Table Of ContentClaudia Chalita de Azevedo
UM ESTUDO ESTUDO SOBRE A OBRA THE FIREMAN,
DE RAY BRADBURY.
Tese submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Literatura da
Universidade Federal de Santa
Catarina para a obtenção do Grau de
Doutor em Literatura
Orientador: Prof. Dr. Raúl Antelo
Florianópolis
2016
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Azevedo , Cláudia Chalita de
Um estudo sobre a obra The Fireman, de Ray Bradbury / Cláudia Chalita de
Azevedo;
orientador, Raúl Antelo - Florianópolis, SC, 2016. 283 p.
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de
Comunicação e Expressão. Programa de Pós Graduação em Literatura.
Inclui referências
1. Literatura. 2. The Fireman . 3. Ray Bradbury . 4.
Ruínas . 5. Animalidade . I. Antelo , Raúl . II.
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós Graduação em
Literatura. III. Título.
Para Armando, Rachel, Aluisio.
Em 2007, Raúl Antelo consistia em um teórico citado em um livro onde até hoje
juro ter lido as seguintes palavras: ―um intelectual argentino que se auto exilou
em Florianópolis cujas portas da sua Babel estão abertas para os que a desejam
percorrer‖. A partir de 15 de maio de 2014, já sob sua orientação, minhas vistas
reclamaram esta referência. Procurei-a desesperadamente e obsessivamente,
mas em vão. Aqueles traços da exterioridade, sempre em devir, aquela primeira
escrita já distanciada, rompida, não sendo nada mais do que uma marca
invocava pela sua ausência uma nova ruptura.
A professor Raúl, minha gratidão pela orientação.
Sobre a pretensão em apropriar a obra anteliana para escrever esta tese, garimpo
uma observação do professor Felipe Soares, na qualificação, ao aproximar a
minha trajetória a de Montag para dizer que, aos moldes de Ícaro que se
aproximou em demasia do astro e as ceras que mantinham suas asas derreteram,
obsessivamente, tentei alcançar a Babel anteliana. Confesso que não me
contentei em ler apenas os livros sugeridos. Tentei folhear inúmeros outros
volumes, visitar múltiplas estantes e por isso, acabei acumulando impressões e
projetos. Este abarrotamento levou-me a uma certa imobilidade e que por sua
vez, acarretou a não conclusão da forma desejada desta pesquisa. O prazo
anteliano foi contundente. Inclusive com a minha barganha até o último suspiro.
Consto o meu agradecimento ao Professor Felipe Soares pelas leituras atentas
tanto na qualificação quanto na defesa, pelo diálogo com o meu projeto, pelas
contribuições teóricas, pela sua disponibilidade em propiciar uma refelxão.
Meu agradecimento a professora Ana Luiza Andrade pela generosidade teórica,
pelos debates prazerosos entremeados de doces e pelo acolhimento dos meus
atravessamentos acerca de política. A participação nas reuniões do NEBEN
possibilitou a vivência do tempo da queima do tabaco, para o contragosto de
alguns que alardeavam que o fumo do tabaco se constitui em símbolo dos
símbolos masculinos.
Ao professor Carlos Eduardo Capela por ter estendido as mãos durante a minha
transição, na mudança de orientador. Suas ásperas e duras palavras, na
qualificação, foram queimadas. Restaram sombras, sobrevivências; imagens de
mulheres como a sra. Blake, Mildred, Clarisse criadas pelo poder destrutivo do
fogo.
Gostaria também de agradecer as professoras Maria Aparecida Barbosa, a
querida Cidinha; Susana Scramim que me incentivou a frequentar os cursos de
Raúl Antelo; Maria Lúcia de Barros Camargos.
Contei com o apoio financeiro da CAPES.
Ao Animal do Tempo!‖, ―Ao cão quem!‖,
―À carne e a Outrem!‖ Animais de
cérebro, olhem a inscrição: eles gravaram
seus túmulos em soalhos. ―Aqui repousa o
homem sem as coisas: tudo é sem mim.‖
(VALÉRE NOVARINA, 2007).
RESUMO
Esta tese pretende, a partir da novela The Fireman (1951), de Ray
Bradbury, refletir sobre possibilidades de resistência em uma sociedade
polarizada entre homens-livros e bombeiros, leitores e telespectadores,
literatura e mídia. A primeira alternativa é alicerçada pelo gesto da
guardiã do acervo escrito a qual opta em morrer, em sua decrépita
morada, com os seus livros embebidos em querosene e consumidos
pelas labaredas do encarnado fogo. A renúncia dessa mulher aos
axiomas autoritários, sua incorporação do ―preferiria não‖ produzem
ruínas. A segunda alternativa é vislumbrada a partir de resíduos: brasas,
fumaças, cinzas, poeiras, fuligens, sombras, imagens dispersas e
incertas. Essas sobrevivências indefinidas, voláteis, indistintas entre a
visibilidade e a invisibilidade escapam ao controle, possibilitam
contágios. Na contramão da disseminação, o vidro é concebido como
indício de controle, vigilância. Nesta perspectiva daquilo que,
normalmente, é despercebido ou pouco valorizado, interessa, ademais, o
ato de fumar cigarros e a prática de caminhar pelas ruas sem objetivo.
Produzir pequenas fumaças por meio da queima do tabaco
industrializado, assim como chamuscar o tempo em deambulações, em
uma sociedade onde ―time is money‖, similarmente, são vistos como
mecanismos de combate. Ambos são improdutivos, não produzem algo
utilitário. Mildred é considerada como sintoma da colonização do corpo
humano e da subjetividade, via regulamentações biopolíticas. Mais do
que fazer viver ou morrer, interessa criar sobreviventes como
investimento de capital. Assim, a esposa do pragmático Montag
caracterizaria algo como sobrevida, remanente. O encontro do
pirotécnico e burocrata Montag com os homens-livros, ou seja, o
desfecho da narrativa de Bradbury, será ponto de partida para a seguinte
indagação: como pensar para além do humanismo que contempla e
vislumbra o desembrutecimento, a absolvição da alienação, a liberdade,
a repressão da animalidade do homem através do acesso aos livros e a
sua leitura - a cultura escrita.
PALAVRAS-CHAVE: The Fireman. Ray Bradbury. Ruínas. Pós-
humanismo. Animalidade.
Description:A ilha deserta Hound‖ (s/d), ―The Smile‖ (s/d), ―The dragon who ate his tail‖(s/d), .. Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley.