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GUIA POLITICAMENTE INCORRETO DA HISTÓRIA DO
BRASIL
L EANDRO NARLOCH
CONTRA-CAPA
É hora de jogar tomates na historiografia politicamente
correta. Este guia reúne histórias que vão diretamente
contra ela. Só erros das vítimas e dos heróis da
bondade, só virtudes dos considerados vilões. Alguém
poderá dizer que se trata do mesmo esforço dos
historiadores militantes, só que na direção oposta. É
verdade dizer, mais ou menos.
Este livro não quer ser um falso estudo acadêmico, como
o daqueles estudiosos, e sim uma provocação. Uma
pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes
e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer
um bom número de cidadãos.
POR UMA NOVELA SEM MOCINHOS
Existe um esquema tão repetido para contar a
história de alguns países que basta misturar
chavões, mudar datas, nomes de nações
colonizadas, potências opressoras, e pronto. Você já
pode passar em qualquer prova de história na escola
e, na mesa do bar, dar uma de especialista em
todas as nações da América do Sul, África e Ásia. As
pessoas certamente concordarão com suas opiniões,
os professores vão adorar as respostas.
O modelo é simples e rápido, mas também chato e
quase sempre errado. Até mesmo as novelas de TV têm
roteiros mais criativos. Os ricos só ganham o papel de
vilões se fazem alguma bondade, é porque foram
movidos por interesses. Já os pobres são eternamente "do
bem", vítimas da elite e das grandes potências, e só
fazem besteira porque são obrigados a isso. Nessa
estrutura simplista, o único aspecto que importa é o
econômico: o passado vira um jogo de interesses e
apenas isso. Só se contam histórias que não ferem o
pensamento politicamente correto e não correm o risco de
serem mal interpretadas por pequenos incapacitados nas
escolas. O gên ero também tem tabus e personagens
proibidos, como o rei bom, o fraco opressor ou os
povos que largaram a miséria por mérito próprio e hoje
não se consideram vítimas.
No século 20, quando esse esquema se tornou
comum, acreditávamos num mundo dividido entre preto e
branco, fortes e fracos, ganhadores e perdedores. Essa
visão já estava pronta quando estudiosos se debruçavam
sobre a história: o que eles faziam era encaixar, à
força, os eventos do passado em sua visao de
mundo. Isso mudou. Uma nova historiografia ganha
força no Brasil. Se no começo da década de 1990 o
jornalista Paulo Francis falava de "rinocerontes à la
Ionesco que passam por historiadores em nosso país",
na última década apareceram acadêmicos alertas de
que nao sao políticos a escrever manifestos. Eles tentam
elaborar conclusões científicas baseadas em arquivos
inexplorados de cartórios, igrejas ou tribunais, têm mais
cuidado ao falar de conseqüências de uma lógica
financeira e pesquisam sem se importar tanto com o uso
ideológico de suas conclusões. As interpretações que
tiram do armário sao mais complexas e, numa boa
parte das vezes, saborosamente desagradáveis para os que
adotam o papel de vítimas ou bons mocinhos.
A história fica assim muito mais interessante. No
século 18, quem quisesse ir de Parati, no Rio de Janeiro,
à atual Ouro Preto, em Minas Gerais, tinha que
cavalgar por dois meses - no caminho, passava por
casebres miseráveis onde moravam tanto escravos
quanto seus senhores, que trabalhavam juntos e comiam,
sem talheres, na mesma mesa. Sabe-se hoje que, nas
vilas do ouro de Minas, havia ex-escravas riquíssimas,
donas de casas, jóias, porcelanas, escravos, e bem
relacionadas com outros empresários. Os primeiros
sambistas, considerados hoje pioneiros da cultura popular,
tinham formaçao em música clássica, plagiavam canções
estrangeiras e largaram o samba para montar bandas de
jazz. Uma das conseqüências da chegada dos jesuítas a
Sao Paulo foi dar um alívio à mata atlântica -até entao, os
índios botavam fogo na floresta nao só para abrir espaço
de cultivo, mas para cercar os animais com o fogo e depois
abatê-los.
O problema é que essa nova história demora a chegar às
pessoas em geral. Os livros didáticos continuam dizendo
que o verdadeiro nome de Zumbi era Francisco e que
ele teve educaçao católica - uma ficçao criada pelo
político e jornalista gaúcho Décio Freitas. Ainda se
aprende na escola que o Brasil praticou um genocídio no
Paraguai durante uma guerra que teria sido criada pela
Inglaterra. E tem muito descendente de europeu
achando que é culpado pelo tráfico de escravos, apesar de
a maioria de seus ancestrais ter imigrado quando a
escravidao se extinguia.
No processo de fabricaçao de um espírito nacional, é
normal que se inventem tradições, heróis, mitos
fundadores e histórias de chorar, que se jogue um brilho
a mais em episódios que criam um passado em comum
para todos os habitantes e provocam uma sensaçao de
pertencimento. Se este país quer deixar de ser café com
leite, um bom jeito de amadurecer é admitir que alguns
dos heróis da naçao eram picaretas ou pelo menos
pessoas do seu tempo. E que a história nem sempre é
uma fábula: nao tem uma moral edificante no final e nem
causas, conseqüências, vilões e vítimas facilmente
reconhecíveis.
Por isso é hora de jogar tomates na historiografia
politicamente correta. Este guia reúne histórias que vao
diretamente contra ela. Só erros das vítimas e dos heróis
da
bondade, só virtudes dos considerados vilões. Alguém
poderá dizer que se trata do mesmo esforço dos
historiadores militantes, só que na direçao oposta. É
verdade. Qyer dizer, mais ou menos. Este livro nao quer
ser um falso estudo acadêmico, como o daqueles
estudiosos, e sim uma provocaçao. Uma pequena
coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e
desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer
um bom número d e cidadaos.
CINCO VERDADES QUE VOCÊ NÃO DEVERIA
CONHECER
Em 1646,os jesuítas que tentavam evangelizar os
índios no Rio de Janeiro tinham um problema. As aldeias
onde moravam com os nativos ficavam perto de
engenhos que produziam vinhos e aguardente. Bêbados,
os índios tiravam o sono dos padres. Numa carta de 25
de julho daquele ano, Francisco Carneiro, o reitor do
colégio jesuíta, reclamou que o álcool provocava "ofensas
a Deus, adultérios, doenças, brigas, ferimentos, mortes" e
ainda fazia o pessoal faltar às missas. Para acabar com
a indisciplina, os
missionários decidiram mudar três aldeias para um
lugar mais longe, de modo que não ficasse tão fácil
passar ali no engenho e tomar umas. Não deu certo. Foi
só os índios e os colonos ficarem sabendo da decisão
para se revoltarem juntos. Botaram fogo nas choupanas
dos padres, que imediatamente desistiram da mudança.
Os anos passaram e o problema continuou. Mais de
um século depois, em 1755 , o novo reitor se dizia