Table Of ContentUlisses F. Araújo
Professor da Faculdade de Educação da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
ASSEMBLÉIA ESCOLAR
Um caminho para a
resolução de conflitos
Coordenador da coleção:
Ulisses F. Araújo
1J edição
=919 Moderna
© ULISSES F. ARAÚJO 2004
=911 Moderna
COORDENAÇÃO EDITORIAL José Carlos de Castro
PREPARAÇÃO E REVISÃO DE TEXTO LelLis Assessoria Editorial
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO GRÁFICA Fernando Dalto Degan
COORDENAÇÃO DE REVISÃO Estevam Vieira Lédo Jr.
EDIÇÃO DE ARTE/PROJETO GRÁFICO Ricardo Postacchini
CAPA Ricardo Postacchini
Foto de capa: CID
DIAGRAMAÇÂO Andreza Cristina Moreira
SAÍDA DE FILMES Flelio P. de Souza Filho, Mareio H. Kamoto
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL Wilson Aparecido Troque
IMPRESSÃO E ACABAMENTO Bartira Gráfica e Editora Ltda.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (C1P)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Araújo, Ulisses F.
Assembléia escolar: um caminho para a resolução
de conflitos / Ulisses F. Araújo. — 1. ed. — São Paulo :
Moderna. 2004. — (Coleção cotidiano escolar /
coordenador Ulisses F. Araújo)
Bibliografia
1. Administração de conflitos 2. Democracia na
educação 3. Política e educação 4. Sociologia
educacional I. Título. II. Série.
04-4538 CDD-379.154
índices para catálogo sistemático:
1. Assembléia escolar: Política educacional: Educação 379.154
ISBN 85-16-04384-3
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www.moderna.com.br
2004
Impresso no Brasil
1 3 5 7 9 10 8 6 4 2
S U M A R I 0
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!. DEMOCRACIA. RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
E ASSEMBLÉIAS ESCOLARES ........................... 9
Democracia escolar................................................ 9
A resolução de conflitos....................................... 16
As assembléias escolares...................................... 22
2. COMO ÍMPLEMEMLAIl E DESENVOLVER AS
Diferentes tipos de assembléias escolares.......... 30
O processo de implantação das assembléias..... 36
Os procedimentos para a realização
das assembléias..................................................... 45
O funcionamento das assembléias escolares...... 74
3. DANDO VOZ AOS SLJEITOS
DAS ASSEMBLÉIAS
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BIBL1OGI-
A P R E S E N T A C Ã 0
São Paulo, 21 de abril de 2004. O jornal Folha
de S.Paulo traz, com destaque, o resultado de uma pes
quisa feita pela Organização das Nações Unidas (ONU)
com 18.643 latino-americanos, de dezoito países. Res
pondendo à pergunta ‘‘Você apoiaria um governo autori
tário se ele pudesse resolver os problemas econômicos?”,
54,7% disseram que sim. Dentre inúmeras possibilida
des de análise que esse dado permitiría, fico com a idéia
de que a maioria das pessoas não se importa de viver em
uma ditadura, desde que seus problemas pessoais (nesse
caso econômicos) sejam resolvidos.
As pessoas parecem não ter consciência de que fo
ram os Estados ditatoriais e autoritários, que governaram
os países latino-americanos nesses quinhentos anos de co
lonização, que nos colocaram neste quadro em que preva
lecem a miséria e a pobreza. O autoritarismo está impreg
nado em nossas culturas e ajuda a explicar parcialmente o
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ASSEMBLÉIA ESCOLAR - Um caminho para a resolução de conflitos
resultado dessa pesquisa. Não foi nossa recente e titubeante
democracia, ainda hoje em seus passos iniciais, que nos
levou a tal situação de descrença e injustiça. Tal cobrança
é no mínimo infundada.
Fico imaginando se fizéssemos aos docentes, aos
estudantes e às famílias de nossas escolas a pergunta “Você
apoiaria uma educação autoritária se ela pudesse resolver
os problemas de indisciplina na escola?”. Não tenho dúvi
da de que a maioria respondería que sim, pois não reco
nhece que o atual estado de mal-estar na educação foi pro
vocado justamente pelo autoritarismo, e não pela demo
cracia, que nunca existiu. 0 autoritarismo, que sempre
excluiu das escolas a maioria da população, privilegiando
uma elite pretensamente homogênea, assusta-se quando
os novos ventos democráticos exigem que a escola conviva
com as diferenças socioeconômicas e de valores, com os
desejos e os comportamentos de seus jovens e de suas cri
anças. Pensam essas pessoas, saudosas dos tempos autori
tários e de profunda injustiça social, que melhor seria vi
ver sem liberdade do que ter de aprender a convivei' com
as diferenças e a encontrai' maneiras democráticas de lidar
com os conflitos que os novos tempos sociais lhes impõem.
Por que começar este livro com tais reflexões?
Porque nele falarei de democracia e da busca educativa
por caminhos que enfrentem o autoritarismo e as formas
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Apresentação
violentas de resolução de conflitos, tão normalizadas em
nossas culturas. Entendo que aprender a dialogar, a cons
truir coletivamente as regras de convívio e a fortalecer o
protagonismo das pessoas e dos grupos sociais na cons
trução da democracia e da justiça social é um papel que a
escola pode, e deve, exercer na luta de transformação da
sociedade. Construir novos alicerces culturais, que tenham
como sustentáculos a justiça, a igualdade, a equidade, a
solidariedade e o diálogo, deve permitir que, no futuro,
pesquisas como a citada apresentem resultados distintos,
em que a maioria da população perceba que a justiça so
cial somente será alcançada por meio da democracia.
Tratar das assembléias escolares tendo os conflitos
cotidianos como matéria-prima do trabalho educativo é o
objetivo deste livro, pois acredito que tal proposta contri
bui para a construção dos alicerces culturais citados.
Para isso, apresento, no primeiro capítulo, o que en
tendo por democracia escolar, o que significa uma educa
ção com base na resolução de conflitos e como isso se arti
cula com a proposta das assembléias escolares. No segun
do capítulo trago um 'guia prático’ sobre como imple
mentar e desenvolver as assembléias escolares, permeando
a discussão com reflexões advindas de doze anos de traba
lho com esse tema. Finalmente, no terceiro capítulo, dou
voz aos sujeitos que já experienciaram as assembléias —
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ASSEMBLÉIA ESCOLAR - Um caminho para a resolução de conflitos
docentes e estudantes —, por meio de seus relatos sobre as
mudanças vividas em suas relações na escola.
Este livro foi escrito enquanto desenvolvia ativida
des de pós-doutorado na Universidade de Barcelona. Foi o
professor Josep Puig quem me sugeriu que o escrevesse,
relatando minha experiência com assembléias no Brasil.
Foi o seu incentivo, e o das professoras Genoveva Sastre,
Montserrat Moreno e Aurora Leal, docentes dessa univer
sidade e da Universidade Autônoma de Barcelona, e inspi
radores de meu trabalho com as assembléias escolares e
com resolução de conflitos, que me permitiram realizá-lo.
A eles agradeço também a leitura crítica de partes do tex
to, assim como às professoras Valéria Amorim Arantes e
Eliane Palermo, pelo apoio e pela ajuda que me deram na
organização dos dados de pesquisa que apresento.
Espero, com este livro, incentivar a prática das
assembléias em nossas escolas.
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