Table Of ContentMARIE-LOUISE VON FRANZ
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ADN INHAC ÃO
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Marie-Louise von Franz
E
'TJ
~ SINCRONICIDADE SIGNIFICADO PSICOLôGICO
z DOS MOTIVOS DE REDENÇÃO,
Marie-Louise von Franz
A Psicologia da Probabilidade Significativa JUNG E A INTERPRETAÇÃO
OOS SONHOS, .
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m:eIAs
AS DE JUNG,
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INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA
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ANALISE TRANSACIONAL,
1 S. Woolams e M. Brown
1 FREUD E A ALMA HUMANA,
COLEÇÃO ESTUDOS DE PSICOLOGIA JUNGUIANA J Bruno Bettelheim
. POR ANALISTAS JUNGUIANOS
•
CULTRIX
ADIVINHACÃO E SINCRONICIDADE
•
MARIE-LOUISE VON FRANZ
ADIVINHAÇÃO
E
SINCRONICIDADE
A Psicologia da Probabilidade Significativa
Tradução
ÁLVARO CABRAL
~
EDITORA CULTRIX i ~8 D, 4.. 'i '=r-p,
I
SÃO PAULO
Título do original:
On Divination and Synchronicity
Toe Psychology of Meaningful Chance
Copyright © 1980 by Marie-Louise von Franz
COLEÇÃO ESTUDOS DE PSICOLOGIA JUNGUIANA
POR. ANALISTAS' JUNGUIANOS.
Capa: Face anterior da pedra de Bollingen, esculpida por C. G.
Juna. A pequena figura no centro f a pupila (você mesmo) que
v~ vi no olho de outra pessoa. A inscrição grep, traduzida por
Jung, diz o seauinte: "O tempo ~ uma criança - · brincando como
uma criança - brincando sobre um tabuleiro de xadrez - o reino
da criança. 2 Telésforo, que erra pelas regiões sombrias do COS·
mos e brilha como uma estrela elevando-se das profundezas. Ela
indica o caminho para as portas do sol e para a terra dos sonhos.tt
(Memories, Duams, Reflections, p. 227.)
Edição Ano
2-H-5-6-7-8-9 -87-88-89-90-91·92-93
Direitos reservados
EDITORA CULTRIX
Rua Dr. Mário Vicente, 374 -04270 São Paulo, SP • fone 63-3141
Impresso nas oficinas da Editora Pensamento
SUMÁRIO
·x/ 1~ Palestra Co.tA. ~ l ,'daclt. 7
,y/ 2~ Palestra 33
3? Palestra 61
89
4~ Palestra
5!1 Palestra s '"" "'--""".N(.,'d"'&.i. 117
fndice Analítico 141
Este livro baseia-se na transcrição, feita por Miss Una Thomas,
da série de conferências realizadas pela Dra. Marie-Louise von Franz,
no Instituto C. G. Jung, de Zurique, no outono de 1969. A autora e o
editor são gratos a Miss Thomas por seu cuidadoso preparo da versão
original. O texto, em sua presente fonna, foi revisto para publicação
por Daryl Sharp e Marion Woodman. O fndice Analítico foi com
pilado por Daryl Sharp.
l!l PALESTRA
Talvez o leitor conheça o divertido fato de que, originalmente, a
adivinhação sempre era praticada em igrejas. Os antigos judeus, por
exemplo, tinham um oráculo divinatório em seus santuários de Jerusa
lém e, em certas ocasiões, quando o sacerdote queria consultar Jeová,
ele tentava descobrir. através desses oráculos, a vontade de Deus. Em
todas as civilizações primitivas, técnicas de adivinhaçio foram usadas
~ra _descobrir o que Deus ou os deuses queriam; contudo, com o pas
sar do tempo, esse hábito foi abandonado e superado; converteu-se,
então, numa prática secreta, mágica e desprezada; porém hoje esta pa
lestra está sendo realizada na Kirchgemeinde (igreja paroquial), uma
pequena e agradável sincronicidade.
A visã'o de mundo ue Jung procurou repor em foco e na uai a
adivinhação asicamente se assenta e a a sincronicidade; por conse
guinte, antes de entrarmos em detalhesa cerca dos problemas da adi
vinhaçio, cumpre recordar ~que Ju~g disse a respeito da sincronici
dade. Em seu prefácio para a edição inglesa da tradução de Richard
wliiielm do livro/ Oiing ou O livro das mutações*, ele nos oferece um
excelente resumo da diferença entre pensamento causal e pensamento
~Q~. O primeiro é, por assim dizer, linear. Existe uma seqüên
cia de eventos, A, B, C, D, e nós pensamos de trás para diante, pergun
tando-nos por que razio D aparece em conseqüência de C, Cem con
seqüência de B e B em conseqüência de A, ã semelhança de alguma
• I Ching, O livro das mutaç6~s. Editora Pensamento, 1984.
7
espécie de evento interno ou externo. Tentamos reconstituir em nossa
mente, em retrospecto, os motivos pelos quais esses efeitos coordena
dos funcionaram.
Graças às investigações dos físicos modernos, sabemos ter sido
agora provado que esse princípio, no nível microfísico, deixou de ser
completamente válLd_o; já não podem_Qs pensar na cau~aljdaQ~o
lei absoluta. ,!!1.]S_~J?!.~~-«:_0.!110 11ma...!_endência <>11 erobabilidade domi
nante. Assim, está demonstrado que a causalidade é um modó de pen
·sar··q;;e satisfaz â nossa apreens[o mental de um conjunto de eventos
físicos, mas não atinge completamente o âmago das leis naturais, limi
tando-se a delinear tendências ou possibilidades gerais. Ao pensamento
sincronístico, por outro lado, podemos chamar pensamento_d~~3.111~
cujo centro é o tempo.
I! O tempo também participa da causalidade, uma vez que, nor
, malmente, pensamos que a causa vem antes do efeito. Na física moder
na, parece, por vezes, que o efeito ocorreu antes da causa e, portanto,
os físicos tentam dar-lhe uma viravolta e dizer que ainda poderemos
chamar isso de causal; mas penso que Jung está certo ao afirmar que
tal procedimento amplia e distorce a idéia de causalidade ad absurdum,
~o ponto de lhe roubar todo o s,gnmêâdo. Normalmente, a causa vem
sempre antes do efeitoTe modo que existe também uma idéia linear
\\
i, de tempo, antes e depois, com o efeito sempre depois do antes.
O pensamento sincronístico, o modo clássico de pensar na Chi
na, é um pensamento em campos, por assim dizer. Na filosofia chine
sa, esse pensamento foi desenvolvido e diferenciado muito mais do
que em qualquer outra civilizaç:io; assim, a questão não consiste em
~:r por que tal coisa ocorre ou que fato'r causou_ _ tal efeito, mas o
que é provável que aconteça conjuntamente, de modo significativo, no
mesmo momento. Os chineses perguntam sempre: "O que tende a
acontecer conjuntamente no tempo?" Assim, para os chineses, o cen
tro do conceito de campo seria um instante de tempo em que estão
aglomerados os eventos A, B, C, D, e assim por diante (figura 1) .
Richard Wilhelm exprime muito bem isso em sua Introdução ao
\ I Ching, quando fala do complexo de e_~ que ocorrem num certo
' momento de tempo.
Em nosso ecn_samento causal, efetuamos uma grande separação
8
f
D
Figura 1. Campo de tempo (conjunto de eventos
vinculados no tempo).
entre eventos psíquicos e eventos físicos, e nos limitamos apenas a
observar como os eventos físicos se produzem uns aos outros, ou têm
um efeito causal recíproco bem como sobre os eventos psicológicos.
Até o século XIX, ainda persistia nas ciências (e ainda persiste nas me•
nos desel)volvidas) a idéia de que somente causas físicas têm efeitos (í• j/
sicos, e so_mente causas psicológicas têm efeitos psicológicos; por
exemplo, o modo de pensar de Freud: "Esta mulher é neurótica e tem
uma idiossincrasia como resultado de um trauma infantil." Este seria a
mesma espécie de pensamento, só que transposto para o nível psicoló
gico.
A pergunta que hoje está sendo feita é se existem interações en
tre essas duas linhas. Havera algo como uma causa psíquica para even•
tos psíquicooevlce-versa? Esse é um problema para a med1cma
psicossomática. As interações entre essas duas cadeias de causalidade
podem ser provadas: podemos ler uma carta onde está dito que alguém
a quem muito amamos morreu e, daí, resultarem efeitos fisiológicos;
podemos até desmaiar, uma reação que não é causada pela tinta e pelo I/
papel, mas pelo conteúdo psíquico da comunicação. Há uma interação
causal entre essas duas linhas, que só agora começa a ser investigada.
Entretanto, o modo sincronístico., isto é, o modo chinês de pen
sar, é completamente diferente. Trata-se de uma diferenciação do pen•
samento primitivo em que nenhuma distinção jamais foi feita entre fa.
tos psicológicos e físicos. Em sua indagação sobre o que é provável
que ocorra junto, podem seue_unidos fatos internos e externos. Para o
modo sincronístico de pensar, é até essencial observar ambas as áreas
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da realidade, a física e a psíquica, e assinalar que no momento em que
tivemos tais e tais pensamentos ou tais e tais sonhos - que seriam os
eventos psicológicos - aconteceram tais e tais eventos físicos exterio
res; ou seja, havia um complexo de eventos físicos e psicológicos. Em
bora o pensamento causal também postule o problema do tempo sob
alguma forma, por causa do antes e do depois, o problema do tempo,
contudo, é muito mais central no modo sincronístico de pensar, por
que existe o momento crítico - certo momento no tempo - que
constitui o fato unificador, o ponto focal para a observação desse
complexo de eventos.
Na moderna ciência ocidental, usam-se médias algébricas para
descrever as probabilidades da seqüência de eventos - matrizes algé
bricas de formas diferentes e funções e curvas algébricas. Os c_hJne~s
também empregam a matemática para a descrição de suas leis sincro
nístiC-ª1· Usam algo parecido com matrizes matemáticas, mas na-o as
abstrações algébricas; utilizam cada um dos números inteiros naturais
(), 2, 3, 4, 5, 6, 7), pelo que poder-se-ia dizer que a matemática desse
modo chinês de pensar seriam as diferentes qualificações aduzíveis ãa
série de números inteiros naturais, as leis comuns que poderíamos reti
rar deles. Usa-se 3, 4 e S para apreender um conjunto de eventos,
numa forma matemática.
A base da ciência da matemática ou a ciência matemática do
pensamento sincronístico é, portanto, a série de números inteiros na
turais; e é o que se descobre em todas as técnicas de adivinhação. A
mais simples forma de adivinhação é a binária: acerta-se ou erra-sê.
Joga-se uma moeda para o ar e obtém-se cara ou· cÕroa, decidindo-se
assim se se vai a Rigi ou não, ou a qualquer outro lugar sobre o qual
, estamos indecisos. A decisão aleatória, determinada pelo acaso, é a
-~'I idéia básica de toda a adivinhação, mas em diferentes civilizações exis
i tem técnicas diferenciadas, sendo possível interpretar por meio delas
melhor a situação, num certo momento do tempo.
O modo ocidental de pensar é uma orientação extrospectiva, ou
1 seja, primeuo observamos os eventos e depois extraímos um mo_gelo
\ matemático. O modo. chinês ou oriental consiste em usar um mC>delo
/ mental intuitiy9_~ara ler os eventos, a saber, os números inteiros natu
, ~ Eles se voltam primeiro para o evento de lançar ao ar cara ou
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