Características firossociológicas e edáficas de um bosque de mangue em São Sebastião – SP

2017·0.77 MB·

by  Valadares, Rubia Grazielle

R.G. Valadares, J. Tosoni, J.M.M. Schmiegelow

Características fitossociológicas e edáficas de um bosque de mangue em
São Sebastião – SP

Rubia G. Valadares1, Júlia Tosoni2, João Marcos Miragaia Schmiegelow3
1 - Mestre em Ecologia no Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e Marinhos da
Universidade Santa Cecília.
2 - Bacharel em Ciências Biológicas na Universidade Santa Cecília.
3 - Universidade Santa Cecília (UNISANTA), Pós-graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas Marinhos e Costeiros,
Laboratório de Ecologia Costeira.
E-mail: [email protected]

Resumo
O ecossistema de manguezal é encontrado em áreas litorâneas, sujeitas a ação das marés em
zonas tropicais e subtropicais, sendo considerado um ambiente de transição entre o oceano e o
continente. Tem grande importância ecológica e estratégica e diante disso é necessário obter
informações para o adequado manejo ambiental tendo em vista uma possível ampliação do
porto de São Sebastião. Sendo assim o presente trabalho tem como objetivo relacionar as
características do solo com a estrutura em um bosque de mangue através da avaliação de seis
parcelas, distribuídas em duas transecções perpendiculares à linha da água, seguindo o gradiente
ambiental. A caracterização edáfica do bosque foi realizada a partir dos seguintes parâmetros:
salinidade intersticial, granulometria, grau de compactação e topografia. Para a análise da
estrutura, foram feitas medidas de altura e perímetro na altura do peito (PAP), estimativa da
densidade e cálculo da área basal. A correlação de Pearson mostrou correlação positiva entre
densidade arbórea e o grau de compactação do solo, já os outros parâmetros analisados para a
caracterização edáfica não tiveram relação com a estrutura da vegetação.

Palavras-chaves: características edáficas, manguezal, São Sebastião

Phytosociological and edaphic characteristics of a mangrove forest in São Sebastião-SP

Abstract
The mangrove ecosystem is found in coastal areas, subject to tidal action in tropical and
subtropical areas, and is considered a transitional environment between the ocean and the
mainland. It has great ecological and strategic importance and this is necessary to obtain
information for the appropriate environmental management in view of a possible expansion of
the port of São Sebastião. Thus, the present work aims to relate the soil characteristics to the
structure in a mangrove forest through the evaluation of six plots distributed in two transections
perpendicular to the water line, following the environmental gradient. The edaphic
characterization of the forest was made from the following parameters: interstitial salinity,
granulometry, compaction degree and topography. For the analysis of the structure,
measurements were made was height and perimeter at the chest height (PAP), density
estimation and basal area calculation. Pearson's correlation showed a positive correlation
between tree density and soil compaction, since the other parameters analyzed for soil
characterization had no relation to the vegetation structure.

Key-words: soil characteristics, mangrove, São Sebastião

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Introdução matéria orgânica e sais solúveis em função
do contato com o mar. Devido a
Manguezal é um ecossistema que se
decomposição da serapilheira e a saturação
desenvolve em zonas litorâneas tropicais,
pela água, são solos reduzidos, de cores
ligado a terrenos baixos, planos e regiões
acinzentadas a pretas, com presença de H S.
2
estuarinas, às margens de lagunas ou ao
Podem ter vários metros de profundidade
longo de rios e canais naturais, em áreas
sendo fracamente consolidados e
encharcadas, salobras e calmas, com
semifluidos.
influência das marés, mas não atingidos
Segundo Veloso & Góes Filho (1982) essas
pela ação direta das ondas (ROSSI &
áreas são pedologicamente instáveis e
MATTOS, 2002). Esta comunidade se
dinâmicas, seja pela constante deposição de
desenvolve sobre substrato lamacento com
areias do mar, seja pelo rejuvenescimento
baixo teor de oxigênio.
do solo ribeirinho, com deposições aluviais
Os manguezais afetam a geomorfologia
e lacustres.
costeira pois fixam solos instáveis, assim
As características físicas do solo podem ter
como combatem a erosão e o assoreamento
a mesma importância que as propriedades
de estuários, baías e portos. É um filtro
químicas, na determinação do crescimento
biológico, pois seu sistema de raízes
e da saúde dos manguezais (VANNUCCI,
diminui a velocidade das águas,
1999).
aumentando a deposição de partículas no
solo, além de funcionar como quebra-mares Este trabalho objetiva relacionar as
e quebra-ventos (SCHAEFFER-NOVELLI características edáficas com a estrutura do
et al., 1995). Para Rizzini (1979) esses bosque de mangue na região de São
manguezais propiciam aterramento gradual Sebastião.
com a eliminação da água salgada e a

transformação da lama mole em lama dura
2. Materiais e Métodos
e, finalmente, em solo no sentido

biopedológico.
2.1 Descrição da área de estudo
De acordo com Cintrón & Schaeffer (1983),
os solos desses ecossistemas, por estarem O estudo foi realizado no litoral norte do
em ambientes de baixa energia, apresentam estado de São Paulo, no munícipio de São
predominância das frações mais finas Sebastião (figura 1).
(argila e silte), elevadas quantidades de

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Figura 1: Localização da área de estudo

O bosque de mangue em questão está mares em um período de 24 horas. A
situado na margem do canal de São variação da maré nesta região é inferior a
Sebastião, ao lado da área de operações da dois metros (micromarés) (LIMA et al.
balsa que liga o continente (município de 2008).
São Sebastião) à Ilha de São Sebastião
Conforme a classificação fisiográfica de
(município de Ilhabela). Este manguezal
Cintrón et al. (1985) este mangue é
fica próximo à área de atividade do
caracterizado como bosque de franja, que se
Terminal Marítimo Almirante Barroso –
desenvolvem ao longo das margens de
TEBAR, da Petrobrás, onde são
costas protegidas.
movimentados petróleo e seus derivados.
O bosque, alvo desse estudo foi formado a
O Canal de São Sebastião é uma passagem
partir de obras de aterramento entre o final
marinha com 25 km de extensão, com
da década de 80 e início da década de 90 e
largura que varia entre 2 km na porção
atualmente ocupa uma área de
central, 7 km ao sul e 5,5 km ao norte. A
aproximadamente 550 m2.
profundidade máxima é de torno de 40 m
Nesse fragmento, foi realizada uma
(OLIVEIRA e MARQUES, 2007). O
amostragem a partir de seis parcelas de 10m
regime de marés na região é do padrão
x 10m (0,01ha) distribuídas em duas
semidiurno, com duas preamares e baixa-

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transecções na direção leste-oeste. As distante e a quatro a mais próxima. A
posições geográficas encontram-se segunda transecção é formada pelas
descritas na tabela 1. parcelas cinco e seis, sendo a cinco a mais
A maior transecção é formada por quatro distante da linha da água.
parcelas, sendo que em relação a linha da
água, a parcela de número um é a mais

Tabela 1: Posição geográfica dos locais estudados (UTM = 23K; WGS-84)
Parcelas Longitude (m E) Latitude (m S)
1 459558.753989 7366969.015170
2 459577.175250 7366976.758900
3 459605.451817 7366989.270220
4 459622.160184 7366993.076980
5 459586.842185 7366949.706700
6 459611.102947 7366956.942770

2.2 Caracterização edáfica em refratômetro óptico (Instrutherm, com
precisão igual a ±1) segundo metodologia
Para a caracterização edáfica do bosque, proposta por Bernini e Rezende (2011).
foram analisados os seguintes parâmetros:
Para a análise granulométrica, uma amostra
grau de compactação, salinidade
de cada parcela foi analisada adaptando a
intersticial, granulometria e topografia.
metodologia proposta na NBR 7181 (1984).
Com auxílio de uma cavadeira, foram Inicialmente, as amostras receberam
abertos cinco buracos de 15 cm de tratamento com água oxigenada para a
profundidade e coletada uma porção de retirada de matéria orgânica, após esse
solo, totalizando cinco réplicas em cada procedimento, o material foi seco em estufa
parcela. Os locais de coleta foram feitos a a 60ºC por 72h. O material seco foi então
cada dois metros na linha transversal da destorroado com o auxílio de um almofariz
parcela. e mão de gral revestida com borracha. Após
esse procedimento as amostras de cada uma
Para a análise de salinidade intersticial, 15
das parcelas foram pesadas e colocadas em
g de sedimento foram centrifugados por 5
uma peneira de 0,063 mm e lavadas em
minutos a 2500 rpm (rotações por minuto),
água corrente para remoção das partículas
para obtenção da água intersticial. Após
finas, sobre uma capsula de porcelana, o
esse procedimento, uma gota da água
conteúdo que sobrou na peneira foi seco em
intersticial obtida de cada amostra foi lida
estufa a 105ºC por 24h e pesado novamente,

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para a determinação da porcentagem de os indivíduos das espécies de árvores
areia e silte e argila em relação ao peso presentes foram identificados com registro
inicial. da identidade.
O grau de compactação do solo foi obtido Com fita métrica (precisão de 0,1 cm) foi
através da medida de profundidade de obtido o perímetro na altura do peito (PAP)
penetração de uma haste de ferro, lançada a 1,3 m do solo, sendo medidos todos os
de uma altura padronizada (MORRISEY et indivíduos maiores que esta altura. O
al., 2003). A haste de ferro tem 9 mm de perímetro foi posteriormente transformado
diâmetro, 78 cm de comprimento e 423 g para diâmetro na altura do peito (DAP),
(figura 4). Para a obtenção desse dado dividindo-se o valor por Pi (π). Com os
foram escolhidos dez locais dentro de cada dados de DAP obtiveram-se as áreas basais,
parcela com o auxílio de uma tabela de segundo a fórmula: Área Basal =
números aleatórios gerado pelo software 0,00007854(DAP)2.
Excel (2010).
Não se incluiu a área basal dos troncos
Para a análise da topografia foram aparentemente mortos, mas que estivessem
escolhidas entre cinco e seis “áreas” rebrotando (foram, entretanto medidas as
aleatórias em cada parcela. Em cada “área” áreas basais dos rebrotos, quando estes
foi realizada a medida da espessura da tivessem mais que 1,3 m de altura) – os
lâmina d´água com o auxílio de uma fita indivíduos foram sempre contados para
métrica, quando o nível da maré estava alto. avaliação da densidade. Todos os
parâmetros obtidos foram transformados
Em todas as análises descritas acima, foram
para 0,1ha. A altura das árvores foi
utilizados os valores médios acompanhados
determinada com vara telescópica. Na
de seus respectivos desvios padrão.
avaliação da altura média das árvores não se

incluíram as vivas tombadas, rebrotando ou
2.3 Fitossociologia
quebradas.

Com base nos dados obtidos em campo,
Para a análise da fitossociologia do bosque,
foram calculadas para cada parcela:
seguiu-se a metodologia proposta por
densidade de troncos vivos e de jovens, área
Cintrón & Schaeffer-Novelli (1984), que é
basal viva, altura média de troncos vivos e
baseada na obtenção de informações
DAP médio. Todos os valores médios
estruturais do bosque em áreas conhecidas,
descritos no texto virão acompanhados de
comumente denominadas parcelas. Todos
seus respectivos desvios padrão.

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3. Resultados e Discussão árvores/0,1ha na parcela 6 (figura 5). A
altura média do bosque foi de 7,4 (±1,4) m.
O manguezal foco desse estudo é composto Entre as parcelas, a altura média variou
majoritariamente pela espécie Avicennia entre 8,6 (±5,0) m na parcela 5 e 4,9 (±3,2)
schaueriana Stapf & Leechm. ex m na parcela 4 (figura 2).
Moldenke., mostrando ser praticamente
Dentre as parcelas, o DAP médio variou de
monoespecífico. já que esta espécie é de
4,2 (±3,6) cm e 7,2 (±6,0) cm. O menor
longe a mais abundante. Das seis parcelas
valor foi encontrado na parcela 4 e o maior
analisadas, a densidade total encontrada foi
valor na parcela 5 (figura 2). A parcela 3 foi
de 2480 árvores/0,01ha, desse total, 92,7%
a que apresentou a maior área basal total,
foram de A. schaueriana, 3,6% para R.
0,30 m2/0,1ha, seguida parcelas 2, 1, 5, 6 e
mangle e o mesmo valor para L. racemosa.
4. O valor da área basal total do bosque foi
Entre as parcelas, a densidade total variou igual a 1,4 m2/0,1ha (figura 2).
entre 580 árvores/0,1ha na parcela 4 e 230

1 2
3 4

Figura 2: Caracterização fitossociológica do bosque. 1- Densidade (nº de indivíduos/0,1ha); 2- Altura (m); 3-
DAP (cm); 4 – Área Basal (m2/0,1ha). As linhas nas colunas dos gráficos 2 e 3 correspondem ao intervalo de
confiança (α=0.05)

A salinidade intersticial no bosque variou (±11), 45 (±5), 28 (±3) e 45 (±9)
de 14 (±5) na parcela 6 e 52 (±8) na parcela respectivamente (figura 3).
2. As parcelas 1, 3, 4 e 5 apresentaram 46
As parcelas 4 e 6, mais próximas da água
obtiveram os menores valores que as

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parcelas mais interiores. O teste Kruskal- Whitney evidenciou que essa diferença está
Wallis mostrou haver diferença entre as parcelas 4 e 6 em relação às outras.
significativa (p= 0,001) e o teste de Mann-

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Parcelas

Figura 3: Valores médios da salinidade intersticial das parcelas. A linha corresponde ao intervalo de confiança
(α=0.05)

Estudos mostraram que o desenvolvimento A análise granulométrica revelou que a
estrutural das florestas tende a diminuir em porcentagem de areia foi maior nas parcelas
função do aumento da salinidade (SILVA et mais distantes da água, por outro lado, as
al., 2005; MARTINS et al., 2011). Contudo, parcelas mais próximas da linha d’água (em
apesar de a salinidade ser considerada um relação ao canal de São Sebastião) tiveram
fator limitante para o desenvolvimento maior porcentagem de silte e argila (figura
estrutural (CINTRON et al. 1978), nesse 4). Não se obteve nenhuma relação entre a
bosque não se observou relação entre granulometria e a análise fitossociológica.
ambos, pois o local é dominado por A.
Schaeffer-Novelli et al. (1994),
shaueriana, espécie bastante tolerante a
relacionaram o desenvolvimento do bosque
altos valores de salinidade intersticial
de mangue de Caravelas (BA) com o tipo de
(SCHAEFFER-NOVELLI, 1995).
sedimento, ou seja, o desenvolvimento
Em relação ao tamanho do grão, o bosque estrutural do bosque foi maior em solo com
estudado apresenta alta porcentagem de pequenas frações. Em contrapartida, os
areia, provavelmente por ter se bosques menos desenvolvidos localizam-se
desenvolvido em área resultante de sobre sedimentos com predominância da
aterramento na região próxima ao porto fração arenosa. Todavia, Souza et al. (1994
organizado de São Sebastião. apud COELHO JR., 1998) revelaram que

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na Ilha de Santa Catarina, as características
do solo não puderam ser relacionadas com
as características do bosque.
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areia silte/argila

Figura 4: Porcentagem de areia e silte/argila entre as parcelas

O grau de compactação do solo foi avaliado na parcela 6 com 23,36 (±2,9) cm e o menor
a partir do valor alcançado com a valor médio na parcela 1 com 13,37 (±1,73)
profundidade da haste de ferro, ou seja, cm.
quanto maior a profundidade, menor o grau
A correlação de Pearson mostrou correlação
de compactação (figura 5). O maior valor
positiva entre densidade arbórea e o grau de
médio de profundidade da haste foi obtido
compactação do solo (p=0,0083).
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Parcelas

Figura 5: Valores médios de profundidade da haste de ferro. A linha corresponde ao intervalo de confiança
(α=0.05)

A ANOVA (p= 8,6x10-8) revelou uma ocorre entre as parcelas 5 e 6 em relação às
diferença estatística significativa e o teste outras parcelas.
de Tukey demonstra que essa diferença

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A análise topográfica realizada entre as encontrou-se diferenças entre a parcela 3
parcelas através da altura da lâmina d’água em relação a todas as parcelas; a parcela 4,
mostrou uma variação nos valores médios que além da parcela 3, foi diferente em
de 10,2 (±0,8) cm na parcela 4 e 0,5 (±0,5) comparação as parcelas 1, 2 e 5; e
cm na parcela 1 (figura 6). O teste Kruskal- finalmente a parcela 6 apresentou-se
Wallis mostrou haver diferença dos valores diferente de todas as parcelas exceto a
médios da análise entre as parcelas (p= parcela 4, porém não houve relação entre
5x10-5). Aplicando Mann-Whitney esses valores e a estrutura da vegetação.

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1 2 3 4 5 6
Parcelas

Figura 6: Valores médios da altura da lâmina d’água. A linha corresponde ao intervalo de confiança (α=0.05)

4. Conclusão

O bosque estudado é dominado pela espécie Das características edáficas analisadas, a
Avicennia schaueriana. A densidade média única que apresentou relação com a
arbórea encontrada foi igual a 413,3 estrutura nesse bosque, foi o grau de
(±146,1) árvores/0,01ha. A altura média das compactação do solo, que mostrou-se
árvores foi igual a 7,4 m (±1,4) e a área correlacionado positivamente com a
basal média foi igual a 1,4 m2/0,1ha. densidade arbórea.

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