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Iuri Andréas Reblin
Márcio dos Santos Rodrigues
(Organização)
Arte SEQUENCIAL
EM PERSPECTIVA MULTIDISCIPLINAR
1ª Edição
Leopoldina – MG
ASPAS
2015
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©2015 ASPAS
Rua Antonio Oliveira Guimarães, 53 (segundo andar)
Centro Leopoldina – MG
36.700-000
Copyright da compilação: ASPAS.
Copyright dos textos: dos autores e das autoras.
DIRETORIA DA ASPAS (2013-2015)
Iuri Andréas Reblin, Natania A. S. Nogueira, Thiago Monteiro Bernardo e Amaro X. Braga Jr.
Patrocínio do 1º EntreASPAS: Prefeitura Municipal de Leopoldina; Casa de Leitura Lya
Botelho; CEFET- MG: Unidade Leopoldina; Editora WMF Martins Fontes; Energisa S/A –
Leopoldina, MG; Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho – Cineport e GGBrasil.
Comissão Organizadora/Científica do 1º EntreASPAS: Amaro Xavier Braga Júnior (UFAL); Iuri
Andréas Reblin (EST); Márcio dos Santos Rodrigues (FaE/UFMG); Natania A. S. Nogueira
(Academia Leopoldinense de Letras e Artes) e Thiago Monteiro Bernardo (doutorando em
História na UFRJ).
Normatização, revisão ortográfica/gramatical dos textos: Márcio dos Santos Rodrigues
Revisão dos Abstracts: Márcio dos Santos Rodrigues, Paulo Corrêa (Letras/UFMG) e Luiz
Fernando BernardesFrança (Letras/UFMG).
Arte da capa: IV Sacerdotisa Danielle Barros.
Cores e projeto gráfico: Ciberpajé Edgar Franco.
Organização e Compilação: Iuri Andréas Reblin e Márcio dos Santos Rodrigues.
Nota: Os textos aqui compilados são de inteira responsabilidade de seus autores e suas
autoras, que respondem individualmente por seus conteúdos e/ou por ocasionais
contestações de terceiros.
Qualquer parte pode ser reproduzida, desde que a fonte seja mencionada.
Para quem desejar, uma cópia impressa do ebook pode ser adquirida em PerSe.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
A786 Arte sequencial em perspectiva multidisciplinar [recurso
eletrônico] / Iuri Andréas Reblin, Márcio dos Santos
Rodrigues (organização). – Leopoldina : ASPAS, 2015.
285 p. (Ensaios Acadêmicos ; v.1)
E-Book, PDF.
ISBN 978-85-69211-01-5
1. História em Quadrinhos – História e Crítica. 2.
Literatura e Sociedade. 3. Cultura – aspectos sociais I.
Reblin, Iuri Andréas. II. Rodrigues, Márcio dos Santos.
CDD 741.5
Ficha Elaborada pela Biblioteca da EST
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Sumário
APRESENTAÇÃO [5]
Iuri Andréas Reblin
Márcio dos Santos Rodrigues 6
Quadrinho Brasileiro ou Nacional?
Tem diferença ou é tudo igual? [7]
Amaro Xavier Braga Jr 7
Identidade e diferença nas Historias em Quadrinhos:
construção do discurso multicultural [23]
Maria de Fátima Hanaque Campos
Gledson de Jesus Silva
Alan S. Santos 23
Histórias em Quadrinhos, Performance e Vida:
Da “Aurora Pós-humana” à “Ciberpajelança” [43]
Edgar Franco
Danielle Barros Fortuna** 43
Perspectivas hermenêuticas acerca da representação religiosa
nas histórias em quadrinhos [75]
Iuri Andréas Reblin 75
Tributo à memória colecionável (ou: a estruturação da psique
criativa infanto/juvenil por meio da informação imagética) [103]
Gazy Andraus 103
Sexualidade à brasileira:
as imagens eróticas no jornal O Rio Nu - 1900-1916 [119]
Alessandra Senna Ferreira 119
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Arte sequencial em perspectiva multidisciplinar
Brenda Starr e os comics norte-americanos
nas décadas de 1940 e 1950 [133]
Natania A. Silva Nogueira 133
O Movimento Punk sob a ótica dos fanzines publicados
em Juiz de Fora na década de 1980 [151]
Amanda Almeida 151
Representações da Loucura e da Vilania em Batman [163]
Amaro Xavier Braga Jr 163
Santa Teresa de Jesus: uma leitura em imagens [185]
Cláudio Guerson 185
Oficina de história em quadrinhos na sala de aula: Produção de HQ
pelos alunos de uma escola pública em Rio Branco – Acre [201]
Danielle Barros Fortuna 201
Análise do processo criativo da revista Camiño di Rato 6 e da HQ
Ascensão [219]
Matheus Moura Silva 219
Pesquisando História nos Quadrinhos: a pesquisa de quadrinhos na
História e de História nos quadrinhos [249]
Sávio Queiroz Lima 249
RESUMOS / ABSTRACTS [271]
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Apresentação
É com imensa satisfação que apresentamos os textos que
foram discutidos e apresentados no 1º Entre ASPAS – Encontro
da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial. O Entre
ASPAS foi realizado entre os dias 22 e 24 de maio de 2013, na
cidade de Leopoldina, pertencente à Zona da Mata Mineira, e
pesquisadores e pesquisadoras, estudantes, docentes de campos
de saber distintos e de diferentes localidades do país para
compartilhar pesquisas, trabalhos e experiências e promover o
debate de temas e abordagens a respeito da arte sequencial.
Os textos que apresentamos reúnem alguns dos
trabalhos apresentados nas palestras e nas oito mesas do evento
(distribuídas em dois grupos de Trabalho), e inauguram a “Série
ensaios acadêmicos”. Essa série apresentará, com regularidade,
sempre trabalhos de pesquisas gestados dentro do âmbito dos
encontros promovidos pela Associação.
Os trabalhos que integram o volume “Arte sequencial em
perspectiva multidisciplinar” colocam em evidência, dentro de
um enfoque que mobiliza e articula diferentes áreas do
conhecimento, a complexidade de se lidar com imagens
dispostas em sequência com a finalidade de contar histórias e/ou
transmitir informações. Mídias como cinema, animações e as
Histórias em quadrinhos, dentre outras, se enquadram nessa
definição. Todavia, longe de juntar sob um mesmo rótulo
diferenciadas produções culturais, apresentamos no presente
volume reflexões que exploram, em menor ou maior grau, como
determinados objetos culturais se constituem como práticas
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Arte sequencial em perspectiva multidisciplinar
construtoras de significados. Avaliar os impactos e possíveis usos
dessas práticas culturais, disseminadas em âmbito transnacional,
tem sido motivo de interesse no meio acadêmico e a ASPAS tem
acompanhado esse crescente estímulo.
O leitor e a leitora – acadêmico ou não – terão contato
com uma representação do que tem sido produzido no país e do
amadurecimento dos pesquisadores da Arte Sequencial no Brasil,
que buscam romper com abordagens convencionais e tidas como
hegemônicas na nossa cultura acadêmica.
Agradecemos a todos aqueles e todas aquelas que
contribuíram para a realização deste 1º encontro da ASPAS e
esperamos que esse espaço de construção e divulgação do
conhecimento sobre a Arte Sequencial se faça cada vez mais
importante, consolidando-se.
Tenha uma boa leitura!
Iuri Andréas Reblin
Márcio dos Santos Rodrigues
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Quadrinho Brasileiro ou
Nacional? Tem diferença ou É
tudo igual?
*
Amaro Xavier Braga Jr.
A memória é um tipo de informação que se preservou e
que leva o indivíduo a um tempo passado, uma lembrança
reminiscente. Apesar de o termo ter origem grega relativa a titã
Mnemosyne que gera as nove musas inspiradoras da música, arte
e da história (CHAUÍ, 2005), o verbete refere-se à capacidade de
“[...] reter as idéias, impressões e conhecimentos adquiridos. [...]
Dispositivo em que informações podem ser registradas,
conservadas e, posteriormente, recuperadas.” (FERREIRA, 1989,
p.488). Todas as imagens são recursos mnemônicos. Os
quadrinhos, como imagens desenhadas, não ficam distantes e
podem estar completamente vinculados ao processo de
aquisição da cultura.
* Amaro Xavier Braga Junior é Produtor Cultural e Quadrinhista.
Possui sete álbuns em quadrinhos publicados. É Bacharel e
Licenciado em Ciências Sociais (UFPE), Esp. em História das Artes e
das Religiões (UFRPE), Esp. em Artes Visuais (SENAC), Esp. em
Gestão de EAD (Esc. Exército/UCB), Mestre e Doutorando em
Sociologia (UFPE). Diretor do CDICHQ – Centro de
Desenvolvimento e Incentivo Cultural às Histórias em Quadrinhos.
Premiado em 2007 com o HQMIX de Melhor Contribuição pelo
álbum em HQ “Passos Perdidos, História Desenhada”. É professor
efetivo no Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de
Alagoas - UFAL. [email protected],
http://axbraga.blogspot.com.br
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Arte sequencial em perspectiva multidisciplinar
Todos os produtos reconhecidos como “nacionais”
possuem uma base mnemônica. Se forem “Nacionais” é porque
suas estruturas fazem o espectador\consumidor recordar
informações que foram registradas pela tradição como
pertencentes a um grupo cultural específico, endógeno (de
dentro), e não a outro, tido como exógeno (de fora). A
nacionalização de algo, portanto, atribui à coisa nacionalizada,
um recurso mnemônico necessário para seu reconhecimento e
identificação.
Os quadrinhos classificados como “nacionais” incorporam,
por usa vez, uma série de elementos que cumprem uma função
mediadora da identificação e das lembranças de padrões
culturais vistos como de dentro do grupo ao qual foram gerados.
Reconhecer um quadrinho estrangeiro como não nacional,
portanto, ocorre porque sua estrutura imagética faz o leitor
recordar valores e elementos que não são originários do seu
grupo e que, portanto, vieram de fora.
Nesta perspectiva o elemento nacional exerce grande
importância na relação de interação mnemônica entre expectador
e produto. Ambos precisam acertar os elementos de um em
relação ao outro. Isto é, os elementos do produto precisam ser
reconhecidos pelo expectador para que ele possa reconhecê-lo e
lhe atribuir o status de nacional. Que elementos seriam estes que
atribuiriam ao produto seu status nacionalizado? Apresentam-se,
brevemente, estes elementos a seguir.
Nacional é a qualidade daquilo que pertence à Nação. A
Nação é o nome que se dá a um povo que vive num território
politicamente constituído e que compartilha uma série de
elementos étnicos em comum: língua, valores, alimentação,
vestimenta, hábitos, etc. nem todas as produções de um povo
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