Table Of ContentDepartamento de Psicologia Social e do Trabalho
Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde e Trabalho - GEPSAT
Trabalho, sofrimento e patologias sociais
Estudo com trabalhadores bancários
e anistiados políticos de uma empresa pública
João Batista Ferreira
Orientadora: Profa. Dra. Ana Magnólia Mendes
Brasília (DF), abril de 2007
Departamento de Psicologia Social e do Trabalho
Grupo de Estudos e Pesquisas em Saúde e Trabalho - GEPSAT
Trabalho, sofrimento e patologias sociais
Estudo com trabalhadores bancários
e anistiados políticos de uma empresa pública
João Batista Ferreira
Dissertação apresentada ao Instituto de
Psicologia da Universidade de Brasília,
como requisito parcial à obtenção do títu-
lo de Mestre em Psicologia.
Orientadora: Profa. Dra. Ana Magnólia Mendes
Brasília (DF), abril de 2007
2
Banca Examinadora
Professora Doutora Ana Magnólia Mendes
____________________________________________
Presidente da Banca
Instituto de Psicologia – Universidade de Brasília
Professor Doutor Odair Furtado
____________________________________________
Examinador
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Professor Doutor Francisco Moacir de Melo Catunda Martins
____________________________________________
Examinador
Instituto de Psicologia – Universidade de Brasília
Professora Doutora Maria Isabel Tafuri
____________________________________________
Suplente
Instituto de Psicologia – Universidade de Brasília
3
Não é a violência de poucos que me
assusta, mas o silêncio de muitos
Martin Luther King
4
Para Mônica,
segundo sol,
canção de fascínios
e espantos.
5
Este trabalho é dedicado aos participantes desta pesquisa,
aos que sofrem as conseqüências das patologias sociais,
às pessoas que orientam suas vidas
contra todas as formas de desrespeito e humilhações.
6
Agradecimentos
À professora Ana Magnólia por suas orientações, confiança, incentivo,
competência, boas conversas e amizade.
Aos professores Odair, Francisco e Isabel que gentilmente aceitaram parti-
cipar da banca examinadora desse trabalho.
Ao professor Mário César Ferreira e Gardênia Abbad pelos ensinamentos,
bom-humor e agradável convivência.
Ao Lucas, Virgínia e José Carlos, família próxima e distante que mesmo na
ausência se fez presente.
À Dona Naná, Dudu, Mariana e Caetano, nova família, renovadas alegrias.
Aos amigos, amigas e colegas de curso e do Grupo de Estudos Grupo de
Estudos e Pesquisa em Saúde e Trabalho – GEPSAT: Cleide, Adriana, Leonar-
do, Vitor, Emílio, Beth, Leda, Luana, Hozana, Valeska, Rogério, Carol, Vinícius,
Simone, Sérgio, Luciane, Paloma, Rodrigo, Geovana, Evanise, Cleverson, Le-
andro, Tânia, Nathália, Lídia, Carla – boas e carinhosas lembranças das pala-
vras e presenças que marcaram essa intensa caminhada de questionamentos,
compreensões, descobertas e sentidos do admirável, enigmático, paradoxal e
complexo mundo novo em que vivemos.
Aos amigos, amigas e colegas de trabalho: Walter, Luciano, Carmem, Jo-
ão Carmo, Lizete, Marlos, Rauber, Ângela, Marcelo, Mário, Carlos Alberto, Pa-
trícia, Núbia, Laila, Lisiane, Nádia, Ana Lourdes, Rubens, Paulo César, Carlos
Roberto, Rosa, Barbosa, Mariana, Wiliam, Ricardo, Daniela, Rambo, Tadeu,
7
Everton, Euclides – pelo incentivo, apoio e a convivência, fundamentais para a
realização desse per-curso.
Aos novos amigos e amigas Naila, Sheila, Alexandre, Dom e Ieda que a-
companharam parte dessa caminhada.
Ao Cláudio e Guarabira e demais integrantes da Associação Nacional dos
Anistiados Políticos da ECT pela participação e colaboração nesta pesquisa.
À Miriam e Pacheco do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal pela
atenção e colaboração.
À Adriane Reis de Araújo e Lis Soboll por seus comentários atenciosos,
esclarecimentos e ricas interlocuções.
Aos alunos da disciplina Tópicos Especiais em Psicologia pelo exercício de
um belo espaço de discussão e aprendizagem.
À Sônia do Instituto de Psicologia pelo apoio simpático e as flores na hora
certa.
8
Resumo
Esta pesquisa investigou a influência da organização do trabalho nas vivências
de sofrimento, estratégias de mediação e as patologias sociais de sobrecarga,
violência e servidão voluntária, em bancários e trabalhadores anistiados políti-
cos de uma empresa pública de comunicação. O referencial teórico é a psicodi-
nâmica do trabalho e o enfoque psicossocial. Pretendemos caracterizar a orga-
nização do trabalho; identificar os sentimentos e estratégias defensivas utiliza-
das; e caracterizar a dinâmica da transformação das estratégias defensivas nas
patologias sociais da sobrecarga no trabalho, violência e servidão voluntária. A
metodologia utilizou entrevistas abertas e semi-estruturadas com quatro traba-
lhadores voluntários de cada categoria profissional, totalizando oito participan-
tes. Foram realizadas entrevistas individuais com os bancários e uma entrevista
coletiva com os trabalhadores anistiados políticos. Os anistiados se reportaram
às situações vivenciadas na década de 80, quando a empresa de comunicação
na qual trabalhavam era "comandada" por militares com um estilo de gestão
percebido pelos entrevistados como burocrático e autoritário, mas que já incor-
porava práticas recentes do modelo capitalista, como a terceirização. Nessa
década, os trabalhadores anistiados foram discriminados e demitidos, tendo si-
do posteriormente reintegrados ao trabalho e indenizados, por via judicial. Os
relatos dos bancários se referiram às situações vivenciadas nos últimos cinco
anos. A empresa dos bancários entrevistados está inserida em um mercado
competitivo e passou por sucessivas reestruturações produtivas, especialmente
a partir de 1980. As entrevistas foram gravadas e submetidas à análise de con-
teúdo temática. Os resultados sinalizaram que a organização do trabalho para
os dois grupos, de modo geral, foi caracterizada por: pressão para atingir me-
tas, sobrecarga de trabalho, segregação de funcionários, humilhações, discri-
minações e violências psicológicas. Essas situações geravam sentimentos que
configuravam intenso sofrimento, mediado por estratégias defensivas que ten-
diam a ser coletivas para os trabalhadores anistiados e individuais para os ban-
cários. Diante das intensas vivências de sofrimento, no entanto, as estratégias
utilizadas nos dois grupos em algumas situações entraram em processo de e-
xaustão. Esse processo resultou em adoecimentos psicossomáticos e adoeci-
mentos das situações de trabalho. Estes últimos aqui identificados como pato-
logias sociais da sobrecarga, violência e servidão voluntária. Com base na dis-
cussão dos resultados, são propostos os conceitos de estratégias perversas da
organização do trabalho e zelo perverso. O estudo possibilitou a caracterização
da organização do trabalho, sentimentos, estratégias defensivas e a configura-
ção da dinâmica da transformação dessas estratégias em patologias sociais. A
compreensão dessas patologias sociais é recente e está em fase de desenvol-
vimento. Isso acentua os desafios deste trabalho na tentativa de contribuir para
a elaboração e amadurecimento desses conceitos.
Palavras-chave: psicodinâmica do trabalho; patologias sociais; sofrimento no trabalho;
sobrecarga de trabalho; violência psicológica; servidão voluntária.
9
Abstract
This research investigated the influence of work organization in experiencing
sufferings, mediation strategies and the social pathologies of work overload, vio-
lence and voluntary servitude in bank workers and political amnestied workers
from a public communication company. The theoretical reference is the psycho-
dynamic of work and the psychosocial approach. We intend to characterize the
work organization, identify the feelings and the defensive strategies used, and
characterize the dynamic of the transformation of defensive strategies into the
social pathologies of work overload, violence and voluntary servitude. The
methodology used open and semi-organized interviews with four volunteer
workers from each professional category, making up eight participants. Individ-
ual interviews were made with bank workers and a group interview with the po-
litical amnestied ones. The political amnestied workers reported the experiences
they had in the 80s when the communication company they worked for was then
“run” by the military with a management style seen by them as bureaucratic and
authoritarian, but one which already had modern capitalistic characteristics as
outsourcing. In that decade, the political amnestied workers were discriminated
and fired. These workers were hired back afterward and compensated by legal
means. The reports from the bank workers mentioned the experiences they’ve
had in the last five years. The company they belong to is in a competitive market
which has been influenced by a series of productive reorganizations, especially
from 1980 on. The interviews were taped and sent to analysis of theme content.
The results showed that the work organization for both groups was in general
characterized by: pressure to achieve goals, work overload, workers’ segrega-
tion, humiliation, discrimination and psychological violence. These situations
brought about feelings that showed intense suffering, mediated by defensive
strategies which tended to be collective for political amnestied workers and indi-
vidual for bank workers. However, due to intense experiences of suffering, the
strategies used in both groups started to wear off. This process resulted in psy-
chosomatic illnesses and illnesses caused by working conditions. The ones
caused by working conditions are identified as social pathologies of overload,
violence and voluntary servitude. Based on the discussion of the results, con-
cepts of perverse strategies of work organization and perverse zeal are pro-
posed. The study made the characterization of work organization possible as
well as feelings, defensive strategies and the configuration of the dynamic of the
transformation of these ideas into social pathologies. The understanding of
these social pathologies is recent and under a development process. It empha-
sizes the challenges of this work in the attempt of contributing to the formulation
and maturation of these concepts.
Key words: psychodynamic of work; social pathologies; suffering at work; work
overload; psychological violence; voluntary servitude.
10
Description:são revisitada do mito grego de Atlas – livre do castigo eterno de carregar o O livro de Aldous Huxley, de 1932, profetiza uma sociedade totalitária e "O Sr. X era chefe de setor importante e foi o estopim da revolta dos carteiros.