Fundamentos teórico-metodológicos para o Ensino de História (Anos iniciais)

274 Pages·2010·4.303 MB·Portuguese

by  Itamar Freitas

Fundamentos
Teórico-Metodológicos
para o Ensino de
História
(Anos iniciais)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Josué Modesto dos Passos Subrinho
Reitor
Angelo Roberto Antoniolli
Vice-reitor
O CONSELHO EDITORIAL DA EDITORA UFS
Luiz Augusto Carvalho Sobral (Coordenador)
Antônio Ponciano Bezerra
Dilton Cândido Santos Maynard
Eduardo Oliveira Freire
Lêda Pires Corrêa
Maria Batista Lima
Maria da Conceição Vasconcelos Gonçalves
Maria José Nascimento Soares
Péricles Morais de Andrade Júnior
Ricardo Queiroz Gurgel
Rosemeri Melo e Souza
Vera Lúcia Corrêa Feitosa
Veruschka Vieira Franca
Itamar Freitas
Fundamentos
Teórico-Metodológicos
para o Ensino de
História
(Anos iniciais)
São Cristóvão/SE
2010
Copyright © 2010, Universidade Federal de Sergipe
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e
gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e
outros, sem a prévia autorização da UFS, por escrito.
Editoração eletrônica
Adilma Menezes
Revisão tipográfica
Tatiane Menezes
Revisão
Christianne Gally
Edvar Freire Caetano
Ilustrações
Eduardo Oliveira (desenhos)
Thiago Neumann (cores)
FFFFFIIIIICCCCCHHHHHAAAAA CCCCCAAAAATTTTTAAAAALLLLLOOOOOGGGGGRRRRRÁÁÁÁÁFFFFFIIIIICCCCCAAAAA PPPPPRRRRROOOOODDDDDUUUUUZZZZZIIIIIDDDDDAAAAA PPPPPEEEEELLLLLAAAAA BBBBBIIIIIBBBBBLLLLLIIIIIOOOOOTTTTTEEEEECCCCCAAAAA CCCCCEEEEENNNNNTTTTTRRRRRAAAAALLLLL
UUUUUNNNNNIIIIIVVVVVEEEEERRRRRSSSSSIIIIIDDDDDAAAAADDDDDEEEEE FFFFFEEEEEDDDDDEEEEERRRRRAAAAALLLLL DDDDDEEEEE SSSSSEEEEERRRRRGGGGGIIIIIPPPPPEEEEE
Freitas, Itamar.
F866f Fundamentos teórico-metodológicos para o Ensino de
História (Anos iniciais) / Itamar Freitas -- São Cristóvão:
Editora UFS, 2010.
272p
ISBN: 978-85-7822-063-1
1. História. 2. Educação - Ensino. I. Título.
CDU 94:37
Prezado professor,
e
ste livro nasceu das aulas de Funda-
mentos teórico-metodológicos do ensino
de História, ministradas aos alunos do curso de
Licenciatura em Pedagogia e em História, nos
anos 2006 e 2007, na Universidade Federal de
Sergipe. São treze capítulos que refletem, obvi-
amente, a ideia que faço dos conteúdos concei-
tuais mais significativos para o ofício de profes-
sor na disciplina em questão.
A expressão Fundamentos teórico-metodoló-
gicos do ensino de História deve aqui ser enten-
dida em seu sentido etimológico: “fundamentos”
significa alicerces ou bases sobre as quais
edificamos alguma coisa; “teoria”, a ação (e o
resultado da ação) de observar, examinar, estu-
dar, investigar; e “método”, por fim, o caminho
para se chegar a algum lugar – o conhecimento
produzido sobre o ensino de História.
Com essas definições iniciais, deixo claro que
o livro não fornece, especificamente, lições de
como ensinar, nem conteúdos sobre a História
do Brasil, geral ou regional. Ele trata de temas
que, apesar de também serem fundamentais ao
exercício da docência em História, raramente são
pensados em conjunto, dadas as especificidades
de interesses das corporações da História e da
Educação.
Na formação inicial universitária, no entanto,
julgo fundamentais as discussões sobre a apren- 55555
FFFFFUUUUUNNNNNDDDDDAAAAAMMMMMEEEEENNNNNTTTTTOOOOOSSSSS TTTTTEEEEEÓÓÓÓÓRRRRRIIIIICCCCCOOOOO-----MMMMMEEEEETTTTTOOOOODDDDDOOOOOLLLLLÓÓÓÓÓGGGGGIIIIICCCCCOOOOOSSSSS PPPPPAAAAARRRRRAAAAA OOOOO EEEEENNNNNSSSSSIIIIINNNNNOOOOO DDDDDEEEEE HHHHHIIIIISSSSSTTTTTÓÓÓÓÓRRRRRIIIIIAAAAA ----- IIIIITTTTTAAAAAMMMMMAAAAARRRRR FFFFFRRRRREEEEEIIIIITTTTTAAAAASSSSS
dizagem histórica do professor; noções elemen-
Teoria da História tares de Teoria da História e de História
é uma disciplina dos cursos
superiores de formação da historiografia escolar; singularidades da
inicial de professores de
disciplina escolar História em relação à Histó-
História. Também significa
o conjunto de princípios e
ria-disciplina acadêmica; saberes históricos do-
conceitos que orientam o
trabalho do historiador (a centes; dispositivos legislativos e políticas públi-
pesquisa e a escrita da
História). Assim a define cas destinadas ao ensino de História; currículos;
Jörn Rüsen, professor de
aprendizagem histórica das crianças; conteúdos
Teoria da História da
Universidade Livre de
conceituais; métodos de ensino; livros didáticos
Berlim (Alemanha): “é
aquela reflexão mediante a e paradidáticos de História.
qual o pensamento
histórico se constitui como Sobre esses temas, predomina a abordagem
especialidade científica”.
histórica, colhida (quando possível) junto à
Seus objetos principais são
interesses (carências de
pesquisa acadêmica que trata do período
orientação no tempo,
interpretadas), ideias republicano. Entendo que estudar o ensino de
(perspectivas orientadoras
da experiência do História, levando em conta a sua historicidade
passado), métodos (regras
(o seu caráter temporal, datável e mutável), é
da pesquisa empírica),
formas (de apresentação) e uma forma pragmática de demonstrar o valor
funções (de orientação
existencial). Para o mesmo dos estudos históricos e do hábito de “pensar
historiador, cabe à teoria
da História a função de historicamente”, ou seja, de relacionar passa-
solucionar cinco
do, presente e futuro com vistas à orientação
problemas: 1. a introdução
tecnicamente correta no da vida prática.
estudo da História (função
propedêutica); 2. a Espero que esse tipo de abordagem possa
combinação eficaz de
auxiliá-lo na tomada de decisões relacionadas
disciplinas diferentes
(função coordenadora); 3.
ao trabalho docente, principalmente na crítica
o subjetivismo diante da
exigência de objetividade às soluções fáceis das questões que envolvem o
do pensamento histórico-
científico (função ensino de História. Assim como não existe “o”
motivadora); 4. a gestão
problema da educação nacional, as respostas
da quantidade de material
de pesquisa (função
anunciadas para “o” problema do ensino de His-
organizadora); e 5. como
os estudiosos poderiam tória só podem se constituir em desconhecimen-
levar em conta, já durante
o estudo, sua futura to do processo histórico ou, lamentavelmente,
prática profissional
em pura demagogia.
(função mediadora).
(Cf. Rüsen, 2001, p. 29, 35, Na escrita desta obra, simplifiquei ao máximo
38-42).
66666 os “segredos internos” da Pedagogia, História e
FFFFFUUUUUNNNNNDDDDDAAAAAMMMMMEEEEENNNNNTTTTTOOOOOSSSSS TTTTTEEEEEÓÓÓÓÓRRRRRIIIIICCCCCOOOOO-----MMMMMEEEEETTTTTOOOOODDDDDOOOOOLLLLLÓÓÓÓÓGGGGGIIIIICCCCCOOOOOSSSSS PPPPPAAAAARRRRRAAAAA OOOOO EEEEENNNNNSSSSSIIIIINNNNNOOOOO DDDDDEEEEE HHHHHIIIIISSSSSTTTTTÓÓÓÓÓRRRRRIIIIIAAAAA ----- IIIIITTTTTAAAAAMMMMMAAAAARRRRR FFFFFRRRRREEEEEIIIIITTTTTAAAAASSSSS
Psicologia no que diz respeito à produção do
conhecimento, ao ensino e à aprendizagem da Para Flávia Caimi,
professora da Universidade
História para crianças. A orientação principal foi de Passo Fundo e
pesquisadora do ensino de
sintetizar proposições-chave, exemplificar e de-
História, a pesquisa
acadêmica sobre a
marcar modificações substantivas no tempo. O
História ensinada na
leitor mais exigente, entretanto, pode fazer uso última década (1997-
2007) tem destacado os
imediato dos excertos e paráfrases de grande seguintes temas:
linguagens e fontes
parte das pesquisas avançadas que serviram de
alternativas de ensino,
História temática e
fonte para a construção do texto principal e que
relações históricas, livro
estão expostos em forma de verbete. didático, história e
aprendizagem escolar,
As informações, por fim, foram distribuídas em produção do conhecimento
histórico, memória,
cinco gêneros que podem ser consultados segun-
identidade e educação
patrimonial, currículos
do as suas conveniências: a ilustração sintetiza e
escolares de História,
problematiza o tema de cada capítulo; o texto formação de professores,
diversidade cultural e
introdutório retoma as conclusões do capítulo an- pluralidade racial. (Cf.
Caimi, 2008, p. 132-133).
terior e anuncia as novas questões a responder; o
texto principal discorre, em formato narrativo, so- História da
historiografia
bre os assuntos anunciados no plano geral; os ver- Estudo histórico sobre os
processos e os resultados do
betes marginais (dados biobibliográficos, concei- trabalho (as obras)dos
historiadores. É também
tos e proposições relacionados em índice ao final
uma disciplina da
do livro) definem, exemplificam e/ou licenciatura em História e
um campo de atuação dos
aprofundam a matéria do texto principal; as refe- historiadores profissionais.
São seus objetos de
rências bibliográficas, também apresentadas como
pesquisa: a vida dos
historiadores, as obras, a
sugestões de leitura; e o resumo, que retoma os
disciplina, os métodos,
conceitos e proposições-chave do capítulo. ideias, problemas, funções
do pensamento histórico.
Fiz tais escolhas no sentido de concretizar o (Cf. Carbonell, 1976, p.
41; Blanke, 2006, p. 29-
objetivo principal deste livro: dar a conhecer e
32).
possibilitar a compreensão do que vem sendo e
do que pode ser o ensino de História para os anos
iniciais da escolarização básica no Brasil, segun-
do a visão (datada) de um professor que tem em-
pregado a maior parte do seu tempo à investiga-
ção da temática. 77777
FFFFFUUUUUNNNNNDDDDDAAAAAMMMMMEEEEENNNNNTTTTTOOOOOSSSSS TTTTTEEEEEÓÓÓÓÓRRRRRIIIIICCCCCOOOOO-----MMMMMEEEEETTTTTOOOOODDDDDOOOOOLLLLLÓÓÓÓÓGGGGGIIIIICCCCCOOOOOSSSSS PPPPPAAAAARRRRRAAAAA OOOOO EEEEENNNNNSSSSSIIIIINNNNNOOOOO DDDDDEEEEE HHHHHIIIIISSSSSTTTTTÓÓÓÓÓRRRRRIIIIIAAAAA ----- IIIIITTTTTAAAAAMMMMMAAAAARRRRR FFFFFRRRRREEEEEIIIIITTTTTAAAAASSSSS
RRRRREEEEEFFFFFEEEEERRRRRÊÊÊÊÊNNNNNCCCCCIIIIIAAAAASSSSS
BARCA, Isabel. Literacia e consciência histórica. Educar,
Curitiba, número especial, pp. 93-112, 2006.
BLANKE, Horst Walter. Para uma nova história da histo-
riografia. In: MALERBA, Jurandir (org.). A História escri-
ta: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contex-
to, 2006. pp. 27-64.
CAIMI, Flávia Eloisa. Novas conversas e antigas contro-
vérsias: um olhar sobre a historiografia do ensino de His-
tória. In: OLIVEIRA, Margarida Dias de; CAINELLI, Marle-
ne Rosa; OLIVEIRA, Almir Felix Batista de. Ensino de His-
tória: múltiplos olhares em múltiplos espaços. Natal: Edi-
tora da UFRN, 2008. pp. 127-135.
CARBONELL, Charles-Olivier. Histoire, histoire et
historiographie. In: Histoire et historiens: une mutation
idéologique des historiens français (1865-1885). Toulouse:
Privat, 1976. pp. 35-44.
CASTRO, José Armas. Didactica da historia e formación
de professores. In: FACAL, Ramón López et al. La formación
docente en el profesorado de historia. Rosario: Homo
Sapiens, 2001. pp. 31-39.
PERRENOUD, Philippe. Prática reflexiva: chave da profis-
sionalização do ofício. In: A prática reflexiva no ofício de
professor: profissionalização e razão pedagógica. Porto
Alegre: Artmed, 2002. pp. 9-28.
RÜSSEN, Jörn. Tarefa e função de uma teoria da História.
In: Razão histórica: teorias da História: os fundamentos
da ciência histórica. Brasília: Editora da UnB, 2001. pp.
25-51.
SHAVER, P. James. La epistemologia y la educacion de los
docents de las ciencias sociales. Disertación preparada
como discurso de apertura para la Conferencia Internacio-
nal sobre la Fomación de los Docentes y los Métodos de
Enseñanza con Conceptos Específicos, Universidad de San-
tiago de Compostela, España, 6 julio de 1992. In: FACAL,
Ramón López et al. La formación docente en el profesorado
de historia. Rosario: Homo Sapiens, 2001. pp. 41-59.
88888
FFFFFUUUUUNNNNNDDDDDAAAAAMMMMMEEEEENNNNNTTTTTOOOOOSSSSS TTTTTEEEEEÓÓÓÓÓRRRRRIIIIICCCCCOOOOO-----MMMMMEEEEETTTTTOOOOODDDDDOOOOOLLLLLÓÓÓÓÓGGGGGIIIIICCCCCOOOOOSSSSS PPPPPAAAAARRRRRAAAAA OOOOO EEEEENNNNNSSSSSIIIIINNNNNOOOOO DDDDDEEEEE HHHHHIIIIISSSSSTTTTTÓÓÓÓÓRRRRRIIIIIAAAAA ----- IIIIITTTTTAAAAAMMMMMAAAAARRRRR FFFFFRRRRREEEEEIIIIITTTTTAAAAASSSSS
SSSSSuuuuummmmmááááárrrrriiiiiooooo
AAAAAPPPPPRRRRREEEEESSSSSEEEEENNNNNTTTTTAAAAAÇÇÇÇÇÃÃÃÃÃOOOOO 5
11111 AAAAA AAAAAPPPPPRRRRREEEEENNNNNDDDDDIIIIIZZZZZAAAAAGGGGGEEEEEMMMMM HHHHHIIIIISSSSSTTTTTÓÓÓÓÓRRRRRIIIIICCCCCAAAAA DDDDDOOOOO PPPPPRRRRROOOOOFFFFFEEEEESSSSSSSSSSOOOOORRRRR
Visões de mundo, ciência e o ofício do historiador 15
Comentando as três enquetes 19
Referências 22
Resumo 23
22222 HHHHHIIIIISSSSSTTTTTÓÓÓÓÓRRRRRIIIIIAAAAA,,,,, PPPPPAAAAASSSSSSSSSSAAAAADDDDDOOOOO,,,,, VVVVVIIIIIDDDDDAAAAA EEEEE RRRRREEEEELLLLLAAAAATTTTTOOOOO
Seu passado o condena 27
O que é História? 29
E a ciência da História, de onde vem? 32
Referências 34
Resumo 35
33333 HHHHHIIIIISSSSSTTTTTÓÓÓÓÓRRRRRIIIIIAAAAA,,,,, MMMMMEEEEEMMMMMÓÓÓÓÓRRRRRIIIIIAAAAA,,,,, AAAAA TTTTTAAAAARRRRREEEEEFFFFFAAAAA DDDDDOOOOO
HHHHHIIIIISSSSSTTTTTOOOOORRRRRIIIIIAAAAADDDDDOOOOORRRRR EEEEE DDDDDAAAAA CCCCCIIIIIÊÊÊÊÊNNNNNCCCCCIIIIIAAAAA DDDDDAAAAA HHHHHIIIIISSSSSTTTTTÓÓÓÓÓRRRRRIIIIIAAAAA
História ou Memória? 39
História e Memória 41
Que histórias contar? 44
Para que contar histórias? 49
Referências 53
Resumo 55
44444 MMMMMÉÉÉÉÉTTTTTOOOOODDDDDOOOOOSSSSS EEEEE DDDDDOOOOOMMMMMÍÍÍÍÍNNNNNIIIIIOOOOOSSSSS HHHHHIIIIISSSSSTTTTTÓÓÓÓÓRRRRRIIIIICCCCCOOOOOSSSSS
O Método é sempre o mesmo! 59
Tantos métodos quantos forem necessários 62
Dimensões da experiência humana, domínios e abordagens da História 65
Referências 71
Resumo 74