Table Of Contentcopyright Circuito
edição brasileira© Circuito 2020
organização da coleção Acácio Augusto
edição Jorge SaJlum
coedição Suzana Salama
assistência editorial Paulo Henrique Pompermaier eLucaJinkings
capa Ronaldo Alves
ISBN 978-85-7715-652-8 ANTIFA
conselho consultivo Amilcar Parker,
Cecília Coimbra (TNM/R) eUFF), Modo de usar
Eduardo Sterzi (UNICAMP).
Helíana Conde (UER)),
jean Tible (DCP/USP),
João daMata (SOMA), Acácio Augusto (organização)
Jorge SaJlum (Hedra),
Margareth Rago (Unicamp),
Priscila Vieira (UFPR),
Salvador Schavelzon (UNIFESP).
Thiago Rodrigues (UFF)
Grafiaatualizada segundo oAcordo Ortográfico daLingua I'edição
Portuguesa de1990,emvigornoBrasildesde2009.
Dados Internacionais deCatalogação naPublicação -CIP
A923 Augusto, Acácio (organização)
Annfa: modo deusar /Acácio Augusto. - RiodeJaneiro: Circuito, 2020.
(Coleção Ataque)
182p.
ISBN 978-85-7715-652-8
1.Antifascismo. 2.Anarquismo. 3.Filosofia política. 4.Movimentos sociais.
5·Sistema político. 6.Controle social I.Título. n.Série. m.Bray, Mark.
cou329 con320
Direitosreservadosemlíngua
portuguesa somenteparaoBrasil
EDITORA CIRCUITO LTDA.
RuaVisconde deInhaúma, 134.grupo 1215-Centro
20091-007. RiodeIaneíro-aj, Brasil
Telefone/Fax +55 212205 3236
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editoracírcuíto.com.br
FOifeito odepósito legal. Rio deJaneiro 2020
Sumário
........... 9
Introdução ,
NOSSAHISTÓRIA: ANTIFA EANARCO-PUNK NOBRASIL 19
Umpouco sobre ahistória doACR •.•••••..•..••• 21
25
OMovimento Anarco-Punk ealuta antifascista no Brasil
«Aqui para ficar, aqui para lutar» . 33
URGÊNCIA DASRUAS: EMBATESANTIFAS NOPRESENTE.
Não começou ontem, não vai terminar com as eleições ..
C> Antifa: modo de usar reúne ensaios, textos eentrevistas deimportantes pen-
sadores contemporâneos do anarquismo edo antifascismo, como dohistoriador Somos todos antifa, menos apolícia . . . . . .
americano Mark Bray - especialista no movimento antifascista euma das princi-
Antifa: contra oque eao lado de quem lutar .
paisvozes domomento deluta - edospesquisadores emilitantes Acácio Augusto,
Camíla Iourdan, Erick Rosas, Alfredo Bonanno eMatheus Marestoni, compondo
um material urgente eessencial para nosso tempo. Aascensão aopoder deuma POLíTICA, REVOLTAEANTIPOLíTICA ANTIFA 95
direita radicalizada, nova sobretudo nos métodos deação eno uso eficiente das
tecnologias modernas, impõe uma reflexão de ordem tática: oque é,hoje, oanti- Bater onde dói...ecom força! 97
fascismo? Como aconvulsão social pode organizar-se contra ocontrole imposto
Antifa não éoproblema .. 109
por polícias ultraviolentas? Sepor um lado governantes como Jair Bolsonaro ou
115
Donald Trump dispõem deamplo arsenal fático ebélico, aexplosão recente de Somos todos antifascistas? .
protestos pelo mundo aponta para uma janela deação, em que arevolta popular Poesia eantifascismo na América Latina 129
também seradicaliza e,literalmente, coloca nações inteiras em chamas.
C> Acácio Augusto éprofessor no curso deRelações Internacionais da Universi- Antifascismo esegurança digital 141
dade Federal deSão Paulo (EPPEN-UNIFESP)ecoordenador do IASInTeC/UNIFESP Qye fazemos do antifascismo? . 155
(Laboratório deAnálise em Segurança Internacional eTecnologias demonitora-
Anotações: querem nos fazer desejar seu governo
mento). Épesquisador no Nu-Sol (Núcleo deSociabilidade Libertária) eautor de
Anarquia yluchaantipolitica - ayeryhoy (Barcelona: NoLibros, 2019), Política e eoporquê não vamos cair nessa provocação. . . . . . . . . . . . . . 167
polícia: cuidados, controles epenalizações dejovens (Rio deJaneiro: Lamparina,
2013), dentre outros.
A COLEÇÃOATAQYE irrompe sobefeito dejunho de2013.Esse
acontecimento recente dahistória daslutas sociais noBrasil, aum sótempo,
ecoacombates passados elança novas dimensões para osenfrentamentos
presentes. Ocritério zero dacoleção éochoque com ospoderes ocorrido
durante asjornadas dejunho, mas nãosó.Busca-se captar aomenos uma
pequena parte dofluxo deradicalidade (anti)política que escorrepelo
planeta adespeito datristeza cívica ordenada nodiscurso daesquerda
institucionalizada. Um contrafluxo aoqueseconvencionou chamar de
onda conservadora. Ostextos reunidos são,nesse sentido, anárquicos, mas
nãoapenas deautores etemas ligados aosanarquismos. Versam sobre
batalhas derua,grupos deenfrentamento dasforças policiais, demolição da
forma-prisão que ultrapassa oslimitesdaprisão-prédio. Trazem também
análises sobreosmodos decontrole socialesobreoterrordoracismo de
Estado. Enfim, temas deenfrentamento comescritas quepossuem um alvo.
Onome dacoleçãofoi tomado deum antigo selopunk deSãoPaulo que,
em '985, lançou acoletânea Ataque Sonoro. Na capa dodiscodoismísseis,
um soviético eoutro estadunidense, apontam para aCidadedeSãoPaulo,
uma metrópole doque ainda sechamava deterceiro mundo. Umanúncio,
feito aoestilo audaz dospunks, doque estava emjogo: asforças rivais
atuam juntas contra oque nãoégovernado por uma delas. Sea
configuração mudou delápara cá,alógica eosalvos seguem osmesmos.
Diante dasmediações eidentidades políticas, ostextos desta coleçãooptam
pela tática doataque frontal, conjurando asfalsas dicotomias que
organizam aestratégia daordem. Livros curtos para serem levados no
bolso,namochila ounabolsa, comopedras oucoquetéis molotov.
Pensamento-tática que anima oenfrentamento colado àurgência do
presente. Ao serem lançados, nãoseespera desseslivrosmais doque efeitos
deanttpodet; como abeleza deexibições pirotécnicas. Não háordem,
programa, receita ouestratégia aserem seguidos. Ao atacar radicalmente a
única esperança possível éque seperca ocontrole e,como isso,dançar com
ocaosdentro desi.Que asleituras produzam efeitos noseucorpo.
ACÁCIOAUGUSTO &RENATO REZENDE
idução
1111I t
Iosclsmo e antifascismo no século XXI
ACÁCIO AUGUSTO
No momento em que oBrasil se torna oepicentro da pande-
uiia donovo coronavírus eos números de contaminados emortos
,ocada vez mais assustadores, soa absurdo eanacrônico, consi-
ti rando oponto de vista histórico, falarmos em fascismo eantí-
Iascímo em pleno século XXI. Mas há bons motivos para que o
façamos.
Omundo assiste ao avanço inédito de partidos, movimentos
governantes que exibem modos, símbolos ediscursos fascistas,
chamados de extrema direita ou alt-right (do inglês alternative
right). Para citar alguns exemplos, há aFrente Nacional Francesa,
oAurora Dourada grego, a PEGIDA alemã, oPartido da Liberdade
austríaco, oPartido Lei eJustiça (sís) polonês, aLiga Norte itali-
ana egovernantes ubuescos como Viktor Orbán na Hungria, Vo-
lodymyr Zelensky na Ucrânia, Recep Tayyip Erdogan na Turquia,
Rodrigo Duterte nas Filipinas, Jeanine Áftezna Bolívia eJair Bolso-
naro no Brasil. Ainda que possuam trajetórias políticas emodos de
ação particulares, são lideranças que compõem um mesmo modus
operandi.
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ANTIFA INTRODUÇÃO
De outro lado, na Europa e nas Américas, grupos anarquis- Em seu pronunciamento, Trump ameaçou usar as Forças Ar-
tas e antiautoritários se esforçam há mais de 40 anos em alertar 111\1 Ias,invocando uma Lei de Insurreição de 1807,alegando que
que apolítica (neo)fascista e(neo)nazista não foi enterrada com a 11"Ilação foi dominada por anarquistas profissionais, multidões
derrota das potências do Eixo na 11Guerra Mundial (1939-1945), vlolcntas, incendiários, saqueadores, criminosos, manifestantes,
sendo, portanto, preciso combatê-Ia. Esses grupos, oriundos da IIIUfae outros". Disse-o mesmo não apresentando nenhuma in-
contracultura anarco-punk edo autonomismo europeu, se autode- formação consistente de que os saques e depredações ocorridos
nominam antifa oufantifa (feministas antifascistas). Como define durante asmanifestações em diversos estados dos EUA fossem obra
ohistoriador Mark Bray em Antifa: omanual antifascista (Autono- d anarquistas e/ou grupos antifa. Na esteira das declarações de
mia Literária, 2019),oantifascismo contemporâneo é"um método 'Irump, como já éde costume, Jair Bolsonaro e seus filhos, junto
político, um loeus de autoidentificação individual ede grupo, de 1I0Sativistas e parlamentares bolsonaristas, também deram de-
um movimento transnacional que adaptou correntes socialistas, larações que visam criminalizar os grupos antifas presentes em
anarquistas e comunistas preexistentes àuma súbita necessidade manifestações de rua.
de reagir àameaça fascista" (p.30). O que faz da antifa contempo- No domingo, 31de maio, ena semana seguinte, ocorreram ma-
rânea uma "política nada liberal" (p.31)erelacionada amovimen- nifestações em diversas capitais do Brasil, convocadas por grupos
tos de revolta e/ou revolucionários compostos de associações por detorcidas organizadas de futebol pró-democracia. Oobjetivo foi
afinidade, com atuação regular enumericamente reduzidos. expressar oposição às regulares manifestações de grupos bolso-
Embora esses dois motivos sirvam como pano de fundo, a an- naristas que invariavelmente pedem o fechamento do STFe do
tifa virou assunto em todo mundo, em meio àpandemia da Co- Congresso Nacional, invocam oAto Institucional n° 5,de 1968,e
vid-iç, primeiramente porque opresidente estadunidense Donald conclamam oacionamento, por parte do presidente da República,
Trump chamou esses grupos de terroristas da "esquerda radical do artigo 142da Constituição Federal de 1988,para intervenção
do mal" em um pronunciamento nojardim da Casa Branca, no dia militar nos poderes legislativo ejudiciário. O deputado federal
seguinte aos motins derua que se espalharam por todo oterritório bolsonarista pelo Rio de Janeiro Daniel Silveira (PSL), ex-policial
estadunidense em protesto contra oassassinato pela polícia de Ge- militar celebrizado por quebrar uma placa com onome da ex-vere-
orge Floyd. As manifestações de rua atacam oracismo sistemático adora Marielle Franco, ao lado do então candidato agovernador
da sociedade - einerente à atividade policial. Remetem a outros Wilson Witzel (ssc), apresentou aPL3019/2020 para alterar aLei
momentos em que um policial branco tirou avida de uma pessoa 13-260/2016(LeiAntiterrorismo). Oobjetivo da PLéconsiderar "or-
negra, como em 2014, no caso dojovem Michel Brown, em Fer- ganização terrorista os grupos denominados antifas (antifascistas)
guson, Missouri, que à época deu destaque ao movimento Blaek edemais organizações com ideologias similares". SeTrump amea-
Lives Matter, criado em 2013. Os atos de rua foram puxados pelo çou criminalizar por terrorismo a antifa dos EUA, como já exigiram
movimento negro, mas logo ganharam adesão multitudinária. os grupos da alt-right depois de um episódio na Universidade Ber-
keley durante palestra do supremacista Milo Yiannopoulos, em
10 11
INTRODUÇÃO
ANTIFA
Impedir arealização deuma palestra dafilósofa]udith Butler sobre
2017,Obolsonarsimo fez disso uma PLno Congresso Nacional da-
.• sfins da democracia". O ato foi liderado pela organização Di-
qui.
r itaSãoPaulo, que tem como vice-presidente odeputado estadual
Uma série de análises poderiam derivar desses episódios. Den-
deSãoPaulo Douglas Garcia. Ainda que esses grupos rechacem a
tre elas, há um longo einconcluso debate no campo das Relações
designação de fascistas, sua oposição tão estridente revela alguma
Internacionais edo Direito Internacional sobre aplasticidade e o
oisa. Como dizem os mais velhos, se tem bigode de gato, pelo de
sentido político das definições eda tipificação do "crime" de terro-
gato emia como um gato, um porco que não é. Ou seria?
rismo, reanimado desde os atentados de 11de setembro de 2001.
Ainda que haja um pertinente debate entre pesquisadores das
Outra possibilidade seria, apartir da PL3019/2020, discutir como
Ciências Humanas sobre aprecisão conceitual em caracterizar a
épossível, numa democracia, encaminhar uma proposta de cri-
alt-right global como algo análogo ao fascismo histórico, éjusta-
minalização de um movimento político dissidente acompanhado
mente oembate nas ruas eno campo discursivo que fazda existên-
do genérico "e demais organizações similares". Mas o que esses
ciada antifa, e ocrescente interesse por ela, uma chave analítica
acontecimentos revelam éuma questão mais urgente na política
contemporânea, não apenas no Brasil, mas em todo oplaneta: o para compreender o fascismo no século XXI. A história não se
repete, ainda que alguns discordem. Cada acontecimento possui
sentido do fascismo edo antifascsismo hoje.
sua singularidade na história das lutas. Logo, ao analista cabe cap-
A reação virulenta da alt-right global, seja de Trump e seus
tar as diferenças de uma força política apartir das metamorfoses
apoiadores, seja do bolsonarismo no Brasil, revela uma verdadeira
provocadas pelas lutas para produzir um diagnóstico do presente.
obsessão pela busca de um inimigo identificável, ainda que cons-
Assim, de fato, sebuscarmos todas as características do fascismo
truído discursivamente. Como observou Mark Bray, em texto
histórico, dificilmente elas corresponderiam literalmente aos mo-
publicado recentemente no Washington Post,a antifa não éopro-
dos eformas da olt-right hoje. Mas, senos voltarmos para ofato
blema. Trump ausa para distrair a opinião pública do problema
central colocado pelas manifestações nos EUA: aviolência policial. de que ofascismo histórico, apesar da derrota militar em 1945,se-
guiu permeando apolítica das democracias liberais no pós-guerra,
No caso do Brasil, acusar a antifa de terrorismo écriar o inimigo
podemos chegar a conclusões outras. Olhemos para os embates
perfeito para mobilizar os aproximadamente 30% que compõem a
dopresente em sua expressão mais radical, sem moderações.
base eleitoral epolítica do bolsonarismo. E,claro, também justifi-
Qual adefinição da antifa contemporânea em relação ao que
car aviolenta repressão da polícia atoda equalquer manifestação
ela combate sob onome de fascismo? Segundo Bray, apartir das
de oposição ao governo em curso. Não é, portanto, a presença
entrevistas realizadas em sua pesquisa para a redação do livro,
de antifas em manifestações que dispara avirulência discursiva
os antifas não se opõem ao fascismo por ele ser uma política
dos bolsonaristas e/ou aviolência policial, mas anecessidade de
basicamente antiliberal, mas porque os grupo fascistas de hoje,
construção de um inimigo que encarne omal absoluto. Sea antifa
simplesmente não existisse, criariam outro alvo, como ofizeram alocados na alt-right, promovem:
em novembro de 2017, quando, diante do SEse Pompéia, tentaram
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12
INTRODUÇÃO
ANTIFA
Pelo contrário: desde então cresceram, chegando, inclusive, aos
1. Oracismo ea supremacia branca;
Icgislativos estaduais efederal em todo oBrasil. A conclusão que
2. amisoginia eo sexismo; setira desse acontecimento menor e seus desdobramentos éque
não secombate ofascismo com apolícia eodireito penal, estes só
3. oautoritarismo ediscursos genocidas.
O reforçam em suas manifestações micro ou macro como política
Logo, combatem práticas do presente largamente difundidas pela de segurança. Os anarco-punks, ao contrário, situavam aquestão
alt-right. No Brasil, grupos anarco-punks, como oACR(Anarquis- 110campo dos embate frontal, da ação direta.
tas Contra oRacismo), criado em 1993, promovem campanhas regu- Chegamos, com isso,àarena na qual sedáaluta entre fascismo
lares dealerta contra essas práticas - especialmente contra grupos eantifascismo no século XXI: as políticas de segurança.
de skinheads, carecas e white powers. Entre os anarco-punks, des- Não énecessário se estender muito para demonstrar acentra-
tacam-se as Jornadas Antifascistas, que acontecem regularmente !idade do tema da segurança nas democracias no PÓS-li Guerra
em todo mês de fevereiro, desde oano 2000. A data foi escolhida Mundial, aponto de produzir no campo das Relações Internacio-
porque no dia 6de fevereiro daquele ano oinstrutor de cães Edson nais apassagem dos Estudos Estratégicos de guerra para ocampo
Neris da Silva foi espancado até morte por white powers na praça da Segurança Interacional. Com o fim da Guerra Fria, vemos a
da República, em São Paulo, pelo simples fato de estar de mãos expansão das políticas de segurança, tanto no campo da segurança
dadas com seu namorado. pública - com programas urbanos como otolerância zero estadu-
Episódios como este, que nos anos 1990 e 2000 eram trata- nidense, exportado para omundo junto ao super-encarceramento,
dos apenas como de preconceito e brigas de gangues, eviden- inclusive em governos de esquerda -, quanto no campo da se-
ciam hoje, àluz do crescimento da alt-right global, que os antifas gurança internacional, pela ascensão das políticas de combate ao
anarco-punks alertavam para um perigo real epara aurgência que terrorismo transterritorial, especialmente após o11de setembro de
tinham em contê-los já em suas primeiras manifestações. Não era 2001. As políticas de guerra às drogas, marcadas pela declaração
briga degangue, mas sim ofascismo tolerado pela democracia libe- de guerra de Richard Nixon no fatídico ano de 1973, expressam
ral. Ao tratar as manifestações de racismo, homofobia eviolência ajunção daquelas duas áreas. Também éamplamente conhecido
apenas como casos depolícia, deixou-se intocado orisco real ecres- ofato de que a alt-right, em todo o planeta, se viabilizou eleito-
cente alertado pelos anarco-punks às liberdades eàexistência de ralmente com um forte discurso sobre o setor de segurança: seja
pessoas diferentes do modelo dominante nas sociedades contem- no Norte, enfatizando o combate ao terrorismo, apolítica antimi-
porâneas. A mobilização em torno do caso Edson Neris redundou gratória, a xenofobia e o racismo; seja no Sul, impulsionando a
na criação, em 2006, daDecradi (Delegacia de Crimes Raciais eDe- retórica do combate àcriminalidade, àdegeneração moral da ju-
litos de Intolerância da Polícia Civil de São Paulo). Especializada ventude, etc., além de sua ligação direta com agentes de segurança
em "crimes de intolerância", sob adivisão de homicídios, adelega- no campo policial emilitar, com generais, capitães, cabos esolda-
cia não fez com que os grupos (neo)fascistas deixassem de existir. dos se tornando celebridades políticas. Nesse sentido, a au-rigbt
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