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e Marxismo Heterodoxo — Mauricio Tratemberg (org.)
e A Seducëo da Barbêrie - O Marxismo na Modernidade —
Nélson Brissac Peixoto
e Socialismo ou Barbêrie - O Conteido do Socialismo —
Cornelius Castoriadis
Colecao Primeiros Passos
e O gue é ldeologia — Marilena Chaul
e O aue é Revolucio — Florestan Fernandes
e O gue é Stalinismo — José Paulo Netto
e O gue é Trotskismo — José Roberto Campos
Colecêo Tudo é Histêria
e A Construcëo do Socialismo na China — Daniel Aar&o feis
Filho
e A Republica de Weimar e a Ascens&o do Nazismo — Angela
M. de Almeida
e A Revoluc&o Chinesa — Daniel Aar&o Reis Filho
e As Revolucëes Burguesas — Modesto Florenzano
e Russia (1917-1921) - Os Anos Vermelhos — Daniel Aarêo Reis Filho
Daniel Aardo Reis Filho
A REVOLUCAO ALEMA
mitos & versoes
Copyright @Daniel Aarao Reis Filho
Subeditoria da Colecao:
Lilia Moritz Schwarcz
Capa:
Miguel Paiva
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Revisdo:
Roberto Alves
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editora brasiliense s.a.
01223 — r. general jardim, 160
sêo paulo — brasil
INDICE
lntroducao a uma derrota ...SS. SS. SE G #
Os assaltos ao CÊU ... ESEES S EE EG 11
Uma revolucdo traida? ...S.S S.S SS. SSS SS . 38
Capitalismo e classe operdria na Alemanha .... 58
Adeus Ga lasse operdria? sisEESi E EeS S EE 82
Indicacoes para leitura
Para CLAUDIO e TATIANA,
Companheirinhos de tantas viagens,
MEUS FILHOS.
INTRODUCAO A UMA DERROTA
As revolucêes socialistas vitoriosas tém merecido
a atencao de historiadores e politicos pelas mudancas
due provocam nas relacêes sociais, politicas, econOd-
micas e culturais, pelo impacto nas relacëes inter-
nacionais e pelas controvérsias gue despertam entre
vencidos e vencedores.
Os vencidos duerem compreender a derrota,
justificê-la; mas o ressentimento por terem perdido
prestigio, poder e fortuna estreita o ingulo de andlise
e prejudica a avaliacdo histêrica.
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Entre os vencedores a polêmica tem outro
sentido. Trata-se de unir o povo em torno dos novos
dirigentes, do novo governo, das tarefas e exigências
da construc&o do socialismo. Além disso, as revo-
lucbes socialistas vitoriosas tendem a projetar-se
como modelos internacionais a servico dos respec-
tivos estados nacionais. O modelo da insurreicio de
Petrogrado eo das Frentes Populares condicionaram
os movimentos revolucionaêrios em todo o mundo,
sobretudo os da Europa Ocidental. A Revolucio
Daniel Aardo Reis Filho
Chinesa em 1949 propls ao chamado terceiro mundo
Oo caminho da guerra popular: e o modelo do foco
guerrilheiro cubano estimulou os sonhos dos revo-
lucionarios e assombrou os pesadelos das classes
dominantes na Améêrica Latina. Assim, a revolucio
deixa de ser um complexo e grandioso processo social
due, num determinado momento ou fase histêrica,
retuine, integra e faz convergir um conjunto de
interesses, muitas vezes contraditérios, em torno de
certas linhas de forca gue as classes dominantes sao
incapazes de absorver, conter ou reprimir. E passa a
ser transmitida numa versdo acessivel, coerente,
mitica.
O ressentimento entre os vencidos e as exi-
géncias praticas das versêes heréicas — para con-
Sumo interno e extermmo — entre os vencedores
produzem um esforco comum, com signos contra-
rios, de simplificar a histêria. E uma atitude ague
estranhamente subestima os gue foram capazes, A
custa de inauditos sacrificios, de se lancarem contra
a ordem até entdo dominante em luta por seus
interesses. Mas o chogue contraditêrio das versêes
enriguece a discussêo, cria novos &#ngulos, novas
abordagens. Ora, o gue explica este chogue de
versêes, sempre renovado, é o fato de gue as
revolucêes socialistas vitoriosas se afirmam como
referências vivas, “objetivas”, condicionando, num
ou noutro sentido, para o bem e para o mal, segundo
Oo ponto de vista do observador, o conjunto do pro-
cesso historico. Para os vencidos trata-se amesdui-
nhar o acontecido, desvalorizaA-lo, descaracterizA-lo.
Para os vencedores, exalta-lo, torna-lo fonte de
inspiracdo, forca de coesio interna e externa.
As revolucëes derrotadas nio merecem o mesmo
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A Revolucio Alema: Mitos & Versies
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tratamento. As classes dominantes preferem es-
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guecë-las. Os revolucion4rios tendem a lembra-las
ER sem Oo mesmo entusiasmo. Um manto de esgueci-
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EE mento cobre as experiëncias perdidas pordgue ndo se
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integram como “'dados” no processo historico; per-
manecem no campo das hipêteses gue n4o chegaram
a se realizar.
As revolucêes derrotadas no se prestam a
disputas exaltantes, nem servem, em versêes simpli-
ficadas, como fontes de coesio social e politica.
Tendem a ser esguecidas ou apagadas da memoria.
E, no entanto, exatamente por nio serem t4o instru-
mentalizadas, poderiam favorecer uma reflexdo enri-
guecedora.
O tema do presente texto é a “revolucdo alema"”
— uma experiëncia derrotada, uma oportunidade
perdida, uma sêrie de tentativas fracassadas gue se
estenderam entre 1918 e 1923 e gue abalaram OS
fundamentos da sociedade capitalista alema.
Tentamos discutir algumas duestoes ainda
muito controvertidas: gual o carater dos movimentos
e revoltas populares e operarias ocorridas naguele
periodo? Houve de fato uma tentativa de revolucao
socialista? O proletariado tentou eietivamente des-
truir a ordem capitalista? Oual o papel dos partidose
dos dirigentes socialistas? Podemos dizer gue foram
coveiros da classe operêria? E, em caso afirmativo,
trata-se de uma — mais uma — revolucdo traida?
Oual o significado deste processo para a histêria das
revolucêes socialistas?
Comecamos pelo estudo das experiëncias das
revoltas populares e operêrias entre 1918 e 1923 —
capitulo “Os Assaltos ao Céu”. E discutimos, em
ME.
10
Daniel Aardo Reis Filho
seguida, a participacdo e as responsabilidades poli-
ticas dos partidos e dirigentes socialistas — capitulo
'Uma Revolugëo Traida?” —, o gue nos levar4 a um
estudo mais profundo da insercio da classe operêria
na sociedade capitalista alemi e das relag6es ague
estabelece com o Estado e a ideologia dominante —
capitulo ““Capitalismo e Classe Operêria na Ale-
manha'”. Com base nestes elementos reavaliamos as
experiëncias derrotadas, porgue ocorreram, e intro-
duzimos uma reflex&o sobre o cariter dos movi-
mentos gue entao se desenvolveram e sobre o papel
histOrico da classe operêria — capitulo “Adeus A
classe operaêria?”.
Rosa Luxemburgo, pouco antes de morrer
assassinada, referindo-se A sucessio de derrotas da
classe operêria das nac6es capitalistas avancadas,
afirmava com otimismo gue “esta histêria (de der-
rotas) leva irresistivelmente, passo a passo, A vitêria
final”. Che Guevara, igualmente, refletindo sobre o
processo revolucionario, figurava cada derrota como
um trampolim de vitrias. Mas o estudo das expe-
riëncias histêricas relativiza tais esperancas: a ver-
dade é gue as derrotas tém servido, muitas vezes,
como ante-sala para novas derrotas. E o seu estudo
pode se tornar interessante, se ao menos contribuir
para evita-las.