Table Of ContentBALDUINlA, n.31,p.03-19, 3l-VIII-2011
A REGIÃO DO PARQUE ESPINILHO EABACIA HIDROGRÁFICA DO RIO QUARAÍ,
SEGUNDO OINVENTÁRIO FLORESTAL CONTÍNUO DO RIO GRANDE DO SUV
JOSÉ NEWTON CARDOSO MARCHIORF FABIANO DA SILVAALVES3
RESUMO
São criticamente analisados os textos relativos àRegião do Parque Espinilho eàBacia Hidrográfica do rio
Quaraí, constantes no Inventário Florestal Contínuo do Rio Grande do Sul. Como resultado, demonstra-se
que otexto eos dados apresentados não correspondem àrealidade vegetacional encontrada na região.
Palavras-chave: Aspidosperma quebrachoblanco, Bacia hidrográfica do rio Quaraí, Inventário Florestal
Contínuo, Parque Espinilho, Prosopis affinis, Prosopis nigra, Rio Grande do Sul.
ABSTRACT
[The Espinilho Parkland Region and the Quarai River Hydrographical Basin, according to the
Continuous Forest Inventory of Rio Grande do Sul State, Brazil].
In this paper, the texts related tothe Espinilho Park:landRegion and the Quarai River Hydrographical Basin
contained inthe Continuous Forest Inventory ofRio Grande do Sul State, Brazil, arecritically analyzed. As
aresult, both texts and numerical data do not correspond tothe reality ofthe vegetation found inthe region.
Key words: Aspidosperma quebrachoblanco, Continuous Forest Inventory, Espinilho Park:land Region,
Prosopis affinis, Prosopis nigra, Quaraí River Hydrographical Basin, Rio Grande do Sul State.
INTRODUÇÃO getação, a questão da amostragem assume fun-
Indispensável para a avaliação do setor flo- damental importância em inventários florestais,
restal de um país, de uma região ou de uma pois se deve resguardar agarantia de que aamos-
empresa, oInventário Florestal não éprática de tra seja representativa da população. As amos-
fácil definição, devido à abrangência de seu es- tras, em outras palavras, "com exceção de pe-
copo e múltiplos objetivos. Mesmo assim, quenas discrepâncias inerentes à aleatoriedade
Péllico Netto &Brena (1997) desempenharam- presente no processo de amostragem", devem
se com sucesso nesta tarefa, uma vez que a fór- "possuir as mesmas características básicas da
mula por eles apresentada alia as virtudes de população" que representam5 .
ser sucinta eprecisa: "Inventário Florestal éuma É sob este princípio de Estatística, ciência
atividade que visa a obter informações qualita- norteadora do Inventário Florestal, que se pas-
tivas equantitativas dos recursos florestais exis- sa, na seqüência, ao exame do texto relativo à
tentes em uma área pré-especificada" 4. "Região do Parque Espinilho", constante no
Na impossibilidade prática da realização de "Relatório Final do Inventário Florestal Contí-
um censo ou enumeração completa de uma ve- nuo do Rio Grande do Sul".
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Recebido em 13-5-2011 e aceito para publicação em
I
15-7-2011. Publicado em 2001, o "Inventário Florestal
2 Engenheiro Florestal, Dr.Professor Titular doDeparta- Contínuo do Rio Grande do Sul" é a mais re-
mento de Ciências Florestais, Universidade Federal de
cente investigação desta natureza para o con-
Santa Maria. Bolsista de Produtividade em Pesquisa
(CNPq - Brasil). junto do Estado, motivo pelo qual constitui re-
3 Biólogo, MSc. Professor daUniversidade daRegião da ferência para estudos florestais e da vegetação
Campanha (URCAMP - Alegrete). Doutorando doPro- em geral. O seu "Relatório Final", obra de fôle-
grama de Pós-Graduação em Engenharia Florestal,
UFSM.
4 PÉLLICO NETO, S.; BRENA, DA Inventário Flo-
restal. Curitiba: Editorado pelo autores, 1997. p. 6. 5 PÉLLICO NETO &BRENA, 1997. Op. cit., p. 16.
3
g06, trata separadamente cada uma das unida- Médio, onde se encontra a localidade de
des reconhecidas no estado sulino. A "Região "Espinilho Grande", mas também na Depres-
do Parque Espinilho", tema a ser inicialmente são Central, na Serra do Sudeste e, com abun-
examinado, consta, fundamentalmente, entre as dância, nos solos rasos do Planalto da Campa-
páginas 266 e 274 do referido relatório. nha, onde aespécie chega aser um dos elemen-
Antes da abordagem do texto convém tecer, tos mais conspícuos na paisagem.
ao menos, um breve comentário sobre a desig- Sabe-se, desde sempre, que a espécie mais
nação de"Parque Espinilho", escolhida por seus característica na singularidade vegetacional de
autores. Barra do Quaraí é o inhanduvá (Prosopis
Ébem verdade que otermo, apesar de equi- a.ffinis),enãooespinilho (Vachellia caven). Esta
vocado, vingou na literatura sul-rio-grandense confusão só existe na literatura eem documen-
e ganhou foro legal com a criação do "Parque tos oficiais, pois a população local distingue
Estadual doEspinilho" unidade de conserva- perfeitamente as duas espécies e sabe que é o
7,
ção que visa a preservar o fragmento mais re- inhanduvá amais importante ecaracterística na
presentativo dos parques deinhanduvá noEsta- região 10•Para maiores esclarecimentos sobre o
do. Otermo, embora oficial para areferida uni- tema, o leitor interessado pode consultar um
dade de conservação, mostra-se inadequado à artigo dos mesmos autores do presente traba-
vegetação em análise, uma vez que oespinilho lholl, dedicado, integralmente, à abordagem
(Vachellia caven (Molina) Siegler & Ebinger) fitogeográfica dos parques de inhanduvá noRio
não é, sabidamente, a sua espécie característi- Grande do Sul e à análise de pendências
cas. terminológicas correlatas.
De ampla dispersão nas áreas campestres do Cabe frisar que estes comentários iniciais
Rio Grande do Sul, oespinilho apresenta "seus não são ociosos, pois os graves equívocos ase-
primeiros vestígios" na altura da linha que liga rem apontados, na seqüência, derivam, em boa
"Bagé, Cruz Alta, Barra do Ijuí, Rio Uruguai", parte, da fragilidade conceitual acerca do que
segundo palavras de Balduíno Ramb09 autor são, verdadeiramente, osparques de inhanduvá
,
original doreferido equívoco terminológico que do Pontal do Quaraíl2 •
teima em persistir na literatura fitogeográfica
regional. De fato: parques com espinilhos
(Vachellia caven) ocorrem em diversas regiões 10 Oequívoco originou-se, provavelmente, dos nomes co-
muns atribuídos por Rambo às espécies integrantes do
do Rio Grande do Sul, inclusive no Planalto
parque: oatual Prosopis affinis foi por ele chamado de
"algarrobo" e Vachellia caven de "inhanduvaf'; o ter-
mo"espinilho", curiosamente, nãofoiusado porRambo
6 Compõe-se de 706 páginas, em dois volumes. para nenhuma espécie em particular. A este respeito,
Criado em 12/3/1975, pelo Decreto nO23.798 do Go- Galvani (2003) eGalvani &Baptista (2003) especula-
7
verno do Estado do Rio Grande do Sul. Sua área origi- ram que o termo "Parque Espinilho", cunhado por
nal, de 276 hectares, foi ampliada para 1.617,14 hecta- Rambo, em vez de aludir à Vachellia caven, estaria li-
res em 28/2/2002, mediante o Decreto n° 41.440 do gado ao "tipo de formação vegetal ocorrente na deno-
Governo do Estado do Rio Grande do Sul. minada Provincia doEspinhal", deCabrera (1951). So-
8 Asunidades devegetação costumam serdesignadas com bre este último ponto, Marchiori & Alves (2010) de-
base na presença ou ausência de espécies característi- monstraram queestahipótese carece defundamento, pois
cas. AFloresta Ombrófila Mista, por exemplo, é tam- aprimeira edição de "A Fisionomia do Rio Grande do
bém conhecida - e de modo apropriado - como "flo- Sul" data de 1942, antecedendo em nove anos, portan-
resta com Araucária" ou "Mata com Araucária", entre to, aprimeira descrição da "Província do Espinal", rea-
outros termos deusoregional. Para avegetação emaná- lizada por Angel Lulio Cabrera somente em 1951.
lise,portanto, vê-se que otermo "Parque delnhanduvá" 11 MARCrnORI, J.N.C.; ALVES, F. da S. O Inhanduvá
éomais adequado, por seresta,justamente, asua espé- (Prosopis affinis Spreng.) no Rio Grande do Sul. I -
ciecaracterística. Embasamento fitogeográfico ependências terminológicas.
9 RAMBO, B.Afisionomia doRio Grande do Sul. Porto Balduinia, Santa Maria, n.24, p. 1-11,2010.
Alegre: Livraria Selbach, 1956. p. 130. 12 Criado por Justus et aI. (1986), o termo "Pontal do
4
Outros pontos denotativos doescasso conhe- Aexistência deduasrealidades vegetacionais
cimento teórico que norteou o planejamento, a nos parques de Barra do Quaraí é conhecida
execução earedação final dorelatório produzi- desde 1985, ano em que vieram àluz, em traba-
dosobre a"Região doParque Espinilho" sepode lhos separados, asdescrições deduas tipologias
constatar, com toda a clareza, já no capítulo distintas na região.
dedicado ao referencial bibliográfico sobre a No primeiro deles, intitulado "Composição
vegetação em estudol3 • florística e estrutura do Parque de Inhanduvá
Entre outras impropriedades, o documento no Rio Grande do Sul" foi investigada ave-
16,
em análise informa que o relevo "dominante- getação mais encontradiça noPontal doQuaraí,
mente aplainado" na "Região do Parque a mesma, justamente, que fora originalmente
Espinilho" se encontra "entalhado em derrame descrita por Balduíno Rambo em sua clássica
basáltico" 14, um crasso equívoco, uma vez que obra: aassociação composta, basicamente, pelo
ébem sabido que ageomorfologia éde nature- inhanduvá e espinilho (Figura 1).Cabe salien-
za muito distinta em todo o Pontal do Quaraí, tar que este tipo de parque éconhecido nos pa-
composta de areias, cascalheiros e sedimentos íses do Prata pelo nome de Nandubaysal,
síltico-argilosos, configurando uma típica pla- correspondendo a "Parque de Inhanduvá", em
nície de inundação. Do outro lado do rio Uru- bom português. Não custa acrescentar que os
guai (margem direita), a formação sedimentar agrupamentos de Vachellia caven são popular-
seestende aolargo daMesopotâmia argentina e mente ditos Espinillaresl7, tanto no Uruguai
avança pelo Chaco adentro, até a proximidade como naArgentina.
das Serras de Córdoba, pelo menos. Sobre este Em artigo separado, posto que seus autores
ponto, aliás, cabe salientar que o inhanduvá é reconheceram-na como unidade distinta, foi
espécie ecologicamente associada aformações descrita a "Estrutura fitossociológica de uma
sedimentares, motivo pelo qual o Planalto da associação natural de Parque Inhanduvá com
Campanhal5, adjacente ao Pontal, funcionou Quebracho eCina-cina", 18 artigo com diversas
como eficiente barreira para adispersão natural novidades importantes para a flora e
da espécie em área mais ampla, nooeste do Rio fitogeografia daregião. Trata-se daprimeira ci-
Grande doSul. Uma análise mais detalhada des- tação sobre a ocorrência natural do quebracho
te ponto, todavia, será retomada mais adiante. (Aspidosperma quebrachoblanco Schltdl.) no
De mais graves conseqüências para aexecu- Rio Grande do Sul (Figura 2)edaprimeira des-
ção do inventário na "Região do Parque crição, no Estado, de uma associação bem co-
Espinilho" foi a leitura pouco criteriosa do nhecida no Uruguai e Argentina como Algar-
referencial teórico disponível na época, caso roball9•
contrário o resultado poderia ter sido muito di-
ferente - e mais proveitoso -, certamente, do
16MARCHIORI, J.N.C.; LONGHI, S.J.; GALVÃO, L.
que o alcançado no "Relatório Final".
Composição eestrutura doParque deInhanduvá noRio
Grande do Sul. Rev. Centro de Ciências Rurais, Santa
Maria, v. 15,n.4, p. 319-334, 1985a.
17 PAZ, E.A.; BASSAGODA, M.J. Aspectos fito-
geográficos e diversidad biológica de las formaciones
Quaraí" designa a área aplanada e de natureza boscosas dei Uruguay. Ciência &Ambiente, Santa Ma-
sedimentar, situada entre osrios Quaraí eUruguai, pró- ria,n. 24,p. 39, 2002.
ximo asuas confluências. 18 MARCHIORI, J.N.C.; LONGHI, S.J.; GALVÃO, L.
13 Páginas 80e81,do "Relatório Final do Inventário Flo- Estrutura fitossociológica deuma associação natural de
restal Contínuo do Rio Grande do Sul". Parque Inhanduvá com quebracho e cina-cina, no Rio
14 Página 80, do mesmo relatório. Grande do Sul. Ciência eNatura, Santa Maria, n. 7,
15 OPlanalto daCampanha éformado por rochas efusivas p. 147-162, 1985b.
básicas (basalto, segundo odocumento em análise) da 19Entre diversas obras: PAZ&BASSAGODA, 2002. Op.
Formação Serra Geral. cit., p.42.
5
FIGURA 1- Aspecto doParque deInhanduvá descrito por Balduíno Rambo, composto, basicamente, por indivíduos de
Prosopis affinis e Vachellia caven.
Feitas estas considerações iniciais, pode-se Bem no início, fica-se sabendo que a "for-
passar, com melhor embasamento, aoexame do mação doParque Espinilho" ocupa área de22,89
texto produzido sobre a "Região do Parque km2 (2.289 ha) em seus estágios "iniciais, mé-
Espinilho", no "Relatório Final do Inventário dios eavançados", correspondendo a0,01% da
Florestal Contínuo do Rio Grande do Sul". superfície do Rio Grande do Sul e 0,05% da
área total com florestas naturais no Estad020 •É
ANÁLISE CRíTICA DO DOCUMENTO sobre estes valores de área, em outras palavras,
Como visto anteriormente, o texto relativo que seaplicam osresultados penosamente obti-
aoInventário na "Região do Parque Espinilho" dos acampo.
consta entre aspáginas 266 e274 do "Relatório Do parágrafo acima, causa estranheza con-
Final", incluindo informações gerais, tabelas e siderar-se avegetação em foco como parte inte-
análise de dados relativos à composição grante das "florestas naturais doEstado". Ébem
florística, parâmetros dendrométricos, produção verdade que no"Parque Espinilho" existem ver-
quantitativa por espécie ehectare, qualidade do dadeiras árvores - ededistintas espécies -, mas
tronco, sanidade, classe de copa, tendência de sua estrutura fitossociológica, de caráter
valorização, posição sociológica, análise das savânico, não se encaixa, com toda a certeza,
estruturas horizontal e vertical, regeneração no conceito de floresta. Não custa lembrar, so-
natural e análise estatística de alguns bre este ponto, que apresença de árvores éuma
"estimadores para ovolume comercial com cas- constante nos campos sul-rio-grandenses, como
ca". Éeste texto, em suma, o objeto central do
presente estudo. 20 Página 266, do dito "Relatório Final".
6
FIGURA 2 - Parque de Inhanduvá, com Prosopis nigra, Prosopis affinis, Vachellia caven e Aspidosperma
quebrachoblanco (árvores maiores).
já salientado por earl Axel Magnus Lindman o reconhecimento na dita "Região do Parque
ao final do século dezenove21, em obra de per- Espinilho" de dois estágios sucessionais: mé-
manente valor científico: dio eavançado; einicial. Talclassificação, bem
conhecida efundamentada narealidade dasflo-
"(...)oscampos doRio Grande, peloquepude restas propriamente ditas23 , mostra-se de duvi-
ver, nunca são exclusivamente campos dosa utilidade no caso em foco, como demons-
arbustivos, prados, pastagens, gramados, es- tra, aliás, com toda aclareza, otexto relativo ao
tepes ou, em outros termos, nunca são com- "Estágio Sucessional Inicial", merecedor de
pletamente destituídos de árvores. Seria cer-
transcrição integral, na seqüência, até mesmo
tamente difícil encontrar uma só milha qua-
por sua constrangedora exigüidade:
drada em que não entrasse na paisagem um
grupo de árvores ou uma parte florestal" 22.
"Este tipo fitogeográfico éuma formação tí-
pica de parque que ocorre em uma área res-
De natureza factual, olapso acima apontado
trita doEstado, onde nãofoi (sic) encontrado
leva, obviamente, à tomada de decisões equi-
estágios iniciais de sucessão".24
vocadas quando se desconhece esta realidade,
sobretudo em levantamentos de vegetação, caso
Além do evidente nonsense e erro de
do documento em análise, submetendo-a aoco-
concordância logrados em curta frase25 , cabe
nhecido molde dos inventários florestais.
Mais importante, ainda, mas igualmente de- 23 Por exemplo: capoeirinha, capoeira, floresta secundá-
rivada desta concepção estranha à realidade, é ria, clímax florestal, entre outros.
24Relatório Final (Op. cit., p. 274).
25 Otextoinforma, literalmente, queo"Estágio Sucessional
21 Aedição original, em sueco, foi publicada em 1900. Inicial" ocorre "em área restrita doEstado", mas,justa-
22 LINDMAN, C.A.M. A vegetação noRio Grande doSul mente, "onde não foi (sic) encontrado estágios iniciais
(Brasil Austral). Porto Alegre: Echenique, 1906. p. 115. de sucessão".
7
perguntar-se oque seriam osditos "estágios ini- numéricos constantes no inventário da "Região
ciais" doParque Espinilho, ocorrentes em "área do Parque Espinilho".
restrita" do Estado. A primeira tabela apresentada no texto in-
Seriam eles, por acaso, os verdadeiros par- forma onúmero deárvores porhectare para cada
ques deespinilhos (Vachellia caven), vegetação uma das espécies, a respectiva área basal e o
observada, com freqüência, em áreas campes- volume comercial das mesmas, em m3/ha (Ta-
tres do Planalto Médio, Missões, Depressão bela 1).Tratam-se, em verdade, de dados bási-
Central, Serra do Sudeste, Planalto da Campa- cos, muito esclarecedores sobre a composição
nha ealhures? Ahipótese carece de fundamen- florística do estrato arbóreo, motivo pelo qual
to, uma vez que esta vegetação não seencontra ela merece ser reproduzida fielmente.
em "área restrita". Como se pode ver na referida Tabela, a es-
Estaria o texto remetendo, então, ao parque pécie mais encontradiça na "Região do Parque
deinhanduvá propriamente dito (Nandubaysal), Espinilho" éProsopis nigra, que responde, so-
composto basicamente de inhanduvás e zinha, por 34,13% das árvores, seguida, de lon-
espinilhos (sem a presença do algarrobo e ge,porAcacia caven (22,68%), Prosopis a.ffinis
quebracho, entre outras espécies), tipologia (19,22%), Parkinsonia aculeata (11,88%) e
amplamente predominante noPontal doQuaraí? Aspidosperma quebrachoblanco (3,24%). De
A alternativa também não se sustenta, e pelo Prosopis nigra, o documento em análise infor-
mesmo motiv026 • ma que ocorrem 63,2 árvores por hectare, um
De todo modo, nenhuma informação o lei- número assombroso, como se verá a seguir.
tor encontrará, mesmo nas entrelinhas do "Re- Seestes dados elementares, obtidos com sa-
latório Final". Ambas as alternativas acima co- bido esforço em trabalhos de campo, constitu-
mentadas, bem como outras tantas que sepode- em uma aproximação, sequer, da realidade, o
riam aventar, permitem qualquer especulação "Relatório Final" em análise teria trazido uma
minimamente fundamentada sobre a que enti- novidade retumbante no campo científico, pois
dade os autores se referem. Seria este, então, contradiz toda a literatura existente.
precisamente, o motivo pelo qual o escriba re- Balduíno Rambo, autor doequivocado nome
mete o"estágio sucessional inicial" do "Parque e da primeira descrição conhecida do "Parque
Espinilho" a"uma área restrita doEstado"? Em Espinilho", assim o define:
caso positivo, fica-se sem saber, de todo modo,
onde se encontra tal misteriosa área. "São principalmente duas especles de
Como corolário do acima expost027 , pode- leguminosas arborescentes que determinam o
seconcluir que a"Região doParque Espinilho", aspecto curioso destes parques espinhosos e
secos: o algarrobo (Prosopis algarobilla), e
com área estimada em 22,89 km2 no Rio Gran-
dedo Sul, apresenta-se, fundamentalmente, nos onhanduvaí (Acaciafarnesiana)" 28.
estágios sucessionais médio e avançado. É so-
Botânico de reconhecida competência,
bre esta área,portanto, ousuperfície muito apro-
Balduíno Rambo não cometeria deslize com
ximada deste valor, àqual se aplicam os dados
nomes genéricos: énos nomes vulgares que re-
sidem os lapsos flagrantes. Com o tempo,
26 ONandubaysal nãoocorreemárearestritanoPontal Prosopis algarobilla passou à sinonímia de
doQuaraí;aocontrário,éatipologiaamplamentepre-
dominantenosparquesdaregião. Prosopis a.ffinis, binômio atualmente válido, e
27 Como afirmado no "Relatório Final", o "estágio aditaAcaciafarnesiana, sabe-se hoje, trata-se,
sucessionalinicial"ocorreem"árearestrita";oParque
Espinilho,porconseqüência,deveria compor-se,fun-
damentalmente,dos "estágios médio e avançado" da
vegetaçãoemfoco. 28 RAMBO,1956.Op.cit.,p. 130
8
TABELA 1- Distribuição dos quantitativos biométricos para 11espécies encontradas e árvores
mortas, na vegetação arbórea do Parque Espinilho.
VoI.Comercial N°Árvores Área BasaI
Espécie
(m3lha) % (N°lha) % (m2lha) %
Prosopis nigra 6,23 34,16 63,2 34,13 1,50 36,23
Prosopis affinis 4,01 21,98 35,6 19,22 0,93 22,46
Acacia caven 2,35 12,88 42,0 22,68 0,50 12,08
Parkinsonia aculeata 2,18 11,95 22,0 11,88 0,48 11,59
Aspidosperma quebrachoblanco 1,29 7,07 6,0 3,24 0,27 6,52
Erythrina cristagalli 1,01 5,54 4,0 2,16 0,23 5,56
Scutia buxifolia 0,68 3,73 8,4 4,54 0,14 3,38
Mortas 0,30 1,64 1,0 0,54 0,05 1,21
Myrcia sp. 0,13 0,71 2,2 1,19 0,03 0,72
Myrcianthes cisplatensis 0,03 0,16 0,4 0,22 0,01 0,24
Lithraea molleoides 0,02 0,11 0,2 0,11 0,00 0,00
Pouteria salicifolia 0,01 0,05 0,2 0,11 0,00 0,00
Sub-total 18,24 100,00 185,2 100,00 4,14 100,00
Restantes 0,00 0,00 0,0 0,00 0,00 0,00
TOTAL 18,24 100,00 185,2 100,00 4,14 100,00
Fonte: RIO GRANDE DO SUL, 2001. Op. cit., p. 268.
em verdade, de Vaehellia eaven, uma vez que atribuído por Rambo a uma Aeaeia (atual
Acaeia eaven recaiu à sinonímia. Vaehellia), posto que este nome popular seapli-
Quanto aRambo chamar de "algarrobo" ao ca aProsopis affinis, exclusivamente, fato am-
atual Prosopis affinis não merece maiores co- plamente comprovado no restante da literatura
mentários, uma vez que o termo popular é tra- botânica, bem como no linguajar regional.
dicionalmente usado para diversas espécies ar- Esclarecida a confusão terminológica feita
gentinas do gênero Prosopis, inclusive para porBalduíno Rambo, compreende-se, fmalmen-
Prosopis affinis, embora mais raramente29 •Dig- te, a associação originalmente descrita pelo
no de reparo, isto sim, é o termo "nhanduvaf', grande botânico gaúcho: uma vegetação com
estrutura de parque, formada, basicamente, por
inhanduvás (Prosopis affinis) e espinilhos
29 IZAGUIRRE & BEYAHUT (2003) incluem o termo
(Vaehellia eaven). Como ditoanteriormente, esta
aLgarrobo entre osnomes populares deProsopis a.ffinis;
para oBrasil (Rio Grande do Sul), entretanto, as auto- tipologia éamais abundante na área do "Parque
ras referem apenas onome popular de "inhanduvá". Estadual do Espinilho" e corresponde ao
9
Nandubaysal dos vizinhos argentinos euruguai- sabidamente escassa na região e cuja presença,
os. Junto aestas duas espécies encontram-se ou- em solo gaúcho, sófoi revelada em 198534.
tras plantas lenhosasna vegetação em foco, mas Não é necessário gastar-se o tempo e o es-
não o quebracho (Aspidosperma quebra- forço despendidos nos trabalhos de campo que
choblanco), nem oalgarrobo (Prosopis nigra). deram origem ao "Relatório Final do Inventá-
Embora bem conhecida pelos habitantes da rio Florestal Contínuo do Rio Grande do Sul"
para lamentar, com todas as letras, que os da-
região, foi somente em 1983 que apareceu a
dos acima expostos, se não fantasiosos, não se
primeira citação naliteratura30 sobre aocorrên-
aproximam, sequer, darealidade que pretendem
cia natural de Prosopis nigra em Barra do
representar. Basta uma rápida circulada pelo
Quaraí31 •Como conceber-se, então, ser esta es-
"Parque Estadual do Espinilho" para se confir-
pécie amais encontradiça na região, como afir-
mar, visualmente, esta verdade: o quebracho é
mado (ou demonstrado) no "Inventário Flores-
elemento escasso e ecologicamente limitado a
talContínuo"? Aque sepoderia atribuir taldis-
manchas de pequena extensão, no conjunto do
parate?
parque. Apesquisa bibliográfica, embora limi-
Ébem verdade queoalgarrobo eoinhanduvá
tada, também ajuda aesclarecer este ponto.
são morfologicamente parecidos, embora per-
Em tese de doutorado sobre o "Parque Esta-
feitamente distintos em exame mais cuidadoso.
dual do Espinilho", Galvani (2003) encontrou
Para osbarrenses32 do campo não existe confu-
apenas 17 indivíduos de quebracho, num total
são: o inhanduvá é árvore reconhecidamente
de 584 árvores levantadas35• Prosopis affinis,
valiosa pela durabilidade natural de sua madei-
com 294 árvores, mostrou-se a espécie com
ra, ao passo que o algarrobo é usado, sabida-
maiores valores de dominância relativa (63,9),
mente, apenas para lenha e carvã033 • densidade relativa (50,3) e freqüência relativa
Embora pouco provável, não se pode des-
(35,7), seguida por Vachellia caven36 (173 ár-
cartar,completamente, ahipótese dealguma con-
vores levantadas) e Prosopis nigra (52 indiví-
fusão na identidade botânica das espécies de
duos).Atémesmo ogarupá (Aloysia gratissima),
Prosopis em trabalhos de campo, pois eventuais
arbusto lenhoso ou modesta arvoreta, figura no
equívocos destanatureza não sãotãoraros assim,
trabalho deGalvani com maior número de indi-
mesmo em inventários que denotam esmero.
víduos (20), além de índices mais elevados de
Prosseguindo-se no exame da mesma tabe- densidade relativa (2,8) e freqüência relativa
la,vê-sequeonúmerodeindivíduosdequebracho (3,1), comparativamente aoquebracho (17; 1,6;
(Aspidosperma quebrachoblanco) éextraordina- e 0,7, respectivamente). A Apocinácea apenas
riamente alto (6 árvores/ha) para uma árvore supera o dito garupá no tocante à dominância
relativa (2,3 x 0,6), de acordo com o criterioso
inventário de Francisco Renato Galvani. Aque
sepoderia atribuir, então, os disparatados valo-
30 MARCHIORI, LONGHI &GALVÃO, 1983. Op. cit.,
p. 174-175. Publicado em 30 de dezembro do mesmo res constantes no dito "Relatório Final"?
ano, o "Projeto Madeira do Rio Grande do Sul" tam-
bém incluiu Prosopis nigra entre asLegurninosae nati-
vas no Rio Grande do Sul (REITZ, R.; KLEIN, R.M.;
REIS, A. Projeto Madeira do Rio Grande do Sul. 34 REITZ, KLEIN & REIS (1983) não incluíram
Sellowia, Itajaí, 1983. p. 40). Aspidosperma quebraehoblanco entre asApocináceas
31 Distrito de Uruguaiana, na época. nativas no Rio Grande do Sul. Aocorrência natural da
32 Cidadãos do município de Barra do Quaraí. espécie no Estado (Barra do Quaraí) foi somente
33 Naregião doChaco, sobretudo nonortechaquenho (pro- publicada em 1985 (MARCHIORI, LONGHI &
víncias de Santiago dei Estero eChaco), os indivíduos
GALVÃO, 1985b).
de Prosopis nigra produzem troncos suficientemente
avantajados para odesdobro, motivo pelo qual aespé- 35 Corresponde auma freqüência relativa deapenas 0,7%.
cieadquire considerável importância econômica. Não é 36 Acaeia eaven, no texto, pois naquela época oespinilho
este ocaso, entretanto, de Barra do Quaraí. ainda nãohavia sidotransferido para ogênero Vaehellia.
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TABELA 2- Abundância, Dominância, Frequência eÍndice de Valor de Importância das espécies
arbóreas doAlgarrobal.
Abundância Dominância Frequência
Espécies
N° % m2 % ABS % IVI
Aeacia eaven 87 25,66 988,2963 16,65 42 16,87 19,73
Aspidosperma quebraehoblaneo 80 23,60 850,5017 14,32 58 23,30 20,41
Chrysophyllum marginatum 3 0,89 28,2960 0,48 8 3,21 1,52
Guettarda uruguensis 3 0,89 42,9417 0,72 8 3,21 1,61
Parkinsonia aeuleata 17 5,01 504,3793 8,50 8 3,21 5,57
Prosopis affinis 23 6,78 390,5340 6,58 25 10,04 7,80
Prosopis nigra 107 31,56 3002,1663 50,57 67 26,91 36,35
Sebastiania brasiliensis 3 0,89 7,7903 0,13 8 3,21 1,41
Seutia buxifolia 13 3,83 110,9950 1,87 17 6,83 4,18
Xylosma venosum 3 0,89 10,7353 0,18 8 3,21 1,42
TOTAL 339 100 5936,6559 100 249 100 100
W =número; ABS =valor absoluto; IVI =Índice de Valor de Importância.
Fonte: MARCHIORI, LONGHI &GALVÃO, 1985b. Op. cit., p. 156.
Osdados de Galvani encontram suporte, tan- cina"37,os dados obtidos aproximam-se, razoa-
to no restante da literatura como na realidade velmente, dosencontrados pelo "Inventário Flo-
local, que pode seraquilatada, facilmente, mes- restal Contínuo". De 339 indivíduos mensu-
mo em rápida visita ao "Parque Estadual do rados, 107 foram de Prosopis nigra, 87 de
Espinilho". A mesma coisa não se pode dizer Vachellia caven38, 80 de Aspidosperma
dopublicado no "Inventário Florestal Contínuo quebrachoblanco, 23 deProsopis affinis e 17de
do Rio Grande do Sul", com seus dados numé- Parkinsonia aculeata39, as espécies mais abun-
ricos absolutamente irreais. Alguma luz nesta dantes na vegetação doAlgarrobal (Tabela 2).
controvérsia, felizmente, pode serbuscada, ain- Tanto os dados de Marchiori et aI. (1985b),
da, em modesta publicação de 1985, anterior- constantes na Tabela 2, como os publicados no
mente lembrada: aprimeira descrição feita, no "Inventário Florestal Contínuo" (Tabela 1),in-
Rio Grande do Sul, sobre oAlgarrobal. dicam Prosopis nigra eVachellia caven40 como
Em 1985, Marchiori, Longhi & Galvão pu-
blicaram osprimeiros estudos fitossociológicos
sobre os parques de Barra do Quaraí - e,justa- 37 MARCHIORI, LONGHI &GALVÃO, 1985b. Op. cit.,
p. 147-162.
mente, em artigos separados -, vale repetir, por
38Acaeia eaven, notexto original, binômio atualmente re-
reconhecerem duas tipologias distintas na re- duzido àsinonímia.
gião. No estudo sobre a"Associação natural de 39 MARCHIORI, LONGHI &GALVÃO, 1985b. Op. cit.,
p. 156.
Parque Inhanduvá com Quebracho e Cina-
40 Usa-se, aqui, obinômio atualmente válido, uma vezque
11
o
espécies predominantes. Seria ocaso, então, do Algarrobal, em suma, é muito distinto do
"Inventário Florestal Contínuo" ter concentra- Nandubaysal, a tipologiapredominante na áreado
do seus esforços de campo no levantamento de "ParqueEstadualdoEspinilho",tantoporsuacom-
amostras em área de Algarrobal? Tudo leva a posiçãoílorística,comopelascaracterísticasdosolo,
crer que sim, uma vez que Prosopis nigra, a que é marcado, fisionornicamente, pelas referidas
espécie com maior número de árvores por hec- manchascirculares,ditasBlanqueales naliteratura
tare segundo o "Relatório Final", encontra-se, uruguaia42 eargentina.
tão somente, nesta tipologia de parque. Esta tipologia (Algarrobal), vale repetir,
Vale frisar que oAlgarrobal ocupa área re- apresenta área relativamente pequena no "Par-
lativamente pequena na Unidade de Conserva- queEstadualdoEspinilho", tantoqueoquebracho
ção em análise. Além do inhanduvá (Prosopis (Aspidosperma quebrachoblanco) eoverdadeiro
affinis) e do espinilho (Vachellia caven), espé- algarrobo (Prosopis nigra) nem foram conheci-
cies predominantes noNandubaysal, bem como dosporBalduíno Rambo em suavisita aBarra do
da taleira (Celtis ehrenbergiana), do garupá Quaraí, noinício da década de 1940.
(Aloysia gratissima), da coronilha (Scutia Sob o ponto de vista fisionômico, o
buxifolia), do molho (Schinus polygamus), da Algarrobal émais "atrativo" aolhos acostuma-
sombra-de-touro (Acanthosyris spinescens) edo dos a florestas, sobretudo pelo quebracho, que
curupi (Sapium haematospermum), espécies é aespécie de maior altura e com troncos mais
igualmente aliencontradas, embora com presen- robustos em toda a vegetação de parque, na
ça menos conspícua e modestos índices fitos- Unidade de Conservação em foco. Seria este,
sociológicos, o Algarrobal se distingue do por acaso, omotivo desta tipologia ter sido con-
Nandubaysal, justamente pela predominância siderada como representativa dos "estágios
do algarrobo (Prosopis nigra) e as presenças sucessionais médio eavançado" na "Região do
inconfundíveis do quebracho (Aspidosperma Parque Espinilho"? Se assim o foi, tem-se ou-
quebrachoblanco) e da cina-cina (Parkinsonia tro ledo (e grave) engano.
aculeata) na estrutura de sua vegetação. Esta O parque de inhanduvá propriamente dito
tipologia está associada arelevo ainda mais pla- (Nandubaysal) e o parque com algarrobo e
no do que overificado noNandubaysal e apre- quebracho (Algarrobal) não constituem estági-
senta manchas circulares de solo também mais os sucessionais, mas duas comunidades muito
alcalino e com elevados teores de sódio solú- distintas entre si,como visto anteriormente, seja
vel, responsável pela ausência ou rarefação do pela composição florística ou por peculiarida-
estrato herbáceo nas referidas manchas, onde des edáficas envolvidas.
somente habitam espécies muito tolerantes, A concentração da amostragem realizada
como opequeno Tripogon spicatus (Poaceae) e pelo "Inventário Florestal Contínuo do Rio
Gymnocalycium schroederianum41 (Cactaceae), Grande do Sul" na "Região do Parque
além doalgarrobo (Prosopis nigra) equebracho Espinilho" em área deAlgarrobal43 , ou sua li-
(Aspidosperma quebrachoblanco), entre outras
espécies características.
Em sua descrição do quebracho (Aspidosperma
42
quebrachoblanco) e do algarrobo (Prosopis nigra),
Acacia caven, nome científico utilizado em ambos os BRUSSA & GRELA (2007) informam que ambas as
trabalhos citados, recaiu em sinonímia. espécies habitam "bosques de parque en planícies deI
Espécie halófila, recentemente encontrada porAnabela oeste, en blanqueales de sueios alcalinos" (Op. cit., p.
41
Silveira de Oliveira Deble no Parque Estadual do 314 e 418, respectivamente). É significativo que os
Espinilho (DEBLE, A.S.deO.Afanu1ia Cactaceae Juss. mesmos autores, aosereferirem aoinhanduvá (Prosopis
no Bioma Pampa. Checklist, distribuição geográfica e affinis), indicam sua ocorrência, apenas, em "bosques
status de conservação. In: DEBLE, L.P.; DEBLE, A.S. de planícies deI oeste" (Op. cit., p.418).
de O.; LEÃO, A.L.S. OBioma Pampa: Contribuições 43 Como visto anteriormente, esta é a única explicação
científicas. Bagé: Ediurcamp, 2011. p. 57). possível para a "estranha" novidade "científica"
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