots et les choses. Paris: Ed. Gallimard, 1966.
8
de Mariza Peirano, então vice-presidente de João Pacheco de
Oliveira Filho3. Nas gestões seguintes, o tema também teve
instâncias privilegiadas de discussão, como o seminário sobre
o ensino na Pós-graduação, organizado por Guita Debert, vice-
presidente de Ruben Oliven na gestão 2000/20024. Na gestão
de Gustavo Lins Ribeiro (2002/2004), o tema foi objeto de dois
seminários realizados em dezembro de 2002: um seminário
nacional, organizado por Antonella Tassinari e por Carmen Rial,
e um seminário que envolveu as regiões Norte e Nordeste,
organizado por Maria do Carmo Brandão, em Recife5. Sendo
um campo de interesse permanente na ABA, criamos, no início
de nossa gestão, em 2004, a Comissão de Ensino de
Antropologia, liderada por Yvonne Maggie, com o objetivo de
congregar professores de várias regiões do Brasil na elaboração
de diagnóstico e de reflexão sobre o Ensino de Antropologia na
contemporaneidade.
Publicamos, neste livro, reflexões sobre Ensino de
Antropologia feitas em três momentos da ABA: textos
produzidos na gestão 1994/1996; artigos resultantes do encontro
sobre Ensino de Antropologia realizado na gestão 2002/2004;
reflexões feitas durante nossa gestão na ABA em fóruns
organizados pela Comissão de Ensino de Antropologia nos anos
de 2005/2006.
Salientamos que, além dos textos publicados aqui, a
temática de Ensino de Antropologia, que foi um dos temas
prioritários de nossa gestão, contou também com o apoio da
Fundação Ford para a realização de concurso para projetos
inovadores em Ensino de Antropologia na graduação e em
projetos de extensão universitária. Cinco foram os projetos
premiados: de Celso Castro para a graduação em Ciências Sociais
da Fundação Getulio Vargas (RJ), de Myriam Lins e Barros para
profissionais oriundos do curso de Serviço Social na UFRJ (RJ),
de Luciana Chianca para estudantes de graduação em Ciências
3 PEIRANO, Mariza. Ensino de Antropologia no Brasil. Rio/Brasília: ABA, 1995.
4 DEBERT, Guita; PONTES, Heloisa e PIETRAFESA DE GODOI, Emilia. O ensino de Pós-
graduação em Antropologia no Brasil. Campinas: Ed Unicamp, 2002.
5 BRANDÃO, Maria do Carmo e MOTTA, Antonio (org). Aproximações. Antropologia no
Norte e Nordeste. Recife: Edições Bargaço, 2003.
9
Sociais da UFRN (RN), de Christina Rubin para estudantes de
graduação em Ciências Sociais da UNESP (SP) e de Maria
Catarina Chitolini Zanini para estudantes de vários cursos de
graduação da UFSM (RS).
No ano de 2005, a ABA colaborou também na reflexão
latino-americana sobre a articulação entre o Ensino de
Antropologia e o mercado de trabalho na área em dois
encontros: na Colômbia e no Uruguai. Convidados pelo ativo
grupo de jovens antropólog@s da UNIANDINOS, estivemos em
simpósio em Bogotá e no IX Congresso Colombiano de
Antropologia realizado em Santa Fé de Antioquia em agosto
de 2005. Em ambos os encontros, participamos de debates com
colegas colombianos, chilenos e mexicanos sobre os novos
desafios das práticas antropológicas no continente. Em
novembro do mesmo ano, a ABA liderou a organização de uma
mesa-redonda na VI Reunião de Antropologia do Mercosul,
com colegas da Argentina, Uruguai e Chile, na qual se
compararam as diferentes formações em Antropologia na região
e os principais problemas encontrados em cada uma das
experiências nacionais neste momento. Destes dois encontros,
manteve-se o compromisso de novas reuniões em encontros
latino-americanos para dar-se continuidade à reflexão em torno
do tema “Formação, Ética e Mercado Profissional em Antropologia na
América Latina”.
Na primeira parte do livro, sob coordenação editorial de
Mariza Peirano, publicamos dez textos “históricos” sobre o
tema, que haviam sido apresentados e discutidos em dois
seminários organizados pela ABA: uma mesa-redonda na
ANPOCS de 1994 e o Encontro sobre Ensino de Antropologia,
realizado nos prédios da Praia Vermelha da UFRJ em abril de
1995. Parte significativa dos textos apresentados nestas duas
ocasiões havia sido publicada em Caderno Especial da ABA –
Ensino de Antropologia – e em dossiê no Anuário
Antropológico de 1996. Por serem duas publicações esgotadas
e sistematicamente fotocopiadas por novas gerações de
professores de Antropologia, consideramos importante
republicá-las neste volume.
Na segunda parte, organizada por Antonella Tassinari,
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Description:carreiras, a necessidade de formação teórico-metodológica mais densa na graduação face à diminuição do é inferior à soma dos números da coluna “número de professores”, já que alguns deles assumem ______. “Nem cardeal nem samurai: sobre a lógica da acumulação dos currículos