Table Of ContentUNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL
LUCIANO VIEIRA FRANCISCO
ZIRALDO:
ANÁLISE DE SUA PRODUÇÃO GRÁFICA
N’O PASQUIM E NO JORNAL DO BRASIL (1969-1977)
SÃO PAULO
2010
LUCIANO VIEIRA FRANCISCO
ZIRALDO:
ANÁLISE DE SUA PRODUÇÃO GRÁFICA
N’O PASQUIM E NO JORNAL DO BRASIL (1969-1977)
Dissertação apresentada à Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, para obtenção
do título de Mestre em História.
Área de concentração: História Social
Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier
SÃO PAULO
2010
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dissertação revisada pelo Prof. Dr. Marcelo Silveira
Ficha catalográfica elaborada por Roberta Amaral Sertório Gravina e
revisada pela Prof.ª Concilia Teodósio
Francisco, Luciano Vieira
F893z Ziraldo: análise de sua produção gráfica n’O Pasquim e no Jornal do
Brasil (1969-1977) / Luciano Vieira Francisco. – 2010.
152 f. : il. : 30 cm
Dissertação (mestrado) – Departamento de História da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo,
Programa de Pós-Graduação em História Social.
Orientação: Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier.
1. Brasil - Política e Governo – 1964-1985 - Humor, sátira, etc. 2.
Ziraldo, 1932 - Crítica e interpretação 3. Cartunistas - Brasil - Biografia 4.
Humorismo ilustrado brasileiro - História e crítica 5. O Pasquim (Jornal) 6.
Jornal do Brasil I. Contier, Arnaldo Daraya, orientador II. Universidade de
São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas III. Título.
CDD 981.063
FOLHA DE APROVAÇÃO
Luciano Vieira Francisco
Ziraldo: análise de sua produção gráfica n’O
Pasquim e no Jornal do Brasil (1969-1977)
Dissertação apresentada à Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, para obtenção do
título de Mestre em História.
Área de concentração: História Social
Aprovado em: _______________________________
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Arnaldo Daraya Contier (orientador)
Instituição: Universidade de São Paulo Assinatura: _____________________
Prof. Dr. Elias Thomé Saliba
Instituição: Universidade de São Paulo Assinatura: _____________________
Prof.ª Dr.ª Paula Ester Janovitch
Instituição: Carbono 14 Editora Assinatura: _____________________
DEDICATÓRIA
Fim de tarde. Ansiedade sem motivo aparente.
Toca o telefone. Era Roberta, minha noiva:
– Tenho duas notícias pra lhe contar.
– Diga a boa pra piada fazer sentido.
– Estou esperando uma criança!
Depois de longo silêncio, vacilo:
– E a ruim?
– Você é o pai!
***
É a ambas, evidente, que dedico este trabalho.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Arnaldo Daraya Contier, meu orientador, pela confiança,
ensinamentos, exemplo de vida, amizade e o incentivo em todos os momentos.
Aos Professores Doutores Elias Thomé Saliba, Paula Ester Janovitch, Maria
Aparecida de Aquino, Marcos Francisco Napolitano de Eugênio, Antônio Joaquim
Severino e Wilson do Nascimento Barbosa, cujas experiências e aulas cuidadosas
estimulam a continuidade desse primeiro passo.
Aos amigos Nicolas, Dona Zélia, Paula, Wando, Claudio, Ester, Tiago, Isis,
Carlos Augusto, Eli, Marquinho, Marisa, Michael, Bia, Márcia, Flávio, Dona
Madalena, Maurício Sertório, Maurício Lima, Marcelo Silveira, Maíra, Babi, Andrea,
Leandrinho e Adriano, por existirem e persistirem nessa carcaça que os venera.
Aos meus alunos e conviventes na sala de aula, pelas oportunidades de
diálogo; pelo carinho, enfim.
À Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo, pela acolhida e afeto de seus funcionários. Nesse grupo estão incluídos mais
alguns amigos e agradáveis lembranças.
À paciência e solicitude dos funcionários da biblioteca Florestan Fernandes e
do Arquivo do Estado de São Paulo.
À Roberta Bruxa, pelo amparo, cumplicidade, amabilidade e a inabalável
mandraca durante nossas gestações – desse rebento monográfico e de outro, mais
inesperado e humano que (oxalá), cedo ou tarde, virá.
E, finalmente, agradeço a Ziraldo Alves Pinto, por sua total responsabilidade
pelo fato de que minhas rugas se desenvolveram justamente por onde passaram as
renitentes gargalhadas, estaladas a cada desenho seu que tinha o privilégio de olhar
e, de pronto, rir.
Aquele a quem oferecemos nossa imagem,
E cuja arte, sutil entre todas,
Ensina-nos a rir de nós mesmos,
Aquele, leitor, é um sábio.
Charles Baudelaire (1857)
FRANCISCO, Luciano Vieira. Ziraldo: análise de sua produção gráfica n’O Pasquim
e no Jornal do Brasil (1969-1977). 2010. 152 f. Dissertação (Mestrado em História
Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
Paulo. São Paulo.
RESUMO
A monografia recupera o humor gráfico de Ziraldo, artista tão popular, mas,
curiosamente, tão pouco estudado, durante a ditadura militar brasileira. A pesquisa
se baseou na descrição pré-iconográfica de seus desenhos em dois periódicos
cariocas, um a cada período recortado: de junho de 1969 a junho de 1971, n’O
Pasquim, e de agosto de 1976 a dezembro de 1977, no Jornal do Brasil (JB) para,
posteriormente, realizar uma interpretação iconológica dessa produção, cotejando-a
ao levantamento bibliográfico dos principais teóricos sobre o Estado autoritário e as
censuras política e moral. A relevância do tema emerge quando ponderamos que,
mesmo entrincheirados pela censura, os dois jornais representaram diferentes
propostas temáticas, estruturas editoriais e gestão administrativa: liberalista e
comercial no caso do JB, cogestão participativa e descompromissada n’O Pasquim.
Observou-se que no caso d’O Pasquim, há preponderância de desenhos sem
maiores preocupações diretamente políticas, em que Ziraldo recorreu a variações
temáticas acerca da sexualidade, crítica dos costumes e expressões idiomáticas.
Sem necessariamente representar um vazio no embate com o regime militar, tais
alegorias nos dão sinais da restrição imposta naquela ocasião aos motes políticos,
em que o senso moral da classe média passou a ser o alvo, e a censura política, o
claustro. Posteriormente, no JB, Ziraldo assume uma postura mais ofensiva à
perspectiva política, atacando contradições tanto do cenário internacional, quanto da
própria conjuntura interna, seus agentes e instrumentos de cerceamento. Nesse
sentido, o trabalho de Ziraldo nos serve como tese, ao evidenciar a grande soma de
ataques gráficos por ele desferidos ao regime político entre os editoriais do JB, tendo
como suporte um periódico sugestivamente inclinado às questões comerciais e
empático a algumas direções econômicas e políticas dos militares. Por outro lado, a
relação de seus trabalhos com temas políticos foi quase nula durante os anos duros
do mais agressivo ato institucional – o 5º –; nesse caso, desenhando sobre
sexualidade e costumes da classe média, denunciando justamente sua apatia, tendo
como suporte um tablóide recordado como o mais resistente representante da
imprensa alternativa no País, O Pasquim.
Palavras-chave: Ditadura militar. Ziraldo. Humor gráfico. Charges. Cartuns. Jornal do
Brasil. O Pasquim.
FRANCISCO, Luciano Vieira. Ziraldo: analysis of your graphic production in Pasquim
and in Jornal do Brasil (1969-1977). 2010. 152 l. Dissertation (Master's degree in
Social History). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo. São Paulo.
ABSTRACT
The monograph recovers Ziraldo’s graphic humor, such a popular artist, but,
surprisingly, so little studied, during the Brazilian military dictatorship. The research
was based on the iconography description of his drawings in two carioca
newspapers, each one to each period: from June 1969 to June 1971 in Pasquim and
from August 1976 to December 1977 in Jornal do Brasil (JB) for, later, accomplishing
an iconology interpretation of such a production, comparing it to the bibliography of
the main theorists in authoritarian state and the politic and moral censorships. The
relevance of the theme emerges when we meditated that, even entrenched by
censorship, both newspapers represented different proposed thematic, structures
editorials and administration: liberal and commercial in the case of JB, co-
administration and unworried in Pasquim. It was observed that in the case of the
Pasquim, there is preponderance of drawings with no directly political concerns, in
which Ziraldo fell back upon thematic variations concerning sexuality, critic of habits
and idiomatic expressions. Without necessarily representing an emptiness in the
collision with military dictatorship, such allegories give us signs of the restriction
imposed on that occasion to the political mottos, in which moral sense of the middle
class became the objective, and the political censorship the confinement. Later, in
JB, Ziraldo assumes a more offensive posture to the political perspective, attacking
both the international scenery and the very internal conjuncture contradictions, its
agents and restriction instruments. In that sense, Ziraldo's work serves us as thesis
when evidencing the great sum of graphic attacks he did in relation to the political
regime among the editorials of JB, having as support a newspaper suggestively tilted
to the commercial subjects, and favorable to some economical and political directions
of the military. On the other hand, the relationship of his works with political themes
was almost null during the hard years of the most aggressive Institutional Act – the
5th –; in that case, drawing on sexuality and habits of the middle class, denouncing
justly its apathy, having as support a tabloid remembered as the most resistant
representative of the alternative press in the country, O Pasquim.
Keywords: Military dictatorship. Ziraldo. Graphic humor. Political cartoons. Jornal do
Brasil. O Pasquim.
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Caricatura de Maomé ...................................................................................................... 25
Figura 2 - Artigo Aqui está Ziraldo ................................................................................................... 46
Figura 3 - Fotografia de Ziraldo e sua equipe na revista Turma do Pererê .............................. 48
Figura 4 - Cartum metalinguístico, Saul Steinberg ....................................................................... 50
Figura 5 - Cartum Le corbeau, André François ............................................................................. 50
Figura 6 - Charge O churrasco, Augusto Bandeira ....................................................................... 54
Figura 7 - Charge O jogo da democracia, Ziraldo ......................................................................... 57
Figura 8 - Charge Gráfico dos aumentos do salário mínimo, Ziraldo ........................................ 60
Figura 9 - Charge Brazil made in Japan, Ziraldo ........................................................................... 63
Figura 10 - Charge mitológica sobre o Brasil, Ziraldo .................................................................. 73
Figura 11 - Charge tipográfica sobre o governo militar, Ziraldo .................................................. 73
Figura 12 - Charge Ei-las: ipas e realmente inseridas, Ziraldo ................................................... 78
Figura 13 - Anúncio das histórias da Turma do Pererê n’O Pasquim, Ziraldo ......................... 80
Figura 14 - Cartum Falou!, Ziraldo ................................................................................................... 82
Figura 15 - Charge Ziraldo e o tri, Ziraldo ...................................................................................... 83
Figura 16 - Charge Só dói quando eu rio, Ziraldo ......................................................................... 85
Figura 17 - Caricaturas sobre o cárcere dos editores d’O Pasquim, Ziraldo ............................ 86
Figura 18 - Fotopotoca Eu quero mocotó!!, Jaguar ...................................................................... 87
Figura 19 - Fotocaricatura Onde foi o grito?, Preto Leôncio ....................................................... 89
Figura 20 - Charge Ziraldo e a moral .............................................................................................. 92
Figura 21 - Cartum Os Zeróis: hoje, Capitão América, Ziraldo ................................................... 93
Figura 22 - Charge O marciano, Ziraldo ......................................................................................... 94
Figura 23 - Cartum Abaixo o palavrão: do you spasquinglish?, Ziraldo .................................... 96
Figura 24 - Charge Ziraldo apresenta sua mensagem de natal ................................................. 98
Figura 25 - Charge sobre o sucessor de Geisel, Ziraldo ........................................................... 113
Figura 26 - Charge sobre João Figueiredo como sucessor, Ziraldo ........................................ 115
Figura 27 - Charge Simoneta, Ziraldo ........................................................................................... 118
Figura 28 - Charge sobre a interlocução partidária e a BENFAM, Ziraldo .............................. 119
Figura 29 - Charge sobre a sucessão presidencial estadunidense, Ziraldo ........................... 121
Figura 30 - Charge sobre o plebiscito constitucional espanhol, Ziraldo .................................. 122
Figura 31 - Charge sobre a posse de Jimmy Carter, Ziraldo .................................................... 123
Figura 32 - Charge sobre os três políticos patetas, Ziraldo ....................................................... 124
Figura 33 - Charge sobre a Missão Portela, Ziraldo ................................................................... 125
Figura 34 - Charge sobre o debate pela reforma constitucional, Ziraldo ................................ 126
Figura 35 - Charge sobre a greve dos metalúrgicos no ABC, Ziraldo ..................................... 127
Figura 36 - Charge O enterro do coronel, Ziraldo ....................................................................... 128
Figura 37 - Fichamento do “comunista” Ziraldo pelo SNI, em 1978 ......................................... 139
Description:24 Leiam-se os estudos de Glaucio Ary Dillon Soares e Paolo Marconi. arma da sátira do que era artificialmente apregoado como imagem favorável Correio (semanário de Itajaí, Santa Catarina), Pasquim, Opinião, Polítika,