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"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando
por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo
nível."
Copyright © 2011 Jennifer Brown
Copyright © 2011 Little, Brown and Company Hachette Book Group Little,
Brown and Company é uma divisão da Hachette Book Group, Inc. Copyright ©
2015 Editora Gutenberg
Título original: Bitter End
Essa edição foi publicada mediante acordo com a Little, Brown, and Company,
New York, New York, USA. Todos os direitos reservados.
Todos os direitos reservados pela Editora Gutenberg. Nenhuma parte desta
publicação poderá ser reproduzida, seja por meios mecânicos, eletrônicos, seja
via cópia xerográfica, sem a autorização prévia da Editora.
PUBLISHER CAPA
Alessandra J. Gelman Ruiz Carol Oliveira
EDIT0RA (sobre imagem de Slobodan Zivkovic)
Silvia Tocei Masini DIAGRAMAÇÃO
Vivian epub
REVISÃO
Lyandra Cristina, Rita Silva Ferreira, Valéria Oliveira
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Brown, Jennifer
Amor amargo / Jennifer Brown; tradução Guilherme Meyer. — 1. ed. —
Belo Horizonte : Editora Gutenberg, 2015.
Título original: Bitter End.
ISBN 978-85-8235-306-6
1. Ficção norte-americana I. Título.
15-06364 CDD-813
Índices para catálogo sistemático:
1. Ficção : Literatura norte-americana 813
Para Scott e Pranston
1
Persistente. É como eu descreveria, em uma palavra, Bethany, minha melhor amiga.
Ou talvez incansável. Ou, se estivesse escrevendo um poema sobre ela, talvez obstinada,
porque palavras como obstinada impressionavam a Srta. Moody, e, quando eu as usava,
ela dizia que eu era uma poeta nata, o que, de certo modo, era bacana.
Não fazia diferença; todas essas palavras queriam dizer a mesma coisa – decidida – e
Bethany era, antes de tudo, decidida.
Essa era uma das coisas que eu mais admirava nela. Sempre tinha uma ideia clara de
para onde a vida estava indo ou, melhor dizendo, para onde ela estava conduzindo a
vida. Dentre todas as coisas que tínhamos em comum, essa era uma das que nos
diferenciavam, e era um dos motivos por que eu gostava de ser sua amiga. De certa
forma, acho que tinha esperanças de que ela passasse um pouco da sua obstinação para
mim para que, um belo dia, eu tomasse as rédeas da minha própria vida, tendo a certeza
de onde eu iria parar.
Em determinadas vezes, a persistência de Bethany era um pouco difícil de ser
ignorada. O fato de estarmos acabando de nos recuperar do movimento da hora do
almoço, e de eu estar ocupada limpando uma montanha de bandejas mais alta que eu, ou
de minha chefe, Geórgia, estar logo ao lado, pouco importava. Bethany entrou
marchando no Bread Bowl com seus tênis de cano alto desamarrados, e com sua enorme
bolsa batendo nos quadris, e se sentou à mesa mais suja da lanchonete.
“Psssiu!”, ela chamou, tirando um maço de papéis da bolsa e abanando-os na minha
direção. Tentei ignorá-la, mantendo os olhos grudados na bandeja que tinha nas mãos.
Daí ela fez de novo, “Psssiu!”, e então fez um ruído como se estivesse limpando a
garganta.
"Acho que tem alguém engasgando ali”, disse Geórgia, tirando um maço de notas
de 20 da gaveta da caixa registradora e fechando-a em seguida com os quadris. "Ou,
pelo barulho, há alguém botando os bofes pra fora.” Para Geórgia, a persistência de
Bethany também não era novidade. Ela gostava de Bethany, e costumava brincar que ela,
sem dúvida alguma, seria a primeira mulher a ser eleita presidente.
Empilhei a bandeja que eu estava limpando e larguei o pano molhado em cima do
balcão.
“Acho que tem uma mesa ali precisando de limpeza”, falei.
“É o que parece”, murmurou Geórgia. Ela foi em direção à sua sala, arrumando as
notas de 20 para que ficassem todas com a frente virada para cima. “E com uma certa
pessoa cuspindo em cima da mesa desse jeito, a cada minuto que passa está ficando mais
suja.” Em seguida, acrescentou sem olhar para trás: “E sirva para aquela freguesa algo
para beber. Talvez ajude com o problema na garganta”.
“Você é um exemplo de solidariedade, Gê”, respondi, pegando um copo vazio no
caminho para o salão.
Dentre as minhas tarefas no Bread Bowl, limpar o salão era provavelmente a que eu
menos gostava. As pessoas deixavam cada nojeira para trás depois de comer! No
entanto, às vezes, como quando Bethany ficava matando tempo por ali, por exemplo,
estar encarregada da limpeza não era tão ruim. Desse modo, enquanto recolhia pedaços
de guardanapos rasgados e sanduíches pela metade, tentando parecer bem mais ocupada
do que na verdade estava, podíamos conversar um pouco.
“Olha isso”, disse Bethany, assim que coloquei uma latinha de Dr. Pepper Diet na
sua frente e comecei a limpar a mesa. Com o joelho, cutucou de leve minha perna.
“Banheira de hidromassagem!”
Endireitei-me, peguei o maço grampeado de papéis da sua mão e passei os olhos
pela primeira folha, que, entre outras coisas, exibia uma foto granulada de uma banheira
de hidromassagem para doze pessoas.
“Puxa vida”, falei, lendo a lista de coisas que havia no hotel: banheira de
hidromassagem, piscina coberta, sala de musculação completa. Era o paraíso. O paraíso
a peso de ouro. “É incrível. Sem chance de a gente poder pagar. Você acha mesmo que
temos grana pra isso?”
Virei a página e comecei a ler detalhes sobre as atrações que havia nas redondezas do
hotel. Do outro lado da lanchonete, Geórgia limpou a garganta. Ergui os olhos. Ela
estava empilhando cardápios de delivery ao lado da caixa registradora. De forma
sugestiva, desviou o olhar para o dono do Bread Bowl, Dave, ou “Sr. Pé-no-Saco”,
como era chamado de forma pouco carinhosa por alguns dos cozinheiros. Nos últimos
tempos, por algum motivo, Dave vivia por ali, o que deixava todo mundo de mau
humor, sem falar que acabava com minhas chances de ficar babando em cima de fotos
de banheiras de hidromassagem e salas de musculação com Bethany.
Devolvi os papéis para ela e voltei a recolher embalagens de sanduíche amassadas e
enfiá-las em um copo vazio.
“Uau, e olha isso!”, continuou Bethany, ignorando completamente tanto minha
pergunta quanto o aviso pouco sutil de Geórgia. “Tem uma lareira enorme no saguão.
Aposto que daria pra passar o dia todo lá sentada, tomando chocolate quente e
admirando as celebridades. Imagina só, a gente pode acabar no maior amasso com
algum famoso.” Assim que terminou a frase, quase pulou da cadeira, batendo no meu
ombro com os papéis. Um punhado de guardanapos voou para fora do copo e caiu
novamente em cima da mesa. “A gente pode acabar na capa de uma revista de fofocas!”
Com as mãos erguidas no ar, fez como se estivesse visualizando uma manchete: “Quem
são as misteriosas beldades que partem os corações dos famosos nas montanhas?”.
Eu ri.
“Tá mais para: 'Quem são as misteriosas desastradas que quebram as pernas dos
famosos ao atropelá-los quando esquiam?'.”
“Bom, se isso significa cair por cima de um bonitão, não me importaria de quebrar
a perna dele.”
“Nem vem, eu vi o bonitão quebrado primeiro”, falei.
“De jeito nenhum, a ideia foi minha.”
Geórgia limpou a garganta de novo. Agora, estava começando a se parecer com
Bethany. Dave tinha entrado no salão e estava parado com as mãos na cintura,
examinando-o minuciosamente. Entrar na lista negra de Dave era a última coisa de que
eu precisava. Os momentos em que mais gostava de Dave era quando ele fingia que eu
não existia, ou seja, a maior parte do tempo. Nesse aspecto, ele lembrava o papai. Estava
acostumada a ser ignorada pelos homens da minha vida.
“Olha só, será que dá pra gente falar de bonitões quebrados e revistas de fofoca
mais tarde? Tenho que terminar de limpar isso aqui.”
Bethany suspirou.
“Trabalho, trabalho, trabalho.”
“Isso aí. E se eu perder o emprego, você vai ficar tomando chocolate quente
sozinha, sozinha, sozinha.”
Bethany olhou na direção de Dave e soltou um resmungo de frustração.
“Tá bom. Fazer o quê? Mas vê se me liga. Quero saber o que você acha dos
restaurantes. Eu e Zach temos pesquisado.”
Zach. Nosso outro melhor amigo. Se tivesse que descrevê-lo em uma palavra,
seria... Bom, é impossível descrevê-lo em uma só palavra. Ele era uma mistura de irmão
mais velho superprotetor, tio tarado e primo mais novo irritante, tudo ao mesmo tempo.
Era um show de comedia ambulante. Um gênio da música. Um amigo incrível. Para ser
bem sincera, Zach era provavelmente a única razão pela qual, no colégio, Bethany e eu
não éramos rebaixadas à categoria de “nerds demais pra serem notadas”. A louca
ambientalista e a poeta, uma mais insignificante que a outra. Zach, por outro lado, era o
centro das atenções. Todo mundo adorava ele. Nós, no entanto, adorávamos mais, e
fazia mais tempo. Sendo assim, por associação, também éramos consideradas legais.
Se fosse para escrever um poema sobre Zach, sem dúvida alguma usaria a palavra
confiante.
Bethany se levantou e jogou o copo vazio no lixo antes de voltar para pegar suas
coisas. Eu sabia que ela iria para casa, se atiraria no sofá com o notebook e ficaria
olhando tudo quanto era lista de restaurantes no estado do Colorado até que eu ligasse.
Desde que tínhamos bolado essa viagem, ela não pensava em outra coisa.
“Nossa!” Estalou os dedos. “Já ia me esquecendo. Adivinha a ideia que o Zach
teve?”
“Nem posso imaginar...”, falei, recolhendo o restante do lixo e colocando o saleiro
e o pimenteiro no lugar. Bethany arrancou um fio solto da parte de baixo da sua
camiseta.
“Tatuagens”, falou.
“Tatuagens?” repeti.
Ela fez que sim, mordendo o lábio inferior enquanto sorria.
“Isso mesmo. Ele acha que nós três deveríamos fazer tatuagens iguais quando
estivermos lá. Algo como uma montanha ou... ou sei lá... algo sexy.” “Você sabe o que o
Zach entende por 'sexy', não sabe?” Fiquei imaginando a gente indo embora do
Colorado com mulheres seminuas, peitudas e de salto alto gravadas para sempre na pele.
Peguei o copo e fui em direção ao lixo que ficava mais longe, ao lado da porta de
entrada, puxando Bethany discretamente pela manga da camiseta para que me
acompanhasse.
"Bom, sei, mas...” Ela fez uma pausa enquanto eu me curvava para despejar o lixo.
"Sei lá. Poderia ser divertido.”
"E dolorido”, lembrei. "E permanente.”
"É divertido”, repetiu.
A voz de Dave ressoou pela lanchonete. Ele estava chamando a atenção de alguém
na cozinha, o que me fez lembrar que era melhor voltar ao trabalho antes que acabasse
sobrando para mim.
“Eu te ligo”, falei. “A gente pode conversar mais tarde.”
Bethany tirou a chave do carro da bolsa.
“É bom ligar mesmo”, falou, saindo pelas portas de vidro.
Tocando de leve o colar sob a camiseta, voltei correndo para trás do balcão e
recomecei a limpar as bandejas, sonhando acordada com a viagem para o Colorado.
Bethany, Zach e eu vínhamos planejando essa viagem desde os 8 anos de idade, na
época em que a mãe de Zach ainda nos chamava de os “Três Terríveis”. A princípio, a
ideia tinha sido minha: ir até o lugar para o qual a mamãe estava indo quando morreu e
tentar descobrir o que tinha lá de tão importante, que a levou a abandonar sua família.
Mas não demorou muito para Zach e Bethany quererem participar. Em parte,
porque eram meus melhores amigos e sabiam o quanto a viagem era importante para
mim. Mas, acima de tudo, queriam participar porque a ideia parecia divertida. E
glamorosa, como algo que acontece nos filmes. Melhores amigos caindo na estrada,
cruzando o país e solucionando mistérios. Poderia ser mais digno de cinema?
Decidimos que a viagem seria um presente de formatura que daríamos a nós
mesmos e, desde o último dia de aula do 2o ano, Bethany não pensava em outra coisa.
Ela falava nisso o tempo todo, e chegou ao ponto de estabelecer o “Dia da Viagem”,
uma reunião semanal para discutirmos todos os detalhes. As reuniões deveriam ocorrer
sempre aos sábados (ideia da Bethany). Seriam sediadas de forma alternada, cada semana
na casa de um dos três (minha ideia). Seriam sempre regadas à pizza, videogame e um
monte de piadas sujas que incluíam partes do corpo feminino (ideia de Zach). Vínhamos
nos reunindo desde o início do verão e, até agora, os únicos objetivos alcançados tinham
sido devorar mais ou menos quinze pizzas grandes de pepperoni e passar da nona fase
de um jogo de zumbis que Zach tinha ganhado de aniversário.
Para falar a verdade, eu não estava nem aí para banheiras de hidromassagem,
equipamentos de esqui e restaurantes. Só estava interessada na mamãe e em descobrir o
que tinha acontecido com ela. O que, para o papai, parecia não fazer a menor diferença.
Quando, após a primeira reunião, contei a ele que iria para o Colorado depois da
formatura, ele resmungou algo indecifrável, sem nem sequer tirar os olhos do jornal
que estava lendo à mesa do café.
“Estou indo por causa da mamãe”, falei, parada à porta da cozinha, olhando, como
de costume, para as suas costas.
“O que sua mãe tem a ver com isso?”, perguntou.
Description:de minha chefe, Geórgia, estar logo ao lado, pouco importava. Bethany entrou famosos ao atropelá-los quando esquiam?'.” “Bom, se isso significa