Cinema, Música e Espaço

88 Pages·2009·9.024 MB·Portuguese

by  Roberto Lobato Correa

LTURAL
CITxEMA, MUSICA E ESPAÇo
Organização
Roberto Lobato Corrêa
Zeny Rosendahl
M
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Rro nr JeNnrno
2009
UNT\,'ERSIDADE DO ESTADO Suvnnro
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DO RrO DEJANETRO
Reitor Ricardo Vieiralves da Castro
Vice-reitor Maria Christina Paixão Maioli
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EduERl
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Coordenação de Produção Rosania Rolins
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Revisão Pedro Nurmi Ronaaro Loal,ro CoanÊn
Priscila Thereso Gurgel Zntv RosnNnlut
Capa Heloisa Fortes
Diagramação Emiìio Biscardi
Apoio Administrativo Maria Fátima de Mattos . RE-APRESENTANDO O LUGAR PASTICHE.. 15
Srutnr C. AtrxnN
Lzo E. ZoNw
CATALOGAÇAO NA FONTE
UE4J/REDE SIRIUS/NPROTEC
. UM MAPEAMENTO DE LUGARES
C574 Cinema, música e espaço / Organização, Roberto
Lobato Corrêa e Zeny Rosendahl. - Rio de CINEMAÏICOS: íCONES, IDEOLOGIA E O
Janeiro: EdUERJ, 2009. PODER DA REPRESENTAÇÃO ENGANOSA.. 59
176 p. Jrw HorruNs
rsBN 978-8 5-7 51 r-t 47 -5 GEocnanA E crNEMA..... .....95
1. Geografia humana. 2. Música e geografia. ,tus ,FlìÁNcrsca nn A;revrno
3. Cinema.
I. Corrêa, Roberto Lobato. II. Rosendahl, Zeny.
Musrcn PoPULAR NAS ANALISES
GEOGRAFICAS. ....., 129
cDU 911.13
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Copyright O 2009 by EdUERJ
Todos os direitos desta edição reseryados à Editora da Universidade
do Estado do Rio deJaneiro. É proibida a duplicação ou reprodução
deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer meios, sem a
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CINErran. MUStcA E ESpACo
UMA INTRoDucÃo
Roennro Loeero Connne
ZnNv RosnNoeHr-
O presente volume aborda duas temá-
ticas gue, em graus distintos, não se consti-
tuem em temas enraizados na longa tradição
brasileira de pesquisa em geografìa.
A primeira envolve as relações entre
cinema e espaço, enquanto a segunda, mais
conhecida entre nós, é a das relações entre
música e espaço.
Cinema e música são duas linguagens
nas quais são expressas visões de mundo e
sentimentos diversos, a despeito das dife-
renças entre ambas. Como criações sociais,
podem ser vistas sob a ótica da espacialidade,
atributo intrínseco a toda ação humana. São
já
duas temáticas longamente constituídas
como objetos de pesquisa entre cientistas
sociais e aqueles dedicados às humanidades
e, particularmente, ao estudo da produção
fílmica e musical. A bibliograÍìa sobre ambos
os temas é vasta, revelando a tradição e a
intensidade do interesse pelas duas repre-
sentações.
Até 1980, aproximadamente, as pesquisas
em geografia cultural tendiam a negligenciar
as duas temáticas, limitando-se à análise das do livro Place, power, situation, and spectacle:
expressões materiais da cultura, a exemplo a geography of f,lm, na qual os autores nem
da ênfase nos estudos sobre a paisagem apresentam, como usualmente se faz, cada
cultural. Cinema e música, especialmente um dos ensaios publicados, nem realizam
o primeiro, não faziam parte do conjunto uma tentativa de construção teórica a par-
de assuntos correntes da geografia cultural, tir dos ensaios, os quais revelam o caráter
soando para alguns como temas sem interes- embrionário da produção geogrâfica a res-
se geogrâftco, a despeito da geograficidade peito dos Íilmes de documentário e Íìcção.
contida em inúmeros documentários e filmes O capítulo estrutura-se com base em uma
de ficção e em letras de inúmeras canções. sequência de discussões sobre representações
A partir da renovação da geografia cultural, fílmicas envolvendo pessoas, lugares e socie-
na qual "significado" passou a constituir-se dade. Representação e imagem constituem
em "palavra-chave", cinema, música, lite- a primeira discussão. A segunda gira em
ratura, pintura e outras artes tornaram-se torno das relações entre geografia, teoria do
relevantes para os geógrafos, agora dotados cinema e representação, enquanto a terceira
de outras bases epistemológicas, teóricas e aborda a criação do espaço e do lugar nos
metodológicas que lhes permitem interpretar filmes. A quarta e última parte, finalmente,
as representações construídas pelos outros. cliscute as relações entre o espectador e a
Em outras palawas, descobrem que a geo- Ìlatureza do espetáculo.
grafia não está apenas em toda parte, mas A seleção desse capítulo teve, em rea-
também nas representações a respeito das lidade, o propósito de introduzir o leitor
paisagens, regiões, lugares e territórios' as pouco familiarizado com a temática em
quais são, simultaneamente, reflexos, meios pauta a um tema considerado de grande
e condições sociais. importância para ampliar o campo de atu-
O interesse pelo cinema entre os geógra- ação do geógrafo em seu papel de tornar
fos culturais vai se traduzir em um número inteligíveis as representações que os outros
crescente de estudos, quer na análise de um fazem do espaço.
dado filme, quer envolvendo proposições O segundo artigo, de Jeff Flopkins,
metodológicas, dentre outros estudos. Já em "mapeia" os lugares cinemáticos, enfati-
1994 é publica da acoletânea organizada por zando o poder das representações sobre
Aitken e Zonn (1994), reunindo inúmeros os espectadores. Para o autor, o filme é
artigos sobre a dimensão espacial da produ- considerado uma paisagem semiótica, im-
ção fílmica. O presente volume contém dois pregnada de ilusões icônicas. O filme, argu-
dos artigos publicados nessa coletânea. nrenta Hopkins , cria experiências espaciais
O primeiro artigo ê assinado por Ai- e temporais genuínas, a despeito do caráter
tken e Zonn e se constitui na introdução imaginário dos lugares cinemáticos. Assim,
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possui um forte poder criador e recriador relação à música popular. Essa negligência
de representações sobre o espaço' ancorava-se na tradição da geografra cultu-
ral, presa à dimensão material da cultura. A
O texto de Ana Francisca de Azevedo,
do Departamento de Geografìa da Universi- renovação da geografia cultural üabilrza a
dade do Minho, em Portugal, constitui uma incorporaçâo de novas temáticas associadas
à dimensão não-material da ação humana,
relevante contribuição para a geografìa cul-
entre elas a da música popular.
tural. Ao longo dele, a autora mostra como
Segundo Lily Kong, é possível identi-
os filmes, tanto de documentário quanto
ficar alguns eixos nas pesquisas realizadas
de ficção, são representações a respeito da
a respeito da música popular: distribuição
realidade geográfica. E, como tal, podem re-
produzir ou desafiar representações coletivas espacial das formas musicais; atiüdades e
artistas; análise da difusão espacial de ritmos
sobre o espaço, lugares e paisagens' Como
e estilos musicais; delimitaçáo de áreas de
representações, os filmes são interpretados
ocorrência de um dado ritmo e estilo mu-
e ieinterpretados pelos espectadores, que
estabelecem uma dada relação com as ima- sical; relações entre música e o caráter e
a identidade dos lugares; e relações entre
gens na tela. Nessa relação, argumenta Ana música e certos temas como o meio am-
Érancisca de Azevedo cada espectador cria o
lugar fílmico, com ba"s e em sua experiência biente. A despeito da contribuição que essas
e ìmaginação. As imagens do cinema são' pesquisas forneceram para o enriquecimento
da geografra, elas são objeto de crítica por
assim, sujeitas à polivocalidacle'
parte da geógrafa. Crítica que é sucedida
No volum e Literatura, música e espaço' da
coleçáo Geografia Cultural, foi publicado o por uma proposição.
texto de Carney (2007) intitulado "Música Na seção "Cultura e sociedade na análise
e lugar". Neste volume' publica-se o texto da música", são propostos caminhos parv
uma análise geográfica da música popular:
de iity Kong, geógrafa da Universidade
Nacional de Singapura, que se constitui
a) significados simbólicos;
em importante análise ctítrca da produção
b) música e comunicação cultural;
envolvèndo as relações entre música popu-
c) política cultural e música;
lar e espaço. Publicado originalmente em
d) economia e música;
1995, continuará por longo tempo como
e) música e construção de identidades.
referência básica para aqueles interessados
nessas relações. Mais do que isto, o texto é
um modelo para uma análise crítica de uma Lilv Kong, em realidade, sugere ricos e
-, anados caminhos aos geógrafos para uma
dada temática.
::lvestigação a respeito da música popular.
Lily Kong discute inicialmente a relati-
\esse sentido, o Brasil oferece um amplo
va negligência por parte dos geógrafos em
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material pvrv pesquisa sobre a temática em geógrafos pela temática das relações entre
pauta. Dado o limitado e muito recente cinema e espaço. Qr. este livro incentive
desenvolvimento da geografia da música rnais ainda o interesse já estabelecido.
no país, as pesquisas comportam a adoção
daqueles eixos que foram discutidos e criti- Referências
cados por Lily Kong, assim como dos eixos
temáticos por ela sugeridos. Assim, temas AITKEN, S. C. e ZONN, L. E. (orgs.).
como a difusão espacial de ritmos e estilos Place, power, situation, and spectacle: a geogra-
musicais, áreas musicais no passado, de um Phy of fiIm. Lanham: Rowman & Littlefield,
lado, e significados simbólicos e política 1994.
cultural da música popular, de outro, são CARNEY, G. O. "Música e lugar". In
bem-ündos. connÊn, R. L. e ROSENDAHL, Z. (orgs.).
Ressalte-se, no entanto, que a imagi- Líteratura, música e espaço. Rio de Janeiro:
nação geográfica possibilita sempre novos EdUERJ , 2007.
horizontes, e entre eles está, certamente, a COSTA, M. H. B. e V. da. "Espaço, tem-
interpretação geográfica das melodias, esta po e a cidade cinemática". Espaço e Cultura,
se constituindo em difícil tarefa, exigindo 2002, 13, pp. 63-74.
grande domínio da música, linguagem que "Çsografia cultural e cinema: prâ-
usualmente o geógrafo não conhece. dcas-,. t eorias e métodos". In ROSENDAHL,
O interesse pelo cinema e pela música Z. e CORRÊA, R. L. (orgs.) . GeograJïa - te-
por parte dos geógrafos brasileiros já é eü- rnas sobre cultura e espaço. Rio de Janeiro:
dente, especialmente em relaçáo à segunda' EduERJ, 2005.
Dissertações e artigos acadêmicos fornecem a "fpagens e narrativas da úolência:
eúdência desse interesse, exemplificada pela o cin-e. ma, o espetáculo e a perspectiva pós-
dissertação de mestrado de João Baptista moderna". fn - e MEDEIROS, B. F. (orgs.).
Ferreira de Mello sobre "as composições Irnagens marginais. Natal: EDUFRN, 2006.
musicais relativas à cidade do Rio de Janei- MELLO, J. B. F. de. O Rio de Janeiro dos
ro" (Mello, 1991). Em relação ao cinema, o compositores da música popular: 1928-1991
interesse não é somente menor como mais ttma introduçao (dissertação). UFry, 1991.
recente. Sobressaem os artigos de Maria He-
lena Braga eYaz da Costa' uma geógrafa por
adoção, qüe vem se dedicando a essa temá-
tica em uma perspectiva geogrâfrca (Costa,
2002,2005 e 2006). Dissertações de mestrado
e de cursos de graduação, todas muito re-
centes, anunciam o interesse crescente dos
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RE-npnESENTANDo o
LUGAR PASTICHE1
Sruenr C. AtrrnN
Lao E. ZoNN
Em uma tomada aérea que focaliza em
profundidade a ârida paisagem de um deser-
to, surge uma figura solitária, andando com
alguma determinação. Esse homem usa um
boné vermelho de beisebol e um terno de
poliéster. Caminhamos com ele - a câmera
desconfortavelmente próxima - e sentimos
seu silencioso desespero. Sua face não revela
qualquer expressão ou sinal de emoção, mas
seus olhos nos inquietam: eles são desbotados
e agrestes como a paisagem que atravessa.
Bem mais tarde e depois de, quase morto,
ter sido resgatado por seu irmão, passamos a
saber que o homem, Travis, está empenhado
em uma busca que é motivada por uma foto
amarfanhada trazida em seu bolso. A foto
mostra um terreno vazio na cidade onde ele
' Publicado orisinalmente como "Re-presenting the
place pastiche", em Pk,ce, poue4 situation, and spectacl,e:
a geography of film, organizado por Stuart C. Aitken e
Leo E. Zonn (1994). Trata-se da introdução do referido
livro; foram eliminadas as referências aos textos dele.
Os organizadores deste livro aeradecem à editora Row-
man & Littlefield a permissão para traduzir e publicar
este texto. Traduzido por Márcia Trigueiro.
havia esperado superar o fracassado destino :te). e depósitos de ferro-velho; autoestradas
de seus pais, construindo uma casa para si :>calhando-se pela paisagem. Denby (1984,
mesmo e para sua família. A cidade - Paris, : 52) observa que no filme de Wenders
Texas - fornece um epônimo para um filme -= paisagem é um mito do momento - um
de Wim Wenders que ganhou a Palma de ::lto que passou pelos meios de expressão
Ouro no Festival de Cinema de Cannes (Stu- : tornou-se autoconsciente": "[...] o Oeste:
dlar, 1985, p. 359). A estória de Paris, Texas :normes espaços abertos, pequenas constru-
(1934) gira em torno da busca de Travis ,,-re S irregulares, inadequadas, sob amplos
por seu self e pela família, em um terreno , e us: o cômico surrealismo do plástico e do
improdutivo de mitos norte-americanos: o :.éon expostos no grande Lugar Algum."
deserto como a última fronteira, a liberda- Paris, no Texas, é um lugar real para
de do automóvel e do homem nômade e :rde Travis viaja sem nunca chegar. Mas,
o santuário da família nuclear.2 Do início .:ntrltaneamente, é a corporificação de uma
ao final, Wenders ressuscita esses mitos -'-ìsca existencial pelo passado, um espírito
e mostra seu potencial destrutivo quando o :e fronteira que olha para diante e uma
protagonista tenta recobrar sua vida. -:ítica dos valores que protegem a família
Paris, Texas recebeu aplausos conside- :--'-iclear. Depois de se reencontrar com
ráveis da crítica e atenção acadêmica, não .t'.r filho em Los Angeles, Travis atravessa
je
apenas em termos de sua representação da novo o deserto, desta vez em busca de
cultura norte-americana contemporânea, :'-.a mulher, que encontrará num bordel
mas também pela maneira como o filme : r'Ì Houston. Na penúltima cena, Travis
iç
ancora essa cultura em imagens de lugar e clefronta com sua mulher no salão de
de paisagens (cf. Kauffmann' 1984; Lennett, :'ntasia onde ela trabalha. Eles estão se-
1985; Wallis, 1986; Denzin, 1991). Wenders :arados por um espelho através do qual
apresenta as úagens de Travis como uma ': clientes podem ver as mulheres, mas as
experiência fenomenológica que intensifica nr-rlheres podem apenas ouvir os clientes,
nossa noção de lugares como cenários para' oor meio de um telefone. Em dado mo-
as atividades que incorporam self e socieda- nlento, quando percebe que está falando
de - crepúsculos no deserto com dramática com Travis, ela pede para vê-lo. Ela precisa
luz de fundo Para desvanecidas tabuletas climinuir a luz do seu lado do espelho, ao
de motéis em néon; casas em Los Angeles passo que ele ilumina seu rosto com uma
à beira de desfiladeiros, justapostas a tapu- lânrpada. O contexto do prostíbulo é ate-
:rtrado quando Travis expõe seu self. Essa
)nagtm-ÊyttlD não aprDzs abda o cenáio
2 A estória foi insPirada em Motel chronicles lCrônicas "r'oyeurístico" do bordel, como também es-
de motef, de Sam ShePard (1982). Shepard também
rabelece o ambiente cinemático como uma
escreveu o roteiro do filme.
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metáforapara as vidas dessas duas pessoas. com as representações do cinema de ficção
Enquanto ele conta por que a deixou, os e dos documentários sobre nosso mundo
rostos de Travis e de sua mulher se fundem contemporâneo. O estudo das inter-relações
no espelho. Percebemos que essas duas entre o cinema e a política da representa-
pessoas estão separadas por camadas de cão social e cultural e do uso do cinema
suas próprias ilusões, que as impedem de como um meio de compreender nosso lugar
estruturar e manter a procurada relação no mundo continua provocador, mas, em
amorosa familiar. Suas ilusões representam grande medida, inexplorado na geografia.
o mito desumanizador de um sonho norte- Uma das principais razões para esse descaso
americano que separa fisicamente Travis e é a tradicional ênfase que o geógrafo colo-
sua mulher, permitindo-lhes apenas uma ca nas condições materiais da vida social,
olhadela fugaz um do outro antes de se- sendo a representação, portanto, subsidiária
rem novamente alcançados por imagens de da "realidade física". Esse descaso ocorreu
si mesmos. No dia seguinte, Travis reúne apesar do fato de espaço e lugar, que há
seu filho e sua mulher e sai dirigindo' na muito são temas inseridos na esfera de ação
noite de Houston, em direção ao deserto, geográfica, estarem inextricavelmente inte-
emoldurado pelas luzes resplandecentes da srados à dinâmica sociocultural e política,
cidade e da civilização. Em Paris, Tbxas, os sendo, assim, indispensáveis à comunicação
lugares se sintonrzam de maneira clara com cinemática. A maneira como são utilizados
os principais personagens e proporcionam os espaços e como são retratad.os os lugares
um local válido para a desconstrução da no cinema reflete normas culturais, costu-
maneira como a contemporânea sociedade mes morais, estruturas sociais e ideologias
do Oeste se representa. O que nos deixa preponderantes. Concomitantemente, o
uma representaçao pós-moderna dos "per- impacto de um filme sobre um público
sonagens o mais prosaicos possível, na pai- pode moldar experiências sociais, culturais
sagem mais prosaica possível, apresentados e ambientais. E evidente que uma corrente
na enunciação mais prosaica possível' O cie pesquisa voltada para a produção e con-
pressuposto parece ser que a América do sumo de espaço e lugar no cinema merece
Norte é um vasto deserto fibroso no qual um sério interesse geográfico. Se, como
algumas poucas ervas conseguem' apesar de geógrafos, concord,amos com muitos dos
tudo, brotar por entre as fendas" (Newman' estudiosos da época pós-moderna que não
1987, p. 58). veem grande diferença entre nossa cultura
O presente livro está direcionado para política e nossa cultura de celuloide, entre
uma geografia do cinema na qual pessoas' a vida real e a vida "reel" fdos "carretéis" de
espaços e lugares estão incorporados em filme], então a representação cinemática
uma visão cinemática. Ele se preocupa
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