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S T RA U S S
BAR
A narrativa de Strauss completa o relato clássico de Heródoto com
mapas de manobras navais e descrições da sociedade e de operações
militares na Antiguidade clássica."
TAL
THE NEWYORK TIME
"( ...) com uma narrativa vibrante traz à vida todo o suspense, a
complexidade e um elenco de personagens extraordinários."
THE WASHINGTON POST
"Barry Strauss é o Patrick O'Brian da guerra greco-persa que estabeleceu
os rumos da história ocidental. Com surpreendente detalhismo, ele
O COMBATE NAVAL Ql.JE SALVOU A GRÉCIA E A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL
constrói milhares de dramas clássicos tão envolventes quanto qualquer
épico moderno."
DAVA SOBEL, autora deLon~itude e.Aj'illw de Galileu
ISBN 978-85-01-07179-8
L.,, ,, ,.
CArA Elmo Rosa
Batalha de Salamina, em 480 a.C., foi o
mais importante confronto naval do
mundo antigo. No exíguo estreito entre a
Ilha de Salamina e as terras da Grécia, a frota gre
ga, em grande desvantagem numérica, derrotou a
armada persa em brilhante vitória até hoje anali
sada por estrategistas militares. O triunfo grego
em Salamina pôs fim às invasões persas e salvou a
primeira democracia da história. Atenas tornou-se
a cidade-Estado grega dominante e o Império ate
niense surgiu, oferecendo as condições de desen
A ~ATALHA C>J::
volvimento do século de Péricles.
A Batalha de Salamina dá destaque a algumas
5ALAfAit"A
das mais fascinantes figuras do mundo antigo:
Temístocles, o comandante ateniense que traçou
os planos da vitória (e trapaceou seus companhei
ros gregos na guerra); Xerxes, o rei persa especia
lista em combates terrestres, mas pouco versado
em guerra naval; Ésquilo, o dramaturgo grego que
participou da batalha e depois a imortalizou no
teatro; e Artemísia, a rainha de ascendência grega
e cária e, caso único entre mulheres, um dos co
-
mandantes mais fiéis de Xerxes, que transformou
a derrota numa vitória pessoal.
Nesta fascinante narrativa do embate nos ma
res gregos, o historiador e classicista Barry Strauss
oferece uma nova e aprofundada versão de um dos
mais marcantes confrontos do mundo antigo.
,
Apoiando-se em pesquisas recentes de arqueolo
gia, meteorologia e ciência forense, e contando
também com sua própria experiência como rema
dor (as duas esquadras eram formadas por embar
cações propulsionadas a remo), Strauss reexami
na uma das batalhas mais importantes da história
e o subestimado clássico relato de Heródoto, pro-
BARRY STRAUSS
A f>f:
~ATALHA
5ALAf/'I~A
Tradução de
CLÓVIS MARQUES e CARLOS ARAUJO
Revisão técnica de
, MIRIAM SUITER e MÁRCIO SCALERCIO
EDITORA RECORD
RIO DE JANEIRO • SÃO PAULO
2007
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ.
Strauss, Barry S.
S893b A batalha de Salarnina I Barry Strauss; tradução Clóvis Marques e
Carlos Araujo. - Rio de Janeiro: Record, 2007.
Tradução de: The battle of Salarnis
ISBN 978-85-01-07179-8
I. Salarnis, Batalha de, Grécia - 480 a.C. 2. Grécia - História - 480
a.C. I. Título. PARA SYLVIE
CDD- 938.03
06-2354 CDU-94(38)
Tftulo original em inglês:
THE BATTLE OF SALAMIS
Copyright © Barry Strauss, 2004
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armazenamento
ou transmissão de partes deste livro através de quaisquer meios,
sem prévia autorização por escrito. Proibida a venda desta edição
em Portugal e resto da Europa.
..
Direitos exclusivos de publicação em lfngua portuguesa para o Brasil
adquiridos pela
EDITORA RECORD LTDA.
Rua Argentina 171 - 20921-380-Rio de Janeiro, RJ -Te!.: 2585-2000
que se reserva a propriedade literária desta tradução
Impresso no Brasil
ISBN 978-85-01-07179-8
PEDIDOS PELO REEMBOLSO POSTAL
Caixa Postal23.052
Rio de Janeiro, RJ-20922-970 EDITORA AFILIADA
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SUMÁRIO
Cronologia de eventos relacionados
à batalha de Salamina, em 480 a.C. 9
Nota importante sobre os navios 13
PRúWGO- Pireu 21
O AVANÇO
CAPITUW UM: Artemfsio 33
CAPtruw DOIS: Termópilas 57
CAPtruw T~: Atenas 81
CAPITUW QUATRO: Salamina 105
'
A ARMADILHA
CAPtruw CINCO: Falero 127
CAPtruw SEIS: De Salamina a Falero 145
CAPITUW SETE: De Falero a Salamina 163
CAPITUW OITO: Salamina 181
7
A BATALHA DE SALAMINA
A BATALHA
CAPlTUW NOVE: O Estreito de Salamina: Manhã 201
CAPlTUW DEZ: O Estreito de Salamina: Tarde 223
CAPlTUW ONZE: O Estreito de Salamina: Noite 241
CRONOLOGIA DE EVENTOS
RELACIONADOS À BATALHA DE
A RETIRADA
SALAMINA, EM 480 A.C.
CAPlTUW DOZE: Falero 265
CAPlTUW TREZE: Andros 283
EP1WGO - Susa 303
Nota: Todas as datas são aproximadas, exceto a da lua cheia e a do eclipse.
Notas 315
Fontes 333
Agradecimentos 345 Maio: Xerxes começa a movimentar suas tropas através do Helesponto.
lndice remissivo 349 Junho: Xerxes começa a marchar do Helesponto para Atenas.
Terceira semana de agosto: Homens e navios gregos tomam posição nas
Termópilas e em Artemísio.
19 de agosto, lua cheia: Fim dos Jogos Olímpicos e das Carnéias.
c. 27-29 de agosto: Batalhas das Termópilas e Artemísio.
c. 1 de setembro: A frota grega retoma de Artemísio e chega à baía de Falero
e a Salamina; o exército persa começa sua marcha em direção ao sul.
Inicio de setembro: Todos os exércitos do Pelopones<\ começam a construir
uma muralha no estreito de Corinto.
c. 1-6 de setembro: Evacuação de Atenas.
c. 4 de setembro: A frota persa se movimenta em direção ao sul.
c. 5 de setembro: A guarda avançada persa chega à Atica.
c. 31 de agosto-20 de setembro: O exército persa conquista Fócida e Beócia
e se reagrupa em Atenas.
c. 7 de setembro: A frota persa chega à baía de Falero.
8 9
A BATALHA DE SALAMINA
c. 21-23 de setembro: Sítio da Acrópole de Atenas.
c. 23 de setembro: O exército persa toma a Acrópole de Atenas, o conselho
de guerra grego em Salamina vota a retirada da frota grega para o estreito
de Corinto.
c. noite de 23-24 de setembro: Mnesífilo, Temístocles e Euribíades forçam o
conselho de guerra grego a mudar os planos e permanecer em Salamina;
debate entre Temístocles e Adimanto.
Alvorada, c. 24 de setembro: Terremoto.
Noite, c. 24 de setembro: Missão de Sidnio junto aos persas.
Meia-noite, c. 24 de setembro: A frota persa entra no estreito de Salamina.
C. 25 de setembro: Batalha de Salamina.
Fim de setembro: Os persas começam a retirada de Atenas.
2 de outubro, eclipse parcial do sol: O exército espartano deixa o estreito.
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A batalha de Salamina foi combatida com trirremes, navios de guerra de
madeira. As trirremes podiam ser movidas a remo ou a vela, mas na
batalha só se usavam os remos, pois o mais importante eram a velocidade
e maneabilidade. "Trirreme" vem do grego triéres, que significa navio "tri
remador", referência às três fileiras sobrepostas de remadores vistos de
perfil quando se olha o navio lateralmente. A trirreme representa uma
inovação na construção de navios, provavelmente datando de um século
antes de Salamina. Em 480 a.C. a trirreme representava o que havia de
mais avançado em tecnologia naval no Mediterrâneo. Por dois séculos a
trirreme reinaria soberana nos mares; Salamina foi sua maior batalha.
A informação que temos sobre a trirreme é abundante mas incom.:.
pleta. Infelizmente, para os estudiosos de Salamina, a maior parte das
informações vem do período aproximado entre 430-320 a.C., isto é, pelo
menos cinqüenta anos depois das guerras persas. Felizmente, o pouco que
temos sobre o período mais recente nos dá a impressão de ser aplicável
às trirremes do período anterior de modo geral.
As trirremes eram navios graciosos e bem-acabados. Uma trirreme
grega tinha cerca de 40 metros de comprimento por cerca de 5,5 metros
de largura (ou cerca de 12 metros quando os remos estavam estendidos)
13
A BATALHA DE SALAMINA NOTA IMPORTANTE SOBRE OS NAVIOS
e sua altura com relação ao nível do mar era cerca de 2,6 metros. Os dois Em Atenas, cujos navios conhecemos melhor, uma trirreme ~evava
conveses inferiores de remadores continham remos estendidos em aber normalmente uma tripulação de 200 homens: 170 remadores, 10 solda
turas no casco ou no convés balístico, enquanto o nível superior usava dos e 4 arqueiros, bem como vários marujos e suboficiais, incluindo um
remos que se estendiam através de um estabilizador lateral externo - contramestre dos remadores, um comissário tesoureiro, o responsável
quer dizer, no fim do século V a.C., quando os estabilizadores já eram pela proa, um carpinteiro naval, um tocador de flauta e homens para içar
muito usados. É plausível que as trirremes gregas em 480 a.C. também e cuidar das velas. Cada trirreme tinha um capitão (em Atenas chamado
tivessem estabilizadores. trierarca), que era geralmente um homem rico e às vezes apenas um su
Na extremidade dianteira da proa havia um esporão, uma estru bordinado. A pessoa mais importante a bordo era o timoneiro, ou piloto,
tura de madeira pontuda e reforçada, fincada numa armação de bron que manobrava os lemes da popa. Um piloto hábil podia conduzir o
ze e armada com três lâminas afiadas na ponta. O esporão se localizava navio à vitória.
na linha-d'água e se estendia cerca de dois metros do centro do cas Os remadores não usavam armas. Provavelmente não tinham uni
telo da proa. formes, e no espaço quente e abafado do convés inferior geralmente
Os fenícios se orgulhavam de ser os melhores marujos do Mediter usavam uma tanga. Os arqueiros carregavam arcos e flechas, enquanto
râneo e seguiam suas próprias tradições de construção naval. As trirremes os marinheiros gregos usavam elmos e protetores peitorais de bronze,
fenícias tinham em geral o mesmo comprimento de suas similares gregas grandes escudos redondos, e lutavam com dardos e espadas. A maioria
mas eram mais largas. Alguns historiadores afirmam que as trirremes dos marinheiros da frota persa era equipada de modo similar, mas
fenícias eram mais altas do que as gregas e não possuíam estabilizadores diversos usavam uma variedade de armas, desde foices e machados até
externos. Para carregar marinheiros extras as trirremes fenícias tinham adagas e facões.
conveses mais largos, dotados de guarda-corpo para proteger os homens As tripulações experientes combatiam manobrando os barcos de
neles amontoados e evitar que caíssem no mar. Do lado de fora do convés modo a abalroar o inimigo com o esporão e recuavam com rapidez antes
ficavam escudos pendurados em fileiras. O esporão fenício era longo e que ele pudesse contra-atacar. As tripulações inexperientes geralmente
grosso, em vez de curto e pontiagudo. Tanto as trirremes gregas quanto preferiam abordar o inimigo e deixar o combate para os marinheiros e
as fenícias eram ornamentadas, embora de estilos diversos. arqueiros. As frotas que preferiam a abordagem em lugar do abal
Estima-se que uma trirreme grega, usando os remos, podia viajar roamento aumentavam o número de combatentes no convés, levando às
normalmente à velocidade de cinco a seis milhas náuticas por hora, ou, vezes quarenta ou cinqüenta por navio. '
se tinha pressa, a uma média de sete a oito. Para manobras bruscas du Na frota grega de 480 a.C. parece que cada trirreme levava dez solda
rante uma batalha estima-se que os remadores podiam impulsionar uma dos e quatro arqueiros. Na frota persa, cada trirreme levava quarenta
trirreme a nove ou dez milhas náuticas por hora. soldados e arqueiros, incluindo um grupo misto de iranianos (persas e
Considerando seu comprimento, a trirreme era estreita, o que a fazia medos) e síntios (povo nômade daAsia Central). Todos os navios da frota
um barco tão rápido quando instável. Assim, as frotas de trirremes evi grega eram gregos, mas nenhum navio da frota persa era persa: cada
tavam o alto-mar e navegavam perto da costa. Preferiam não passar a navio persa era fornecido por um estado súdito da Pérsia, incluindo
noite no mar. fenícios, egípcios, cários e gregos, entre outros. Os persas forpeciam guer-
14 15
A BATALHA DE SALAMINA NOTA IMPORTANTE SOBRE OS NAVIOS
reiros, arqueiros e almirantes. [Considerava-se que os fenícios, secunda vista do número de marinheiros e amuradas nas trirremes persa~, mas
dos pelos cários e pelos jônios (gregos do leste), possuíam os melhores pode refletir uma decisão consciente dos atenienses, construindo barcos
esquadrões na frota persa.] mais pesados de modo a contrabalançar a superioridade da frota persa
A presença de tantos iranianos e síntios em cada navio talvez reflita em número e experiência. Navios pesados superavam navios leves em
a insegurança dos persas. A Pérsia era uma potência territorial. Os nobres certas circunstâncias; se Atenas conseguisse lutar nestas condições teria
persas manifestavam o desprezo de um cavaleiro com relação aos homens uma chance de prevalecer. A diferença de peso também pode ser o resul
do mar. Com seus guerreiros e arqueiros eles tentavam transformar ba tado da maior oportunidade dos persas, nas semanas antes de Salamina,
talhas navais em batalhas campais no mar. Sua presença armada também de encalhar suas trirremes e secar seus cascos ao sol. As trirremes ate
tornava difícil para seus aliados se transferirem para o lado grego. nienses poderiam estar mais encharcadas e assim mais pesadas.
As três fileiras de remadores nas trirremes atenienses eram conhe Como as trirremes, na batalha, eram impulsionadas por homens, a
cidas como segue: os remadores da ffieira superior eram chamados de vitória dependia, em grande parte, do treinamento e condicionamento
thranitai, (em português, tranitas) "homens dos mastros"; os da ffieira dos remadores, e dava-se a eles bastante comida (a base era peixe salgado
do meio eram chamados de zygitai (em português, zeugitas) "homens e cevada moída), água (cerca de sete litros diários por homem) e descan·
nos bancos transversais" e os da flleira do fundo eram chamados de so em terra firme (geralmente ao meio-dia e à noite). O moral tinha
thalámioi (em português, talamitas), "homens dos porões" ou igual muita importância e um líder bem-sucedido precisava ser tanto treina
mente "homens do quarto de dormir". A última expressão refere-se à dor e psicólogo quanto comandante naval.
prática de usar os porões para descansar ou pernoitar. Uma tripulação Era essencial manter todos os 170 homens remando em uníssono. A
completa de uma trirreme ateniense consistia em 58 zeugitas e 52 difícil tarefa de manter o ritmo cabia ao contramestre dos remadores. Ele
talamitas, divididos em grupos, respectivamente, de 29 e 26 remadores ficava em pé no corredor do convés, entre a popa e a proa, e dava instru
de cada lado; mais 60 tranitas em duas fllas de 30 remadores, num total ções aos seus homens. Eles o ouviam com dificuldade, em face do baru
de 170 remadores. lho dos remos e da difusão do som em meio a tanta gente. Assim, o
Os marinheiros, arqueiros, o piloto, o capitão e as sentinelas ficavam contramestre tinha a ajuda do mestre da proa que estava na sua frente,
todos no convés superior. Todos esses homens deviam ficar a maior parte que transmitia as suas instruções para os homens na proa. Outro homem
do tempo sentados, especialmente durante a batalha, pois até o menor exerceria as mesmas funções na popa.
movimento poderia desequilibrar o barco e perturbar os remadores. Nas Enquanto isso, um contramestre tocava o ritmo com um silvo estri
trirremes gregas em 480 a.C., o convés era uma superfície de madeira, dente de uma falta dupla. As vezes, toda a tripulação se t!hia num grito
apertada e estreita, com uma passagem aberta no meio de popa a proa. ritmado, repetido sem cessar, para marcar as remadas. Os gritos O opop,
Não havia guarda-corpo. O convés da trirreme servia também de prote O opop e ryppapai que imitavam o barulho dos remos na água são carac
ção para os remadores embaixo. terísticos das tripulações atenienses. ~ também possível que as tripula
As trirremes atenienses em 480 a.C. foram construídas levando em ções marcassem o ritmo cantando. Cada batida se constituía de uma
conta "velocidade e maneabilidade'~ Entretanto, em Salaniina elas eram remada rápida e forte e uma longa puxada. O cômico Aristófanes com
mais pesadas do que as trirremes da frota persa. Isto parece estranho, em parava a batida ao coro de sapos coaxando: .. Croac, croac, croac."
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