Table Of ContentAGRUPAMENTO DE ESTUDOS DE CARTOGRAFIA ANTIGA
10
SECÇÃO DE COIMBRA
A ASTRONOMIA
D E
OS LUSÍADAS
POR
LUCIANO PEREIRA DA SILVA
NOVA EDIÇÃO PREPARADA PELA JUNTA DE INVESTIGAÇÕES DO ULTRAMAR
NO IV CENTENÁRIO DA 1.ª EDIÇÃO DE OS LUSÍADAS
JUNTA DE INVESTIGAÇÕES DO ULTRAMAR
LISBOA — 1972
A A S T R O N O M I A
DE
O S L U S Í A D A S
DESTA EDIÇÃO FEZ-SE UMA TIRAGEM À PARTE DE 100 EXEMPLARES NUMERADOS
AGRUPAMENTO DE ESTUDOS DE CARTOGRAFIA ANTIGA
10
SECÇÃO DE COIMBRA
A ASTRONOMIA
D E
OS LUSÍADAS
POR
LUCIANO PEREIRA DA SILVA
NOVA EDIÇÃO PREPARADA PELA JUNTA DE INVESTIGAÇÕES DO ULTRAMAR
NO IV CENTENÁRIO DA 1.ª EDIÇÃO DE OS LUSÍADAS
JUNTA DE INVESTIGAÇÕES DO ULTRAMAR
LISBOA — 1972
Em comemoração do IV Centenário da primeira edição de «Os
Lusíadas» decidiu o Doutor Justino Mendes de Almeida que pela Junta
de Investigações do Ultramar, a que preside, fosse reeditado um
estudo fundamental para a exegese do Poema: A Astronomia de «Os
Lusíadas», de Luciano Pereira da Silva.
Publicado inicialmente na Revista da Universidade de Coimbra
(volumes II a IV, 1913 a 1915), de que se fez separata hoje raríssima,
e depois integrado nas já pouco vulgares Obras Completas do Autor,
numa edição da Agência Geral das Colónias que foi preparada pela
Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra (Vol. I, Lisboa,
1943, pp. 199-521), o ensaio que neste volume se reedita é um
trabalho que pode ser considerado clássico não só entre os estudos
camonianos, mas também entre as obras dedicadas à náutica
portuguesa de Quinhentos, de que tão largamente se ocupa.
Professor de Mecânica Celeste na Universidade de Coimbra desde
o final do século XIX, seria natural que Luciano Pereira da Silva
viesse a interessar-se pela história da Ciência que professava, e em
particular pelo estudo comparado dos «sistemas do mundo» que, no
declinar da Idade Média e início do Renascimento, se propunham
explicar com o maior rigor possível a cinemática do Universo. A
leitura assídua e reflectida da epopeia de Camões ― a que o teriam
talvez estimulado as relações de convivência mantidas com os
Doutores José Maria Rodrigues e Gonçalves Guimarães ― ter-lhe-
iam então sugerido a ideia de empreender a interpretação de todos os
versos do Poema com alusões a factos astronómicos, à luz das teorias
que o Poeta sem dúvida conheceu. Luciano Pereira da Silva lera, de
resto, dois livros do género do trabalho que escreveu, e que podem ter
exercido nele considerável influência: L’Astronomia nell’Antico
Testamento, de Schiaparelli, editado em Milão em 1903 (no ano
imediato saiu em Giessen uma tradução alemã), que cita numa nota de
rodapé do seu ensaio; e um estudo de F. Angelitti sobre as referências
VI
de Dante a estrelas e a constelações (*), que extensamente analisa no
final do seu trabalho.
No entanto, para além de uma sugestão inicial, A Astronomia
de «Os Lusíadas» nada fica a dever a esses presumíveis modelos, em
que o seu Autor se teria porventura inspirado. Convirá até salientar
que a obra portuguesa não se limita a esclarecer certas subtilezas
verbais de Camões, quando estas envolvem interpretações
astronómicas actualmente estranhas a quem não possua profundos
conhecimentos de história da Astronomia; de facto, a par disso
Luciano Pereira da Silva descreve também com alguma minúcia
técnicas e instrumentos de observação usuais no século XVI, extracta
ou resume trechos de várias obras que o Poeta leu e depois aproveitou
no Poema, detendo-se ainda nas regras fundamentais da arte de
navegar daquela época. Daí a bivalência, já assinalada, e a
importância deste ensaio.
O texto desta reedição, que foi preparada pelo Agrupamento de
Estudos de Cartografia Antiga, é o das Obras Completas, onde já
foram introduzidos comentários que o Autor juntara ao exemplar da
primeira edição reservado para seu uso pessoal. O Doutor João
Pereira Dias, que, como Director da Faculdade de Ciências da
Universidade de Coimbra, foi o verdadeiro responsável pela edição
das Obras Completas, assinalou aí escrupulosamente o texto
intercalado, mandando que ficasse impresso entre colchetes;
eliminaremos estas indicações na presente edição por nos parecer
inútil fazê-lo, pois estamos convencidos de que o Autor não deixaria
de integrar essas adições no texto, se acaso tivesse podido reeditar o
seu livro. Acrescente-se que foram mantidas, como era de razão, a
ortografia e a pontuação dos passos que a obra transcreve de livros
dos séculos XV e XVI (e sempre que possível foram até cotejadas com
(*) «Sugli acceni danteschi ai segni, alle constelazioni ed al motto del cieclo stellato ...»,
na Rivista de Astronomia, Vol. VI e VII (1912 e 1913).
